Emil Cioran Frases
Um doente me dizia: “Para que sofro minhas dores se não sou poeta para vangloriar-me ou servir-me delas?”
Quando, liquidados os motivos de revolta, já não sabemos contra o que nos insurgir, somos tomados de tal vertigem que daríamos a vida em troca de um preconceito.
Cada um com sua loucura: a minha foi julgar-me normal, perigosamente normal. E como me parecia que os outros estavam loucos, acabei ficando com medo, medo deles e, o que é pior, medo de mim mesmo.
Quanto mais convivemos com os homens, mais nossos pensamentos se obscurecem; e quando, para aclará-los, voltamos à nossa solidão, encontramos nela a sombra que eles projetaram.
É próprio das pessoas normais considerar a morte como algo que surge do exterior e não como uma fatalidade inerente ao ser. Uma das maiores ilusões consiste em esquecer que a vida é cativa da morte.
O homem faz um doloroso esforço para salvar – mesmo na total ausência de certeza – o mundo dos
valores em que vive e ao qual contribuiu; faz uma frustrada tentativa de vencer o Nada da dimensão temporal a fim de alcançar o universal.
Se tivéssemos o justo sentido de nossa posição no mundo, se comparar fosse inseparável de viver, a revelação de nossa ínfima presença nos esmagaria.
A duração e a consistência de uma coletividade coincidem com a duração e a consistência de seus preconceitos.
Só nos tornamos cúmplices da vida quando dizemos – de todo coração – uma banalidade.
O conhecimento em pequenas doses encanta; em grandes doses, decepciona. Quanto mais se sabe, menos se quer saber. Pois aquele que não sofreu do conhecimento não terá conhecido nada.
O poeta: um espavitado que sabe atormentar-se sem motivo, que se dedica com ardor às perplexidades, que as procura por todos os meios. E depois, a ingênua posteridade se apieda dele...
Só sou eu mesmo acima ou abaixo de mim, na raiva ou no abatimento; em meu nível habitual, ignoro que existo.
Ninguém se recupera do mal de nascer, chaga capital entre todas. É, no entanto, com a esperança de nos curar dele um dia que aceitamos a vida e nos submetemos às suas provações. Os anos passam, a chaga permanece.
"Somos e permanecemos escravos durante todo o tempo que levamos para nos curar da mania de esperar."