Em meio a Fumaça
Paraísos artificiais
Com fumaça nos pulmões, é difícil respirar. Drogado e bêbado, não dá nem pra pensar... a procura de diversão, vale a pena se matar?
E eu que cheguei a imaginar que eu só precisava usar isso para me sentir bem e verdadeiramente vivo... mas foi na lucidez da minha mente que eu conheci o paraíso.
Slá, só mais um café.
Aos poucos
A saudade de você vai sumindo
Como uma fumaça fraca e imperceptível
Que eu não vejo mais dissipar-se
Na passagem do meu tempo por aqui Sorrindo, eu caminho sem ninguém
Em direção ao depois da minha dor
E nesse lugar você nunca existiu.
Passagem
2013
Ao flutuar a fumaça se desfaz facilmente, não seja igual a fumaça que muitas vezes foge de suas responsabilidades, seja como o fogo deixando marcas profundas, assim você será lembrado pela a forma que escolheu viver.
MEU CÃOZINHO COR DE FUMAÇA
CRÔNICA
Desde cedo tomei gosto pelas cassadas, naquela época não era proibido isso; em São Raimundo do Doca Bezerra Jesiel,meu irmão mais velho, me levou para “faxear” pela primeira vez; – uma estratégia que consiste em se fazer uma picada na floresta, removendo-se as folhagens usando para isso os ramos das árvores; e, à noite, munido com uma lanterna emparelhada à perna, piscando-a, alternadamente,faz-se muitas idas e vindas - num sentido e noutro do trilho. Até se deparar com animais silvestres tentando atravessar o caminho.
Onde são interceptados e abatidos com tiros de espingardas de variados calibres. Onde meu irmão colocava o pé eu também fazia o mesmo – a lanterna era uma só, para nós dois;se acabasse a carga teríamos de fazermos uma fogueira e esperar o dia raiar. Naquela noite não tivemos sucesso e não levamos o pretendido alimento - a caça - para casa.
Mas as caçadas com os cães,eram mais interessantes e divertidas. E, numa destas, capturamos um filhote de cachorro-do-mato,segundo os colegas mais experientes. Não os deixei matá-lo: levamos para criá-lo em casa. Cor de cinza, ele; o bichinho era uma fofura só! Um xodó da gente.Tinha uma energia!....uma vontade de viver!....e, crescia que era uma beleza. A princípio só tomava leite na mamadeira, mas com o tempo começou a comer de tudo. Era vivedor. Até seu reinado desmoronar de vez; já grandinho ‘mostrou as unhas’ e a que veio: as galinhas começaram a sumir do terreiro e ele fora flagrado matando e entrando em casa com uma delas na boca. Aí o mundo desabou por cima dele e de mim: papai com um porrete na mão e sem um ‘pingo’ sequer de misericórdia, o seguiu; verbalizando: “Nunca criei uma raposa na minha vida e não será esta que vou criar-la no meu barraco”. Fiquei a chorar pelos cantos inconsolavelmente!...com o encantamento daquela pobre alma. Mas ele tinha toda a razão, em termos do bichinho ser mesmo uma raposa. Era a própria!
(14.02.18)
Quando vivemos em um mundo criado por outro em uma redoma de cortina de fumaça acreditamos que aquele mundo é o único mundo existente, e assim vivemos após cada despertar!
Mas quando um outro mundo é nos apresentado aquele mundo em que acreditávamos ser o único não nos serve mais!
Sentimos tamanha gana de viver tudo aquilo que nos foi privado e roubado que não sentimos medo em voar ao encontro daquilo que não foi e poderia ter sido!
A beleza de um pássaro são suas asas então nunca o aprisione ou caso contrário ele morrerá!
Autora A.Kayra
As vezes a fumaça do meu cigarro tem mais peso que as lágrimas que não saem dos meu olhos.
Formam uma nuvem densa de odio,tristeza e morte.
Beba só o néctar das melhores frutas
Trague só a fumaça de tras do bambuzal
Cheire só o perfume da mais bela flor
E não deixe o mal te levar
Lá pra Minas Gerais avistei
A fumaça insana, de cor
Esverdeada
Olhos em chamas...
No vermelho de uma fogueira,
Avistei uma cidade em chamas,
Chamas de um graveto, chamas
Em meus olhos, em meus
Olhos em chamas...
Explorando o infinito, conhecendo
O desconhecido chamas em negrito,
Chamas em meus discos,
Olhos em chamas...
Crianças loucas, poucas são as
Suas ganâncias, sobre a derrota
Dos oprimidos, Chamas na minha
Mente, chamas em meus olhos,
Chamas em meu corpo,
Olhos em chama...
"Olhos em chamas", poema criado em 29 de julho de 2003.
Tudo pro alto, tudo girando!
A cortina de fumaça se abriu,
com minhas vistas, olhei,
e vi o tempo me indicando,
de que dele nada escapa,
disse-me que tudo é como deveria ser,
ou como ele quisesse que seja.
Ele é o tempo.
Viu o nascer e verá o fim dos dias,
acabará com toda dor e agônia,
é um bom remédio para alma.
Com o tempo a vida passa e
a ferida se sara,
a resposta fica clara, e assim podemos cantar,
celebramos a vida e as benções de todos dia.
Somos humanos, nada perfeito,
temos o direito de errar, pensar,
olhar, mover e reagir.
A outra parte da história o tempo te diz!
A fumaça do teu cigarro parece ter entrado pela janela do meu quarto ontem, ficou impregnado em meus pulmões, assim como teu cheiro, assim como teu ser. Ontem, ironia ou não - também tocou Seven Devils, e me vi obrigada a lembrar de como você gostava dessa música e era performático ao canta-la, e assim dormi ao som da sua banda preferido. Ah, João. Quando eu acordei, adivinha? A maldita música estava lá novamente, me atormentando, juntamente com aquele cheiro do seu velho e bom cigarro. Ao abrir a porta, o vizinho o vizinho estava ali, pacato, ouvindo a sua música, fumando o seu cigarro, e ao fim de mais um dia de lembranças, beijando a sua mulher. Desculpa João, não deu pra não te procurar em outrem.
TRAGO
Atrás de toda essa fumaça,
trago a esperança.
Depois de tanta dor,
trago o esquecimento.
O passado me preenche
Me arde a garganta
Perfura meus pulmões
Me foge pela boca.
Enquanto isso o presente queima em minhas mãos,
Virando cinza, me escapando entre os dedos
Fugindo para se fundir ao vento
Usando duras palavras para se guiar.
E nisso trago
Trago dores e amores
Trago a vida
Trago o tempo
Deixo-me queimar
A VIAGEM
cansado,
o veneno corre pelas minhas veias,
a fumaça que dissipa,
é a mesma que entorpece,
enlouquece,
não a mente,
a vida,
a vida se esvai a cada baforada,
a cada viagem,
segue-se um rumo que afasta o real,
aproxima o ilusório,
coisas novas surgem,
apenas em na mente,
um mundo mais colorido,
alegre,
todos falam com você,
até cachorros,
e no fim da viagem,
quando se aporta no idilico xangrilá,
nada existe,
apenas um vazio,
que a cada viagem,
se torna maior,
a cada viagem,
a ida se torna mais rapida,
o caminho de volta mais comprido,
tão comprido,
que os braços que desejam ajudar,
não mais podem segurar,
os chamados de volta,
são apenas vagos ecos de uma memoria destruida,
confusa, apática,
inerte,
a razão se confunde com o racional,
argumentos mais insanos,
são encontrados para justificar a insólita viagem,
que se tornam piadas,
para os lúcidos fora da viagem.
Mais uma baforada,
a fumaça sobe,
hora de ir,
para onde eu não sei,
sigo apenas a ilusória estrada de tijolos amarelos,
de ferrugem, não de ouro,
acompanho meus amigos,
montado em um elefante cor de rosa,
que voa livre entre os girassóis,
que acompanham a lua,
enquanto esta,
submersa em um mar de lágrimas,
sorri loucamente,
velando mais uma parte de uma memoria que se vai.
