Elegia de um Tucano Morto
ARQUIVO MORTO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Dou ao tempo a coragem dos meus passos,
porque tenho a missão de ser quem sou,
crio laços e driblo a solidão;
não me dou ao vazio que se oferta...
Quero apenas o quanto está pra mim;
vou pro mundo que vem ao meu olhar,
lá no fim se desenha o que já é
neste mar de verdades pré-moldadas...
As receitas estão no arquivo morto,
há um porto em que todas as sucatas
contam suas histórias pra ninguém...
Forjo a rota, o destino, crio a fé
sem correr, pois a vida me acomoda;
tenho muita preguiça de morrer...
ARQUIVO MORTO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Um amor que não sei com quem usar,
porque já me cansou essa procura,
feito cura que agora me adoece
de sem dor e sem dar o que acumulo...
Quero alguém que meus olhos possam ver
dentro e fora, por todas as vertentes;
desde os dentes a todos os sentidos,
para ter uma história bem escrita...
Tenho amor nos meus poros, nos meus eixos,
na minh´alma e na caixa do meu peito,
neste jeito que até me desabona...
Mas não tenho a quem ter e ter certeza
de que valem as penas de uma troca;
cada riso e tristeza de uma vida...
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