Devaneio
"E eu me pego em devaneio, apaixonado.
Imaginando como seria acordar ao seu lado.
Ter meu sonho realizado.
Beijar-lhe a tez morena, que a muito, tem me encantado.
Para vislumbrar-lhe, eu atravessaria o oceano à nado.
Mergulhei na imensidão do teu olhar e nessa escuridão estou afogado.
É impressionante, como em nós, tenho pensado.
Sonhos de felicidade, tenho fantasiado.
Quisera eu, poder realizá-los.
Fazer dos teus beijos, meu doce pecado.
Mas por não merecer-lhe, tudo isso são devaneios, de um louco apaixonado..."
Devaneio
Quando acreditava que a vida era um sonho pra não viver e
não sonhar, não me importava como tudo podia acabar, como
acabou. Quem eu amei, quem me amou.
Por isso não preciso de mais um motivo pra acredi-
tar que nem tudo é relativo, de onde vim pra onde vou
Manifesto Geração Devaneio
Nós que amamos o devaneio, as forças-ocultas que explodem fantasia no domínio da consciência... Nós que estudamos a finco a vida, o cemitério dos ideais, a fortaleza das atitudes. Lançamo-nos trementes d’expectativa pelas estradas-obscuras da curiosidade, em uma espécie de peregrinação rumo ao desconhecido-lar dos prazeres, dos enigmas, das revelações, em busca de Bacco e todos os santos da alegria.
Nós que depredamos tudo aquilo que não compete aos nossos reais-sentimentos... Discordamos da lógica, da coerência, e fazemos uma revolução que começa com a transubstanciação de nossa própria alma-particular. Uma alma que se transmuta em vinho; um vinho que dá forças – néctar que fomenta a voz de verdades proclamadas com eloqüência-espiritual, transcendente, divinal. Uma voz que, das Trevas do Espírito, faz tremer como trovão os Firmamentos do Destino; balançando e destruindo dogmas que estão impregnados na língua da opinião – explodindo sóis!
Há uma geração de poetas que assim pensam, que assim fazem, que assim delineiam... Que assim revolucionam os domínios onde o capital ainda não comprou definitivamente a cabeça das pessoas.
O templo-budista onde a palavra desses poetas faz-se luz e escuridão são os bares espalhados pela Cidade-Perdida. Lá eles oram blasfêmias e gargalham dos ordinários conformados com uma vida de limitação, conformação e diversão controlada pela Lei.
Nós que devassamos o conceito-comum do social, aquele conceito que existe pra corromper e nos fazer seguir um caminho-determinado. Preferimos andar em ziguezague; tropeçando nos espinhos que em suas pontas brilham venenos que embriagam a alma, e elevam-na ao Nirvikalpa Samadhi das emoções.
Um brinde a todos que assim pensam, que assim fazem, que assim delineiam.
Um brinde a todos que amam a Baudelaire, a Rimbaud e todos os poetas-malditos que tanto contribuíram para formação de uma mentalidade cada vez mais forte, maciça e imortal.
Subvertemos o meio para torná-lo um meio-risível, chocante, alucinante. Viajamos pelo mundo a beber, a sorver o sonho, o delírio, a lombra.
Pulamos para cair de cabeça no duro solo dos prazeres; quase quebramos as “vértebras da sobriedade” com pulo tão ousado e perigoso.
não vou cair em devaneio... nem me desesperar pelo que nao deu certo...
Vou seguir calma, serena e a Vanuza que sempre fui
(tenho certeza de que assim vivo melhor)
Sobre sonhos
Ontem à noite, em meu devaneio
Vieste me ver, meu anjo pueril
Com teus olhos infantis, misteriosos
Teus cabelos obscuros embalaram meu sono
Injustamente descansei na tua forma
Grata por estares aqui, te senti, teu todo
Fragmentos de uma metamórfica dúvida
Regada a calorosos debates entre ser e ficar
Como poderia eu conter tamanho anseio?
Teu pulso firme, teus braços frágeis
Tua alma vil, teu dorso alto
Entregue a mim, despida, rubra,
Como conter, fúria profunda
De não te ter, anjo inocente
Despida de medos, de sonho, carente
Corpo que inebria, que queima,
E como explicar esse ato,
Algo tão puro, tão doce, só sente…
Peco, perco, perto…
Querubim, quente, quero-te
Meu anjo pueril de cabelos negros
Não limpe os seus pés… não suje sua alma.
Rondel ao meu amado
Oh meu amado
Dedico a você estes versos
que em um devaneio
Sonhos secretos escrevo.
Você é um enigma
Aos poucos vou o desvendando
Descubro segredos
Que jamais imaginastes.
Com um sorriso
Mudastes minha vida
De todos os medos
Que apavoram-me
Liberto-me com seu amor.
Sonho quase adormecido
Quase é consciência
Quase é elevação
Lúcido devaneio
Nele pode tudo
Cria
Mata
Sente
É
Como dança
Ora leva
Ora levam-no
Profetiza
Quase decide
Por vezes
Do controle escapa
Criatura
Avivou-se
Ganhou nariz
Desvencilhou-se
Rende-se o autor
Habituado a tal audácia
Levemente
Permite-se levar
Deita
Deixa
Sonha
Dorme
Acorda, então
Ideias em turbilhão...
Será intuição?
Sacro
Um sentimento desuso há muito tempo.
Foi desvalido como um nada.
Por meu simples devaneio de desvirtuar
O que era sagrado.
Os olhos vagueiam por teu corpo
Não se preocupe,
meu devaneio é apenas o primeiro sinal de meu amor.
MINHA PESSOA (soneto )
Eu sou o do fio da meada perdido
O que poeta devaneio e quimera
Verão ou inverno é só primavera
Neste fado, sonhar, é permitido
Emaranhado, pensado, eu quisera
Em exequível gratulação ter vivido
Mas olhar amargo me foi servido
E tal refutado, tive sorte megera
Aos olhares um quase despercebido
Impelido pra muito além da biosfera
Espírito enlutado, dum senso sofrido
Nas tiranias, choro, sou pessoa sincera
Áspero, sem ser, de amor sou provido
E no querer mais, me tenho em espera
Novembro, 2016
Cerrado goiano
E talvez eu seja mais poesia que mulher…
Talvez eu passe horas em devaneio e não consiga escolher.
Talvez o sentimento invada a minha mente e cubra minha vida.
Talvez eu nunca esqueça você e tenha a minha memória corrompida.
Entre todas as outras, você é a letra mais bela.
Sempre devaneio no seu sorriso branco.
Quando durmo, você é meu sonho, e acordada, minha mente se faz de casa pro seu ser.
Amar-te não é sacrifício, é escolha.
Querer-te não é consequência, é respirar.
Gosto quando nado no castanho dos seus olhos, e amo suas caretas esquisitas.
Gosto quando me faz rir, mas prefiro rir contigo.
Gosto quando me traz felicidade, mas prefiro ser feliz com você.
Bobo, bobo, meu eterno bobo.
Tu é um mapa, e vou viajar nele.
Quando me perder nos teus braços, me informe em que país estarei.
E quando nos teus dedos esbarrar, me ensine como tocar piano.
Mundo doce
Meu devaneio mora nesses becos,
Devasso até aos pontos mais secos
De olhares informais dos mais belos
Recheados das cores do teu batom.
Variando entre esse e aquele tom,
Se conjugam às gotas de suor da minha pele.
Transpiradas no teu abraço desesperador,
Tatuando no meu corpo um espectro de toques eternos.
Meu devaneio mora nesses estreitos,
Entre o vinho rubro luxurioso e o sangue escarlate.
E o mundo podia ser de chocolate,
E o mundo poderia me dar o dom
Para te sentir até o fundo da alma
Numa noite de mercado sul
Meu devaneio vive nesses muros,
E também nessas paredes úmidas
Que se contraem em uma viagem temporal
Num passeio desenfreado de desejo
Precedente da ressaca e dos tremores
Imerso entre temores e amores,
Precedentes do óbito de longínquo almejo
Meu devaneio vive nesse escuro,
Tocado por sentimento maturo,
Transcendente de alma,
E com calma,
Tecem o véu da alvorada
Nas vibrações na cama
Confusas e perdidas entre as paredes
Vindas de um monstro doce,
Tão doce quanto suas carícias,
Seus dedos deslizando minha pele,
Tão escassos quanto essas reflexões de outrora,
Que te fazem voar e perder a hora.
Meu devaneio vive nesse romantismo atípico
Que idealiza a vida mas prefere a morte
Vive nesse parnasianismo orgulhoso,
Produto de uma vaziez assombrosa
Vazia, sem libido, sem sentido.
Vive nesse simbolismo lírico descontrolado
Que acaba que só eu entendo,
E de resposta nem tomo tento,
E Fico atento ao realismo
Pois a verdade em excesso pesa meus ombros
Peso que nem todos meus personagens líricos
Suportam sem a insanidade
E o mundo podia ser de chocolate.
O Sol é um devaneio,
Entre utopias e miragens,
Miragens e ilusões,
Ilusões e alucinações,
Alucinações desperdiçadas,
Ou adquiridas,
Ponto.
Vista?
O Sol,
O mar,
O delírio,
De quem delira,
Ao sentir a brisa,
Erroneamente esfria,
Esquenta,
O Sol,
A Brisa,
Desliza,
Corpo, Alma, Coração.
