Desprezível
Todos os tipos de preconceitos são de natureza diabólica, vil, desumano e desprezível. Portanto, a dica lúcida e sábia de São Paulo é: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.”
Senhor. Sou um verme
Insignificante com arrogância
Desprezível no coração
Perdoa-me Senhor
Todo mal que te fiz e faço.
Voe, oh invejo tempo por uma era, até terminar sua desprezível carreira, invoque as suas horas preguiçosas da cabeça da trilha, cuja velocidade é apenas a passagem da queda pesada, e sacia-te com o teu silêncio e aflora-te nos bosque e aquieta-te naminh ‘alma.
Menos tempo do que o que deve ser dito, menos lágrimas do que aqueles que levam a morrer, e fizeram um censo de pedras, eles são tão numerosos quanto meus dedos, em um tom, que foi agora para sempre, na esperança que agora exista o para sempre.
O intento de ignorar a existência de um indivíduo - por mais desprezível que seja - castiga o ignorado, mas traz maior sofreguidão ao ignorante.
O homem é tão desprezível que até hoje não aprendeu que, sem a direção de Deus em sua vida, ele é rebelde, transitório e, acima de tudo, infeliz.
Devido a força desprezível da fé pública do povo, os políticos amontoam com forças corruptas seus embarques para o sucesso, sendo pelos seus aplaudidos e por suas vis decisões, invejosos.
Por mais inteligentérrimo que seja um ser humano, é considerado pelo sábio o mais desprezível das criaturas, visto que as suas arrogantes pretensões extrapolam a criatividade, a humildade e a verdade.
Assim como Deus abomina o linguajar desprezível dos filhos do diabo, ele ama a linguagem irrepreensível dos Seus filhos para a sua própria edificação e redenção eterna.
O opressor
não seria tão perigoso,
desvastador, sem uma ordeira
e desprezível cumplicidade
entre os que se dizem
oprimidos!
A alma escrava de suas más escolhas aprisiona também o seu corpo em um duro, desprezível e cansativo estilo de vida, sendo ainda celebrado com festas, alegrias e vantagens entre amigos.
DIVAGAÇÕES NA BOCA DA URNA (Pequenas Epifanias)
Política é exercício de poder, poder é o exercício do desprezível. Desprezível é tudo aquilo que não colabora para o enriquecimento do humano, mas para a sua (ainda) maior degradação. Como se fosse possível. Pior é que sempre é.
Ah, a grande náusea desses jeitos errados que os homens inventaram para distrair-se da medonha ideia insuportável de que vão morrer, de que Deus talvez não exista, de que procura-se o amor da mesma forma que Aguirre procurava o Eldorado: inutilmente.
Porque você no fundo sabe tão bem quanto eu que, enquanto a jangada precária gira no redemoinho, invadida pelos macacos enlouquecidos, e você gira sozinho dentro da jangada, ao lado da filha morta com quem daria início à primeira dinastia — mesmo assim: com a mão estendida sobre o rio, você julgará ver refletido no lodo das águas o brilho mentiroso das torres de Eldorado. E há também aquela outra política que os homens exercitam entre si. Uma outra espécie de política ainda menor, ainda mais suja, quando o ego de um tenta sobrepor-se ao ego do outro. Quando o último argumento desse um contra aquele outro é: sou eu que mando aqui.
Ah, a grande náusea por esses pequenos poderosos, que ferem e traem e mentem em nome da manutenção de seu ego imensamente medíocre. Porque sem ferir, nem trair, nem mentir, tudo cairia por terra num estalar de dedos. Eu faço assim — clack! — e você desmonta. Eu faço assim — clack! — e você desaparece. Mas você não desmonta nem desaparece: você é que manda, essa ilusão de poder te mantém. Só que você não existe, como não existe nem importa esse mundo onde você se julga senhor, O outro lado, o outro papo, o outro nível — esses, meu caro, você nunca vai saber sequer que existem. Essa a nossa vingança, sem o menor esforço.
Mais nítido, no entanto, que as ruas sujas de cartazes e panfletos, resta um hexagrama das cores do arco-íris suspenso no centro daquele céu ao fundo da rua que vai dar no mar.
É o único rosto vivo em volta, nunca me engano. Chega devagar, pede licença, sorri, pergunta: “E você acha que aqui também é um deserto de almas?” Não preciso nem olhar em volta para dizer que sim, aqui também. E os desertos, você sabe — sabe? — não param nunca de crescer.
Ah, esses vastos desertos em torno das margens do rio lodoso e tão árido que é incapaz de fertilizá-las. Da barca girando no centro do redemoinho, se você estender a mão sobre as águas escuras e erguer bem a cabeça para olhar ao longe, julgará ver as árvores, além do deserto que circunda o rio.
Entre os galhos dessas árvores, macacos tão enlouquecidos quanto aqueles que invadem tua precária jangada, pobre Aguirre, batem-se os humanos perdidos em seus pequenos jogos que supõem grandes. Para sobrepor-se ao ego dos outros, para repetir: sou eu que mando aqui. Para fingir que a morte não existe, e Deus e o amor sim. Pulando de galho em galho, com seus gestos obscenos e gritinhos histéricos, querendo que enlouqueças também. Os dentes arreganhados, os macacos exercitam o poder. Exercitam o desprezível nos escombros da jangada que gira e gira e gira em torno de si mesma, sempre no mesmo ponto inútil, em direção a coisa alguma, enquanto o tempo passa e tudo vira nada.
Do meu apartamento no milésimo andar, bem no centro da ilha de Java, levanto ao máximo o volume do som para que o agudo solo da guitarra mais heavy arrebente todos os tímpanos, inclusive os meus.
Se decepcionar com as atitudes de uma pessoa é compreensível, Se decepcionar com o caráter, é desprezível!
O mais abjeto ignorante é aquele que, tendo acesso a toda sorte de aclarações, permanece recluso em sua insensatez.
Uma sentença falsa
não transforma todas as verdades em mentiras.
Cometer um erro
não invalida todos os teus acertos.
O demônio não estará dando mau exemplo
se fizer o bem.
A tudo cabe um pouco de sabedoria
e temperança.
O ser é humano
e, por isso, falho.
Mas nem por isso
desprezível.
Tratamos algumas pessoas com desprezo quando, na verdade, nós é que somos desprezíveis. Quando somos transformados por Deus e nos tornamos pessoas honrosas, descobrimos a realidade de que éramos covardes e egoístas e não sabíamos.
www.monicacampello.com.br