Contradição
Espécie humana... Que degrada o mesmo solo em que planta, que polui a água do rio que lhe provê abastecimento, que mata o seu semelhante a bel prazer e por motivos torpes, que por inaptidão gera tragédias cíclicas para si e para o planeta, que produz conflitos bélicos para afagar o ego dos líderes patriotas e para encher os bolsos dos conglomerados de indústrias armamentistas. Ah... Espécie humana. Espécie da controvérsia, contradição. Dotada de tamanhas habilidades, e muitas vezes agindo inconsciente e inconsequentemente...
"No fim, aquele que não é falso contigo, finge ser o que não é com o pretexto de que era pra não te magoar ou evitar desentendimentos. Vai entender a contradição..."
Somos a certeza do que não queremos, a dúvida pelo caminho a seguir, o talvez que pende entre o sim e o não, mudando de acordo com o vento. Somos a conformidade dos dias cinzas, o corpo acolhido na cama, o cansaço tardio do tempo em que a vida cabia numa mochila. Somos uma mala remendada e bagunçada, remexida, precavida. Somos a leveza esquecida, a impulsividade amarrada, a risada contida, a paixão amornada.
Somos nós com a nossa melhor companhia, sem o medo da solidão, confortáveis com a própria presença. Passamos a nos entender mais e nos aceitar melhor. Percebemos que verdadeiros amigos são poucos e que amores verdadeiros são raros. Não entendemos como fomos tão tolos e tão felizes, e porquê a sabedoria tem que vir de mãos dadas com a melancolia.
Somos a nostalgia daquilo que fomos, a saudade do que foi vivido e sentido, a lamentação da entrega cega, a dor latente da queda. O pensamento de que teríamos feito tudo diferente e exatamente do mesmo jeito. O arrependimento pelo que fizemos ou não, os porquês sem resposta, o tempo perdido. A falta de tempo que não deu tempo para nada. O vazio que ficou.
Somos a perspicácia adquirida depois de alguns golpes. A malícia extenuante que prefere mil vezes ceder o seu lugar à singeleza da boa fé. O agradecimento por ainda ter um bocado de lisura no meio de tanta desconfiança. Somos o faro aguçado e as unhas felinas, precavidos ao bote, antecipando o movimento suspeito. E nos convencemos de que somos melhores assim, mais fortes e preparados para as bordoadas, quando, na verdade, queríamos mesmo é voltar à época da credulidade e ingenuidade.
Somos uma constante metamorfose e a permanência da criança de antigamente. A casca se molda enquanto a essência persevera. O que somos é diferente do que nos tornamos, mesmo que o lado de fora influencie o de dentro. Mudamos a nossa forma de enxergar o mundo, o outro e nós mesmos. Modificamos o olhar sobre tantas coisas sem que deixemos de sentir cada uma delas. Os sentimentos perduram, enquanto a necessidade de ter razões para eles perde o sentido.
Somos o passo mais firme, a decisão coerente, a prudência sentimental, a disponibilidade laboral. Somos a necessidade de fazer parte de um grupo e a total falta de vontade de pertencer a um meio. Somos o duelo entre a soltura e a prisão. Não gostamos quando nos prendem, mas não admitimos quando nos soltam. Somos carentes da profundidade e dependentes da superficialidade.
Somos uma mistura do tudo e do nada que nos identifica e nos assemelha. Viver é isso. É um somatório de momentos, uma coleção de emoções, uma constante construção do ser. No fim das contas o importante é permitir-se. Por isso somos o que somos; o resultado daquilo que fomos e o rascunho do que um dia seremos.
Os seres humanos possuem duas características irrevogáveis e imutáveis, são mentirosos e contraditórios. Não se trata de um julgamento moral, não existe um culpado, certo ou errado, é apenas um fator comportamental. A prova maior de tudo isso, é que mesmo tendo consciência de tais fatores, ainda preferem negar, mentir e contradizer a própria natureza.
Ela era ousada, simultaneamente discreta. Ao mesmo tempo que emotiva, inabalável. Um turbilhão de sentimentos aliado a uma única personalidade. Nem sempre estava otimista, embora nunca tivesse perdido a esperança, nem nela e nem na humanidade. Isso era ela, um compilado de contradições.
A vida é tão complexa, e paradoxa que hoje somos honestos, mas amanha podemos não ser, por coisa idêntica tendo momentos e sentimentos deferentes.... então nos conhecemos? homos uno? somos sim a nossa CONVINIENCIA ... isso é que SOMO
Onde você está vendo dor? Essas lágrimas são de felicidade.
O sorriso da semana passada, esse sim, era dor.
Eu sou católico, o outro é agnóstico.
Eu gosto de rock, o outro de funk.
Eu quero mudar o mundo, o outro quer que ele se exploda.
Meu hobby é assistir filme, o do outro é caçar com espingarda.
Eu gosto de histórias de fantasmas, o outro tem medo até de tomar café com leite.
E assim somos meus amigos e eu, temos pouco em comum mas não poderia existir união melhor.
Incoerência não é se revelar contrário ao que se pensava antes. Isso é evolução. Incoerência é navegar à deriva entre múltiplas opiniões que se contradizem, indo e voltando ao sabor da maré, sem fazer uso de qualquer âncora para fundear o barco.
Na fila, se perde tempo para ganhar o leite.
Na fila, se perde a saúde para ganhar o emprego.
Na fila, se perde a paciência para ganhar a resiliência.
Entra-se na fila para ganhar e perder, o que faz com que fiquemos no zero a zero.
Não entremos em filas, elas são contraditórias.
Todas as vezes em que certos conhecidos concordam comigo revejo tudo o que escrevi para checar se em algum momento não me expressei errado.
Que de segunda a sexta passe rápido;
Que o final de semana dure; e
Que a vida passe bem devagarinho.
Somos contraditórios assim mesmo ou o que?
No percurso da vida é natural se contradizer em várias ocasiões para entender que o equilíbrio é estar no meio.
Amar é ver as cores do arco-íris mesmo quando o sol não brilha sobre gotas de chuva.
Amar é sentir borboletas no estômago.
Amar é quando seu pior momento sobreleva-se aos seus momentos ruins.
Amar é enaltecer a alma. É sentir o coração eufórico.
Amar é a condição de encontrar-te satisfeito fisicamente e mentalmente, é sentir-se seguro e confortável... É aquela sensação de bem-estar.
Em suma, se amar virou "coisa" de gente corajosa, então as pessoas têm medo de serem felizes, pois amar é sentir a felicidade subitamente.
DAS CONTRADIÇÕES
Digo que não mais farei
mas refaço no outro dia,
tudo aquilo que falei
que nunca mais faria.
A verdade, é importante que se diga, nem sempre é nítida. Quando se trata de afeto, somos criaturas confusas, habitadas por dúvidas e contradições. Por isso, mais importante que aquilo ouvimos é o que vemos. Mais importante que sentimentos, são ações.
Não há crença que justifique abrir-se mão da reflexão de modo a não questionar a própria fé. Quando aquilo que se professa não admite dúvida que suscite a busca de entendimento, como esperar, então, que haja condição de absorver tal nível de verdade divina, se até para o mais reles contraditório não se faz uso da inteligência?