Contexto da Poesia Tecendo a Manha
CABOCLO
Eu sou caboclo,
e o meu feijão de toco...
com nó nas quatro pontas
Eu carrego para o terreiro.
No lençol todo bordado
com suor dos quatro lados
e bato as vagens no cambal.
Peneiro grãos com a peneira
ou com prato jogados aos ventos
e a tarde no fim da caseira
na cadeira, eu me assento.
Ali refaço meus planos
viajando em pensamentos
eu sinto o vento na área
com a felicidade por dentro.
Antonio Montes
ORDENS DESORDENS
As ordens todavia...
São para colocar ordens na ordem
ou até...
Para colocar desordens na ordem.
Se meu mundo gira,
em minha desordem...
Para que impor
a sua cansada ordem...
Se estamos na rua da desordem
o silvo e o grito, são ordem,
ao mesmo tempo, em que são...
Desordens para os hospitais
e pára o hospício.
Se estamos no atelier do artista...
a ordem, é a desordem
d'aquilo fora das vistas.
A ordem é assim pra mim
e a desordem para ti.
É preciso desordens...
P'ra se eleger, p'ra prometer
p'ra colocar, ordem na ordem.
Antonio Montes
MÁGICO SOPRO
Aquele moço, moco...
Que já não era assim, tão moço
de pensamentos poucos...
Meio broco, quase loco!
Por muito pouco!
Não deu pipoco fosco,
mas, fez promessas de enrosco
e colocou a vontade sobre o toco.
Depois... Ficou esperando
que o vento te lembrasse
com seu mágico sopro.
Antonio montes
Sou eu...quem te ama!
Tu és um poema magnifico escrito no silencio
Das minhas noites insones...
Um anjo que os meus olhos seduz
Meu mais belo sonho... Minha eterna espera...
A mais linda canção...
É qual o volitar de uma gaivota varrendo o horizonte
Em manhãs primaveris... E neste delírio constante em te ter
Anseio por ti... Amo-te
E te penso...e te tenho...
Sou eu quem te ama...
Nas minhas mais profundas fantasias...!
Tua beleza
Se tu não fosses tão radiante assim
Eu não estaria aqui, a observar
O por do sol, as ondas do mar
As nuvens no céu, o vento soprar
Se tu não fosses tão radiante assim
Eu não estaria aqui, tão relutante
Insistindo em estudar o teu semblante
Deixando tudo de lado por um único instante
Ah, natureza!
Se tu não fosses tão radiante assim
O que serias de mim?
Sem tua beleza
O dia seria mais claro em sua luz
Do que a noite em seu brilho?
O dia duraria mais horas flertando
Do que a noite seduziria?
Os dias alcançariam mais rápido
Do que as noites fugiriam?
Ou será que o dia persistiria até o fim,
Mas nunca impediria a noite?
Será que o dia sempre se deitaria
Pra noite ver o céu
Revelar o universo
Que esconderia a luz
Desse ofuscante... dia?
se eu for um anjo me pinte com asas negras.
sempre solitário, porém nunca sozinho. existem algumas poucas companhias na solidão que só quem também está só e tem consciência disso pode as encontrar de diversas formas.
sinto-me espalhado por ai, pelo mundo, pelos cantos, pelas noites. minha alma ambiciosa me faz ter sempre muitos excessos pelos meus caminhos, seja de asas negras ou claras por aí. estou menos aqui do que pode parecer; é algo fantasmagórico em mim que sou apaixonado; uma obsessão pelo que é incompreendido. nunca há algo que possa tirar meus demônios de mim e agradeço a existência por ter me permitido dessa forma.
minha alma é uma música que toco com meus olhares e canto com meus conhecimentos. vejo na melancolia uma beleza fúnebre que me seduz ficar acordado pensando "e se?". reconheço no meu vazio existencial uma liberdade imensurável, tal como tudo a minha volta é inalcançável pra quem pode compreender tais meios. eu sou um desejo que não queria existir; como numa forma poética de dizer que não estou nem aí.
sou duas crianças brigando por algo que nenhuma das duas querem.
eu já me envergonhei da minha forma
da estética do meu cabelo
da cor da minha pele
do tom da minha voz
da cor dos meus olhos
me senti feio e estranho de uma forma desprezível
me senti incapaz de tanto por tanto tempo
me senti inferior a você
e na real eu nem sei por quais motivos me sentia assim
me senti burro
me senti fraco
me senti culpado
senti pena de mim e do que eu era
na minha ingenuidade eu era um pecador irreversível
nunca fui bom com pessoas
nunca quis ter o que essa sociedade valoriza
nunca quis ser igual a você
por isso essas roupas e esses pensamentos
sempre valorizei tanto nossas diferenças
sempre me interessei pela nossa profusão de capacidades
sempre me senti só e através disso desfrutei de mundos obscurecidos pelo meu medo de liberar meus demônios sob a luz desse dia maligno que chamamos de opressão
sinto uma pressão na sociedade que faço parte, me pressionar contra seus padrões e me espremer pra longe do que não posso ser
minha mente é maior que minha realidade
eu sou maior do que esse corpo
só que eu não expresso nem a metade do que eu sou capaz de sentir
de estado estático contempla-se o caos
calmo como um inseto ao exercício de seu nicho
olhos espalhados por corpos em sinestesia
compartilho da vibração
tudo é energia que há de fluir incessantemente
o pulsar dos corações vazios
acompanharão as caixas em estresse
grave que estremece a areia
fechei os olhos...
e lá estavam sua cores em negativo
sua silhueta refletida em mim
minguante.
PISA, PISA
Pisa menino, pisa...
Pisa porque se não, lhe dou uma pisa
para que possa voar nos passos
ir n'um pé e voltar n'outro
solto e leve como pássaro
rápido, como nave no espaço.
Pisa menino pisa...
E eu fico aqui com minha cisma
a muito, isso foi minha sina
voar como se tivesse asas...
Pisar como se pisasse em brasa.
Pisa menino pisa...
Não deixe o tempo lhe pisar
não se doe de bonzinho
nem ame, mais do que possa amar
porque se você não pisa
leva pisa pra respirar
e amando irão te esmagar.
Antonio Montes
Garota dos olhos belos
Como faço para te ver?
Quando abres esse sorriso
Meu coração começa a bater
Como moras em outro Estado?
E te sinto bem perto, aqui
Vou agora, vou correndo
Para ficar pertinho de ti
Tens também nome bonito
Acredito que tem algo a ver com brilho
Porque não olhas o significado?
Espero não estar enganado
Se enganado eu estiver
Sobre sua beleza acredito que não é
Mas somente no significado do nome
Mas o brilho, este sim não some
O sentimento mais que puro
Separados apenas por um muro
Muro esse que se chama distância
Mas onde há amor, há esperança
Fiz este versinho singelo
Almejando oque eu mais quero
Não sei se achastes legal
Mas foi para ti, meu amor virtual.
MIL AMORES
Esse olhar que me zomba...
Terá ondas que me tromba
como bala atirada das sombras
em miragem de léguas, que me leva
como restos de dejetos, sobre a terra.
Esse olhar que me enterra...
Me colocando nas trevas, aterra-me.
... Já esse olhar... Ah esse olhar!
Esse olhar que me olha como se eu fosse
um horizonte florido...
Esse olhar me carrega sobre o céu,
me vê como diadema, e me enche de cores
Me olha cintilando como estrelas no ar
e me entorna em carinho de mil amores.
Antonio Montes
JOÃO DO MUNDO
O João do mundo
já faltando parafusos...
Pegou o mundo furado,
bateu o seu cadeado
e jogou a chave no lago
das esperanças e sonhos...
De um mundo cheio de marca
e de um povo demarcado.
Depois saiu a rodar
pelo mundo, já cansado
rodando em passos sem fundo
e por tudo que tem no mundo
girava atrás de um futuro
de um mundo sem escuro
e de passos todos seguros.
Antonio Montes
Papel e tinta...
(Nilo Ribeiro)
Papel e tinta,
base do escrever,
se o amor não "pínta",
verso o sofrer
dava um haikai,
e não uma poesia,
mas se o amor se esvai,
escrever vira ironia
papel e tinta,
já não tem serventia,
minha vontade está extinta,
não escrevo mais poesia...
ONÇA SONSA
Uma onça sonsa...
Escondida na pedra
com sua roncada manca,
enquanto dorme, tonta...
Manda seus olhos de bronca
para aquilo que te afronta.
Com suas pálpebras de enfoco
jogada por cima da ires
não se atrapalha com focos
nem se enrosca em seus desvires.
Uma onça sonsa...
minguada... de sal, insossa
sem os inteiros temperos
olha o bocado fadado
já salgado em sua boca.
Se já viu, tem que pegar
tudo é seu em seu terreno
o seu bote é de amargar
sua dentada é de veneno.
Antonio Montes
O grito...
(Nilo Ribeiro)
Perdi meu próprio rumo,
não encontro uma ponte,
bato de frente ao muro,
não bebo em tua fonte
eu que já fui exemplo,
já fui até referência,
agora o nada eu contemplo,
sou pura ausência
não tenho o que escrever,
nem mesmo o que comentar,
depois que perdi teu prazer,
não tenho nada para amar
perdi meu caminho,
perdi minha direção,
sem carinho,
sem paixão
me renovo com prece,
a oração me segura,
tudo em volta fenece,
sou hoje a loucura
um poeta sem escrita,
é o mesmo que nada,
a sua alma grita,
mas não sai palavra
crise, agonia,
deslize sem poesia...
Em Busca
Mochila nas costas,
mapa nas mãos.
As ruas são desconhecidas.
O olhar repentino para os lados,
busca conhecer o desconhecido.
As pessoas estão imóveis,
poucos andam pela rua
na manhã de céu nublado.
O café quente da xícara,
esquenta a alma do ser inquieto.
A mente em movimento,
ás vezes, acaba ficando dispersa.
O mapa é complicado,
não diz onde vai parar.
O objetivo fica cada vez mais longe,
e aparenta ficar cada vez mais perto.
Pausa para um café,
observando o casal na outra calçada.
Ela tem cabelos vermelhos,
eles pintam o cinza da manhã.
Por fora, ele é frio como este vento gélido,
e seus olhos demonstram o quando a ama.
Calor no coração...
O casal some, o café acaba, a conta é paga.
Olhos no mapa, rumo ao objetivo.
Pela rua, pela floresta, pela estrada
que aos lados não se vê nada.
A música que toca diz:
"Se começar foi fácil, difícil vai ser parar..."
E move o corpo que vai em busca do novo,
do desconhecido, do belo, do indecifrável.
Do objetivo que está no mapa,
que nos leva ao que aparenta ser impossível,
inconquistável.
Às adventures...
-Chris Reis
INEXO
Os leões eleitos...
Rugem em seus tronos,
regem leis em suas alcovas
e chegam ao nirvana
com seus profanos planos.
Os leões eleitos...
Uma vez no comando
inicia o seu desabono...
Se propagam com a misera
dos outros, e tão logo no pedestal
entram em delírios com os ossos.
Antonio Montes
Meu jeito de escrever
Senti vontade de voltar a escrever, acho que na verdade esse é meu jeito de se expressar, esse é meu jeito de ser, o poder de me comunicar, na arte do saber.
Criar poesias me faz bem, acho que na verdade essa é a minha intuição, escrevendo me sinto num harém, no país da emoção.
Descarrego no papel tudo aquilo me traz inspiração, acho que na verdade esse é meu jeito de desabafar, essa é minha paixão, é a arte de me declarar com a caneta na mão.
IMPOSTADO
No baque do quebra mola
quebrei a mola das molas
na ingeria desse amola
valei-me Nossa Senhora?!
peguei a pedra de amolar
amolei o fio da hora.
Prejuízo a mim posto
sem gosto, fiquei insosso
e com os ossos todos soltos
dos sopapos, ai seu moço!
Aonde parou o imposto?
impostado pelos outros.
Antonio Montes
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