Coleção pessoal de noi_soul

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⁠Ponte


Escorre tempo
Entre as mãos perenes
Insensatas
Rogadas
De quem nem lembra
De ti!
Escorre tempo
Sereno
Suave
Pequeno
Entre nuvens e dentes
Ranger de trovões
- Ai de mim!
Escorre tempo
Escorro eu
Em ti!

⁠Quando vejo os olhos da morte
Não posso mais temer a pequenez
A suavidade do dia é milagre
O sol da pele que me toca é milagre
A hora ainda acordada é milagre.
Quando olho no fundo dos olhos da morte
Não há mais temores tolos
Não há mais confusões
Nem necessidade de ser notada
Não há mais desculpas para brigar
Não há mais nada.
Quando a vejo tão de perto assim
Quando a percebo inculcando meus brios
Dando-me calafrios
Não há mais nada a temer
Porque, no fim das contas,
Tudo o que eu sempre temi
Está diante de mim
Olhando-me com profusão e piedade
Permitindo-me desfrutar um pouco mais
E viver o que ainda preciso...

⁠Retina


A gente foi ensinado
A morrer à míngua
E não sobra língua
pra gente comer…
A gente sente e chora
E não vê a trégua
Sem medir a régua
pra gente entender…

⁠Eu sou metade do tempo
O tempo é metade de mim
Se isto é um sonho, eu digo:
- Os sonhos transformam a vida!
E eu vivo sempre assim!

⁠Metade do tempo
sou eu!
Metade de mim
é o tempo!
Eu sou esta corda bamba
Sou o equilíbrio entre a pilha
de coisas da vida
e a queda desmedida!
Sou a espiritualidade e o tormento
Sou a doença e o unguento
Sou a leveza e a vazão
Sou a subida e o escorregão!

⁠Permita-me parar o tempo
Escutar os pássaros
Dançar na chuva
Banhar-me de sol
Permita-me parar o tempo
Descobrir sabores
Desvendar amores
Sorver-me de sol...
Mesmo assim
o sol não aplaca o frio
dentro de mim!

⁠Já senti tanta raiva e ódio
E para quê me serviram?
Já senti tanta falta e repulsa
E para quê me serviram?
Já senti tanto medo e remorso
E para quê me serviram?
Já senti tanto nojo e carência
E para quê me serviram?
Para nada
Nada
Nada!

⁠Uma vida inteira
valida as decisões de um segundo.
Qual a vida?
Qual o segundo?
Qual a história contarei?
A história é o agora
O tempo é a ponte
E as certezas são todas inúteis
Pois teríamos que inventar a verdade
para ter certezas úteis!

⁠Sou a contradição aos pedaços
Sou o som da mudez no espaço
Sou a pedra no meio do caminho
Sou a bebida do meu desalinho.

⁠Eu sou a intensidade da monotonia
Sou o cansaço da alegria
Sou a temperança da própria raiva
Sou a paixão lasciva e viva.

⁠Sou a persona grata non here
Sou o pudor da vergonha em mim
Sou o estrago do próprio embaraço
Sou o nó que desfaz o laço...

⁠Eu sou o buraco que não se esconde
A teia de aranha que engole o mal
Eu sou a tempestade do vento suave
Sou a certeza do vendaval.

⁠Eu sou o inverso do início
Sou o fim do começo do precipício
Sou a incerteza da minha razão
Sou o céu azul da escuridão.

⁠Sou a fronte acesa do fogo
Sou o extremo oposto do sol
Sou a figura em transe no rosto
Sou o temporal no fim do arrebol.

⁠Sou o escândalo da noite
Faceira
Sou o perfume, em cândido ardor
Sou a mortalha que prende o meio
Sou estranheza banhada em torpor.

⁠Sou a penúria da escassez
Que murmura
Sou o sentir da falta de sentimentos
Sou a paisagem da beleza
Enfeitada
Eu sou a sombra do próprio
Tormento!

⁠Eu sou o grilhão que prende a liberdade
Sou a pátria enfurecida
A vaidade!
Sou o pesadelo dos que dormem assombrados
Sou o estômago revolto
Revirado!

⁠Sou o revés de mim mesma
Sou a mão que açoita minha solidão
Sou o pesar do desespero
Sou a vida da morte em vão.

⁠Como se o tempo não bastasse
Eu me basto, meu amor!
Como se o tempo não vastasse
Eu me vasto, meu amor!

⁠Eu tive todas as oportunidades na vida
Inclusive quando não tive nenhuma.