Coleção pessoal de HermesFernandes

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O que é o som da flauta em comparação ao de uma orquestra? Mas um dia a orquestra se silenciará, e minha flauta doce ecoará no coração inquieto dos inconformados.

Prefiro ser uma flauta solitária ignorada por muitos a ser mais um entre inúmeros instrumentos numa orquestra regida por interesses sórdidos e inconfessáveis.

O cúmulo da hipocrisia é justificar-se na hipocrisia alheia.

Não trame. Não reclame. Não difame, nem dê vexame. Apenas, ame.

Um dia como outro qualquer - Poema Natalino

Marcos

Um dia como outro qualquer
Sua voz ecoou pelas praias da Galileia
Não se ouvia um ruído sequer
Começava ali sua incrível odisseia

Arrependei-vos pois chegado é
o tão esperado reino dos céus
Não mais por força, mas pela fé
Que das faces caiam os véus

Lucas

Mas esta história não começa aí
Antes desta cena tantas coisas vi
E o que não vi, alguém relatou
Por isso escrevi e aqui estou

Um jovem profeta o antecedeu
abrindo o caminho para o Galileu
Seu nome João de apelido Batista
Por onde passou deixou sua pista
Em pleno deserto atraiu multidões
De longe e de perto, tocou corações

Pregou conversão dos pais aos filhos
E do coração dos filhos aos pais
Reuniu após si tantos andarilhos
Gente humilde que anelava por mais

Até Jesus foi por ele batizado
No rio Jordão, ao cumprir-se o prazo
Diante de todos por Deus aclamado:
Este é meu filho, meu filho amado
A Ele ouvi, n’Ele me comprazo

Marcos

O próprio João também deu testemunho
Se com água batizo com meu próprio punho
Com fogo e Espírito Ele vos batizará
O Cordeiro de Deus é quem vos conduzirá

Ao ouvir tais palavras muitos o seguiram
Todos te abandonam, alguém insinua
Convém que Ele cresça e eu diminua
João respondeu aos que o arguiram

Cheio do Espírito, doentes curou
A um povo faminto Ele alimentou
Sinais indicavam: seu reino chegou!
Amor verdadeiro Ele demonstrou

Mateus

Mas a história também não começa daí
De onde terá vindo o jovem galileu?
Alguém, por favor, queira me ouvir
Pois vou lhes contar como nasceu

Um anjo do céu a uma virgem apareceu
Anunciando que ela havia sido escolhida
Seu ventre hospedaria o filho de Deus
Nela se geraria o Salvador, o autor da vida

Sobre ela viria o Espírito Santo
E a cobriria com seu próprio manto
O que para muitos seria um espanto
Pro mundo inteiro, motivos de canto

Foi lá em Belém que ocorreu seu natal
Seu primeiro berço foi uma manjedoura
Embalado ao som do coro angelical
Anunciando aos homens a paz duradoura

Guiados por um astro de brilho intenso
Magos vieram prestar-lhe homenagem
Trouxeram-lhe ouro, mirra e incenso
Só de ver o menino, já valeu a viagem

João

Sinto informar, a história vem de muito antes
É anterior às minas de ouro e diamantes
Aquele menino nos braços da jovem Maria
O Verbo Divino, antes de todos os antes já vivia

Sem Ele nada do que existe, existiria
Ele é a Palavra que deu origem ao universo
Ele é o poema de Deus em prosa e verso
Que tem o direito de exercer primazia

Até Sua cruz, seu perfeito sacrifício
Se deu antes da fundação do mundo
Nem mesmo a luz acesa desde o início
Antecedeu o Cordeiro Moribundo

O que a outros parece apenas loucura
Para os que creem é a sabedoria suprema
Nele encerrou-se toda a procura
Cessou-se de vez nosso maior dilema

Ostras fechadas

Avançar em alto mar
berçário de suas ondas
Mergulhar para encontrar
Cenário em que escondas...

Pérola de valor
que ninguém calculou
Que custou tamanha dor
Mas que cicatrizou

Conchas abertas, sempre vazias
Seus cacos se espalham por toda a areia
Ostras fechadas, guardam segredos
Nunca cantados por qualquer sereia

Não há prazer sem dor
Nem liberdade sem pressão
Onde houver luz há cor
Na profundidade está a paixão

Molhar os pés na beira-mar
Nunca me satisfez
Em seus tonéis me embriagar
Perder a lucidez

Desbravar seu oceano
Sem mapa do tesouro
Me entregar
Tornar-me insano
Por algo duradouro

Seus corais vou vislumbrar
Em cores sem iguais
Em seus corais vou entoar
O que se ouviu jamais

Conchas abertas, sempre vazias
Seus cacos enfeitam castelos de areia
Ostras fechadas, guardam segredos
Nunca cantados por qualquer sereia

Pois é dom do amor
da liberdade abrir mão
Fidelidade é
Ceder ao outro a razão
O genuíno amor
De coisa alguma faz questão
Felicidade é
Dar à saudade ocasião

A nossa salvação se deve a uma oração não respondida.

O risco de todo bem-sucedido é não ser bem sucedido.

A igreja que vai durar para sempre é o rebanho, não o aprisco. Todos os apriscos desaparecerão para que haja um só rebanho e um só pastor.

A igreja enquanto instituição é apenas a placenta que envolve o embrião da nova humanidade. Tão logo a criança nasça, a placenta será descartada para sempre.

A igreja está para a nova humanidade o que o casulo está para a borboleta. Já não somos a lagarta (velho homem), mas ainda não alcançamos a perfeita humanidade. Estamos em plena metamorfose.

A solidão do sol se deve à intensidade de seu brilho. A lua descobriu que é melhor brilhar menos, mas ter a companhia das estrelas.

“Somos salvos pela graça
e para o amor. Enquanto
em Deus, a fonte de onde flui
a graça é o amor, em nós, a
fonte de onde flui o amor
é a graça.”

O que é a paixão, senão um surto, e a razão, senão um furto?

A discrição divina se comprova no fato de Deus preferir o anonimato, permitindo que atribuamos à coincidência aquilo que Ele mesmo provocou.

Tudo seria tão mais simples
Se o que me fizesse feliz
também lhe completasse
Se tudo o que sempre quis
também lhe realizasse
Tudo seria tão mais simples
Se o que me fizesse sorrir
não lhe soasse enfadonho
Se tudo que me despertasse
habitasse também o seu sonho
Tudo seria tão mais simples
Se o que me abrisse o apetite
lhe desse água na boca
Se bastasse um mero convite
pra lhe deixar tão louca
Incapaz de poder se conter
Tudo seria tão mais simples
Se entre nós não houvesse abismo
Se o amor fosse nosso batismo
Um mergulho no fundo do ser
Tudo seria tão mais simples
Se a luz se acendesse um instante
Revelando o ardor de amante
Que aflora e percorre o meu ser
Tudo seria tão mais simples
Se, de repente, como num rompante
Um presente feito diamante
Lhe fizesse saltar de prazer.

A vida é como uma longa estrada cheia de curvas. Tem hora que a gente cansa de ficar o tempo todo com o pé no freio. ansiando por uma longa reta em que se possa pisar forte no acelerador, sentir a pressão, ouvir o inconfundível ronco do motor, testar sua potência. Sair desta mesmice de passar a primeira, a segunda, mas jamais poder passar a quarta, e quem sabe, a quinta. Mas as curvas insistem em aparecer. Para tentar se reanimar, a gente se convence de que a cada curva, uma nova paisagem surgirá. Ledo engano. A paisagem segue a mesma. As curvas variam um pouco. Umas fechadas. Outras mais abertas. Umas à esquerda. Outras à direita. O receio é que numa delas a gente acabe derrapando, por não querer tirar o pe da tábua, ouse recusar a puxar o freio de mão. Quando chegará a tão esperada reta? Quando poderei abrir a janela e dirigir velozmente com o vento invadindo a cabine do carro e bagunçando meus cabelos? Definitivamente, prefiro uma estrada insinuante a uma estrada sinuosa. Curvas enjoam. Retas seduzem. Quero a surpresa que me aguarde além do horizonte e não a que se esconde depois de cada curva.

Quando você buscar Deus no outro, o outro vai encontrar Deus em você.

Amar implica pertencimento, não posse. Pertencer é entender-se como um elo vinculado ao outro. Trata-se, portanto, de algo recíproco, estrada mão de dupla. Possuir é ver-se como uma corrente inteira, cujo objetivo é manter o outro refém.

É melhor uma noite de lágrimas sucedida por um sorridente amanhecer do que um minuto de alegria sucedido por uma vida inteira de choro.