Coleção pessoal de HermesFernandes

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O que é mais louvável, defender um sistema que lhe prejudique ou depor contra um sistema que lhe favoreça?

O amor pelo meu próximo deve me levar a denunciar o sistema que o oprime, mesmo que este me favoreça.

Um aquário é só um adorno decorativo para o seu dono. Mas para o peixe é uma prisão, uma constante tortura, de onde ele enxerga o mundo pelo vidro, mas se limita a percorrer os limites que este lhe impõe.

A pior coisa que alguém pode lhe fazer é colocá-lo preso atrás das grades da mágoa. E a melhor coisa que lhe pode acontecer é perceber que a chave está ao alcance das mãos. Chama-se perdão.

O jejum que agrada a Deus não é privar-se de todo alimento por algumas horas, mas privar-se de parte dele para sempre, compartilhando-o com o que nada tem para comer.

A quem o jejum deve beneficiar, senão àquele que se alimenta do pão do qual me privei?

Privar-se de comida para chamar a atenção e ter seu problema resolvido não é jejum. O nome disso é greve de fome.

A Bíblia é para Cristo o que a placa de sinalização é para o caminho. O problema é que a maioria parou na placa e achou que chegou ao destino.

Um Deus encarnado não pode ser encadernado.

Mostre-me um pecado que o amor não cubra e eu lhe mostrarei um pecador que a fé não justifique.

A melhor coisa que se pode comprar nesta vida são memórias. Quando saímos com os amigos ou com a família para passear, comer fora ou viajar, o que queremos realmente é ter do que se lembrar no futuro. A comida, o passeio, a viagem, são só pretextos. Todos eles terminam, mas as lembranças permanecem em nossos corações para sempre.

Descriançar-se

No fundo, no fundo, somos todos aquela criança que se negou a crescer. Apenas aprendemos a disfarçar. O mundo nos forçou a isso. Nós nos descriançamos. Convenceram-nos de que o recreio acabou. Como num pique-esconde, escondemo-nos atrás de nossa profissão, do diploma universitário, da religiosidade, e dos diversos papéis sociais que nos são atribuídos.

Mas sob todo este verniz, ela ainda está lá, à espera de quem a encontre, perdida no labirinto dos nossos sentimentos.

Como toda criança, ela quer experimentar. Quer sentir novos sabores, texturas, cheiros, sensações. Por mais crescida que seja, ela ainda sonha ser um super-herói. Chega mesmo a acreditar que um dia vai surpreender todo mundo e sair voando por aí.

Por onde anda, busca outra criança com quem possa brincar. Mas todos parecem tão normais. Estão todos tão ocupados fingindo ser gente grande... e fingem tão bem que convencem até a si mesmos. Mas lá no fundo... são mesmo crianças... indefesas... curiosas... manhosas... às vezes pirracentas.

Até que um dia encontramos alguém com a coragem de revelar seu rosto infantil. Mas infelizmente, assim como nós, também tem que manter a pose. Ninguém pode perceber que aquela criança está viva. Para todos os efeitos, ela foi sacrificada no altar da vaidade. O culto à performance exige isso. Todavia, ela está ali, vivíssima, procurando por outra criança para brincar. Esperando um momento de distração dos adultos para extravasar sua meninice. Nem que por um instante... mas um instante que traga a semente da eternidade. Pelo jeito, estamos todos condenados a ser crianças para sempre. Se assim for, o céu é um playground onde brincaremos por toda a eternidade.

O inferno é para os adultos. Para os que se levam a sério demais. Para os que abusaram do próprio ser. Os que se negaram a ser crianças para entrar no reino dos céus.

E aí... bora brincar?

Quão variáveis são as tuas obras, Senhor
Quanto mais frágeis são, cuidado redobras. Que amor!

Enfeitas o azul do céu
com cores do teu pincel
nas asas do passaredo
que voa pra lá e pra cá
Abelhas destilam seu mel
como se fosse um troféu
escondem o grande segredo
que faz a vida adoçar

Quão variáveis são as tuas obras, Senhor
Quanto mais frágeis são, cuidado redobras. Que amor!

Peixes no mar ou aquários
praias que são berçários
de tartarugas marinhas
recife de vivos corais

Gatos miam dos telhados,
pardos, pretos ou malhados.
Até no latir dos cães,
de noite ou pelas manhãs

Juntos formam um coral ao lado dos anjos
O mesmo Espírito inspira até os arranjos

No retumbar dos trovões
Raios são os refletores
Ao se abrir as cortinas
Aplausos podem se ouvir

Tigres se juntam aos leões
Findaram-se os temores
Passando pelas esquinas
Saudamos o que há de vir

Um dos atributos divinos é a Onipresença. Ele não apenas está em todos os lugares, mas também em todos os tempos. Conclui-se, daí, que nenhum lugar por onde Ele tenha passado historicamente ficou vazio. Ele eternizou cada momento. Logo, nem a Manjedoura, tão pouco a Cruz, ficaram vazias. Somente Seu túmulo ficou vazio, pois Sua morte privou-nos de Sua presença por um tempo. Sua ausência foi o mais baixo degrau de Sua kenósis, para que logo em seguida voltasse encher todas as coisas.

Pazes - 09/12/2015

Que muro é tão alto que o amor não possa escalar?
Que abismo profundo o amor não pode sondar?
Que horizonte tão vasto o amor não pode abraçar?
Que lugar é tão longe que o amor não possa chegar?
Se céu e terra fizeram as pazes por amor,
quais fronteiras seremos capazes de transpor?
Só o amor pode se dar completamente
Como esperar algo em troca, se ele é presente?
Só o amor pra se gastar por toda gente
Frutos virão se ele for nossa semente

Ame até que se esgotem suas forças. Siga amando até que elas se renovem.

A santificação é o processo pelo qual Deus protege o mundo à nossa volta da maldade que nos habita.

Que nenhum dos mil que caírem
ao meu lado, nem dos dez mil que
caírem à minha direita tenha sido
derrubado por mim.

PAI E PÃO NOSSOS

Pai nosso que está no céu, porém, sempre acessível a todos que o buscam. Que seu nome jamais seja profanado por aqueles que dizem representá-lo.

Que o seu reino nos encontre onde quer que estejamos, e que sua vontade prevaleça sobre nossos projetos pessoais.

Que a terra seja uma extensão do céu, lugar onde a justiça e o amor andem de mãos dadas.

Que o pão que nos for dado cotidianamente seja compartilhado com os demais em vez de ser guardado para o dia seguinte. Que o acúmulo de bens seja considerado o cúmulo do egoísmo, enquanto sua distribuição generosa desperte em nós a esperança de dias melhores.

Que o perdão que nos foi graciosamente concedido, seja prodigamente estendido aos demais. Que assim como fomos perdoados, possamos igualmente perdoar, sem exigir reparação. E que jamais nos aproveitemos da dívida alheia para chantagear ou tirar proveito em benefício próprio.

Não nos deixe cair na tentação de achar que somos o centro do universo, merecedores de atenção especial, agindo como se o mundo nos devesse alguma coisa. Nem nos permita ser tentação aos outros, a fim de expor sua fraqueza, e assim, justificar a nossa.

Livra-nos do mal, principalmente, daquele que possamos fazer ao próximo, mesmo que isso nos traga alguma vantagem.

Que jamais nos esqueçamos de que o Pai é nosso, e não de uns ou de outros; mas o reino é dele, e por isso, admite nele quem ele quiser, sem ter que dar satisfação a ninguém. Seu reino é infinitamente maior do que o perímetro que nossa espiritualidade egoísta nos permite ver. O pão é nosso, mas o poder de concedê-lo pertence a ele. Se este poder nunca cessa, sua provisão também jamais faltará. Que desculpa teríamos para acumular em vez de repartir? Que justificativa haveria para a nossa ganância e cobiça? A dívida perdoada era nossa, e nada fizemos para merecer seu perdão. Os méritos são dele. Logo, a glória deve ser atribuída inteiramente a quem de direito. Dele foi a iniciativa, e a ele caberá a finalização. Ele é o início e o fim. A nós, seus filhos, cabe a alegria de sermos o meio, o canal através do qual sua superabundante graça alcance também os demais.

Se o Pai, o pão e o perdão são nossos, então, somos todos irmãos.

Que assim seja.

Flagrante - Terminado em 14/10/2015

O que se foi, passou
Se for pra ser, será
O que teria sido,
quem dera nem lembrar
O que não se esperava,
chegou sem avisar
E quanto ao que viria,
Aonde foi parar?

Entre tantas camadas
Que o tempo acumula
Questões já superadas
Que a saudade reformula
Perdida foi a chance
que não se aproveitou
Está fora do alcance
O que se escapou

O presente é um flagrante
Que dispensa o inquérito
O passado um fugitivo
Não se sabe bem o mérito
O futuro é um aspirante
Da história é prosélito
Vem com todo seu rompante
logo, logo é pretérito

O presente é onde piso
Onde finco as pegadas
O passado é o paraíso
No início da jornada
O futuro é onde o riso
Se transforma em gargalhada
Tudo quanto eu preciso
Vem ao longo da estrada

Não é sorte, nem carimbo
talento ou mesmo mérito
Só depende da resposta
Que a gente dá à vida
Pior que a morte é o limbo
do futuro do pretérito
Mas vale ser aposta
Que promessa esquecida

O presente é um corte
Incisivo de navalha
O passado é cicatriz
Feita em campo de batalha
O futuro é um bote
Num navio que encalha
O futuro é meu norte
Esperança nunca falha
Quem for sábio não se importe
Vem descalço, sem sandália