Coleção pessoal de HermesFernandes

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Uns vivem em função do que os outros têm. Outros deixam de viver em função dos que os outros pensam.

Não ofereça resistência aos ventos de Deus. Não seja uma parede. Seja um moinho! Os ventos de Deus não vêm para destruir, mas para distribuir e colocar cada coisa em seu próprio lugar.

A DIFERENÇA ENTRE MORAL E ÉTICA

Imagine uma calça. Ela tem três aberturas: a da cintura e as das duas pernas.
A abertura da cintura representa a moral. Ela é ajustável de acordo com o peso que damos às coisas. Para isso, temos o costume de usar um cinto que equivale às regras da etiqueta. Ora mais justa, ora mais folgada, a moral muda com o tempo.
Ela atua, sobretudo, na área da sexualidade.
Por isso, como extensão da cintura, há um zíper que deve ser mantido fechado em público. Já as aberturas contidas na boca de cada perna são fixas. Isto é, não são ajustáveis como a cintura. Elas representam a ética. São duas porque a ética diz respeito à maneira como convivemos com quem está para além de nós.
O que vale para um, vale para o outro. Ninguém anda com uma perna boca-de-sino e a outra no estilo 'pescando siri', ou uma dobrada para dentro e outra para fora. Elas devem ter o mesmo modelo, comprimento, espessura. Assim é a ética. Independe do peso que atribuamos a uma ou outra questão. Independe da época ou da circunstância. Tenho a impressão que temos invertido as coisas. Damos à moral o valor que deveria ter a ética, e à ética o valor que tem a moral.

JESUS, DEUS PRESENTE, PRESENTE DE DEUS

Deus despido para nos agasalhar.
Deus solitário que nos oferece companhia.
Deus traído que se mantém fiel.
Deus faminto que nos oferece pão.
Deus sedento que nos sacia a alma.
Deus vulnerável que nos dá proteção.
Deus fraco que nos empodera.
Deus pobre que nos garante provisão.
Deus louco que expõe a futilidade de nossa sabedoria.
Deus condenado que defende réus.
Deus que ama quem não merece ser amado.
Deus operário que nos promete descanso.
Deus que chora nossas dores.
Deus que festeja nossos êxitos.
Deus que lamenta nossos fracassos.
Deus que compreende nossas limitações.
Deus que perdoa nossas falhas.
Deus que apaga nossas mágoas.
Deus que encerra ciclos e renova todas as coisas.
Deus que ressignifica nossas tragédias.
Deus que rompe nossa indiferença.
Deus que morre nossa morte para vivermos sua vida.
Deus que abastece de esperança a dispensa de nossos corações.

DIAS MELHORES

Troque as boas lembranças
pela esperança de dias melhores.
Só não te esqueças: o que sempre plantas
é o mesmo que sempre colhes.
Se semeias misericórdia,
compaixão ceifarás.
Mas se juízo semeias,
nele te condenarás.
Se semeias tolerância,
a ela tu recorrerás.
Mas se ódio e preconceito,
neles tu te arruinarás.

Nada mais desesperador do que ter um futuro inteiro deixado para trás e um passado enorme pela frente.

Não quero que meus inimigos sejam envergonhados, e sim, perdoados. Não quero que sejam expostos, mas que tenham sua consciência iluminada. Não quero que se sintam humilhados, mas amados. Afinal, nossas armas não são carnais, mas espirituais e poderosas em Deus para destruir as fortalezas nas quais nos entrincheiramos. E a única munição compatível com nosso arsenal é o amor. Refiro-me àquele amor que tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Que não suspeita mal. Que não constrange o outro. Que não se porta de maneira inconveniente. Que não arde em ciúmes. Que não inveja, nem se vangloria. Que não se incomoda com a felicidade alheia. Por um amor assim vale a pena viver.

O amor que me impede de abonar deve ser grande o suficiente para não me permitir abandonar.

A gratidão desaparece quando
o bem recebido é visto como
uma obrigação, um dever cumprido,
e não um gesto despretensioso de amor.

Senhor, que eu esteja entre os que somam, e não os que somem. Entre os que amam, e não os que difamam. Entre os que perdoam e não os que se vingam. Entre os que promovem a paz e não os que sabotam sua obra.

A FÚRIA DO AMOR

A FÚRIA DO AMOR – 13/01/2018
Ah, o amor...
O amor não se porta inconvenientemente... não expõe ninguém ao constrangimento, nem fere seus escrúpulos.
O amor não busca os seus próprios interesses... não impõe sua agenda particular em detrimento do bem comum.
O amor não se irrita... não perde a compostura.
O amor não suspeita mal... ainda que tudo indique haver culpa no cartório.
O amor jamais diz "bem feito!", pois não se alegra com a injustiça, mas com a verdade, mesmo que esta nos desaponte.
O amor tudo sofre... até a maior decepção.
O amor tudo crê... mesmo quando há tantas dúvidas e perguntas sem resposta.
O amor tudo espera... ainda que o tempo pareça esgotar-se.
O amor tudo suporta, tudo releva, tudo perdoa... inclusive a mais dura e cruel verdade.
O amor jamais se acaba...
Ele pode mudar de estado assim como a água, esfriando até congelar, ou aquecendo até evaporar, mas jamais deixa de existir. Ele pode até fluir discretamente sob o solo, infiltrando-se pelas paredes ou jorrar com força feito um chafariz; ele pode açoitar as rochas feito ondas ou gotejar serenamente como uma garoa, mas jamais deixa de fluir. Como um rio, ele contorna obstáculos e segue até desaguar no mar, seu destino. Não ouse represa-lo, pois com o tempo, sua fúria irrompe os diques, inundando tudo à sua volta sem nem mesmo respeitar os limites do seu próprio leito.

Senhor, livra-nos das boas intenções que camuflam motivações espúrias e inconfessáveis.

SERMÃO DO VALE

Infelizes os de espírito altivo, que se estribam em suas posses materiais adquiridas com a exploração e opressão dos mais pobres. Suas riquezas se apodrecerão. Sua soberba se desvanecerá.

Infeliz é quem não se condói da dor alheia, porque não haverá quem se condoa de sua própria dor.

Infelizes são os que fazem questão de tudo, pois a sepultura será sua única herança.

Infeliz quem se apetece da injustiça, pois nunca se dará por satisfeito.

Infelizes os intolerantes, pois a intolerância os alcançará.

Infelizes os que sonegam misericórdia aos misericordiosos.

Infelizes os de coração sujo, pois sua maldade os impedirá de ver a Deus em seus semelhantes.

Infelizes os que atiçam uns contra os outros, pois terminarão seus dias sem ninguém que os defenda nem quem almeje sua companhia.

Infelizes os que promovem o sofrimento de outros por causa de seus próprios interesses, porque lhes restará um mundo em escombros.

Infelizes são vocês quando difamam e perseguem e, mentindo, espalham todo o mal contra os outros por causa da inveja, da ganância e da vaidade.

Nunca se é tão livre do que quando não se tem nada a perder.

O TEMPO

Tempo
Tão pouco
Insuficiente
Nem louco
tampouco
consciente

Sou confesso réu
Cortejando a insanidade
Pois tão cruel
é ser refém da realidade
Um espesso véu
é que esconde a eternidade

Pressa
Pressão
Sensação que me atravessa
Que sucumbe à promessa
de ficar um pouco mais

Se num lapso
o tempo entrasse em colapso
E o fim enfim virasse início
Então assim teria paz

Sacrifício
Em vão se evita o desperdício
Ignorando o precipício
Em busca do que satisfaz

Sagrado
Torna eterno o segundo
Faz do raso, o profundo
Segue impoluto e voraz

Paradoxo
Acelera quando em sua companhia
Longe de ser ortodoxo
Seu fluxo beira à heresia

Tempo é flecha
Não bumerangue
Abre e fecha
Mesmo que se zangue

Num piscar de olhos
Só sobraram os espólios
O que é deixou de ser
O porvir deixou saudade
O que resta a perder
além da oportunidade?

O que é maior, um grão de areia ou uma estrela? Um grão de areia é capaz de refletir o brilho de uma estrela. Enquanto o astro mantém-se alheio à sua ínfima existência.

De repente

Eis-me numa esquina
Da minha existência
Sem saber o que fazer
Nem que direção tomar
Assim, tão de repente
Não mais que de repente
Tudo se desfez enfim
Diante dos meus olhos

O que parecia ser
O raiar do dia
Trouxe a escuridão pra mim
Quando amanhecia

Quis mentir para viver
O que era de verdade

Desejei me esconder
Pra ter liberdade

Diante desta sina
a resiliência
O que me restou fazer
A não ser me conformar?
Fiz-me displicente
Nada inocente
Do que eu sonhei pra mim
Sobraram espólios

O que parecia ser
Um gesto de zelo
Fez tudo desvanecer
Virou pesadelo

Não dá mais para mentir
Pra ninguém, nem para mim

Nem sei como reagir
Só não quero pôr um fim

Sim, devo admitir
Cansei de omitir
O que sinto aqui dentro
Sim, para quê insistir
Disfarçar ou fingir
Esconder meu lamento?
Sim, cansei de dizer não
Para o meu coração
Que já bate mais lento
Sim, ainda estou aqui
E espero prosseguir
E estar sempre atento
Sim, devo me permitir
E assim conferir
Até onde aguento
Sim, possa o céu se abrir
E minha vida cobrir
De perdão e alento

Mesmice

Que vergonha!
Antes que o sol se ponha
Tenho que admitir
Fiz tantos planos
Ao longo dos anos
Que não incluíam estar aqui

Achei-me preparado para o que desse e viesse
Tentei me blindar contra o tédio e o estresse
Desdenhei das expectativas que punham em mim
Transformei em começo o que supunham ser fim
Julguei-me capaz de contornar qualquer aperreio
Forjei desculpas que justificassem meu devaneio
Alimentei meu ego
Deixei subnutrido meu coração
Então me vi cego
Vendado e iludido pela razão
Lá estava eu...
Cheio de si...
Imbatível...
Testando meus argumentos

Protegido pelo breu...
Eu me senti...
Insensível
Alheio aos meus fragmentos

Quer mesmo saber?
Falhei
Neguei a atenção que me foi requerida
Ocupei-me demais
Perscrutando oceanos abissais
Ignorando as riquezas da superfície
Cansado de ver sempre a mesma mesmice

Quer mesmo saber?
Flagrei-me
Ao tentar convencer-me que assim é a vida
Preocupei-me bem mais
Ao dar-me conta do quanto é fugaz
Pra se perder tempo com idiotice
Pois tempo não é coisa que se desperdice

Se cabe Deus em seu coração, então cabe o mundo inteiro sem distinção.

A dor da ausência é inversamente proporcional ao prazer da presença.