Coleção pessoal de Eliot

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⁠Para o Sul -

Está tudo em vão perdido!
Porque afinal te foste embora ...
Que fizeste por orgulho?
Nada mais me faz sentido
um vazio p'la vida fora
enche-me a casa de barulho.

Nuvens negras em céu azul
são ondas de naufrágio
de quem sofre por amar;
tudo ruma por o Sul
ao som dum imenso adágio
frágeis sonhos sobre o mar.

⁠Jornada Mundial da Juventude 2023
- Portugal -

O mundo está de olhos postos em Portugal. O banho de jovens, e não só, que invadiu o nosso pais testemunha a presença de Cristo entre os homens. Os Povos manifestam-se Cristãos. A Igreja Católica não é uma Igreja que perece. Não é uma Igreja sem renovação. Não é uma Igreja sem futuro. Francisco, o Papa, veio pisar a nossa Pátria para mostrar que Cristo caminha entre nós, sem medos nem ausências. São passos de paz anunciadores de uma mensagem importante, transversal à História do mundo, mas tão actual nos nossos dias. Portugal sabe organizar, Portugal sabe receber, com magia, com arte, com encanto. Esta Jornada vem calar vozes indiferentes, ocas, vazias, ausentes de verdade que tudo fazem e dão para renegar Deus e a Sua Mensagem. Afinal os jovens não estão perdidos, afinal os jovens são Católicos, são seguidores de Cristo com Fé, com amor e com verdade. Há tanta gente feliz por seguir a Maior de todas as Mensagens que algum dia alguém trouxe ao mundo - a Mensagem do amor. Na boca e no punho de uma grande poetisa, "Cristo trouxe ao mundo a ultima e maior de todas as mensagens, a mensagem do amor, depois Dele, ninguém acrescentou mais nada à Evolução da Humanidade." Tão profundo. Tão inteiro. Tão verdade.
Maria, a Mãe da Humanidade é o rosto abençoador desta Jornada. Tão a propósito para a Fé de um Povo que se sustenta na Mãe de Deus. Afonso Henriques o nosso El-Rei Fundador naquele sonho à boca da Batalha de Ourique recebeu a mensagem de Cristo de que venceria a Batalha e fundaria uma Nação para difundir a Fé Cristã. É aqui que se sustentam as Quinas da nossa Nação. É esta a raiz da nossa Pátria. A Terra da Lusitânia, a terra da Luz, Portugal, o Porto do Graal, sede de Cavaleiros Templários, Cristãos destemidos, capazes de erguer a Cruz de Cristo e morrer por Ela, continua a ser e será sempre uma Pátria Cristã. Portugal é um Pais Católico. Obrigado Papa Francisco. Obrigado Igreja Católica. Obrigado Jesus Cristo por teres morrido por todos nós.

A Direcção da Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde de Évora.

⁠Vagas Madrugadas -

As vagas e oblíquas madrugadas
trazem obscuros sonhos por
desvendar ...
Horas meticulosas cheias de dor e
espanto:
flores por abrir, vontades por definir!
Horas de insónia - pasmo em vivê-las!
São minhas, plenas de abismos e
silêncios, horas ocultas, mas presentes,
de outros tempos por viver!
Não me apetece dormir ...
Não quero fechar meus olhos ...
Vou fitar o infinito ...
O tempo vai passando e eu, passando,
vou com ele.
Resta-me adormecer nos braços das vagas
e oblíquas madrugadas que trazem obscuros
sonhos por desvendar ... adeus ... minha breve
consciência de poeta!

⁠Deixa me só -

Deixa-me só no silêncio do meu quarto
ao abandono das horas, dos instantes,
se fico só porque chegas quando parto
deixa-me só neste frio que é constante.

Deixa-me só nesta cama de vento
onde os sonhos são gelados como a água
e se durmo em lençois de sofrimento
deixa-me só na noite desta mágoa.

Deixa-me só cheio de cal e solidão
mártir do tempo, calçado de pó,
deixa-me só, nada devo ao coração,
ausente e triste, já disse, deixa-me só.

E desce um vazio aberto sobre mim
mar profundo hermético e fechado
nas frias madrugadas que por fim
me deixam ao abandono do Passado.

⁠Sem Destino -

A vida vai passando mais depressa
o tempo diminui
o silêncio veste-me a voz
vejo vultos à luz do dia ...
Tudo passa ...
Fujo de mim - quero ficar! - é confuso ...
Entre o Passado e o Presente só há
mágoa e o futuro é enfim uma miragem!
Mas vou ... sem olhar para trás ...
fujo do meu próprio pensamento ... do que
não quero e sou.
Sigo caminhos que me levam a lugar
nenhum ... e tudo passa ainda mais depressa:
... passam vozes, vontades, sonhos, rostos,
restos de mim (fechados por dentro),
ausências por definir, vontades por decifrar ...
Sinto um vazio profundo, um espaço oblíquo
entre mim e a vida, entre a vida e o destino.
E vou ... mesmo sem saber se um dia vou voltar ...
Vou ... sem saber para onde ir ou se irei parar ...
E vou porque o Mundo se esqueceu de mim.

⁠Para Ti Meu Amor -

Para ti meu amor
são todas as palavras ardentes
todas as vontades da vida
todos os sonhos do mundo ...

Para ti meu amor
são todas as flores do campo
todas as nuvens do céu
todas as rochas do mar ...

Para ti meu amor
todas as lágrimas que choro
todos os desejos que tenho
todos os versos que escrevo ...

Tudo é para ti sem excepção
porque nada me faz sentido
se te não tenho a meu lado
bem juntinho ao coração!

Para ti meu amor ...
... tudo é para ti ...

⁠Fuga Vã -

Amanhã talvez já seja tarde
porque hoje é cedo p'ra ficar
e sem bulício nem alarde
arrasto o meu destino ao passar!

E passo ... vou passando ...
Meus dias breves p'los dedos vão
tudo está na mesma, secando,
entre vales e colinas de solidão.

Tudo vago sem tempo nem memória
talvez minh' Alma já nem guarde
a saudade que trago da minha História ...

Em mim a chama já não arde
nunca encontrei um momento de vitória
mas amanhã talvez já seja tarde!

⁠Rio de Medo -

E eis que d'um tempo recuado
p'las margens d'um rio de medo
vai boiando o meu passado
em silêncio ... em segredo ...

Vem de longe, nocturno e vago,
passa, acusador, galgando, sem parar ...
Cheio de angustia sigo a nado
mas só me resta suplicar!

A culpa é minha! As mãos caídas,
calosas, doídas, cheias de sonhos
encheram-me o passado de feridas!

Mas amanhã, se o dia for risonho,
não tornarei a definir a vida
porque o passado é áspero e medonho!

⁠Vives tu -

Na pobreza dos meus sentidos
nas vagas ondas dos meus pobres
pensamentos
no vazio dos meus desejos
na dolência dos meus sonhos
na agonia do que faço e sou
no peso do meu braço
no andar que me atrapalha
na falta de vontade que me habita
na solidão que me trespassa
na angústia que me atravessa ...
... apenas vives tu! ...
E aí onde tu estas é onde nada sou ...

⁠Ao Sonhar -

Há sonhos incompletos nas madrugadas
que trazemos no coração ...
Verdades singulares que nos invadem
o pensamento,
oblíquas solidões cheias de palavras
ao acaso.
E a noite é vã ... e é vão adormecer
porque dormindo despertamos ilusões ...
... e há cansaços!
Mas por vezes, acordados,
é-nos mais pesado o destino do que dormindo, porque dormindo, fora a morte, sempre despertamos!

⁠- Complexidades -

Num passo de silêncio
sem misérias nem vaidade
acreditei que a vida
me podia dar futuro ...
Mas ao contrário, deu vazio,
deu-me lânguidas noites
carregadas de demónios
do passado!

E escrevo:

De manhã anoiteço
à noite tardo,
da morte cativo
a vida é um fardo ...
Aqui a vida,
de frente a Norte,
passo a passo, coisa vã,
dirijo-me à morte ...

Morro hoje ... nasço amanhã!

⁠- Calma e Silêncio -

Há vontade de morrer em meu
Espirito breve!
Nenhuma ausência há em mim
além de mim ...
Meu rosto é de silêncio,
oblíqua madrugada, vontade de
negar e não ceder.
Minh'Alma é breve, tão breve
como breve é o instante!
Tudo é passageiro, nada fica,
é destino ...
É a calma e o silêncio
de quem se aceita, entrega,
resigna ...
Estou só! Sempre só!

⁠Há qualquer coisa -

Há qualquer coisa d'infinito
nas vagas linhas do horizonte
uma quimera sem sentido
ou uma saudade sem fonte ...

Há qualquer coisa que nos negam
os olhos fechados de quem parte
um não sei quê d'águas sem arte
onde os barcos não navegam ...

Há qualquer coisa permanente
que nos injecta mágoa e solidão
uma visão errante, um senão
ou uma vontade de ser diferente ...

Há qualquer coisa dita em vão
nas bocas que maldizem o amor
inveja, dor, mágoa e solidão
que vai matando sem pena nem pudor ...

Há qualquer coisa que não sabemos
oculta no tempo que nos castra
talvez seja a distância que nos arrasta
da juventude que perdemos ...

Há qualquer coisa, muita, tanta coisa
inerente à vida sobre a Terra
a ausência de paz é guerra
mas o destino é a pedra de uma lousa.

⁠Praia dos Mortos -

As manhãs
vagas; sombrias
pairam densas sobre
a Praia dos Mortos,
vem as madrugadas
duras, frias
cheias de silêncio
e águas paradas ...

O que restou
dos sonhos dos mortos?! ...
Esperam neste cais
o regresso à vida;
vivem de memória
ninguém os vê,
vivem de saudade
e da velha história ...

⁠À Toa -

Silêncio meus poetas, canto-vos um fado
que nasce das minhas mãos, vazias e gastas
pois nada mais me liga, ao frio do passado
àquelas velhas mágoas, que choram as desgraças.

Que a vida quando dói, não pára de doer
e a Alma cansada, entrega-se vencida
digo adeus sem despedida, que fica por dizer
num cais d'águas paradas, tristes; proibidas.

Deixarei meu fado, nos braços da saudade
na memória dos teus olhos, feridos e vazios
sigo à mercê do tempo, do vento e da idade
com esperança digo adeus, e as mãos cheias de frio.

(Para o Fado Nóquinhas)

⁠Por detrás dos gritos ensanguentados
da noite escura
vagueiam sonhos cheios de verdade
e de silêncio ...
As horas fraudulentas, inquietas,
os murmurios das cigarras indiscretas,
tudo passa num vai-e-vem sem precisão!
Estrelas cintilando numa cupula de trevas,
folhas ao vento, pálidas, secas, sem vida
incapazes de voltar aos dias aureos ...
E Eu?! Que faço Eu a meio d'um cenário
tão sinistro?!

⁠Sinto uma certeza
que me transcende a Alma;
que vai e vem e volta
num eterno movimento:
nada, nunca, neste mundo
te levará de mim;
meu Amor!
Como o silêncio só existe
p'lo ruído,
como a noite só existe pelo dia,
eu existo só por ti
tu nasceste para mim ...
Meu amor! O instante é para
sempre ...

⁠Há sempre um infinito em nós por
definir ...
Uma saudade, um vazio, uma falta que
alguém nos faz!
E nos ardentes campos da ausência
onde nascem rosas brancas,
feitas de mágoa e de silêncio,
há também estrelas invertidas em Céus
de Primavera ...
Um dia hei-de abraçar-te novamente ...

Para Celeste Rodrigues
3 anosde saudade.

⁠A Casa do Fontão -

A Casa do Fontão
é uma Casa especial
junto à Serra do Marão
ao Norte de Portugal.

De seu coração bondoso
Dona Luisa vem à porta
de sorriso carinhoso
nada mais ali importa.

E os dias vão passando
cada canto é especial
Dona Luisa vai mostrando
uma amizade natural.

É arte bem receber ...
E junto à Serra do Marão
fiquem todos a saber
que é na Casa do Fontão.


(Dedicado à Dona Luisa e à sua belissima Casa do Fontão que, ao Norte de Portugal, junto à Serra do Marão em Amarante, inspira paixões, amizades e poetas ...)

⁠- Se assim não for -
(Soneto)

Na verdade há mágoas palpitando no meu peito,
há sintomas de saudade de outro tempo,
silêncios adormecidos no meu leito
que se agitam conforme agita o vento!

E há sequelas agarradas à minha pele
incapazes de me deixarem respirar,
talvez um dia sejam brancas como a neve
e me deixem , como Florbela, "amar ... amar!"

Talvez os dias me possam ser mais leves
e os sonhos que hoje correm à minha frente,
ao meu lado, me possam ser mais breves ...

Se assim não for recordarei na minha gente
o amor de quem o sente e não descreve,
porque afinal, quem fala muito, muito mente!