Coleção pessoal de Eliot

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⁠A URGÊNCIA DO HOSPITAL DE ÉVORA NÃO É O QUE DIZEM ...


No Passado dia 14 de Janeiro quando ao final da tarde fui chamado pela mãe para regressar a casa porque a avó Clarisse de 92 anos estava estranha não imaginava o que se viria a passar. Quando cheguei a casa encontrei-a apática, pálida, sem qualquer reacção. Fiquei apavorado. Note-se que esta avó me é muito importante. Aflito e depois do conselho de uma vizinha Médica, que imediatamente e sem pestanejar acorreu a minha casa, a quem muito agradeço, chamei o INEM. Ágeis, três Bombeiros de Arraiolos trataram a avó com enorme delicadeza e amabilidade prestando-lhe os primeiros socorros levando-a de imediato para a Urgência do Hospital do Espirito Santo de Évora. A eles o meu muito obrigado. Acompanhei-a. No Hospital foi atendida, encaminhada, devidamente medicada. Todo este processo durou alguns dias e as minhas idas ao hospital eram constantes. Vi ali de tudo. Mas o que vi não abona em favor dos familiares dos doentes. Como é possivel que pessoas que tem os seus familiares debilitados os levem para a Urgência para serem tratados por quem lá está com essas funções e mal tratem as pessoas que os vão tratar?! Poucas vezes lhes ouvi sair das bocas as palavras, por favor, com licença e se faz favor. E atenção porque eu estava nas mesmas condições, era familiar de uma doente. Vi falta de macas, de lençois, de camas, de espaço, exames que levam tempo a dar resultados porque é mesmo assim, médicos e enfermeiros a fazer turnos de 24 horas, funcionárias de recepção esgotadas a lidar com doentes, médicos, familiares por vezes dificeis. E as familias a atrapalharem ainda mais quem queria trabalhar para lhes salvar os entes queridos. Bizarro! E de quem é a culpa de todas estas faltas de condições? Do hospital? Dos médicos? Dos enfermeiros? Dos funcionários em geral? Não! E nós sabemos que não! As politicas que nos governam e dizem que está tudo bem só querem votos. Mas isso já sabemos (é pena é que andemos aqui a votar em partidos em vez de votarmos em pessoas).

Mas afinal quem é que é acusado destas faltas? Aqueles que estão à mão. Os que por graça ou ironia precisamos que tratem os nossos familiares. Mas estamos todos loucos? Então atacamos e mal tratamos quem precisamos que ajude os nossos doentes? Vi ali tanta coisa desagradável. Entre a impotência de médicos, enfermeiros, funcionárias de recepção, triagem, seguranças, auxiliares, senhoras da limpeza, todos sem poderem fazer nem melhor nem mais rápido porque estão limitados pelo espaço e pelo tempo e os sucessivos ataques de quem precisa dos doentes tratados disparando aleatóriamente acusações despropositadas. Ouvia constantemente aos gritos: "Na semana passada, há dias ou ontem, ouvi dizer que vocês iam deixando morrer aqui ..."

Mas passa pela cabeça de alguém que numa urgência um médico ou enfermeiro deixe morrer propositadamente outro ser humano naquela situação?! Fiquei horrorizado!!!! Por vezes vi funcionários chorarem. Ficarem desolados. Ao que nós chegámos! Pessoas que afirmo estarem a dar o seu melhor e afirmo porque vi, experienciei na pele.

Pois venho aqui dizer que ninguém sabia quem eu era nem quem era a avó quando ali entrei. E desde a porta da entrada, do segurança ao médico, passando por todos os funcionários da urgência do Hospital do Espirito Santo de Évora só posso reconhecer e agradecer tudo o que fizeram pela a avó e por quem lá estava a ser tratado. E estava lá muita gente doente. Ninguem nos privilegiou ou escolheu pelos nossos olhos. A delicadeza, a disponibilidade, a amabilidade com que fui recebido, tratado, encaminhado ajudou-me muito a ultrapassar este momento dificil que durou quase oito dias e que sei que ajudou nas melhoras da avó. Fui tratado como um ser humano e talvez porque os tenha trado igual no principio. Estou grato a todos e venho aqui publicamento dize-lo porque merecem que o diga, que o publique, que se faça saber. É necessário ser-se mais compreensivo com quem precisamos que trate dos nossos doentes. E assim o quis e tentei fazer desde o inicio talvez porque a avó sempre me tenha ensinado que reconhecimento e gratidão geram abundância. Abundância em caridade e amor com quem nos está próximo em cada minuto de vida ainda que não saibamos quem é. Quanto a avó já está em casa a recuperar.

A quem trabalha no Hospital de Évora, essecialmente na Urgência, estou-vos profundamente grato por muito, por tanto porque reconheço o vosso mérito e vejo as dificuldades em que estão imersos numa profissão que se tornou tão ingrata. Rezo por todos para que Deus vos conceda a capacidade e a paz interior mais do que tratar dos doentes saberem lidar com quem os leva ao hospital porque a Urgência do Hospital de Évora não é o que dizem.


Um neto grato e reconhecido

⁠O Natal e a Guerra -

É Natal ...
o silencio despe o infinito
e o mundo veste-se de guerras.
Há mães que choram filhos mortos,
pais que choram pais,
mortos que não partem,
tanta gente sem rumo.

Não sei se é Natal!
Não pode ser Natal!

É Natal ...
as lágrimas jorram como fontes
secando as fontes d'água.
Gente sem casa, sem comida
nem familia.
Corações despedaçados
suplicando por amor.

Não sei se é Natal!
Não pode ser Natal!

É Natal ...
o Sonho de Belém é destruido ...
... a manjedoura está vazia
e vazia está a humanidade.

Não sei se é Natal!
Não pode ser Natal!

O Menino retira-se da gruta.
Não há cânticos de Glória
nem estrelas no firmamento,
o manto da noite veste Belém.
O silencio despe o infinito
e o mundo veste-se de guerras ...

Não é Natal!
Ali ... não pode ser Natal...

⁠Encontro -

E quando nos cruzamos
com pessoas que nos encantam
há um brilho que encontramos
e os olhos não se cansam...

E não se cansa a nossa voz
nem tampouco a alegria
não voltamos a estar sós
seja noite ou seja dia...

Momentos são momentos
passam breves, sem parar,
mas amigos são amigos,
servem sempre para amar ...

Quando vi o seu olhar
profundo, verdadeiro
na vontade da abraçar
senti-a toda, por inteiro.

E a vida marca o ponto
vivo-a sempre com emoção,
hei-de guardar o nosso encontro
nos reservados do coração.

(Para a minha querida Cinha Jardim.)

⁠Abre a Janela -
(Para Maria João Quadros)

Nunca mais sentirei o teu abraço nas noites de fado
nas vielas escondidas, nas travessas tortuosas,
nunca mais saberei do teu coração cansado
dando voz às guitarras virtuosas...

Para onde foi o timbre da tua voz?!
A suavidade com que me tocavas o rosto?!
Não ouves ... mas estou aqui ... a sós ...
ausente de mim, sem vontade nem razão, dentro do corpo.

Incapaz de voltar atrás ... a morte chegou ...
... sinto-me impotente ... cheio de frio e solidão!
Mas a vida é um ciclo, não pára nem parou
e em nós bate ainda o teu coração...

Teu rosto, teu perfil, tudo endureceu
alumiado à chama de uma vela,
não deixes quem te ama e não morreu
"meu amor abre a janela!"


(Na Basilica da Estrela em Lisboa.
À minha querida Maria João Quadros com todas as saudades possiveis e imaginárias tipicas de quando nos afastamos ... guardo-a no coração ... para sempre.)

⁠ROMA -

No desejo das palavras por dizer
que o silêncio guardou na voz de cada fonte,
Terra d'heróis que não nos cabem conceber,
trago de repente Roma no horizonte!

Tudo me grita outro tempo ao passar
por entre mudas estátuas que se erguem
a cada canto desta Roma singular
que meus olhos rasos d' água já não temem.

E vejo-me passar por entre a neblina
revejo-me nos olhos, nas vozes desta gente,
cruzo-me comigo nas ruas, a cada esquina
como se voltasse a um Passado 'inda Presente.

Como se meu túmulo fosse um túmulo de pedra
às portas de tantas Glórias aqui adormecidas;
passa a vida mas o sonho nunca medra
e voltamos ao ponto das despedidas.

Estou em Casa mas tenho saudade...
A distância faz-me perto por meu mal!
De regresso ... volto à minha cidade
mas sinto saudades de Roma em Portugal.


(Escrito na Igreja de Santa Maria in Trastevere
junto ao Palácio de S. Calixto em Roma)

⁠Manuel de almeida: Poesia, Fados e Destino -

Quando algures se presta homenagem a uma ilustre figura que imprimiu no mundo a sua “digital criativa”, é quando, verdadeiramente, se cumpre e se manifesta a alma de um Povo. É quando se expressa, no mais vasto sentir de uma pátria, aquilo que de mais intenso e grandioso a precede e antecede. Isso que faz dela a ramagem que dá vida às folhas que brotam, num verde jucundo, dos ramos de uma árvore altiva e frondosa. A imponente e grandiosa copa de uma árvore que se ergue ao céu pelos tectos do princípio ao fim do mundo. É assim o punho de um poeta ou a voz de um rouxinol…


Manuel de Almeida. Um poeta solitário que canta a voz de um povo. E sê-lo, é saber profundo, pesado e leve de um passado distante, rude e austero, feito de idealismo sublime e arte manifestada. Força que emana de cada pensamento no doloroso silêncio de uma vida vivida, de um sonho total. De uma verdade expressa, de uma entrega inteira, real, sincera, altruísta, sensível, e até, quase cruel…

Manuel de Almeida, alguém atento, à vida que foi, à vida que é – ainda – sem o ser, porque o já foi, sendo-o. Alguém nas várias dimensões do tempo, projectado na grandeza panorâmica dos seus versos e do seu canto…

“Quando chegar a hora da partida
ordenada por Deus omnipotente
quando os anjos cantarem nova vida
o meu fado talvez seja diferente.

E quando for a festa do meu dia
no mundo imaginário que sonhei
quero beber o vinho d’alegria
e abraçar os amigos que encontrei.

Suspenso no meu fado, nem reparo,
no tempo de marcar a minha vez
quero morder o pão que me foi raro
nesta minha passagem com vocês.”

Bravo Manuel de Almeida! Bravo! Este teu “Até Sempre” permanecerá sempre, aqui e ali, em nós, teu Povo, tua Gente, em cada canto, para sempre! Bravo! Bravo!

Tão poético! Tão Fadista! Tão português …

Plasmando nos olhos e nos sentidos de cada um a imensidão da tua alma. Rubra e intensa, quando ao cair da noite as guitarras ainda se perfilam no horizonte das vielas e a tua voz se ergue de mãos postas pisando as penas de uma vida que nos vive. O que de ti para nós é o Fado! Isso que súbito, e em cada um, acorda e desperta uma memória longínqua e difusa de eternidade. Profunda e intensa. Indefinida nostalgia amarga e doce de algo que se sabe e se esqueceu. Perante o fado que é o teu todos somos poetas…

Todos sentimos frente à tua eterna e humilde presença, a dor e a grandeza da humanidade, esse património impresso no sangue lusitano desta pátria singela e amada a que todos pertencemos e erguemos como um facho a arder nas madrugadas transformando a noite escura em dia claro.

A fé profunda das palavras que nos falam de ilusão, a sabedoria e o êxtase dos sentidos despertos em horas de fado, bem ou mal fadado, e os abismos nocturnos onde se afundam lamentos que desejamos transcender. A nossa alma!
Tudo o que sempre foi e é este país mais do que qualquer outro. O teu, o meu, o nosso país. Este Portugal à beira mar, esta Lisboa de encantar adornada pelo Tejo.
E as palavras não se esgotam, dizem os poetas. Perante ti, Manuel de Almeida, não se esgotam, mas não chegam, já não vibram…

“As palavras são como um cristal,
algumas um incêndio.
Outras orvalho, apenas.
Secretas, vêm, cheias de memória.
Tecidas de luz
que paraísos de unidade activam ainda.
Quem as escuta?
Quem as recolhe?”
Diz Eugénio de Andrade


Recolhe-as o poeta, escuta-as o fado… digo eu!
Nós somos, por isso, uma gente de mágoas, um Povo solitário, grandioso na partida e maior à chegada…


“Óh gente da minha Terra,
agora é que eu percebi,
esta tristeza que trago
foi de vós que a recebi.”

Disse Amália.


Manuel de Almeida escreveu:

“E quando for a noite do meu fado
fado que me foi dado de raíz
quero cantar até ficar cansado
numa canção de amor ao meu país.”


Obrigado Manuel de Almeida. Por seres poeta, por seres fado, por tão bem sentires a tua pátria, o teu Povo, a tua raíz, a tua Gente. Por viveres e fazeres acontecer em ti e de ti a alma portuguesa.

Manuel de Almeida: Poesia, Fados e Destino …



Cascais, 27 de Abril de 2015
Jantar de homenagem a Manuel de Almeida.

⁠Homenagem a Paula Ribas - Palcos de Glória -

E em tempos houve um rio que me sonhou!

Uma Vida que vivi …
Um sonho que me criou …
Que fez margem do meu corpo …
Fez leito do meu Ser …

E parecia Glória intangível.
E os destinos se cruzaram!
E os milénios se interpuseram!


E vi pedras, e vi barro, olhares e descrenças ...
Rasguei o ventre à solidão, e fui além …
Tão mais além do que alguém foi!
E correram águas, e houve medo,
e houve espuma e houve espanto.
Mas fui … sem nunca duvidar.
Sem nunca desistir.

E à força do meu canto, sobre palcos sem nome,
ergui desvãos sombrios, olhares secretos,
noites diferentes e dias repetidos.

E fui rio, fui margem, fui amor, fui ódio,
espasmos e perdões!
Fui tanto … tanto … que o recordar me deixa
inebriada …

E tanto que perdoei! Perdi-lhe o conto …
De mim nasceram filhos.
Glórias! Palmas! Tributos!
Tanta gente … tanta gente …
E tantas pautas me gastaram …
Tantas outras por gastar …

Mas o palco! Os panos! As luzes! E o canto!E a minh'Alma!
Tudo em mim, ainda, tão intenso!

E acordaram ecos, iludiram mágoas,
e corri o mundo e o mundo correu-me a mim!

E dancei … dancei, rasguei palcos d'ilusão
aos movimentos do meu corpo.
E fui sonho - fui estepe, fui quimera -
tão fundo como os mares …

Levo tudo na mão sem sombra ou nostalgia …
Só saudade em lânguidas tardes mornas …
Por mim tudo passou ao som das águas turvas
e dos ternos temporais...

E os anos desfilaram, lentos e absortos ante ruínas
repetidas, mas nunca desisti! Nunca!
E recordo o silêncio que então se fez.
A beleza tombada das estátuas rodeadas de gardenias.

Meu corpo! Meu corpo!
Corri o pano! Calei as pautas!

Mas não parei … renasci … fui de novo … em frente …

Meu rio continuou …
Em busca de outros horizontes...
Nova aurora … novo amanhecer...
Em busca d'outros mares …
Novas margens … novo leito …

Afinal, Eu sei quem sou!
A que fui! A que serei!
Por onde vou? Não sei!
Sei que vou … que irei …

Além … sempre mais além ...

⁠Passo das Rosas -

Há espaços que nos tocam
que nos enchem de emoção
lugares que nos convocam
às leis do coração.

Na Azóia de Baixo
de Santarém afastada
há uma casa que abraço
revestida de madrugada.

Tem amigos como irmãos
são da Alma nossos pares
pondo a mão nas suas mãos
enfrentamos sete mares.

Nesse espaço fervoroso
onde habita o coração
paira um ar meticuloso
carregado de emoção.

E há poesias e saudade
plantadas pelo chão
não há espaço p'ra vaidade
nem lugar p'ra solidão.

Lá habita um tesoiro
um bem que não se explica
é maior que todo o oiro
ou que a pessoa mais rica.

Nessa casa afastada
a familia dos amores
fez por lá sua morada
rodeada de mil flores.

"São Rosas Senhor ... são Rosas ..."
as mais belas que plantei
mas ainda que espinhosas
são para aqueles que tanto amei.

A espiral que nos eleva
vai do berço ao caixão
nesta casa não há treva
que nos sepulte o coração.

E as sombras desvanecem
frente às guerras do mundo
os abraços permanecem
renascendo lá do fundo.

A casa é de todos
os que venham só por Bem
há muitos, não são poucos
não se fecha p'ra ninguém.

E vejam caminhantes
as Almas mais formosas
que de nunca distantes
há no Passo das Rosas.

Ricardo Maria Louro
26/06/2023 do Ano de N.S.J.C.
À Familia PERDIGÃO NEVES e ao Seu Passo das Rosas.

P.S./ Há Espaços geográficos que vibram como ninhos de Águias. Pontos de meditação - âncoras de Vida interior ...

⁠Nunca ... nunca mais ...

Passa a noite e a madrugada
já não dói o teu desdém
se eu p'ra ti não fui nada
tu p'ra mim não és ninguém.

Desde a hora em que partiste
e que o fizeste sem razão
foste embora nem sentiste
que o silêncio se fez noite
adormecido em minha mão.

Só não morre a nossa História
feita de sombras e memória
à luz do sonho e do luar;
as manhãs ficam cansadas
as fontes amarguradas
nós sozinhos junto ao mar.

Sofrer às tuas mãos não quero mais
amar-te já não quero, já nem sei
teus olhos tristes, frios como punhais
nunca, nunca mais os procurei.

⁠Teimamos -

Estamos sós!
Teimamos em ficar no lugar de onde não
somos,
em partir do lugar que por dentro
conhecemos ...
Move-nos uma vontade de ser mais , ir mais
longe,
à conquista de um por fora que por dentro é
vazio, cheio de vento, sem vontade nem razão ...
Somos vagos ... somos mágoas ...
Teimamos em ser o que não somos,
fazemos ao contrário o que devia ser diferente,
o pó da estrada consome-nos por dentro - denso,
sujo, acumulado - sabemos que a ele um dia
voltaremos, cheios de medos e errâncias ,
com caminhos percorridos , atalhos que perdemos,
noites fechadas nas nossas próprias noites ...
Estamos sós! E teimamos em ficar ...

⁠Brado -

A Sabedoria na verdade
vem da voz do coração
nunca deixes que a saudade
te traga dor e solidão.

Porque é dura esta estrada
desde a hora em que se nasce
e quem à vida não dá nada
do destino nada sabe.

Cada ciclo que germina
é um grito que se faz brado
o que começa e não termina
é p'ra nós pesado fardo.

E já bem basta o que se sofre
até ao dia em que morremos
dar à vida o que se pode
é somente o que devemos.

⁠Quando um dia baterem à minha porta
e eu não responder
saibam que apenas me evadi,
mergulhei na Luz e no silêncio!
Não chorem ...

⁠Faz parte da vida ter que acolher a tristeza ...

⁠Na verdade é impossivel adiar a hora em que se nasce,
impossivel também mudar a da partida ...
Mas é-nos dada a força e a vontade
de separar o certo do errado
durante a vida ...

⁠Pensar Obsoleto -

A melancolia dos dias desviados
cheios de nostalgia,
cheios de amargura e de silêncio,
enchem-me a Alma de Poesia e
resiliência ...
Nem consigo respirar ...
Vejo-me sufocado ...
Sinto-me vazio...
Caminho indiferente - nem sei onde!
Ora vivo ora morto em meu pensar
obsoleto.
E sou tão pouco, eu que julgava ser
tanto ... debalde ... não sou nada!
Cheira-me a incenso ...
Óh Senhor ... envolve-me o corpo ...
veste-me a Alma ... purifica-me o
Espirito ... salva-me de mim mesmo
que me vejo morto e abandonado,
cheio de poesia e desenganos,
num leito glacial de moribundo!

⁠Guardar quem nos guardou
- o tempo passa -

Leva-me a passear, filho, que ainda tenho umas pernas mais ou menos. Se caminhar contigo não me vou sentir desamparada..

Leva-me para a tua casa, leva-me para onde tu fores, para me sentir mais acompanhada...

Fala com carinho, nós somos como crianças, gostamos que nos mimem, que nos sorriam sem desconforto...

Comemora os meus aniversários, não critiques as minhas faltas de memória. Vou tentar ser lucida, mesmo que seja complicado ...

Não me afastes do teu lado, não fales comigo com raiva; a minha mente ainda está clara com memórias do passado...
Bem sei que às vezes me esqueço de ti, é chato, eu sei, mas a culpa não é minha, as coisas são assim ... mas se eu me esquecer de ti não te esqueças tu de mim!

Só quero a tua presença e contemplar o teu rosto ...
Às vezes não me lembro do teu nome mas no fundo sei bem quem és. Estás guardado no meu coração.

Não me deixes nunca triste e sozinha porque a dor está no abandono e na alma...

E É ISTO - UM NETO APAIXONADO POR UMA AVÓ APAIXONANTE...

Beijinho querida Avó Clarisse.

⁠Flores numa Jarra -

Quando entrei na tua casa
no teu quarto junto à cama
havia flores numa jarra
e uma voz em mim gritava
acabou, já não te ama
e rompeu-se aquela amarra.

Foi-se o tempo, foi-se a esperança
tantas horas de paixão
que nasceram dentro em mim;
nos teus braços fui criança
mas agora em solidão
nos teus olhos vejo um fim.

Mas se o tempo fosse atrás
seria tudo tão diferente
da agonia destas dores;
talvez fosse enfim capaz
de dizer-te frente a frente
que eram minhas essas flores.

Dei-lhe um beijo, disse adeus
foi mais um desses amores
que o destino não agarra;
e uma lágrima correu
frente àquelas tristes flores
junto à cama numa jarra.

Insignias das Damas de Nossa Senhora da Saúde de Évora -

⁠São insignias das Damas de Nossa Senhora da Saúde de Évora a braçadeira azul celeste com brasão "M" de Maria coroado e laço de lapela azul celeste encimado por coroa da Casa Real Portuguesa com medalha de Nossa Senhora da Saúde. O Título é vitalicio.

⁠São Damas de Nossa Senhora da Saúde de Évora da Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde as seguintes Cristãs:

- D. Maria Anália Ribeiro, presidente das Damas de Nossa Senhora da Saúde de Évora.
- D. Cláudia Correia Alves Rodrigues, Vogal da Mesa Administrativa.
- D. Cristina Cabral Fialho, Vogal do Conselho Fiscal.
- D. Maria José Prazeres, Coordenadora da Acção Social da Irmandade.
- D. Silvia Branca Alves Soares, Dama Emérita de Nossa Senhora da Saúde e Vogal da Assembleia Geral.
- D. Beatriz Rosado, uma das primeiras Orgãos Sociais da Irmandade.
- D. Joana Benedita Fernandes Pereira Lopes Aleixo Dama Benemérita da Irmandade.
- D. Maria da Conceição de Sousa Ramalho Dama Benemérita da Irmandade.
- D. Sandra Perdigão Neves Dama honorífica de Nossa Senhora da Saúde e Dama da Ordem do Santo Sepulcro de Jerusalém.
- Sua Alteza Real D. Isabel de Herédia de Bragança, Duquesa de Bragança, Dama de honra de Nossa Senhora da Saúde e Grã-Mestre da Real Ordem das Damas da Rainha Santa Isabel de Portugal.

O significado da palavra Aia, Dama, mordoma ou Camareira é "serva de uma Nobre Senhora". E é exatamente isso que são as Damas de Nossa Senhora da Saúde de Évora . Senhoras dedicadas aos cuidados das coisas que cercam a Mãe de Deus, Maria, a mais nobre de todas a Damas.
As Damas de Nossa Senhora da Saúde têm como atribuições a organização e o bom andamento das novenas, preces e terços a Nossa Senhora, ocupam-se da tradicional troca das Vestes por ocasião das Festas, por tudo o que envolve a beleza e a nobreza das festividades da Mãe de Deus (as roupas, as flores do altar, o polimento da coroa e do ceptro, a limpeza, a ordem do ambiente, as jóias, etc.).
Cuidam do andor de Nossa Senhora, das procissões, das obras de caridade, quermesses, animações litúrgicas das festas Marianas e das recitações dos terços durante as festividades.
São responsáveis por angariar fundos para prover às necessidades dos doentes, em especial, para a organização das festas Marianas. Embelezam e cuidam da Igreja como um todo sempre que necessário.
As Damas de Nossa Senhora da Saúde são submissas às orientações dos Estatutos que governam a Real Irmandade à qual pertencem e atendem às solicitações dos Órgãos Sociais e do Capelão. Rezam em devoção a Nossa Senhora pela Igreja, pelos seus sacerdotes, pelos irmãos e irmãs da Irmandade.
Para fazer parte do grupo é necessário que a Mesa Administrativa reconheça a Senhora proposta por algum feito ou dedicação especial ou que a sugira a titulo honorifico e que, depois de proposta por outra Dama, numa cerimonia apropriada (Missa), o Capelão da Irmandade a entronize no grupo das Damas, entregando às postulantes as insignias de Dama de Nossa Senhora (braçadeira azul celeste com brasão com M de Maria coroado e laço de lapela azul celeste com medalha de Nossa Senhora da Saúde de Évora coroada).
Todas as Damas devem trajar negro integral nas solenidades, simbolo de anulação da sua identidade diante Daquela a quem servem, Maria, a única que deve ser notada.
Apenas se devem evidenciar sobre o corpo das Aias trajado de negro as insignias das Damas de Nossa Senhora (braçadeira e laço de lapela azul celeste).
Devem igualmente apresentar-se de véu preto e luvas brancas nas solenidades e luvas pretas caso tenham que se apresentar em eventos com natureza de pesar.
As Damas da Ordem de Nossa Senhora da Saúde de Évora ssumem a divisa: "Servarum Mariae!"

Nossa Senhora da Saúde de Évora
Rogai por nós!

- ORAÇÃO DAS DAMAS DE NOSSA SENHORA DA SAÚDE DE ÉVORA -

A Teus pés, Senhora Nossa, nos prostramos! Aqui estamos, débeis, simples mulheres.
Senhora, Rainha dos Céus, recebe de nós,
fiéis devotas, a verdade dos nossos corações. Recebe e guarda sempre as nossas Almas.
Recebe os nossos pais, os nossos esposos,
os nossos filhos, os nossos netos.
Os nossos vivos, os nossos mortos.
Guarda-os junto ao Coração.
Aninha-os em Teu regaço como a teu Filho.
Somos pobres pecadoras, tantas vezes, incapazes de te ouvir segredar-nos ao ouvido, aquele "SIM" que deste um dia a Deus
e que foi o Principio da nossa salvação.
Ensina-nos o dom da humildade,
a alegria do amor, a sabedoria do Perdão.
Aqui estamos! Aias, vassalas, escravas, subditas,
prontas a dar a vida pela Sua Senhora,
servas do Seu Santo Nome!
Recebe, Senhora, a humildade dos nossos préstimos, te-los entregamos
para o Bem de toda a humanidade.

Nossa Senhora da Saúde de Évora,
Rogai por nós!
Amen.

⁠Para o Sul -

Está tudo em vão perdido!
Porque afinal te foste embora ...
Que fizeste por orgulho?
Nada mais me faz sentido
um vazio p'la vida fora
enche-me a casa de barulho.

Nuvens negras em céu azul
são ondas de naufrágio
de quem sofre por amar;
tudo ruma por o Sul
ao som dum imenso adágio
frágeis sonhos sobre o mar.