Charles Chaplin Poemas sobre a Tristeza
Chega uma hora que a gente cansa de jogar pérolas aos porcos.
O sentimento se esgota, as oportunidades passam e tudo que fica é a rotina chata e vazia de lembranças boas, gestos cordiais e tremendamente escassa de romantismo.
Achei que faria falta, mas essa falta só faz quando estamos apaixonados, quando o sentimento acaba tanto faz como os dias passam.
No mais se olharmos friamente para trás, poucas foram as vezes que sentimentos foram verbalizados, escritos, guardados. É aquilo "você sabe o que eu sinto, não sou bom com palavras, pelo menos não com as que são para edificar, só sou bom em diminuir, agredir, machucar."
É, não foi um perda tão grande assim, a paixão é que nos faz ver, em pessoas, coisas que nunca existiram, sentimento inebriante e mordaz.
Sarça
Chegou a noite,
Como dormirei eu, se até a minha Alegria entristeceu-se?
Chegou a meia-noite e foi-se os amigos; quem ficará e consolar-me-á?
Miserável sou eu.
Como ramo espinhoso espanto os pássaros que trazem alegria, e fugindo, escondem de mim sua voz.
Longe de mim brincam as criancinhas,
E de mim fizeram a coroa do sofrimento.
Até em ti Alegria, causei dor.
Meus espinhos perfuraram tua pele, e rasgaram teu coração.
Minhas raízes fizeram-te tropeçar,
E meu tronco foi para ti como pedra à cabeça.
Agora desfalece tu aos meus pés.
Sangrei-te com meus abraços,
Fiz-te sofrer com minhas carícias.
Como lírio delicado és tu, oh Alegria.
Qual louco fez permitir-te florir em meio à sarça?
Maldito leviano
Não há o que se possa fazer,
Já selou-se a vontade do mar.
Persiste ainda a esperança, porém.
Afogada jaz a pura criança,
As lágrimas marinhas enchem os pulmões da pequena.
Incompetente e leviano o pai,
Deixou se afogar sua criança.
Onde está o teu cuidado?
Jaz sem vida, tua vida.
Terás tuas boas lembranças,
Mas quem lembrará bem de ti?
Aquele que causa dor sofre,
Com sua dor e com a dor por si causada, sofre.
Eis aí tua maldição,
Viverás sem tua vida.
Pacto
Grita minha alma.
Chora meu espírito.
Maldito e miserável, sou eu.
Dar-me a morte, pois eu não vivo sem minha amada.
Fuja, meu amor,
Mas antes, dar-me a morte.
Meu espírito sente angústia mortal.
Toma teu coração, e foge de minha face.
Mas antes, dar-me a morte.
Afasta-te de mim, meu amor,
Eu não posso ser por ti amado.
Por isso, imploro,
dar-me a morte.
Divagando com a Lua amiga :
Lua mítica que me rege,
hoje a tocar-me com o mesmo
brilho anuviado de um certo triste olhar...
Queria tanto poder te abraçar,
mas tão distante de mim estás,
assim como meu pensamento,
assim como meu desejo,...
assim como um oceano a separar,
eu daquele um certo triste olhar...
e, assim como hoje, o mundo
também está, inalcançável!
05.06.2020
Parafraseando a poetisa.
Há dentro de mim mais poesia.
Do que lágrimas a derramar.
Então sigo com meu versejar
Zenilda Ribeiro
Hoje o que me incomoda.
É um silêncio torturador.
Que vem dos gritos de dor.
Que eu nem cheguei a ouvir.
Mas que daqui posso sentir.
Mais de 41 mil mortes
Registradas no Brasil até agora.
É pedir demais?
Querer alguém que se ponha no seu lugar?
Que não grite,
Que não imponha limites tentando mudar quem se é,
Que receba de braços abertos,
Porque eu tenho assim os meus,
Que nos dias mais tempestuosos seja abrigo,
Não mais um motivo de solidão,
A pior solidão que se dá na companhia,
Na má interpretação de palavras,
A tristeza que vem da alma,
Da ferida de uma palavra mal dita,
Estou cansada de ausências,
De tomates que se fazem de maçã,
Da dor das escolhas erradas,
Dessa falta de paz,
Aliás...
Não sou boa com escolhas,
Gostaria de me colocar numa bolha,
E poder viver em paz,
Sem leva e traz,
Sem gritos,
Sem ruídos de palavras Mal Ditas,
Mal escolhidas,
Vazias e em vão,
Me dando vontade de ir...
Sem insistir,
Falta coragem,
E eu deveria seguir.
" Pra você, meus versos "
Me sentia livre, satisfeito
Tudo era bom, perfeito
Vontade de você, desejo
Só queria paz, seu beijo
Amava seus discursos, diretos
Tua presença aqui, por perto
E o teu sorriso tímido, discreto
E até seus pensamentos, incertos
Tu eras tão feliz, contente
Seus olhos radiantes, ardentes
E falavas tão bem, fluente
Tão simples, delicada, tão gente
Quando você se foi, me perdi
E até chorei, não dormi
E eu não fui feliz, não sorri
Não segui minha vida, não vivi.
►Devore-me, Tempo
Tempo, eu não te odeio
Também não tenho receios
Sei o quão brutal você consegue ser
Também sei como é difícil te entender
Mas, acho que eu estava precisando de você
Estava precisando me reinventar, amadurecer.
Tempo, se me ceder um pouco mais,
Acho que as tristezas ficarão para trás
E eu conseguirei ficar em paz
Mas sei que irá me ajudar,
Nesta minha recente jornada ao mar.
Tudo o que escrevi nas nuvens, desapareceu
Aquela serenata que escrevi, morreu
O meu coração, tempo, se aborreceu comigo
Estamos sem nos falar, sem palpitar
Estou indo de lábios a lábios sem me importar
Sem dizer amor, sem sentir calor, sem valor
Estou afogando minhas desilusões debaixo do cobertor
Sem me importar com quem estou.
O vazio, tempo, o vazio
Ele está, dia após dia, acabando comigo
Não estou conseguindo destruí-lo
Se tornou um detestável inquilino
E ele está me persuadindo,
A enxergar o amor como um inimigo.
Tempo, ultimamente eu tenho refletido
Pensado um pouco mais sobre o que sinto
Pensado sobre a maneira que vivo
Passei por uma crise mental e social
Mas, agora estou melhor, retornei ao normal
Porém, tempo, às vezes tenho pensamentos repetidos
Aqueles que me deixam depressivo
Não sei se conseguirei silenciá-los permanentemente
Temo que ressuscitarei eles a qualquer momento.
Meus textos decaíram, tempo
No começo eu escrevia em passatempo
Agora mal passo perto do caderno
O que aconteceu comigo, tempo?
Quero que você passe, para me curar
Quero que você passe, para me ajudar
A sarar este meu coração, que grita de dor
Quero que seja meu amigo, que me ajude a deixar o amor
O amor que doei e não recebi
O amor que lutei e me iludi.
Pois então, tempo, apenas passe
Sei que de qualquer jeito irá, será saudável
Apenas... passe, me dilacere
Maltrate.
Pai
Grande pai!
porrada na cara
filho caído
perdeu a memória.
Grande pai!
joga-se um livro
acerta na cara
boca inchada.
Grande pai!
tira sua roupa
te joga no chão.
Grande pai!
maior que você
menor que sua força.
Saudades do Rio pulsando em meu coração
Melodias de samba da mais linda tradição
Já não se sai mais nenhum som das duras cordas do violão
Vou pedir para o criador devolver minha paixão
Meu amor, não me dê mais lamento
Não me abandones mais
Fique no meu pensamento
Devolva-me seu ar
Preciso continuar a viver
Preciso respirar
Me devolva a alegria carioca..
Frio Minnesoteano
Vagando pelas estreitas ruas de Minnesota
A neve cobrindo os nossos sapatos
Os flocos se desmanchando ao caírem no seu nariz rosado
Suas mãos congeladas agarradas ao meu casaco
Meu olhar deslizando pelos seus cabelos castanhos ondulados
Querendo ir de encontro aos seus olhos encantados
Enfeitiçados, extasiados
Nesta bela noite estrelada por anjos alados
Do jardim...
Se por acaso encontrar
Aquela crosta manchada e congelada
Que parece um estufim
Não a destrua, meu amor
Ela nos impede de alcançar o fim
Apenas deixe a pequena e fria redoma
E retorne para nossa querida e linda
Minnesota.
aos poucos
a gente desiste de tentar conseguir,
aos poucos
a gente desiste de desistir,
aos poucos a gente para,
aos poucos...
até não sobrar nada.
Amor Melancólico
Tão somente amamos a nós mesmos,queremos amar a outra pessoa, assim é o amor e a maldição da paixão.
Não basta amarmos alguém com todas as nossas forças, a vida não corrobora com esse detalhe, temos de sofrer a cada instante.
Se deixamos de estar apaixonados por alguém, e realmente se prova o amor, aí sim temos o verdadeiro sofrer.
Amor Amigo
Quando amamos a alguém próximo, sofremos de proximidade, não um sofrimento qualquer, uma angustia e um nó na garganta, faltam palavras para tal descrição, amar uma pessoa já se torna uma missão difícil, pois o ato de amar a si próprio já não é uma tarefa simples.
Amar alguém que temos uma profunda amizade, uma pessoa que seguidamente encontramos, torna-se um via de duas rotas, ou perfeito, quando é reciproco tamanho sentimento, ou tortuoso, quando se ama sem ser correspondido, tal cura é impossível.
porto
há uma saudade em mim no cerrado
ancorada nos barrancos ressequidos
são arrancos no peito em ronquidos
num espectral sentimento entalado...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
Meu novo sol
A noite é triste e longa,
mas em mim a certeza, que amanhã
um novo sol vai raiar;
tenho me sentido tão sozinho
e penso em gritar mas não tenho voz,
eu queria te encontrar
mas há uma barreira entre nós.
e me sinto perdido ...
entre lagrimas e devaneios
e eu esperava a alva cair,
mas o meu novo sol já veio.
e o dia vai ser melhor
e a dor e a tristeza terá fim
pois um novo sol brilhará
a cada manhã sobre mim.
SONETO TRISTE
Hoje acordei com meu verso triste
Escorrendo pelo papel só inclinação
Cabisbaixa a inspiração e, pelo chão
Querendo lira na sorte que não existe
Pois, cada cisma, na cisma consiste
E o prazenteiro é em vão, e assim são:
Desferrolha fagulhas infeliz do coração
Petrechando a consternação em riste
As minhas angústias querem expansão
Minha dor, está ali sozinha, é imensidão
Tão calada, não entenderão o que sente
Aí quem me dera, não a ter! Pois então?
A tenho!... E pouco cabe na solidão...
Quando caberia aqui: - verso contente!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro, 2017, 05'55"
Cerrado goiano
