Maria Almeida
Nada sou sem a minha ternura, mas o amor que sinto e me faz, é o único verdadeiro e sólido bem que posso espalhar.
Distraída como sou, nem me apercebi, mas se considerar a dor e o amor, reconheço que permaneci demasiado tempo entre uma e o outro, perdida entre o não e o sim, intercalada entre o inferno e o paraíso. E, no entanto – rio de mim própria – transformou-se no livro não lido mais lindo da minha vida. Apesar de o ter conhecido pouco, sei que não me enganei, que o seu sorriso era bondoso e que, ao mesmo tempo que me matava sem barulho, também me salvava com deleite. Está bem, Deus. Eu aprendi. E perdoei. Então, deixa-o ser feliz. Deixa-o ir. Liberta-o. Lava-o. É o mais puro que posso desejar e a forma mais bonita que eu própria possuo para ficar bem e poder sentir, na sua plenitude, a paz infinita que dentro de mim começa a despontar.
Não me interessa o êxito perante e relativamente os outros. Importa-me, sim, e sem rascunhos, o meu mundo e a minha vida.
Adoro o meu lado louco e não posso deixar de rir com vontade, quando, a cantarolar, conduzo com a música bem alta, e percebo, nos gestos e nos olhos dos outros, a censura de quem, bem no fundo, também deseja soltar-se.
O amor-próprio reside na felicidade, no bem-estar geral e na relação que possuímos connosco próprios. É um estado de alma, uma apreciação, uma construção tendente a uma realidade espiritual e a um fundamento pessoal. Sabermos quem somos e sabermos o que queremos, em função das nossas necessidades e em função do perdão que devemos a nós mesmos, é, simplesmente, viver com muita e verdadeira vontade.
Deus protege e cuida da minha família, dos meus amigos e de todos os que procuram o amor e praticam o bem.
Perdoar e deixar ir sem magoar. Amar é exatamente isto. Amar é agradecer a quem se ama a oportunidade de verdadeiramente amar, é desejar o seu bem e a sua felicidade, e como uma essência emocionalmente inteligente, é fazê-lo dentro de um sorriso só nosso, interno, suave e secreto.
Respeito mas não acarinho os estigmas que absorvem os outros.
Alimento-me de coisas simples e que realmente importam.
Deus nunca teve a obrigação e o dever de me consertar. Dele vem a minha força, mas essa obrigação é e será sempre minha, pois há muito – e de uma forma consciente e perfeita – percebi que não existem recompensas no Universo e nem as mesmas devem ser almejadas.
E, porque entendi, surpreendi-me na minha imperfeição, humanamente frágil e humana, para viver e aceitar as emoções que sinto simplesmente como elas são, muitas delas vulneráveis e, contudo, necessárias demais para a minha libertação e a manutenção da minha paz.