Maria Almeida
Nem sempre sou séria. Gosto de sonhar e de imaginar, de naufragar nas emoções do momento e na beleza dos detalhes, sem abdicar da minha sensata e verídica loucura real. Os estereótipos não me interessam e não cobiço a vida alheia.
O silêncio não fala e por isso é silêncio. As palavras da alma não precisam de ficar caladas para escutarem e sentirem todas as coisas do mundo.
Não gosto de drama e muito menos de me obrigar a simpatizar com quem não simpatiza comigo, assim como de ser simpática o tempo inteiro. A aprovação exterior não me amolece e dispenso explicações. Gosto, sim, é de me sentir em paz e de viver todos os dias rotineiros com gratidão e deleite, respeitando as diferenças e convivendo com as divergências. No final, o que me interessa, é a poesia de saber que fiz tudo o devia ser feito e que, com fé e paciência, o meu saldo foi positivo e o meu coração permanece tranquilo.
Maturidade é a aceitação responsável pela batida forte e excitante da vida, de não a recearmos e de não termos medo de errar, reconciliando-nos de forma pura com a nossa própria história.
Não sou salvadora de ninguém e não quero que ninguém tenha a pretensão de me salvar de mim. Sou o que sou e gosto assim.
As pessoas que julgam os outros com base no que delas ouviram dizer, não merecem o meu olhar e muito menos o meu sorriso.
Não comparo a minha vida à de ninguém e a ninguém imponho os meus conceitos como verdades imbatíveis e infalíveis. Tenho a sensibilidade de saber escutar para poder analisar.
Deixo que o meu riso se abra silenciosamente quando – e ainda que por breves minutos - leio nos olhos de quem adquire a coragem de olhar nos meus, o carácter da sua própria essência.
A gente não desiste do que quer (e, logo eu, que resisto até a última), a gente afasta-se da emoção que traz satisfação, que faz bem e da qual cuidou para que sempre permanecesse, guardando-a na memória e no coração, mas que é indiferente e que por isso dói. A gente afasta-se simplesmente, sem culpa e sem mágoa, absolvendo e desejando o melhor que tem em si, para se entregar completamente a Deus.
Já percorri demasiados trilhos de desejos, expetativas, deceções e frustrações. Agora vivo de coração sossegado e sinto os meus momentos com muita alegria e com muita loucura, realizando os meus planos.
Abre-se um vazio e, com este sentimento no âmago do pensamento, procura-se uma razão… mas ninguém a encontra e jamais o conseguirá… porque, sendo dos homens, tal prerrogativa não é humana. Mas se falta compreensão e se a sociedade se pretende como uma constante, não existe correspondência entre a mútua simpatia que vai crescendo e se solidificando e a profundidade de uma incredulidade teimosamente polvilhada e desgastada.
A vida é espuma do oceano, mas é tudo para mim.
Abrace, conforte, partilhe, sinta.
Todos necessitam de um ombro. E não pode haver ninguém que diga que não tem para dar.
Qual é a pergunta certa, Deus?...
Obrigado pela oportunidade que me deste hoje.
Tu sabes como fiquei feliz.
Viver é um ato que não desbota, tomando uma outra forma durante o sonho, à noite, e nascendo de manhã muito mais além.
Jesus pregou palavras e com elas fez o amor. Palavras simples, extensas e tão leves como o carinho que nelas depositou. Palavras de Deus, extraordinariamente proferidas e escritas nas páginas das almas eternas do livro do tempo. Palavras que os ventos não levaram, as marés não arrancaram e os fogos não destruíram. Cada letra uma ternura, cada sílaba um afago… Jesus sabia – sabia, sim – que, sem palavras destas, as atitudes jamais teriam qualquer valor.
Na minha viagem de regresso, fosse pelo Sol radioso que tocava tudo ao meu redor, fosse pela música que enchia o meu coração, senti algumas lágrimas rolarem pela minha face e, olhando os carros que circulavam na outra faixa contrária, pensei se, por baixo dos óculos escuros de cada condutor, também haveria mais alguém de olhos molhados, com saudades de alguma coisa ou de alguém.
Estar sozinha também é incrível. Aprender e descobrir. Viver. É absolutamente fazer tudo e absolutamente não fazer nada A grande viagem dentro de nós com mil coisas extraordinárias para serem realizadas. Cada sonho feito com prazer, cada projecto concluído com amor.
E depois do coração sossegar, depois de um certo tempo, aos poucos e poucos, a vontade de mudar de lugar e de ir para outro local, começa a avolumar-se e a consolidar-se.