Isabel Morais Ribeiro Fonseca

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O MEU NOME É MARIA

O meu nome é Maria
A quem chamam e chamavam
De retornada na escola
Quando cheguei à Metrópole
Eu já vivi uma guerra, uma guerra sem nome
Eu já vi pessoas a morrer e a matar sem piedade
Tinham dor e sofrimento no rosto e gritos na alma
Recolhi todos os pedaços, com um fio as lembranças
O meu nome é simplesmente Maria
Eu já vi fome, a morte, a dor e o sofrimento
Eu já vi crianças como eu a chorarem de fome
Eu própria já passei e vivi com ela
Eu já vi a morte mesmo ao meu lado
Eu já vi homens armados com tanques a descer a minha rua
Eu já vi pessoas a fugir, só com a roupa do corpo
Eu já vi a dor nos olhos das crianças como eu
Eu já vi o sofrimento de quem perdeu tudo e nada tem
Eu já vi as crianças da minha escola a fugir
Dos soldados inimigos, onde eu própria fugi
Eu já vivi uma guerra, uma guerra tão estúpida
A quem chamavam e chamam liberdade.
Eu apenas chamo simplesmente de saudade.

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"SOU OU TALVEZ NÃO SOU"

Sou como sou mais nada
Sou ou talvez não sou
Sou endiabradamente sossegada
Não sei ser conformada

Sou exigente comigo
Não sei calar-me
Sou calmamente apressada
Não sei ficar quieta

Sou efusivamente tímida
Não sou possessiva
Sou terrivelmente doce
Não sou amargurada

Sou duramente sensível
Não consigo deixar os outros sofrer
Sou o que sou, feliz mais nada
Sou ou não sou, como sou mais nada.

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LIBERDADE POÉTICA

A poesia não tem partido
Não é da esquerda, nem da direita
A poesia não tem cheiro, ela é perfumada
A poesia não tem cor, é multicultural
A poesia tem a liberdade escrita na mente
A poesia é amada falada e recitada
A poesia vive no presente, no passado, no futuro
A poesia está agarrada à carne ao corpo
A poesia corre no sangue, fervendo nas veias
............De quem escreve ou escreveu
De quem leu ou lê, de quem sofreu, de quem amou.

AMAR

Cai uma lágrima, um suspiro
Sem defeito, tudo é perfeito
Amor doce, lindo, voraz
Que desperta sem pressa
Porta aberta, fechada, palavra certa
Incerta, torta, direita, noite desperta
Sem pressa, perfeita, desfeita, imune.

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FIGUEIRA DA VIDA

Eu nada sou, para lá desta dor
Recolho os pedaços, fio das lembranças
Gritos na alma dos meus contos
Que são quadras de amor, de dor
Recomeço na figueira da vida
Já não tenho tempo para ilusões
Sei que a figueira que plantei
Olha-me entre as ramagens das suas folhas
Observa-me nesta minha quietude
Quietude onde agradeço todas as decepções
Em cada dificuldade e nos tombos dados
Que tive ao longo da minha vida
Sei que a figueira que plantei
Alberga agora um ninho de pássaros
Que as folhas veem-me entre os livros
Desfolham-se nas asas em lágrimas de pedra
Resguardo sem destino de sol e chuva
Envolto de nevoeiro nas palavras
Orvalho nos lábios das folhas da figueira
Que plantei com o recomeço sem ilusões.

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RUDE DE AFETOS


Óculos escuros, caligrafia ao luar
Tento escrever para não ter medo
De sofrer, de pensar, de amar
Partir as correntes, que prendem o silêncio
Grito ao vento, para não viver um inferno
O sofrimento que dura momentos
Dança noturna feita em desenho
Na areia da praia, estratégia da alma
Ferida, magoada, saciada de desejo salgado
Ocultos sentidos de esguios instantes
Promessas alimentadas numa fogueira de cinzas
Rochas plantadas no coração rude infeliz
Sobre os pés de um pobre coitado, abandonado
Braços abertos, loucos de poesia
Sobre o regaço da imensidão
Mente fria, fechada, alheia a tudo
Luz que procria, que prevalece, na lucidez
Chama refletida nas profundidades
Dos olhos cegos, doentes, disfarçados, massacrados
Nas ventanias do desassossego, arrancadas de dor
Solitária escuridão de um caminho perdido
No tempo esquecido de afetos sentidos de flores
De amores, de emoções, rude talvez de afetos.

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NASCE O AMOR

Hoje o dia nasceu mais cedo
Tenho nas minhas mãos
Uma camélia linda e perfumada
Que apanhei para ti
Transporta nas suas pétalas o carinho
O amor que sinto por ti
Dias e noites de beijos roubados
Nas desalinhadas letras
Que se entrelaçam nos nossos corpos.
Deste amor que nasceu e nasce todos os dias.

ESCOLHO

Escolho amar-te em silêncio
Para que em silêncio não sinta dor
Derreto versos no gosto do paladar
Porque metade de mim é silencio
A outra é um grito de amor em verso
Letras mal escritas numa página marcada
Palavras cuspidas num papel em branco
Rascunhos deixados na alma pelos dedos
Faz de mim o teu sopro, encaixa-me na tua vida.

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NOS TEUS BRAÇOS

Ah como quero
....... nos teus braços descansar.
Voar como um pássaro por cima do mar
........Do silêncio da noite
Do fresco da madrugada
De sentir os pés enterrados
........ na areia branca da praia
Desejo que sejas o meu lobo
Na nossa dança do acasalamento
.........Atravessaria o mar
No meio da noite fria
........ para seguir as tuas pegadas
Caminharia sobre água
..........Sobre fogo
para aninhar-me no teu corpo.
Quero encontrar o caminho do vento
.........Da janela do tempo de mim
Costurar os retalhos da minha alma
Juntar todos os pedaços do meu coração.

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NADA PERTENCE

Nada me dói mais do que a própria dor
Nada me pertence nesta maldita terra
Nada me afoga nesta areia do deserto
Nada é por culpa deste meu cansaço
Nada é do silêncio da minha pobre alma
Nada me faz sofrer nesta bendita vida
Nada é ou foi deixado ao acaso
Nada é mais doloroso do que a solidão
Nada há de apagar as rugas do meu rosto
Nada se sente, nada se apaga da mente.

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

MEDOS E DECEPÇÕES

Medos e decepções, letras mal escritas
Numa página marcada num cesto do lixo
Fantasma noturno de palavras cuspidas
Cuspidas num papel de uma agenda em branco
Medos e decepções desfeitos em insanidade
Rascunhos deixados na alma pelos dedos
Espíritos fracos desejosos e vingativos
Feitiços sangrentos com a fúria dos mares
Mares tempestuosos sem vergonha ou consciência
Guerra desfeita de quem morre de quem vive
Noites amargas sem sono do inferno ciumento
Voo febril rastejante, pegajoso
Alma consumida sem valor, desesperada competência
Consumida, derretimento no gelo
Palavras cuspidas, sem vírgulas, sem ponto, sem dor
Analfabetos, excêntricos, sem instintos gramáticos
Sílabas tontas na lógica das palavras subversivas
Medos e decepções cuspidas num cesto do lixo de casa.

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CHUVA SEM SONO

Sinto-me cansada , cansada deste inverno.
Sinto falta do calor, do sol.
Dos dias compridos, das noites quentes.
Há muito que a hora de jantar já passou
Por isso a sala está escura
A janela de casa está aberta
.......A chuva cai com força lá fora.
Abraças-me por todos os cantos da casa.
Quando estamos sozinhos
......Parecemos dois adolescentes
Gosto de ver a água a cair no telhado
..... E no muro da frente
Imaginar o mar bravo, as suas ondas
São duas e meia da manhã
E eu ainda acordada a ver-te dormir
A chuva continua a cair
Ouve-se no telhado, como eu gosto de ouvir a chuva
Com as minhas mãos toco no teu rosto
........Gosto de ver-te dormir.
Pareces um anjo, mas roncas como um porco.
Tenho uma pequena esperança, que estejas a sonhar comigo
.......São três e meia da manhã
E eu ainda acordada a sentir a chuva a cair.

O VELHO DA BANDEIRA

Colori a minha linda bandeira
De papoilas vermelhas no verde campo
Entre o trigo, a cevada e o centeio
Feita da mais pura seda já vista algum dia
Vejo a partir da minha janela um velho
De olhos enrugados com pedaços do céu
Com o coração aberto ao longo inverno
Talvez à espera do quente verão
Tarde em silêncio, misturada de oração
Caminhada alegre, tocando o chão
Oprimido, anda nas tramas do seu corpo
Cronologia alinhada de uma metáfora fragmentada
Dignidade presumida de um vendaval
Terapia de discursos roubados em sonhos de liberdade
Incontrolável sentença, na sua débil resistência.

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

SÓ DEUS SABE

A luz do sol cega-me os olhos
O silêncio torna-me numa voz rouca
Só Deus sabe da porta entreaberta
Do relâmpago de ansiedade no silêncio
Viagem selvagem do retorno amargo
Enigma do mundo de uma privacidade
Bajulada escondida num paraíso de aparência.
Prisioneiros da ignorância oculta imperfeita
Doentes desencantados na alma, no corpo
Cada vez mais perto do abismo da mediocridade
Subjugados por voos de uma estranha nostalgia
Das palavras deixadas num espelho sem ausência
Confinadas as fantasias fora da realidade em pedaços
De uma luta que interrompe um vazio, de uma dor do passado
A luz cega-me os olhos, o silêncio torna-me, só Deus sabe.

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

RETRATO

Hoje olhei o teu retrato
.......Estremeci de saudades
Talvez mais do que nunca
....Tive que calar-me
No meio do silêncio
....Cantava a minha alma
Procurava a voz do teu olhar
.....Queria olhar para dentro
Da tua alma e encontrar a minha
......Vi o teu retrato e sorri
Senti-te comigo, como se fôssemos um só.

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MULHER

Ser mulher é ser fiel a si própria
Com alma e paixão
Sem nunca enganar o coração.

Inserida por IsabelRibeiroFonseca

"VENTOS NOSTÁLGICOS"

Noites vazias
Ventos nostálgicos
Tempestade sombrias
Sopram ao ouvido
Melodias encantadas
Revelam os segredo
Das noites perdidas.
Inimigos amigos
Feitos em sonetos
Sentidos por fragas
Esquecidos no tempo
Caminho do amor
Alma mortalha
Sentes prazer
Talvez não sintas nada.
Palha enxuta
Enquanto queimada.
Trepas o céu
Sem cordas, sem nada.
Esqueces o mundo
Que nos embala e afoga.
De sede, sem nada.

Inserida por IsabelMoraisRibeiro

FRAGAS NA SOLIDÃO DO RIO


Das nascentes e das margens
vou molhar-me neste sol e nesta água
Com um manto de areia vou cobrir-me

O meu corpo é um rio onde de lamparina
Banhei-me nas suas águas cristalinas
Que corre entre os lagos da esperança

Que anda e corre para o mar
Cobri de rosas a minha alma
Os meus olhos de lírios

A minha boca de sorrisos
As minhas lágrimas desaguam de dor
Gosto do silêncio mas não onde me encontro

Silenciar a saudade foi a maneira
Que encontrei para suportar esta dor
Acreditar no amor não é terminar na solidão

Entre as fragas do rio correm as águas
Turvas e claras é como a lamparina que
Clareia a dor no meio da escuridão e da solidão.!

Inserida por IsabelRibeiroFonseca

O Amor é como a flor.
Tem que ser regado para não secar
E acariciada para não morrer.

❤ ❤

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CHUVA DE OUTONO

A bater na minha janela
Gosto de sentir os pingos da chuva
Ao olhar para a rua eu vi-me
Naquelas folhas secas....
Sem vida, que são varridas pelo chão.....
No silêncio, eu não ouço os meus gritos.....
A solidão, é como a chuva que admiramos
De vez em quando há necessidade de chorar......
E quando a lua, as estrelas e o sol brilham..
São a luz que sentimos, na alma e no coração......
O importante é não olhar para as estrelas como cruzes....
É sentir a cruz que carregamos....
Como os pingos da chuva da nossa própria solidão.

Inserida por IsabelRibeiroFonseca

LONGE DE TI

Já não conheço o meu rosto
Já não conheço o teu rosto
Não quero morrer longe de ti
E tu não morras longe de mim.

Inserida por IsabelRibeiroFonseca

SENHOR

Senhor, neste novo dia
Perdão senhor porque
Sou uma pecadora, perdão
Porque cometi muitos erros
Perdão pelo mal que eu já causei

Eu quero louvar-te com todo
O meu coração, quando não
Posso ouvir-te, o teu silêncio
É como as nuvens que escondem
O sol e tornam, o meu dia tão

Tão escuro quanto a noite
O teu amor é tão grande que
As ondas do sofrimento não
Chegarão até mim, peço-te com
Toda a minha alma que aumentes

A minha fé, prostro-me aos teus
Pés. Tudo o que eu tenho é teu
Quero viver para ti, pensar
Só em ti, tu és aquele que
Levantou-me quando eu caí

...........Guia sempre todos os meus passos.

Inserida por IsabelRibeiroFonseca

AMAR, SONHAR E VIVER

Quero sorrir, amar, viver
Porque não tenho tudo, mas
Não me falta nada, sinto-me
Amada e sei viver, dos meus
Poemas que guardo, do cheiro
Do café, das manhãs doces
Da terra molhada, depois da chuva
Das ruas desertas de madrugada.

Das noites em que o silêncio tem
O tom de um poema feliz e triste
De amor, as horas que envelhecem
Ganham pó, ganham asas, ganham
sorrisos e eu e tu no silêncio de mãos
Dadas, só um resto de amor e paixão
Que ninguém sabe que existe ou existiu

..........Sinto falta de tudo, de nada.

Inserida por IsabelRibeiroFonseca

SENTIMENTO DE UM SORRISO

As águas passadas, não movem
Moinhos, as pedras cruzam-se
No caminho, com o teu sorriso
Encantei-me, com a tua voz grossa
Apaixonei-me, de te ter junto de mim
E sentir-te, dos sentimentos
Que dominam-me, que envolvem-me
Com paixão e amor, com a tua ternura
Enfeitiçaste-me, com o teu olhar
Deixaste-me com fome de sentir
A tua boca doce, com o desejo de sentir
As tuas mãos e o desejo de sentir o teu
Coração bater, de esquecer o mundo
Só para estar contigo
Meu amor, minha paixão, minha saudade.

.......... Ama-me simplesmente.

TEMPESTADES

Quero gritar para o vento
Nesta imensidão de emoções
Grito com todas as forças
E liberto-me desta solidão

A mágoa que persegue-me
E as minhas lágrimas que
Caem pelo rosto, lavando-me
A alma, deixando-me mais leve

Não vejo nada, apenas esta imensa
Escuridão, que apoderou-se do
Meu coração Quero fugir
E libertar-me destas amarras

Que prendem-me de sentir esta
Dor imensa, que leva-me para o fundo
Deste poço escuro que é a solidão
Que apaga a esperança que tenho

Por dentro da minha alma perdida
Quero sair daqui e ser feliz
Encontrar a alma que perdi
Ela quer, ser encontrada, para voltar

.........A sentir brisa do vento.

Inserida por IsabelRibeiroFonseca