Isabel Morais Ribeiro Fonseca
Os nossos filhos são
As mais (...) belas flores
Do nosso amado jardim
São seres emprestados por DEUS.
AROMA FORTE
Escuta-me em silêncio, ouve o meu silêncio
Entre o molho holandês refeito pela segunda vez
Palavras ditas, silenciosas no olhar de altos e baixos
De embalados morangos doces do nosso Alentejo
Chá fresco ou quente com hortelã pimenta, no quarto
Fogo de pensamentos entre paixões e desejos nossos
Amante amoroso, sentinela dos teus, dos meus sonhos
Cúmplice na alma, canela posta no arroz doce ou aletria
Quente corpo nu, cantos sonolentos que gritam a raiva
Sonhos trancados, açúcar queimado no doce leite creme
Perdida paisagem no deserto de agitação estéril de ilusões
Doce de abóbora com requeijão, leva à loucura qualquer paixão
Noite de poucas palavras no sentir como um amor infinito
Escuta-me em silêncio, ouve-me em silêncio ao vento
Na imaginação das lembranças maravilhosas perfumadas
De rosmanhinho na abnegação de não conseguir suprimir
A curta distância de um delírio no aroma forte de gengibre.
Escuta-me em silêncio
(...) ouve-me em silêncio ao vento
Na imaginação das lembranças maravilhosas perfumadas.
Amante amoroso, sentinela dos teus, dos meus sonhos
Cúmplice na alma, canela posta no arroz doce ou aletria
Não tenha medo de perder um dia da sua vida
Mas nunca deixe fugir (...)
-ou perder a sua vida inteira.
Construimos um castelo, a volta do nosso amor
Como uma muralha, nas margens do rio
Para não deixar o sofrimento entrar.
SOZINHAs ESTAMOS ESTAREMOS
Eu sinto a minha existência em qualquer lugar
Mas se eu não perceber morro a ouvir os teus passos
Um dia partirei para longe deste mundo sozinha
Mas pretendo deixar um pouco de mim no teu ar
Eu já sei, sei que ninguém morrerá comigo
Nas brumas, dos dias, das noites, esta minha alma partida
Por palavras sentidas nesta noite, sem vestígio de alegria
Pensamentos presentes com sentimentos de saudades tuas
Na esperança de um desabafo que continua escuro
O meu mundo é uma sintonia que procura por ti
Que me faz querer-te, que me faz dizer, o que sinto
Um dia partirei, eu já sei que ninguém morrerá comigo.
Ser mãe é amar alguém incondicionalmente
Assumir de Deus o dom da doação
- (...) - é ter a dádiva do dar
É ter uma missão que dói a vida inteira.
Que o Senhor vá por onde não podemos ir
- Ou não queiramos ir
E faça o que nós não podemos fazer
- Ou não queiramos fazer.
"Oh meu Deus que o meu primeiro
- Cumprimento do meu dia seja teu"
(...)
"Oh meu Deus que o meu ultimo
- cumprimento do final do meu dia seja teu"
TU ÉS AMOR
Tu és o meu caminho, a minha quimera
Tu és o meu vinho, o meu maior vício
Tu és o meu bálsamo de aroma benigno
Tu és a minha flor mais perfumada
Tu és o meu barco que navega à deriva
Tu és as gotículas sedentas da minha seiva
Tu és a minha sinfonia das pétalas de rosas
Tu és a minha textura morna das próprias letras
Tu és o espaço aberto das doces palavras
Tu és o som inacabado de uma bela canção
Tu és as linhas escritas do meu destino
Tu és o verbo amar ditado em versos
Tu és o meu afago no coração de carinhos
Tu és o desejo rasgado no meu peito
Tu és a minha inquietude na minha alma
Tu és o meu mundo pincelado de cores
Tu és a minha poesia de vários sabores
Tu és uma procissão alegre que dança um tango
Tu és a razão da minha existência no infinito
Tu és a minha doce melodia que dá cores à vida
Tu és a minha doçura nas noites cheias de felicidade
Tu és o meu violino que toca no meu corpo.
NEGRAS VESTES
Oh voz poeta dos meus versos
Palavras mortas em letras já nossas
Na troca dum piscar dos teus olhos
Oh dor que rasgas as vestes negras
Oh dor cruel, da minha pobre alma
Beijas-me enquanto brotas sangue
Noites nas lágrimas, no meu lençol
Oh mágoa perdida nas negras vestes
Oh dor que teces um fio num rio
Caminhos sombrios, rumo ao mar
Que nasce do teu talvez desengano
Dores soltas no espaço sem tempo.
Oh noite, que vestes já de negro
Os meus versos de letras mortas
Poesia no dilema feita em prosas
Na troca do sim, pelo talvez não
Onde rasgas as já negras vestes.
Oh dor, que eu não te escuto mais
- Nem te quero mais escutar
Não queiras saber para onde eu vou
- Porque eu só vou onde esteja o amor
(...)