Antonio Montes

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MINHA ESCADA

Meu viver n'essa vida
é escada cheia de degraus...
A cada passo uma ferida,
e a cada passada uma dita
... Me levando aos cambal.

Vou indo assim, sem pra que
em meio do bem e do mal
a cada rumo, do meu querer...
Eu adentro em meu carnaval
... Para esquecer esse viver.

E n'essa escada, as quinas
me reduz à minha dimensão
mostra-me que a vida rima
quando é amplo o tal quinhão.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

CABOCLO

Eu sou caboclo,
e o meu feijão de toco...
com nó nas quatro pontas
Eu carrego para o terreiro.

No lençol todo bordado
com suor dos quatro lados
e bato as vagens no cambal.

Peneiro grãos com a peneira
ou com prato jogados aos ventos
e a tarde no fim da caseira
na cadeira, eu me assento.

Ali refaço meus planos
viajando em pensamentos
eu sinto o vento na área
com a felicidade por dentro.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

ORDENS DESORDENS

As ordens todavia...
São para colocar ordens na ordem
ou até...
Para colocar desordens na ordem.

Se meu mundo gira,
em minha desordem...
Para que impor
a sua cansada ordem...

Se estamos na rua da desordem
o silvo e o grito, são ordem,
ao mesmo tempo, em que são...
Desordens para os hospitais
e pára o hospício.

Se estamos no atelier do artista...
a ordem, é a desordem
d'aquilo fora das vistas.

A ordem é assim pra mim
e a desordem para ti.

É preciso desordens...
P'ra se eleger, p'ra prometer
p'ra colocar, ordem na ordem.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

MÁGICO SOPRO

Aquele moço, moco...
Que já não era assim, tão moço
de pensamentos poucos...
Meio broco, quase loco!

Por muito pouco!
Não deu pipoco fosco,
mas, fez promessas de enrosco
e colocou a vontade sobre o toco.

Depois... Ficou esperando
que o vento te lembrasse
com seu mágico sopro.

Antonio montes

Inserida por Amontesfnunes

FALAS DE FAIXAS

Essas faixas, contínuas
amarelas caladas, elas...
Falam, sem falar nada.

Falam e também guiam
pelos reles confins
dessas longas jornadas.

Essas faixas paralelas
desencontra sem afronta
e nuca mais se encontra.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

PISA, PISA

Pisa menino, pisa...
Pisa porque se não, lhe dou uma pisa
para que possa voar nos passos
ir n'um pé e voltar n'outro
solto e leve como pássaro
rápido, como nave no espaço.

Pisa menino pisa...
E eu fico aqui com minha cisma
a muito, isso foi minha sina
voar como se tivesse asas...
Pisar como se pisasse em brasa.

Pisa menino pisa...
Não deixe o tempo lhe pisar
não se doe de bonzinho
nem ame, mais do que possa amar
porque se você não pisa
leva pisa pra respirar
e amando irão te esmagar.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

MIL AMORES

Esse olhar que me zomba...
Terá ondas que me tromba
como bala atirada das sombras
em miragem de léguas, que me leva
como restos de dejetos, sobre a terra.

Esse olhar que me enterra...
Me colocando nas trevas, aterra-me.

... Já esse olhar... Ah esse olhar!
Esse olhar que me olha como se eu fosse
um horizonte florido...
Esse olhar me carrega sobre o céu,
me vê como diadema, e me enche de cores
Me olha cintilando como estrelas no ar
e me entorna em carinho de mil amores.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

BELA DOS SONHOS

A bela adormecida no meu jardim...
Um dia despertará do seu profundo
sono, sonhando...
Sonhando com suas reticências
seus adágios, substantivos, hiatos
e adjetivos.
Nesse dia a bela, se encherá de flor
e irá florir com seu encanto
irá cintilar em pétalas como estrelas
e colorir-se como cores do arco-íres.

A bela adormecida em meu jardim...
Terá a minha marca, será só minha,
e um dia se encherá, de notas, tremas,
frases, ditongos e fonemas,
Nesse dia... Navegará aos ouvidos dos
quatro cantos do mundo e transbordará
meu nome sobre o céu.

A bela adormecida em meu jardim...
Eclodirá em seu parto com seu recital
provocará lágrimas de sensações
aguçará sentimentos e arrastará
almas através das imaginações.

Antonio Montes

JOÃO DO MUNDO

O João do mundo
já faltando parafusos...
Pegou o mundo furado,
bateu o seu cadeado
e jogou a chave no lago
das esperanças e sonhos...
De um mundo cheio de marca
e de um povo demarcado.

Depois saiu a rodar
pelo mundo, já cansado
rodando em passos sem fundo
e por tudo que tem no mundo
girava atrás de um futuro
de um mundo sem escuro
e de passos todos seguros.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

ONÇA SONSA

Uma onça sonsa...
Escondida na pedra
com sua roncada manca,
enquanto dorme, tonta...
Manda seus olhos de bronca
para aquilo que te afronta.

Com suas pálpebras de enfoco
jogada por cima da ires
não se atrapalha com focos
nem se enrosca em seus desvires.

Uma onça sonsa...
minguada... de sal, insossa
sem os inteiros temperos
olha o bocado fadado
já salgado em sua boca.

Se já viu, tem que pegar
tudo é seu em seu terreno
o seu bote é de amargar
sua dentada é de veneno.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

MINHA ALMA

A minha alma tem lagrimas
que outro ser não pode ver
é com tristeza n'essa cara
que mostro lagrimas a você.

São lagrimas causada de dor
a derramar-se no peito meu
águas que, se transformou em
sangue... Devido o seu adeus

Eu choro com a minha alma
lagrimas que não molha o chão
se meus olhos não vertem água
é porque choro com coração.

Minha alma também voa
com asas dos sentimentos
voa pelo norte, sul e a toa,
sob o tempo e os ventos.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

RENDA DO SERTÃO

Mulher rendeira de renda
arrenda terra no sertão
a renda que tu propaga
não paga meu coração.

Vou arrendar a casaca
arremedando solidão
o remendo d'essa ingrata
remendou o meu coração.

Arremedarei essa vida
no verde dos planos meus
e se houver a partida
partirei lagrimas, adeus...

E nesse sertão tão vasto
reina a seca, junto ao sol
os passos por velhos pastos
passeiam pelo arrebol.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

MEU QUINHÃO

Meu retrato na parede...
Não bebe água, nem sede
a esperança em seu olhar
todavia, vive verde.

É terra seca rachada
é pesadelo sob rede
cabo seco com enxada
e esperança, toda verde.

É vento secando sertão
estrada que passos prende
é fé amarrando coração
é aprende no seu alpendre.

E o velho prato da casa
sobre mesa, seu esmalte
tudo exposto na tabua
com tabuada de quilate.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

INEXO

Os leões eleitos...
Rugem em seus tronos,
regem leis em suas alcovas
e chegam ao nirvana
com seus profanos planos.

Os leões eleitos...
Uma vez no comando
inicia o seu desabono...
Se propagam com a misera
dos outros, e tão logo no pedestal
entram em delírios com os ossos.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

ENLAÇO

Eu me enleio
e me entorno em arrepios,
nesse arreio...

Duas taças ao meio
rebuliços nos entremeios
de dois seios...

Eis aqui,
os desejos
do alheio.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

IMPOSTADO

No baque do quebra mola
quebrei a mola das molas
na ingeria desse amola
valei-me Nossa Senhora?!
peguei a pedra de amolar
amolei o fio da hora.

Prejuízo a mim posto
sem gosto, fiquei insosso
e com os ossos todos soltos
dos sopapos, ai seu moço!
Aonde parou o imposto?
impostado pelos outros.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

SENHORA DAS RIMAS

Senhora poesias das quatro estimas...
Me anima em suas rimas
Alinha-me nas estrofes de baixo
assim como, as estrofes de cima...
Que essa parteira, cuida da parida
e embale em seus braços,
as filhas saídas das rimas.

Que reacenda as estrofes...
Que enfoque os fonemas,
cite coisas do sul...
Assim como as coisas do norte,
não cite a mim! Pois sempre fraco...
Passeei e passei, por longe de ser forte.

Senhora parteira das rimas...
Me ensina a parir poesia
... Me delas como crias da mina cria,
assim quem sabe... Perante as fantasia
... Minha vida um dia, existiria.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

DESEMPREGO

Desempregos, desempregos,
Expandiu... Expandiu,
pelos quatro cantos do mundo!
Homens ou as maquinas? Maquinas!
As maquinas apropriaram dos trabalhos
dos seus espaços, dos seus sonhos
agora tornaram dona do seu sono
e dos seus passos...
Sem maquinas... Sem café, sem pão
sem roupas, e até, sem compaixão.

Desempregos, desempregos,
sob as margens da vida...
Brota como se fosse,
erva daninhas, paridas, ou bombas...
A matar de fome que toma a felicidade
que tromba com a esperança
que explode e arromba...
A vergonha de quem se toma.

Antonio Montes

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DESEMPREGADOS

Meu pai, esta desempregado
minha mãe, esta desempregada
meu irmão, mais velho...
Esta desempregado.
Desempregados também estão...
Meu tio e minha tia,
o meu padrinho, esta desempregado
e o meu vizinho, todo dia sai sedo,
para caçar o tal emprego.

Minha prima formou-se na universidade
e agora descobriu que formou-se também
no rol dos desempregados...
Todos os dias, ela distribui um monte de
currículo, pela cidade, e nada de ser chamada.

O povo todo agora estão se transformando
em nômades dos contratados de trabalho...
Ficam para lá e pra cá, na busca do tal
emprego, se querem emprego, terão que
abandonar a família e ir em busca de
contratos em outro lugar de origem.

Eu! Emprego... Quem dera, mas, tenho
menos de dezoito anos e por lei...
Não posso me empregar!
Alem do mais, falta-me experiência
e para se empregar, tem que ter experiência
... Como terei experiência se não tenho
a chance de se empregar para trabalhar?

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

PEDAL DO TEMPO

Lá vai ele...
Pela noite afora
não sabe a hora
não pensa o agora
... Descida abaixo,
não se aquieta
nem quieta!
Chulep, chulep...
Com a bicicleta
vento na venta,
frio na testa.

Passa estrelas...
Passa lua
passa calçadas
da velha rua...
Passa praça
sono e guarda
passa com asas
passa em casa...
Passa medo
das sombra sua
e os segredos
da falcatrua...

Passa vida...
Pelas carreiras
água fervendo
tampa e chaleira,
lá vai ele
com suas asneiras
passando o tempo
passa de balde
em sonho não sabe
que tudo e besteira.

Chulep, chulep...
descida abaixo
pedala, pedala
sempre por baixo
descendo avenida
as placas dos planos...
elas falam e não fala,
nem se da conta
que com sonhos vai
estão te levando...
Como nossos pais
... Seus anos e rugas
chegando, chegando
costas de tartarugas...
Lutando, lutando.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

MOMENTO DOCE

Contigo:
Eu queria um momento doce...
Para me lambuza em seu desenho,
me delirar em seu rascunho
e demarcar o tempo...
Com gemidos, e alucinações
dos ardentes desejos.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

PERMEIO DE SAUDADE

São ruas calçadas e praças,
com seus jardins...
Com suas flores...

É gente que vai
é gente que passa,
namorados, amores...

E eu aqui, n'essa solidão
permeada de saudade
o timbre dessa verdade...
É de doer meu coração.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

RODA DA COMUNICAÇÃO

Seu veículo de rodas, rodando...
Não será tão importante,
como seu meio de...
comunicação, comunicando.

Mas as rodas, irão lhes comunicar...
Que o seu tempo, comunicando
... Parou de rodar.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

VERTIGENS

Em seus lábios
Me adocei...
Lambuzei-me no seu corpo...
Tive vertigens?
Não sei
O que sei é:
Que te amando...
Te amei.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

REACHEI

Me perdi...
Nos caracóis dos seus cabelos.
Me achei do seu corpo,
E pela anciã da sua volúpias...
Cai em desespero.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes