Antonio Montes

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NA GAVETA

A minha gaveta velha,
além de rígido para abrir e fechar...
ainda guarda cacos e cacarecos
e grilos que vivem a rondar.

... Peças velhas, recibo de frete
bilhetes de escrito amassado
cartas manchadas, confetes
de um eterno carnaval passado.

Grampos e bob's para cabelos
um broxe estorvando um canto
guarda também um lenço branco
que um dia, enxugou seu pranto.

Pregos, canetas, tachinhas
ate uma meia velha, vi ali,
ali só tem coisas minhas
mas tantas, que nunca vi!

Um enredo de um segredo
segredo que quis preservar
... Preservar, todavia é sedo
para um dia, em segredo chorar.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

A LÍNGUA

Minha língua,
minha dita, me edita,
as vezes medita informal.

Minha língua sem sal
em saliva com sal... palpita,
Por bem, ou por mal.

Essa língua maldita
com sua dita edita...
Um caótico carnaval.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

TINTA A PINTA

Toma a tinta, pintor e pinta
... As pintas da minha janela
colorindo-as com essa tinta
do tinteiro sempre d'ela.

Eu já perdi minha cromática
estou sem degrade e sem cor
meu amar, foi uma chibata
que cutelou o meu amor.

Agora perdi o horizonte
e sem o ramalhete do rei sol
não colorearei os montes.

Estou opaco nos rascunhos...
Rabiscos, com altos relevos
sem tato sem ar nem punho.

Antonio montes

Inserida por Amontesfnunes

SER POETA

Ser poeta é:
Simplificar as fazes e as estações,
amiudar os amores e as saudades,
medir o tempo e as tempestade
ouvir o medo e achar a verdade.

ser poeta é:
Pespontar as pontas e demonstrar
as verdades,
ser feliz mesmo quando as flechas
apontam para a sagacidade.

Ser poeta é:
Ter sonhos e sonhar
ser sonhador acreditar no amor
adaptar-se a vida e amar.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

POETISA BÊBADA

A poetisa bêbada
em sonhos com as favas
bebeu todas suas magoas,
e no tempo medonho
... Magoada, sonhou.

Sonhou com suas trelas
entre cânticos e velas
sonhava vela nas estrelas
o mundo e seu inventor
e voar com seu amor.

A poetisa bêbada...
Bebeu, poucas e boas
e em sua garoa louca
bateu o mal da sua roupa
com sua boca rasgou.

Rasgou o verbo, rasgou frases
Embarcou em sua viagem boa
navegou sobre seus mares
e com poemas e suas penas
encheu a sua velha canoa.

A poetisa bêbada...
Em noite enluarada
debruçou sobre a calçada
chorou seu mundo, seu tempo
e todo seu sentimento
sob o vento, ela jogou.

Das agonias dos seus dias
poetou as suas falas
amarrou-se em fantasias
e das palavras, fez sua casa.

Antonio Montes

ATERRO-ME

Nos meus inúmeros erros...
Ou em meu escuso terno
eu me aterro.

Me aterro em silêncio
encapuzado no meu tédio.

Me aterro em meu segredo
ou em meio, dos meus berros.

Quando me aterro em meu aterro
... Eu tenho medo.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

NA LUA

Ih!!! Tem muito lugar p'ra ir
e eu vou... Vou sair daqui
vou por ai...
Quem sabe se lá p'ra onde,
se, a pé, ou se, de bonde.
Aonde a gente se esconde?
Sozinho , ou com o conde?

Eu não sei se vocês, mas...
Tudo que sei de mim,
É que estou, próximo do inicio
e muito mais do fim,
e que, qualquer dia
... Desse mês...
Chegará a minha vês
E eu... Há, eu vou sair por ai,
com aquele velhos giz...
Colocando pingos nos is.

Antonio montes

Inserida por Amontesfnunes

PASSAGENS

O que dizer a vocês...
Direi que vida é isso, vida é assim
... Um tempo mais,
outro tempo menos,
um dia somos embalados,
outro dia freados...
Se hoje rirmos muito...
Amanhã choramos.

A vida é isso, isso é vida!
E diante da vida, teremos que esta,
preparados para viver.

Particularmente, eu não culpo...
A mim, a ninguém,
muito menos a você...
Estamos vivos e viver é errar e acertar,
isso é vida!
E diante da vida, não podemos ser iguais,
nem os dedos das mãos podem!
Que feios seriam se fossem.

Avante gente, avante!
Saúde, vamos a luta...
Vamos está, vamos marcar ,
estamos passando, por aqui
vamos deixar as nossas marcas fluir...

Uma vês saindo daqui,
nunca mais voltaremos a existir
nem por segundo...
Momento, minutos hora ou mês
Não se esqueça que...
Só se vive uma vês.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

FAMÍLIA, FAMÍLIA

Meu pai,
minha mãe... Família!
Família, mostrou, a minha trilha.
Nesse mundo,
N'essa strelitzia vazia
Esse mar de maresia
essa pia, quanta azia!

Família, minha alegria,
Meu caminho, minha guia
preenchimento d'essa vasilha
vasilha torta, toda esguia...
Família, minha família.

Antonio Montes

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ESCORREGO NO CHAMEGO

Me escorrego no chamego,
escapulo do meu ego,
Vesgo no meu apego, não négo.

Me apego, como prego
se me levo nesse leve escorrego
fico sonso, fico grego.

As vezes, insisto no perigo
eu existo, eu persisto...
Também, sou filho de cristo.

Se escorrego no meu apego
nesse apego eu me aprégo
no meu prego, me escorrégo.

Nesse eco igual ferro
do meu breque, eu desbeiço
pelo této, pelo beiço e pelo berro.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

A BUSCA

Agora que já vim...
Estou aqui assim, mas para ti,
nada... Nada além de mim.

Devolva meus beijos
meus apertos e meus abraços,
devolva-me, meus desejos...
D'aqueles gostos gostosos
dos chamegos e calhamaços.

Devolva-me...
Os carinhos carinhoso
o escondido nervoso
e as horas dos nossos ensejos...
O crepitar tremulo do corpo
aquele enrosco louco
que a muito tempo eu não vejo.

Agora que já vim!
Devolva para mim, apertados...
aqueles fungados molhados
junto ao tempo passageiro
nossos momentos caliente's
o desinibidamente da gente
e os segredos por inteiros.

Agora que já vim, devolva-me...
o outrossim das nossas chamas
a volúpia d'aquela gama
o isolamento do nosso tempo
nos lençóis d'aquela cama,
devolva as frenesias
faça eu voltar n'aqueles dias
aonde vivi alegrias.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

CHIBATAS DE VOLÚPIAS

Se me chama com sua chama...
Essa chama que se esparrama
e com sua labareda, me encandeia...
Estapeia-me com seu afago
nessa anciã que me inflama
como lobo na lua cheia.

Se me chama com sua chama...
É essa centelha de fogo de sereia,
as vezes me queima em lance de dama
E se esbalda em nossa cama
como se fosse grãos de areia...
Sob ventos na praia
e chibatadas de volúpia na peia.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

NOTICIAS QUENTES

Olhe o jornaleiro!
olhe o jornal!
Por ser de hoje, esta quente...
Traz noticias do bem e do mal
aborda as questões do lixo
e a corrupção do hospital.

Abrange pela cidade
o espanto que quer que seja
fala das atrocidades
ate mesmo das igrejas.

'Lá no lixão tem um corpo
e um nenezinho ensacado
o povo estão mesmo locos
compactuando com o diabo'.

A política é um desfruto
dando frutos aos marginais
a coerência esta em bruto
o amar virou carnavais.

O salário todavia pequeno
com um só aumento anual
o povão vive de sereno
tratado como animal.

Olhe o jornaleiro!
Olhe o jornal...
Fala da ficha critica
e da tal corrupção
e os eleito no limpa, limpa
sem caratê para nação.

São chamados de desviadores
levando tudo que tem aqui
depositando lá fora horrores
de din, din do nosso país.

Tem adeptos dos evangélicos
estrupando a direito e a torto
o populismo demográfico bélico
estão tentando parar com aborto.

Trabalha-se dia e noite
para pagar o aluguel
paga-se imposto torto
paga-se também o fel.

Enquanto marido trabalha
vizinha no pula, pula
a vida virou gandaia
e articula pela gula.

Tudo virou prestação
de carro, casa, água e luz
nem vêem que a mão do cão
esta lado a lado com Jesus.

Olhe o jornal...
Olhe o jornaleiro!
O que acontece por aqui
esta acontecendo ao mundo inteiro.

Antonio Montes

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CONFINAMENTO HUMANO

Nesse quadrado de embargo
a liberdade, eu vivo...
Vivo fechado:
Entre muros arames farpados
cerca elétrica, paredes e grades.

Esse confinamento...
Alerta a minha confiança,
nada de mão,
nada de bom dia, boa tarde
Isso é mesmo de doer a felicidade,
magoa os meus planos de viver...
Essa triste aglomeração das cidades.

Antonio Montes

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LOROTA

Voote menino, o que, que é isso,
p'ra onde tu vai assim abestado!
Com esse aperriamento todo...
Oxente destraido, não me escutou!
... Cabra da peste, venha cá?!

_ Não posso, não senhô...
To agoniado, indo pra roça
arrancar um pé de macaxeira
para fazer, tapioca e pé de moleque
e outras resenhas.

_ Deixe de lorota, indiota
Infeliz da costela oca...
E para de zunir pedra na água
deixe de aperreio e me traga
A cuia cheia de fava.

Vá num pé, e volte n'outro
você é um abiúdo novo
deixe de abusar, vá as carreira
passe acolá, n'aquele pé de bananeira
e traga também, minha algibeira.

_ Ôxe painho, assim...
alvoroçado mais que o vento
Nem com São Bento, não agüento
hoje, eu não estou arretado
não posso voar nesse estado.

_ Eu já estou com a molesta
deixe d'essa fuleragem toda
calce as alpercata e arroche logo...
Seu bregueço, cheio de miguê
avia! Abusado presepeiro.

Antonio Montes

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TRÊS POTE

Saracura, cantou na beira do rio
... Três, potes, três potes
Três potes p'ro rio do norte
... Fazia frio,
no dia de estio...
Saracura desagasalhada,
não tinha sorte.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

LEGADO

Morre o poeta,
e suas estrelas ficarão...
Como palavras no jardim da vida
e como pétalas coloridas no coração.

Tornar-se-ão...
Alvos fincados no tempo
flechas projetadas ao futuro
versos tricotando alento
e acalanto de um manto seguro.

Morre o poeta...
E suas setas, petrificam os rumos
suas palavras, bordam o céu de arco-íres
e suas poesias, edificam os mundos.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

DÁDIVA

Ser mãe e dona de casa...
Conselheira e sofredora
chorar, enxugar as lagrimas
mulher rendeira ou redentora.

Do sertão ou do agreste
da cidade ou pervertida
parceira do cabra da peste
mulher é símbolo da vida.

Mulher é dádiva divina
mãe do único redentor
por Deus, foi escolhida
pára sofrer a sua dor.

Antes que a vida se acabe
não tem ferias nem descanso
se a turbulência te invade
seu chorar ainda é manso.

Antonio Montes

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NA BAMBA

Porque me toma,
na bamba me zomba
com essa tromba
com cara de bamba.

Pitombas! me ronda
n'essa quizomba...
Toma e arromba
na onda de banda.

Porque me toma,
e estronda bomba
na bamba banda...
Na unha de panda.

Antonio Montes 05/03/17

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MENINO TRAQUINO

Quando pequeno
a mãe sempre com grilos,
sobre seu esguio menino...
Filho, filho, filho
filho meu,
meu filho!
Não faça isso,
não faça aquilo,
não faça aquilo...
Nem isso.

Isso é ridículo!
Aquilo dá enguiço,
filho não faça aquilo...
Filho não faça isso!
E o pequeno franzino...
Cheio de mimos esguio
em tino pelo seu caminho
torna-se, menino traquino.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

PENEIRA SOPRADA

De pano de saco,
um bordado... Ponto cruz
no bastidor, ponto de marca!
Feitos perdido no tempo...
Um fim no convivo das matriarcas.

Uma casa beira chão,
no terreiro...
Galinha cheiro-verde pimenta
... Home, homem... Soque pilão!
Mas não sopre a peneira,
com a sua venta.

Antonio Montes

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PEDIDO MELEIRO

Garçom...
Eu quero uma mesa no canto
aonde calado eu possa chorar
... O encanto d'essa saudade.

Quero enxugar meu sentimento
em silencio com meu mundo
fundado em minas verdades.

Garçom...
Aquela mesa afastada
para lá eu esconder as lagrimas
perdidas pela minha amada.

Relembrar com recordação
do tempo em que meu amor
viveu intenção paixão.

Antonio Montes

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NÃO E SIM

Desde, que o mundo é mundo
E falas que falam, são falas...
Os mudos podem falar
pelas falas que não fala.

Antonio Montes

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ESSA MULHER

De Maria ou de linda
lá vai ela pela vida...
Enxugando toda lagrima
de mais uma vida querida.

Viveu no jardim do EDEN
vi o seu filho sofrer...
Rainha da manjedoura
mulher, a mãe de você.

Ouviu as correntes da noite
tilintar pela esperança...
Os sentimentos sobre açoites
pela falada esperança.

O amanhã, ao amanhecer
sobre os braços do mundo...
Ofereceu a vida pra morrer
só para salvar o oriundo.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

MULHER E SEUS TREJEITOS

Mulher rir, mulher chora
mulher entristece quando vai embora.

... Toda mulher...
Já pegou no colo
acarinhou com jeito
amamentou no peito
já chorou por amor.

Toda mulher...
Tem a sua magia,
seu modo de fazer e acontecer
o amanhecer de seus dias.

... Tudo que a mulher faz
e bem feito, ela tem o...
Defeito de fazer direito
os jeitos dos seus trejeito.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes