Ângela Beatriz Sabbag

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Ela é singular, não conjuga, não compõe, mas deriva.
Dela derivaram crias e crias da cria. Ela também cria, e com tanta intensidade que contagiava a quem a conhecia.
Ela é singular, não flexiona também em gênero, mas em grau...uau! Tudo tem uma dimensão colossal.
Ela é singular, é um fado, um bolero ou um tango, pois suas notas denotam a melancolia desses gêneros que ela nem aprecia.
Ela é singular, ama músicas que lhe fazem brilhar os olhos, do pop ao rock, ela é muito reggae.
Ela é singular, ela voa, ela viaja, ela flutua, e flutuando alcança a lua. E se a lua é cheia, ela se enamora e não percebe o passar do tempo e o andar da hora.

Inserida por AngelaBeatrizSabbag

Ela estava sentada em sua poltrona favorita, aquela colocada no canto da parede do seu quarto mágico.
Fazia frio nessa época do ano, já estava no outono, ela deixou apenas uma luz discreta acesa e segurando uma taça de vinho seco, ficou horas fixando o nada.
Estava decidida a ficar ali, no seu mundo particular, principalmente agora que havia finalmente conseguido calar as suas inquietações.O vinho acabou e ela só saiu daquele lugar por tempo suficiente para buscar outra garrafa de vinho na adega.
Hoje ela não estava alegre como de costume, mas também não poderia dizer que estivesse triste, estava apenas esvaziando-se de tudo de velho que carregava dentro de si à espera de novidades.

Inserida por AngelaBeatrizSabbag

Liv saiu da sua sala de banho vestindo um roupão de toalha bem felpuda. A cama já devidamente preparada a convidava ao descanso. Ela se aproximou, deixou o roupão escorregar do seu corpo, e languidamente escorregou para debaixo daquelas cobertas quentes. Essa noite não ia ler antes de dormir, ia fechar os olhos e ficar sonhando acordada até que o sono chegasse.

Inserida por AngelaBeatrizSabbag

Quinta-feira, já te amei muito mais. Acho que amores como tudo têm prazo de validade. Talvez o que sempre senti por ti fosse paixão, pois que as segundas-feiras, continuam a me encantar. Bem verdade que é um encanto sem "frisson", sem alvoroço...acho que sinto pelas segundas amor, pois é estável e morno, mas mesmo assim me despertam a vontade de viver, principalmente por morrer a cada domingo.

A vida não tem compromisso com a justiça. Veja você, começa hoje oficialmente o inverno que já começou extraoficialmemte em mim já no outono. O noticiário já nos previne que esse inverno será mais rigoroso que o passado, e para coroar meu romantismo indigente, vi há pouco a mais bela lua cheia, vista após anos de ais e uivos.

Inserida por AngelaBeatrizSabbag

Claro que te amo!
Caro, sempre te chamo;
Meu pensamento tenta em vão te enlaçar;
Repito para mim mesma que o que tiver que ser será...
Noites insones de tanto desejo de ti;
Quero antecipar o amanhecer!
Minha esperança resiliente faz-me vê-lo aqui.

Inserida por AngelaBeatrizSabbag

Nesses dias, aquietada à deriva do curso desse rio, contemplativa, vazia das questões impostas pelo cotidiano, fito o céu que murmura azul, vejo o sol como se estivéssemos sendo apresentados, e não consigo calar a única verdade que eu não queria mais ouvir: ainda amo você!

Valas...Velas;
Velas...Valas;
Valei! Velai!
Valas...Velas;
Velas...Valas;
Velai!
Valei!
Ficai atento, vigiai e façai viger a lei do amor.

Inserida por AngelaBeatrizSabbag

A velha senhora continua em sua redoma de areia. Aproxima a data de seu natalício de quase um Século e ela ainda crê piamente que é uma baronesa. E que se danem as rainhas e princesas, pois com incomparável arrogância é bem recebida até por aqueles que teriam todos os motivos para colocarem uma dose generosa de cicuta em seus alimentos, mas acha que educação é subserviência e não a mais expressiva demonstração de nobreza.

Inserida por AngelaBeatrizSabbag

⁠Escrito nas Estrelas
Eles já eram amigos virtuais há um certo tempo mas nunca se aproximaram, a não ser por intermédio de uma disputa de músicas que faziam online. Não moravam na mesma cidade, tampouco no mesmo estado, e havia entre eles um diferença econômica abissal.
Certo é que numa certa noite ele veio falar com ela e perguntou se ela não tinha uma amiga para apresentar para ele, pois ele havia terminado um relacionamento de longa duração. Ela aproveitou o ensejo e fez eco a pergunta dele. Ambos riram, e depois ela percebeu que ele lhe fizera essa pergunta para saber de maneira discreta se ela era comprometida. Isso ela percebeu porque no mesmo instante que ela lhe fizera a mesma pergunta ele começou a fazer-lhe a corte.
Dessa noite em diante nunca deixaram de se falar um dia sequer, e à medida que iam conversando e se revelando mais e mais um para o outro, parece que a admiração recíproca que mantinham só ia aumentando.
Tenho a impressão de que a mulher transforma o sentimento da paixão em amor muito antes do que os homens, tanto é que ele ainda estava no auge da paixão por ela e ela já vivia suspirando pelos cantos de amor.
Como não se encantar por um homem com quase a mesma idade que ela, um ou dois anos mais jovem apenas, que lhe declarava sistematicamente que não suportava menininhas, que gostava até de mulheres que fossem muito mais velhas que ele, como não se apaixonar de imediato por um homem que pensa e age como todos os heróis românticos mais desejados por onze entre dez mulheres. Um homem ocupadíssimo que deixava o motorista esperando-o somente porque preferia falar com ela a apressar-se ao encontro de outros empresários, quando esse encontro, como tantos outros encontros empresariais, com certeza renderia muitos mais milhares de dólares na conta bancária dele.
Sinceridade também é artigo de luxo, e ele a presenteava sempre com tal raridade. Até lhe contava que o estava aguardando em sua sala a ex que queria a todo custo vê-lo. Passado o tempo, vinha ele dizer que se sentia muito mal por não querer mais nada com a ex, era ele o tipo de pessoa que sofre muito por ter que magoar alguém.
Ele era absurdamente rico, status que ela já possuíra num passado remotíssimo. Além de morar num elegante endereço, num lindo imóvel, é óbvio que ele, por ser inclusive empresário do ramo automobilístico tinha vários carrinhos na sua coleção. O moço tinha também seu próprio helicóptero e queria enviar presentes caríssimos para ela todos os dias daqueles trezentos e cinquenta e cinco.
Passaram esse ano todo de convivência marcando e ansiando por um encontro que nunca aconteceu. Ele descobriu que estava doente e ficou muito deprimido. Ela, com muita cautela perguntou que doença o houvera acometido, pois pelo estado de ânimo que ele ficou ela poderia jurar que ele descobrira sofrer de algum tipo de câncer. Ele negou sempre, não que ela tivesse perguntado diretamente, mas pelo que ele ia relatando. Sofreram os dois por um longo período dessa curta história, o que certamente obstou que se vissem face a face. Ele telefonava sempre, eles gostavam muito de ouvirem a voz do outro, e isso, naquele momento era o que de mais próximo eles podiam ter de intimidade.
Tudo que ele displicentemente ia contando a ela sobre sua vida a encantava, a deixava com o aspecto aparvalhado de mulher apaixonada. Ela ficara para morrer de dó quando ele lhe contou que fora buscar uns amigos no aeroporto com seu carro blindado, mas enquanto estava colocando a bagagem dos amigos no porta-malas, todos desguarnecidos de qualquer blindagem, foram rendidos e roubados por três homens armados. Ela falou para ele ver o lado bom: ele estava são e salvo, assim como os amigos os quais ele buscara no aeroporto. Esses romances são maravilhosos, pois mesmo que o encontro não aconteça, a mulher e o homem se sentem mais bonitos, poderosos, importantes, e isso melhora muito o viço da pele e aumenta bastante o brilho do olhar.
Certa feita, tendo ele viajado para uma cidade próxima, dirigindo o novo brinquedinho que acabara de adquirir, foi relatando a ela a viagem em tempo real, e ao chegar ao litoral e sendo quase impossível conseguir sinal de celular, o belo foi caminhando na praia até que conseguiu fazer uma ligação para sua paixão. Ela sentiu-se querida, não diria amada porque não é completamente louca. Mas claro que ela já o estava amando como nunca houvera amado antes. Acho que é completamente louca sim.
Sei que ambos passaram o ano cuidando de suas respectivas saúdes, e por isso foi impossível eles se verem. Mas já estava acertado que ele iria ao seu encontro assim que acabasse de refazer alguns exames, e isso já estava mais próximo do que possam imaginar.
Já ouviram dizer que a vida é caprichosa? Ela pode comprovar que ela é. Certa manhã, ao conectar-se com o mundo por intermédio da rede social, quase caiu para trás da cadeira na qual estava sentada...não, não podia ser! Certamente ainda não havia despertado, com certeza seus olhos estavam a pregar-lhe uma peça, começou a ler uma enormidade de condolências, um monte de amigos incrédulos, bastante elogios ao amado... epa, será que era o que parecia ser? Teve vontade de se beliscar, de enfiar a cabeça debaixo de água gelada, mas por quê mais água gelada? Já não bastava o enorme balde que ela acabara de receber contra todo o seu corpo e contra toda a sua alma?
Ela até que se recuperou surpreendentemente rápido demais, talvez tenha preferido agradecer a oportunidade de ter vivido um ano tão mágico ao invés de blasfemar contra a sorte. Estava escrito exatamente assim nas estrelas, então é assim que tinha que ter sido.

Inserida por angela_beatriz_sabbag