Ângela Beatriz Sabbag
A vida é uma constante renovação, uma infinidade de sensações que por mais experiência e anos vividos nunca deixarão de nos surpreender.
Dormir com neto, por exemplo. Digo dormir no sentido literal da palavra, não apenas sob o mesmo teto, mas sobre a mesma cama.
Ao despertar você dá de cara com aquele ser, sangue do seu sangue, sua descendência e que é a melhor parte de você. Então centenas de pensamentos vão se sucedendo na sua cabeça na velocidade da luz...todos eles imantados de positividade. Não bastasse a visão angelical, em sua direção vem aquele sopro de vida, melhor, de renovação da vida expelido por seu neto. E não há nada que se compare ao calor emanado do corpo de um neto, não há frio que resista aquele calor, não há medo que resista a tanto amor. Dormir com neto é uma pequena amostra do paraíso.
Entenda o que eu digo , por favor! Não quero conhaque e nem um prosaico chocolate quente. Não adianta a calafetação do quarto e nem acender a lareira...Sim, estou sentindo um frio a congelar todos os meus ossos, típico da Finlândia. Mas para esquentar meus ossos, meu coração e minh'alma só o aconchego no corpo do meu amor.
Toda manhã é tempo de alongar os músculos na academia, Sabe? Aqueles músculos e muitos outros mais, todos retesados com você na cama. Amo você com a paixão adulta e a pureza do primeiro amor...acho que encontrei um enorme tesouro.
As modernas mulheres de Atenas esperam por seus maridos com a saudade de sempre, porém aprenderam a contar os dias de ausência de forma decrescente, espertas ou espartanas, todas são gregas e goianas, e isso é o que menos importa. O que vale é a fé que as move, que as fortalece e as fazem fortes para lidar com esses lapsos temporais que insistem em permear suas relações. Mulheres, mudam a época, os costumes, mas não muda nunca sua intensidade amorosa.
Meu amor, sou a planta e você a seiva bruta. Despudoradamente contrariamos a Lei da Gravidade, porém creio que se seguirmos uma corrente será a da tensão-coesão...mas à medida que a seiva me falta, ela como a corrente que seguimos também se evapora de mim, mesmo eu lutando bravamente contra a evaporação. Preciso da minha liberdade tanto quanto preciso me sentir totalmente preenchida de você.
Você está na minha janela a me observar...Convido-o a entrar, tomar um café bem quente, e depois...bem, depois só interessa a nós dois.
Essa chuva que cai a cântaros povoa meu imaginário...
Pois saiba querido que reservei um quarto no melhor hotel da cidade e quando você sair do trabalho estarei lá a sua espera. Eu vou deixar você escolher a bebida, num extremo sinal de boa vontade. Aproveito para renovar a promessa de muita diversão e horas de amor sem fim.
Sr. garçom, lhe dou um conselho: Não tente medir o que bebo em doses, tudo que vivo não vivo em doses mas sim em overdoses!
Crudelíssimamente descobri o que temia mas não tinha certeza: pernilongo tem feminino, não é portanto uma substantivo de dois gêneros e duas medidas...Agora está definitivamente explicada a razão de eu ser a preferida de onze entre dez pernilongos. Em vidas pretéritas só posso ter sido uma maravilhosa cortesã pernilonga, daí que nem nessa vida esses insetinhos abomináveis e grandes vetores de doenças me deixam em paz. Puxa rapazes, não dá para aliviar uma pessoa por quem vocês já tiveram enorme apreço? Bem, acho que estou sendo ingênua, pois a preferência por minha pessoa continua, pois ele me picam e sugam meu sangue de Norte a Sul, Nordeste a Sudeste,e não deixam escapar nem o meu Centro-Oeste.
O mar, o céu, a natureza em todo o seu esplendor...
A melodia, a poesia e as artes de uma forma geral.
Onde estou? Morri? Se morri então morrer é bom, é muito bom!
Estou toda eu uma sinfonia...Não me faltam as teclas de um piano e nem tampouco as cordas de um violão. Estou ereta, pareço uma bailarina clássica, e assim prescindo completamente do arco do violino. Dos insubstituíveis instrumentos de sopro, a única coisa a fazer lembrar deles a existência é esse tufão de vida que me faz cantar. E essa sinfonia que me retrata não é a consonância que só era produzida pelos intervalos de oitava, quinta e quarta justas. A consonância que se faz em mim é entre o ser e o estar feliz.
O carnaval já bate à porta...não tenho nenhuma fantasia, o que tenho são desejos inconfessáveis. Sabe aquela sensação de pensamentos velozes como a luz e as palavras na mesma velocidade de uma tartaruga? Estou sentindo essa total falta de sincronicidade entre ambos, mas não estou me importando. O que chega a doer fisicamente é esse amontoado de pensamentos marotos que despudoradamente estou ansiando realizar.
E daí que o meu nome não seja Marguerite Gautier e você não seja Armand Duval? Qual é o problema de eu não ser Julieta e você Romeu? Já deve ter presumido que não sou Heloísa pois você não é Abelardo...nem Marília eu sou, apesar de você até poder ser Dirceu. Mas como você me conhece e já sabe que não costumo guardar segredos das minhas coisas, adianto-lhe que certamente nosso amor é bem melhor do que o de todos esses casais...pois é imenso e muito mais descomplicado.
Não há SCUBA, ou seja, um aparelho para respirar embaixo d'água, que seja capaz de fazer alguém chegar até a profundidade da minha saudade.
O bucólico quero num quadro na parede, porque o que quero viver é a vida em ondas, enxergar o horizonte beijando o mar numa tela real à minha frente.
Cada amanhecer é por si só um novo milagre. E que maravilha poder dizer que há tantos outros milagres contidos nesse amanhecer...
Já que saudade aperta tanto, devia ser um corselet, pelo menos tornearia a nossa silhueta. Toda moeda tem que ter os dois lados!
No Carro...
Voltando do Banco, meus pensamentos para variar, tomaram rumos independentes...
Quando dei por mim, estava divagando acerca das coisas que tornam uma pessoa livre. O primeiro pensamento que tive foi tirar os sapatos, na sequência, claro, outras amarras, as roupas. Aí, comecei a achar que o supra sumo da liberdade é correr deixando seus cabelos embaraçados, molhar-se na chuva sem medo de adoecer, entrar no mar sem a preocupação de desmanchar o cabelo impecável, fazer caretas, dar gargalhadas, fazer uma travessura tipicamente infantil, enfim, fazer o que quiser, desde que não prejudique ninguém.
Mas pensamento correndo sem freio não tem controle, então o desmancha prazeres acendeu uma luz na razão que de imediato me fez compreender que não há liberdade total. O dinheiro é o senhor nesse mundo capitalista, somos seus servos, escravos sem alforria.
O traço mais marcante de sua personalidade é a sedução. Ela seduz por gosto, prazer e para não perder a prática.
Tenho a impressão que seu caso se agravou muito, pois hoje a peguei seduzindo a si própria diante do espelho.
Não sou Santa,longe de mim! Também fico indignada e profiro alguns impropérios,bem impróprios para menores,mas prefiro ser vidraça a ser pedra! Com certeza!
Sendo música jamais queria a dramaticidade de um tango e tampouco a tristeza de um fado. Mas muitas vezes não basta não querer...sou fado, sou tango!
