Ângela Beatriz Sabbag
O passado ficou para trás, está lá não para ser esquecido e enterrado. O tempo pretérito encerra em si as histórias já vividas, doces ou amargas, alegres ou tristes, não importa. O que ficou lá está para que possamos visitar, revisitar, aprender e tirar conclusões. O passado nunca pode servir de prisão para mágoas, rancores e falta de amores. Fingir que a vida começa hoje, aqui e agora não é prudente, não é nem ao menos uma atitude inteligente.
Nossos relógios mantinham a maior sincronicidade possível naquele dia. Marcavam a mesma hora, os mesmos minutos e até os segundos estavam milimetricamente alinhados. Só que com tudo isso, a hora era certa para mim e completamente errada para você, pois querendo ameaçar-me com a lâmina gelada daquele punhal encontrou em mim a pessoa mais receptiva para um golpe mortal.
Muito prazer!
Quem sou eu?
Uma obra em construção,
Uma aprendiz de qualquer coisa,
Uma inquietação sismíca,
Uma devassa,
Uma Santa,
Um acerto,
Vários erros,
Sou nenhuma,
Sou todas...
Sou o que você diz,
Mas que só faz o que quer!
Esvaziei meus pensamentos nesse sábado morno,
Mas a intrépida imaginação não quis nem saber,
Sozinha em casa e alheia ao entorno,
Pensar em fazer loucuras com você me fazia arder.
A vida é o presente mais lindo que existe! E como presente que é, encerra em si muitas surpresas. Ai, como me excitam as múltiplas possibilidades que se apresentam no ato de desembrulhar o papel!
No jardim dos sentimentos é sempre primavera,
O jardim fica todo florido de saudades,
Flores de todas as cores simbolizando amores,
Variedades incríveis de plantas com a foto de todos os amigos.
Tristeza,
Melancolia,
Alegria,
Euforia... E o jardim primaveril é uma linda promessa,
De que dias chegarão onde todas as flores se juntarão formando a guirlanda mais linda que já foi vista,
Flores irmanadas e abraçadas celebrando mais um encontro de amigos.
Santas não cindem, santas divergem, conversam e procuram um denominador comum.
Santas se amam, amam ao próximo e promovem a paz.
Pensei que nunca fui santa, mas preencho os requisitos básicos para pleitear a minha santidade!
Quero te namorar Rio!
Ficar perdida na profusão de suas belezas,
Perdida no encantamento do seu pôr do sol,
Aplaudir com devoção cada manhã descortinada.
Rio, aí não me importa nada...
Nem companhia e nem a falta de,
Isso sim é amor!
Quando nada mais importa para você a não ser o Rio.
Depois de pelo menos uma década eles se reencontraram no aeroporto. Havia uma energia eletrizante, como se causada por um fio desencapado, gerando faíscas invisíveis, e apesar de ser manhã havia fogos de artifício enfeitando o céu.
Ficaram se olhando longamente, acreditando serem vítimas de qualquer ilusão. Estavam paralisados, encantados...
De repente, como numa cena de filme em slow motion, ambos começaram a ir um em direção ao outro, só enxergavam uma ao outro, sem notar se um ou outro estavam acompanhados ou não. Nada importava nesse momento, pois nenhum deles queria deixar a oportunidade de viver o romance que lhes fora prometido muitos anos antes e nunca houvera se concretizado. Se algum deles estivesse com alguém, a única coisa que esse alguém poderia fazer era lamentar, pois daqui por diante Ana e Bernardo ficariam juntos até que a morte os separasse. Não precisariam jurar isso perante o padre, pois ali o faziam perante Deus.
Te desejo..despudoradamente,
Penso em ti e enlouqueço,
Anseio por teu corpo, tua alma e teu desejo,
Sou como um violão com as cordas quase a romperem-se,
Sou toda...
Florbela Espanca
Florbela Espanca
Minha poetisa predileta,
Florbela Espanca.
Como pode uma poetisa que espanca,
Uma Flor que Espanca?
A Flor espanca não com o açoite,
Espanca escancarando a noite que habita as almas.
Chicoteia com lindas palavras,
Com o apelo de palavras duras.
Deve ter sofrido a bela Flor,
Quem exercita esse ofício sabe o quanto ele dói,
Mexe com sentimentos profundos,
Nobres,
Vagabundos.
A Bela Flor escancara sua dor,
Rasga seu amargor,
Capta a nossa simpatia,
Quem diria?
Florbela Espanca,
Florbela esperança,
Florbela portuguesa,
Florbela poderia ser da França.
Será que é de bom alvitre contratar um namorado de casaca, que seja proprietário de um Aston Martin, que me leve para jantar à luz de velas, provavelmente na Riviera Francesa, abra a porta do automóvel para eu entrar, elogie o meu perfume, me olhe com olhos apaixonados, não tenha a menor pressa de me trazer em casa, e ainda por último mas nunca menos importante dizer que me ama e dar-me um beijo interminável. Também podemos fazer um programa mais prosaico, como andar de bicicleta, fazer um piquenique e ficarmos abraçados até que a estrelas venham acender o nosso céu. Só sei que qualquer que seja o cenário eu nunca passei um primeiro de maio assim.
Sei que já é chegado o verão, mas mesmo assim sinto um frio que só conseguirei deixar de sentir com o calor do seu corpo. Sinto que estou tão solta no espaço que somente a força do seu abraço me fará sentir novamente no eixo. Sei que estou tão feliz que não consigo deixar de agradecer por ter encontrado você.
O meu pulsar a mim já não me basta,
Quero sentir sua pulsação em mim...
Os castelos de areia que construí a duras penas, necessito desfrutar de cada um juntinho a você.
Estou com fome,
Estou com sede,
Estou gulosa,
Adivinha de quê? Isso mesmo, de você!
Quero vestir-me,
Quero enfeitar-me,
Quero perfumar-me,
Adivinha com o quê? Claro que é com você!
Imagino volúpias,
Fantasio loucuras,
Contraio todo o corpo,
Adivinha por quê? Só de pensar em você!
Realmente ela não era a mais linda, não era a mais rica, nem a mais famosa...
Ela era a mais invejada porque, simplesmente porque observava tudo ao seu redor com os olhos mais gulosos que jamais foram vistos iguais.
Chega um momento da vida em que apesar de caber surpresas, porque elas sempre podem acontecer, você crê piamente que está no platô da sua existência, observando tudo de longe como um mero espectador. Mas surge numa certa noite de verão um fato novo, e de emoção seu coração parece que irá saltar pela boca. O platô se transforma imediatamente numa escarpa, tudo turva embaralhado por conflitantes sentimentos. Mas é Dia dos Santos Reis, é dia de louvar e agradecer pelos motivos óbvios e por aqueles que só dizem respeito a você. É chegada a hora de louvar, agradecer e brindar!
O que faz com que não canse de mim é que a essa altura da vida ainda sou quase uma desconhecida. Sou ainda uma obra aberta.
Se isso é verão tenho até medo do inverno! O frio indelicado, penetra as vestes e os poros enregelando os ossos e o sangue...não sei se estou em Brasília ou na Sibéria.
Sagazes aqueles que descobriram muito antes que eu, que carícias nas mãos entre um homem e uma mulher podem ser uma experiência sensorial indescritível. Ah, se eu soubesse...
De repente, aquela felicidade que faz com que a gente ria com os olhos chegou. Como são gostosas essas coisas que chegam sem alarde, que nos pegam totalmente desarmados e despreparados. Está sendo tão lindo reviver a timidez e a falta de pressa de outrora. Depois que outoneamos as coisas de amor, via de regra costumam ser intempestivas. Sentimentos vão surgindo aos borbotões e vão se atropelando. Acho que felicidade também é isso: é saber ir apreciando o caminho, as conquistas e o progresso do sentimento...é tão pleno!