Arrancar do meu Peito
flerte
olhava o céu
nuvem inerte
alvas como papel
cá do cerrado
calado, meu coração
dispensava qualquer termo
numa espera sem ação
um olhar perdido, ermo
pensando só em você
e neste glacê de emoção
o meu sentimento voa
até ti, buscando razão
desta distância atoa
que ao amor maltrata
é dor chata, que dá solidão
aquelas que não cabem
no peito, de tanta aflição
e só os que sentem sabem
como é contramão sentir...
então, venha logo! Não fique por vir!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2019, 14 de outubro
Cerrado goiano
Apanhador do cerrado
Uso o meu olhar para apanhar o cerrado
As palavras tortas compõem o mato crivado
De cascas grossas, cascalhos e céu estrelado
O chão na temporada de sequia, é maltratado
Os jatobás fatigados tão firmes como as perobas
Rodeiam os pequizeiros, tão "bãos" como as guarirobas
Cheiro forte sabor da terra, como as doces gabirobas
Entendo bem o sotaque é o povo deste chão
Sou daqui, tenho respeito a toda esta tradição
Povo das sucupiras, flores rasteiras e abelhas arapuá
Tudo aqui tem força, tem suor, é aqui, é acolá
Assim como a magia do canto da seriema e do sabia
Deste cerrado místico, torto, certo e errado, sempre a brotar
Que o tal desencanto encanta o poeta no poetar
Este quintal que é o maior do mundo, que faz sonhar
Me faz ser apanhador do cerrado, no meu versar.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
30/03/2016, 22'22" – Cerrado goiano
Minerês
Ô minas, arguém já te poetô
Eu sempre tenho poetado
E ainda poetando eu tô
Cadquê, meu estadão amado
Ocê é trem bão dimais
E óio aqui os sêus mistério
Tão difícil, decifrá jamais
Tal arrilia é tão sério
Que o poeta proseia, proseia
E ainda fica o quê proseá...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
27 de abril, 2016 – cerrado goiano
Parodiando Patativa do Assaré
DESAFIO (soneto)
O meu fadário é devanear solitário
Ter o cerrado a desfolhar no olhar
Sonhar acordado e no mesmo luar
Ficando no tempo, noutro cenário
Onde a solidão nunca sabe esperar
Eu só tenho a saudade num sacrário
Anexo ao coração num pulsar diário
E lágrimas em um soluço sem parar
Oh, uivo árido, trove tal um canário
Os meus versos, e a ela vai revelar
Cada vazio aqui falante e tão vário
Por favor, acaso, pare de me tragar
Faça-me nos beijos dela um erário
E novamente no teu amor eu amar
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Agosto de 2017
Cerrado goiano
Que das chamas dos meus olhos vejam o ódio que guardo dentro do meu coração que o branco da minha alma me livre dessa maldição.
- E o seu coração? Faz tempo que não falamos mais dele.
- Meu coração? Ele está curado… Desde que conheci você.
"Na liberdade de meus pensamentos, me aprisiono em meu silêncio a contemplar uma curva, na triste ilusão de lhe ver surgindo me procurando..."
Do livro: Vaga-lumes que choram...
Queres saber quem sou? Sou um pássaro fingindo ser gente. O meu supremo prazer é voar, porém o ninho sempre será meu endereço!
Sou completamente obcecado pela originalidade. Nem o meu piscar de olhos consegue assemelhar-se ao anterior!
Dá pra entender
Meu amor é a dor que eu sinto que dói sem eu perceber...
Minha vida são fatos de sonhos e realidades...
A realidade de poder dormir sossegado e sempre estar de bem com Deus.
Aliás, hoje sonhei que casava com a mulher do meu pior inimigo...
Minha inteligência por demais é sábia...
Meus erros são apenas sonhos ideológicos.
As mulheres as quais desejei passaram por mim,
E não me lembro mais.
Pois a mulher que nunca desejei no meu coração, dele se apoderou.
Dá pra entender?
Eu não me permito em tempo algum exigir de meu próximo o que em ocasiões remotas já não tenha cobrado de mim mesmo!
Encantamento
O tempo cá no cerrado
me fez um bom aprendizado
tudo veloz passava
no meu eu versado
assim, pude apreciar onde estava
e na saudade fui encantado.
E eu nem imaginava...
Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano
SONETO AFETIVO
O meu amor é para que seja amado
Gentil, e na composição seja ditoso
Tanto quanto na vida tão precioso
E nos sentimentos oferta e agrado
A nós mortais nunca seja enganoso
Torne ao olhar um prazer dourado
O abraço no abraço bem enlaçado
E aos carinhos suave verso mimoso
Vinde amor, sempre, fruto consagrado
Que seja na alma zéfiro bem gostoso
Airando os lábios com uivo adornado
Ah, amor meu, ser amado é saudoso
Se se os delírios ao outro é alcançado
E derramado da emoção licor vigoroso
Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano
ECOS DA SAUDADE
Oh! Ilusões acordadas nas madrugadas
Segregadas no meu poetar tão sagrado
Que goteja as saudades de um passado
Entornando na alma quimeras sonhadas
Oh! Lua pujante no tão árido cerrado
Dá-me tua companhia nas derrocadas
Das demências por mim vergastadas
Que redige insônia num tal desagrado
Longe está a luz que fulge as enseadas
Do mar, tão cotidiano, agora tão calado
E nas lembranças a ferro e fogo grifadas
Ah! Se meu fado não fosse condenado
Em tuas noites voltaria para as baladas
Num cometa de um fulgor apaixonado
Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano
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