Arrancar do meu Peito
SINO DOLOROSO (soneto)
Plangei, sino! O cerrado chora essa dor vasta
Ecoado no infeliz peito e no soneto solitário
Dessa realidade vil de uma tirania tão casta
Do afeto que um dia foi por nós necessário
Cantai, sino! A sofrência no cortejo arrasta
Verdugos sentimentos solução no itinerário
Escorrem lágrimas que ao pranto não basta
Arde a emoção e a alma neste árduo relicário
Em repiques de pesar, em desilusão a finados
Tilintando rancores, ó carrilhões, que aí tala
Em campas de sanhas, e de renhidos brados
Toe, sino doloroso, que no silêncio devasta
Badala, bimbalha, e num soar o aperto exala
Brandindo o amor com uma emoção nefasta
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
08/07/2020, 12’10” – Triângulo Mineiro
Olavobilaquiando
AI SAUDADE
Trovo está saudade que habita o peito
Aninhando suspiros e um vazio intenso
Que se agiganta quando na falta penso
Pensando em ti, ó sentimento estreito
Que deixa os meus versos sem proveito
E o meu versejar sem aquele consenso
Denso... em um soneto penoso e tenso
Que sufoca o pensamento quando deito
Saudade com insônia e sem inspiração
Que esmaga e estraçalha a imaginação
Ah, és cruel e de sussurro tão tristonho
Ai saudade! Ai! sem dispensa me invade
Me arde no amor “a ferra”, sem piedade
Num ritual de aflição no poético sonho...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28 junho, 2022, 19´50” – Araguari, MG
POÇO (soneto)
Dizem que a saudade é a dor profunda
Que no peito nem o suspirar a estanca
Todos querem tirar, mas pouco arranca
E se mais a cava, tanto mais se afunda
Contudo, padece sempre, ó prava tunda!
Que nessa sofrência mina e desbarranca
E vai dando aflição, tão velhaca retranca
Que desalenta e de insatisfação inunda
Quanto vazio, e noite que não encerra
Dando ao olhar um gemido que berra
Té que o silêncio a prostração convida
E então, nesta lavra tão árida e tão nua
Que na lembrança só se tem a falta tua
Sufoca, estrangula e empobrece a vida!
© Luciano Spagnol -poeta do cerrado
20/07/2020, 09’46” - Triângulo Mineiro
INDIGENTE POESIA
Quando o vazio se ocupa do nosso peito
E a solidão nos consome e nos invade
O pranto não tem um qualquer direito
De em seu nome nos dar uma saudade
Ingratidão, suplício da dor sem respeito
Que dorido dentro d’alma sem caridade
Adentra o sentimento de um tal jeito
Que não acalma e nós deixa na metade
Estes silêncios são dívidas da sofrência
Que na carência não tem uma alegria
E no desamor o sonho é só impotência
Então, quando o não o falto anuncia
E no sim o amor perdeu a cadência
Lágrimas causam indigente poesia...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25/10/2020, 06’53” – Triângulo Mineiro
INSATISFEITO
Cerrado, vivo tão só, na solidão
Aflige o peito, o peito em pranto
Distante ide o tempo, o encanto
Preso na tristura e na desilusão
Tão longe ando de ti, ó emoção
De ter-te no fado meu, no canto
Da prosa, amando tanto e tanto
Multiplicando, assim, a sensação
Ando calado, e inquieta a poesia
Desses desejos de mim ausente
Pelejo com o silêncio de cor fria
E nada me diz, nem o sol poente
Tudo é cinza e apagada a fantasia
Se sente querer, a força não sente.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22/12/2020, 17’54” – Triângulo Mineiro
CARO AMOR
Em atraentes sensações maravilhosas
as cintilantes emoções se aspergindo
o peito absorto, as áureas misteriosas
do desejo, do afeto... seja bem vindo!
O sussurrar em meiguices carinhosas
as flores duma paixão vão se abrindo
a poética em insurreições luminosas
prazer, que o caro amor vai sentindo
É afetividade, existir, envolvimento
a cada momento, o agrado, o alento
entreabrindo o tal sonho encantado
Se a escolha é parte de um fascínio
bom quem tem o cativante domínio
e que seja um sedutor e enamorado
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18 janeiro, 2022, 10’51” – Araguari, MG
INQUIETAS SAUDADES
Elas chegam como à flor pendida
Mirrando o peito, agasta sensação
Ou como a dor a cutucar sentida
No desejo, no espírito, no coração
Elas chegam tal senhora da vida
Doída. E o agrado clama em vão
Numa fereza e ousadia incontida
Arrancando o sossego da razão
Inquietas saudades, até quando?
Está lágrima a me rolar chorando
Gastando, tão de aflição demais
Desvanecido resta o sentimento
Sussurrando a todo o momento...
Ufanas, elas tragam mais e mais
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
01/02/2021, 19’00” – Araguari, MG
REMINISCÊNCIAS
O amor que amei francamente
e que francamente me estimou
ainda, cá no peito eternamente
murmura, suspira e não acabou
Sei que muito me transformou
sinto forte e na alma reluzente
hoje, evidente, tal antigamente
amor que sinceramente amou
E, sei que é o que me faz vivo
sempre com um fim, o motivo
o amor de amante, uma jura!
E nessa história de sentimento
as reminiscências, o momento
de reviver a imutável ternura!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
21 de maio, 2022, 15’15” – Araguari, MG
AMARGURA
Dia e noite a lembrar de ti. Saudade
aperta o peito, e a emoção redobra
cada uma sensação de falta, ô sobra
no sentimento, ao sentir é vontade!
E, no sofrer que a tristura manobra
chora, implora, triste é a felicidade
e a dor, a ferralhar, traz calamidade
com solidão, notória, tão sem sobra
Dolorosa a recordação, o momento
a alma baixa, achacado de tal crime
assim, se vê, cair no esquecimento!
Tudo, ante ao fatal que afadiga tanto
o amor sem ter sua distinção sublime
vai se amargando sem ter o encanto...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22/04/2021, 06’05” – Araguari, MG
AINDA...
Saudade! como negar sua existência, ouvindo
nas entranhas do peito este sussurrar de dor
comichando, num suspirar profundo, infindo
quando se tem a lembrança do antigo amor
Tudo uma solidão, vazio, o aperto intervindo
naquela sensação de agrado, o talvez supor
olhos lacrimejados, e aquela angustia vindo
deixando inquieto o propósito de um amador
Ah! amar, de uma poética doce e abundante
em cada querer a jura, uma ilusão fascinante
que pulsa o coração e tem a alegria tão linda
E, assim, no tempo andarilho, a falta palpita
a emoção soluça, recorda, transborda e grita
numa poesia que insiste, que persiste ainda! ...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29 março/2022, 19’00” – Araguari, MG
SONETO ESCANCARADO
Ainda que a saudade aperte o peito
que tenha sons n’alma retumbantes
esbravejo esse canto inda sem jeito
e, sem me ligar aos maus instantes
Temo a falta, tão pouco ter preceito
brado os sentimentos, os vibrantes
do coração, assim, nesse ato afeito
vivo a estimar, sensações faiscantes
Também verso suspiro, e como sei
os reais, os doídos, aquele cruciante
certo estou que, contudo, te amarei
E, cá escancaro a emoção alucinante
que expõe o soneto que nunca te dei
com cheiro, gosto, toque de amante!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09 março, 2024, 17’40” – Araguari, MG
S A U D A D E
Roça o peito as silabas rasgando
O teu nome no sulcado a nomear
No pesar e na emoção suspirando
Clamando-te em aperto a chorar
No cerrado, o entardecer, quando
O sol esvaece o dia num desmaiar
Vem o estertor na solidão orando
Tu és lembrança sempre a bradar
Dos teus carinhos o toque, ainda
Macio e meigo, eu sinto presente
Me zanga e tão quão me fascina
Tudo de ti me é saudade infinda
Saudade que dá saudade na gente
Amor daqueles que não termina!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25/12/2021, 05’05” – Araguari, MG
SAUDADE QUE CONFESSO
Depois que te perdi, só depois, da tua partida
Senti no peito, um vazio, que cá eu confesso
Um calafrio na alma, aquela pior dor sentida
E, se há igual, parecida, afirmo, não conheço
Suspiros sofrentes e aquele choro espesso
As noites tão compridas na ilusão perdida
Ladeando a emoção, cujo o certo endereço
É o coração, que arde numa aflição sofrida
Depois que foste, só depois, singular paixão
Me vi significado em uma constante tortura
De sussurros duma surtada dorida contrição
De não retribuir, a ti, o carinho que me dava
Com exatidão, repondo com minha ternura...
Ah! Saudade, está sensação, não imaginava!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07 janeiro, 2023, 19’56” – Araguari, MG
DETALHES
Como é cruel a solidão na sensação atada
Como é penoso o silêncio arfando no peito
Com a poética em uma melodia desafinada
Torturando a ilusão perdida e sem proveito
Ter o vazio de uma flor, um gesto indeciso
Um olhar triste, no coração fúnebre círios
Que aquecem a dor e queimam o sorriso
Sem nada, absorto em sofrentes martírios
E eu, cá, no cerrado, de infeliz memória
Sem estória, numa redundante oratória
Suspiros, sussurros, nos mesmos ideais:
Buscando por um alívio dum solitário ser
Querendo o alguém sem ter que perder...
Pois, amar é sempre um sentido a mais!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26 janeiro, 2023, 20’09” – Araguari, MG
RESSURGIR
Desmesuradamente o silêncio no verso doía
Sobre uma saudade que no peito era poente
A angústia que ao sentir não mais consumia
Rompendo e assaltando a quietude da mente
E, cá no cerrado a tarde melancólica anoitecia
E um soluço seco no vazio se fazia de repente
Escorrendo pela poesia com uma tal vertente
Emoção... e sobrepondo a noite a luz do dia
Assim, sem medida, a poética se pôs tirania
Fazendo da prosa tortura no seu conteúdo
Tentando não dizer o que fatalmente dizia
Então, o meu sentimento vagou pelo infinito
E a sensação em um rugir, num rugir mudo
Impelindo tudo, em um grito aflito, aflito grito!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
01 fevereiro, 2023, 21’00” – Araguari, MG
CÁLIDA POESIA
Estando, espero, então, o desejo insiste
No peito ardente, sussurrante, amoroso
Fazendo do caminho, leve e cadencioso
Creio que tudo na cumplicidade consiste
Porque da alma o sentimento é preciso
É abençoado e ao incerto tempo resiste
E sei que nada mais na sensação existe
Que nos dá a emoção e do coração ciso
Na sede cresce e não mais se esquece
Que no doce encanto o fascínio floresce
Oferecendo quimera e tecendo fantasia
É a paixão transfigurando em confiança
O olhar em tato, e os dias em esperança
Porque, o singular amor, é cálida poesia...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14/03/2023, 19'11" – Araguari, MG
SOLUÇAS, CORAÇÃO...
Coração que soluças nas saudades
Sensação amarga, o peito apertado
Frágeis sentimentos pelas metades
Em cárcere na sofrência, algemado
Teu sussurro, ó vazio, desesperado
Leva o indiferentismo das vontades
Pra então desvanecer abandonado
Nas dores sóbrias com severidades
Vives assim, moribundo, pensativo
Na inquietação do emotivo, cativo
Na imensa vastidão do desagrado
Suspira, coração! Debalde soluças
Pois... na tortura, onde te debruças
Ninguém sente contigo ao teu lado!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17 março, 2023, 15'29" – Araguari, MG
EM TOADA DE POESIA
Oh! Seu pudesse em cadência e ternura
Dizer-te o que no peito me é um estrondo
Se em poéticos sons vibrando de doçura
Pudesse ao sentimento estar compondo
Se o versar falasse, o que, enfim, procura
Que a tempos no olhar o prazer escondo
Uma sensação atraente de terna loucura
Aonde cada verso o amor está propondo
O poema seria a paixão com um sentido
Cheio de emoção, sem coração partido
Trazendo o que no verso de amor traria
Seria um canto, divino canto de estima
Cristalino som e tão cheio de pura rima
Um cântico d’alma em toada de poesia
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31 março, 2023, 18'33" – Araguari, MG
LIBERTO ...
Não choro mais! Irei por este fado seguro
Cantar em outro peito, um soneto nobre
Adeus! Levo o teu cheiro, meu amor pobre
Na alma a sensação vazia e encanto escuro
Levanta-te sentimento, exitoso, desdobre
As asas da poesia, escreva teu verso puro
Declame todo sempre o afeto que venturo
Assim, um dia, a sorte especial o descobre
Então, cada verso o versar do meu sonho
Fanar-se na raiz, ir em frente, fé criativa
Ferindo e parando o devaneio enfadonho
Tu não finjas a inspiração tão figurativa
Não! Respeita cada um verso tristonho
Agora liberto! E cheio de emoção viva! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/01/2021, 20’30” – Triângulo Mineiro
VIBRAÇÕES AMOROSAS ...
[...]e ele ri e chora, o intenso amor, e ri
Aperto no peito, os olhos esbugalhados
O desejo faminto, sentidos desvairados
Em uma junção fatal com o querer, e aí
Ele, o sedutor, sente, e ao sentir, argui
A emoção, dos amores se são amados
Querendo mais, e não anseios fanados
Mais agitados, mais canoro, acolá, ali
Mas, nada se é previsto, tudo lampejos
Lábios a sorrirem, tão cheios de beijos
Sensação a gracejar, e os sentidos baços
É o amante, ao ser amador, no caminho
Que vai cantando a canção, a do carinho
Baixinho, pra se embalar nos seus braços! ,,,
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21/02/2021, 08’26” – Triângulo Mineiro
