Anti Narcisismo
Amar a si mesmo não é narcisismo nem autoidolatria. Amor-próprio é descobrir que o “si mesmo” e o “outro” são igualmente relevantes. Até, quiçá, perceber que, no fundo, não há nem si nem outro.
Vaidade das vaidades
Narcisismo compartilhado nas redes sociais.Tenta parecer, mas não é. Faz da mentira um ato de traição. Engana a si mesmo que assim procede.
O NARCISISMO DE DEUS
Desde as muitas teorias criadas para explicar a existência da criação do mundo e o homem na terra, uma em especial faz parte do imaginário da cultura de quase todos que foram atravessados pela cultura judaica-cristã, que é justamente o mito que deus criara o mundo em seis dias e no sétimo descansou.
Ora, se Deus criou o mundo em seis dias como diz nos escritos bíblicos, e se ele por si só é Deus, por que a necessidade de criar alguém que fosse sua imagem e semelhança? Pode-se pensar que a existência de Deus seria solitária, pois não se bastou existir.
Seria então Deus um ser Narcisista? Incomodado com sua solitária existência? Que criou um ser no espelho de sua face por ter se deparado com sua solidão projetada no solitário Adão? E Eva, veio em auxílio para tirar Adão do monótono paraíso e da solidão?
Se a psicanálise vai até onde há possibilidades de dúvidas, a religião começa a partir de uma crença, da ideia inquestionável de acreditar em algo maior que vem em socorro de nosso assombroso desamparo. No entanto, pensar a existência pelo víeis bíblico por si só nos faz em algum momento nos deparar com um Deus também desamparado. Que até as crenças humanas advêm do desamparo, pois o Deus cristão é a própria imagem de quem o criou, demandando um investimento narcísico de crer para existir. Pois não basta existir, precisa ser adorado por alguém que não existe sozinho.
Isso nos leva a raciocinar que o sujeito dentro de todas suas estratégias psíquicas está sempre em fuga daquilo que de fato é, um ser primordialmente só, desamparado e lançado ao mundo para viver a dialética do se encontrar em si e tentar se achar no outro.
Nascemos sozinhos e morreremos sozinhos, porém pensar sobre isso no campo do real é desolador, por isso buscamos viver e criar maneiras de nos relacionarmos socialmente.
Por outro lado, o ato de se relacionar com alguém deriva o sofrimento de deparar-se com o desejo do outro, e que esse desejo é impossível de controle. Eva sabia disso.
Então a angústia nos assola, pois ela sempre nos remete ao nosso próprio desamparo, ao nosso narcisismo.
O filósofo Arthur Schopenhauer, que por muito inspirou Freud, já usava o dilema do porco espinho para fazer menções às relações humanas, de como é sofredor para o sujeito se relacionar de qualquer maneira humana possível, até mesmo se pensarmos hoje em dia no surgimento das relações líquidas na modernidade, via redes sociais, quanto mais intimidade e aproximidade entre um sujeito e um grupo, mais espinhosa essa relação poderá se tornar. Radicalmente bloquea-se e silencia-se qualquer ameaça ao EU, fugindo daquilo que não é imagem e semelhança. No conto bíblico há um lugar próprio que é destinado aos hereges, aqueles que não se assemelham e devem ser castigados. Quem não me ama, não é digno do reino do meu céu, não é isso?
Essa ambivalência afetiva passa a nutrir as neuroses no mundo contemporâneo, pois o que se busca no outro, seria justamente o eco de sua própria voz.
Como disse Caetano Veloso, narciso acha feio o que não é espelho, pois paradoxalmente as identificações mesmo derivadas daquilo que possa ser diferente ao sujeito, ela serve para que o sujeito possa diariamente afirmar sua identidade de ser e sentir-se pertencente a algo, um grupo do qual é ele mesmo, que por ora, o faz perder contado com o outro ou mesmo em companhia de alguém, o sujeito buscar inconsciente manter-se sozinho dentro de sua bolha narcísica para preservar sua fantasiosa ideia que existir o basta.
Leivanio Rodrigues
"O ataque é aos falsos profetas e a seus megalomanismo, narcisismo e inumanidade, não à fé subjetiva."
Não há narcisismo que dure para sempre; um dia o lago seca; o espelho quebra; a luz do holofote se apaga; a festa da fantasia chega ao fim, a máscara cai e a visibilidade do pavão boçal desaparece na poeira do tempo.
Só fazemos algo em prol de nós mesmos, isso não é narcisismo nem egoismo, é cuidar de si e dos outros.
"Entender o narcisismo primário nos ajuda a perceber como nossas primeiras experiências moldam nossa autoimagem e relacionamentos futuros."
"Curtidas e seguidores se tornaram as novas moedas da autoestima, alimentando o narcisismo secundário nas redes sociais."
Amar a si mesmo em exagero, torna-se narcisismo, que impede que amemos as outras pessoas como elas são, e não apenas uma cópia de nós mesmos.
Narcisismo e Neurodivergência em uma Sociedade Neoliberal
O que resta de uma mente que luta para encontrar seu lugar em uma sociedade que valoriza o desempenho, a competição e o sucesso a qualquer custo?
Acredito que o espectro narcisista é vasto, e sua manifestação pode assumir inúmeras formas dentro dos recortes psicosociais em que vivemos. Em uma sociedade neoliberal e capitalista, o perfil narcisista — seja ele crônico, patológico ou treinado — frequentemente se encontra no topo da pirâmide social.
Essas são as pessoas privilegiadas pelo sistema, favorecidas por sua natureza egoísta, exploradora e alienante. O sistema recompensa aqueles que não demonstram empatia, que conseguem explorar e invalidar os outros para alcançar seus próprios objetivos.
E onde ficam as pessoas que, por sua própria natureza, não se encaixam nesse molde? Como os autistas, aqueles com afantasia ou Transtorno de Processamento Sensorial (TPS) sobrevivem em um sistema que parece desenhado para vê-los fracassar? Essas pessoas, que muitas vezes possuem uma empatia profunda e uma visão única do mundo, são constantemente marginalizadas por não seguirem as regras sociais "normativas" — regras essas que são, em sua essência, adoecedoras.
Vivemos em um mundo onde a busca por sucesso e poder, sem consideração pelo impacto sobre os outros, é celebrada. E, nesse contexto, aqueles que não compartilham dessa mentalidade são colocados à margem. Para as pessoas neurodivergentes, a realidade é ainda mais dura: elas vivem em um constante estado de vulnerabilidade, não porque lhes falta valor, mas porque o sistema em que estão inseridas não foi feito para acomodar sua maneira de ser.
O Verdadeiro Perigo Invisível: Narcisismo, Empatia e a Sociedade que Marginaliza os Sensíveis
Em uma sociedade que celebra a grandiosidade e o sucesso individual, os narcisistas caminham livremente, muitas vezes ocupando lugares de privilégio e poder. O narcisismo patológico, caracterizado por uma constante necessidade de validação e uma preocupante ausência de empatia, é raramente reconhecido como o perigo que pode ser. O que é frequentemente negligenciado é que essa condição não apenas prejudica os indivíduos ao redor, mas também ameaça a liberdade e o bem-estar de quem convive com ela.
Enquanto o narcisismo permanece invisível aos olhos de muitos, a sociedade frequentemente esquece que o narcisista não enxerga além de si mesmo. Para ele, os outros são apenas reflexos distorcidos, peças a serem manipuladas para alimentar seu senso de superioridade. Pesquisas mostram que essa falta de empatia, somada ao desejo de controle, pode levar a comportamentos abusivos e destrutivos. No entanto, apesar dos danos causados, os narcisistas raramente são acompanhados por especialistas, não recebem o tratamento adequado que poderia prevenir suas ações danosas.
Em contraste, temos aqueles que, por suas condições neurodivergentes, como autismo, transtorno de processamento sensorial, esquizofrenia paranoide, afantasia e transtornos de personalidade borderline, vivem em constante estado de hipersensibilidade. O que a sociedade muitas vezes não percebe é que, ao contrário do estereótipo de falta de empatia, esses indivíduos frequentemente experienciam uma forma profunda de empatia, uma conexão intensa com o sofrimento alheio. Sua sensibilidade, no entanto, os coloca em posição de vulnerabilidade, tornando-os presas fáceis para aqueles que se enquadram no perfil narcisista, especialmente em um mundo que marginaliza os que não seguem os padrões normativos.
Essas pessoas, que sentem de forma intensa e se importam profundamente com o bem-estar dos outros, são muitas vezes estigmatizadas. A sociedade tende a vê-las como "difíceis", "frágeis" ou "problemáticas", enquanto, na verdade, elas são vítimas de uma cultura que valoriza a frieza e o controle. Indivíduos com transtornos como o borderline, por exemplo, podem ser incrivelmente empáticos, mas sua dificuldade em regular as próprias emoções faz com que sejam frequentemente incompreendidos e até demonizados.
Vivemos em um mundo que, de muitas maneiras, valida o narcisismo, premiando aqueles que conseguem se destacar à custa dos outros. O sucesso e o poder, frequentemente associados a traços narcisistas, são glorificados, enquanto aqueles que sentem demais, que questionam, que buscam conexões genuínas, são relegados à margem. Esse padrão cultural, dominado pela busca de validação externa, não apenas alimenta os narcisistas, mas também aliena aqueles que se recusam a jogar o jogo.
É uma ironia cruel: enquanto os narcisistas caminham livremente, sem serem responsabilizados por seus comportamentos prejudiciais, os sensíveis e empáticos são vistos como desajustados. Pessoas que têm uma conexão mais profunda com os outros, que sofrem por não se encaixar no molde de frieza que a sociedade parece exigir, são muitas vezes marginalizadas e patologizadas.
Devemos, então, nos perguntar: quem são realmente os que mais precisam de atenção e acompanhamento especializado? É hora de olharmos para essa dinâmica de poder com mais clareza e justiça. Se os narcisistas andam soltos, quem realmente está fora de lugar? Quem, de fato, precisa de cuidado e tratamento?
A sociedade precisa rever seu julgamento, reconsiderar o que é patologizado e o que é aceito. Porque, no fim das contas, os que são marginalizados por sentirem demais podem ser aqueles que mais têm a oferecer em termos de empatia, conexão, liderança e humanidade.
Quando se apaixona por alguém, esteja alerta, pode ser narcisismo.
As pessoas não amam as mulheres que estão ali. Amam o apreço que essas mulheres dão de si próprias, a adulação que a mulher exprime ao homem. A mulher lisonjeia o homem, o homem adula a mulher - é uma adulação mútua.
O homem torna-se o lago e reflete a mulher, e a mulher torna-se o lago e reflete o homem!
O que você vive, é amor ou narcisismo?
Ao se achar importante, veja que em tal grau é elementar reconhecer o seu narcisismo, quanto perceber a sua insignificância.
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