Amor Racional
Nunca se desiste totalmente de um amor a quem se disse adeus racionalmente. Fica, em algum compartimento da alma, um desejo de ter tomado a decisão errada; fica no coração uma sala desocupada e silenciosa onde se vela um morto que não pode ser enterrado.
Então, onde está este Amor que se quer tanto? Por onde anda?
De uma forma bem racional que tenho em doses altas não procuro neuroticamente em cada rosto, não fico insistentemente falando da outra metade me lamentando por estar só, não estou ansioso e nem tampouco preocupado, vivo tranquilamente, embora e é estranho, tanta saudade sinta de quem nem sei ao certo quem é, onde mora, quais feições exatamente tem seu rosto e modos o seu jeito de ser. Então, às vezes, inevitavelmente me pergunto cadê e por onde anda e me pego, sem querer, sendo pego e sem escapar daquele jeito tão humanamente passional e emocional, não resistindo e imaginando se aquele alguém qualquer para quem fixo o olhar num exato instante, não seria o tal que tanto penso e não sei quem é, aquele do qual tem a inédita capacidade de me fazer real e plenamente feliz, sem enrolações ou frustrações; consigo usar incrivelmente meu imaginário e enxergar um trilhão de faces e jeitos de ser ao fechar meus olhos, como um computador super potente, quando somente um, no meu íntimo, consegue me parar e chamar de verdade a minha atenção e intenção, aquele do qual sinto uma enorme falta e só eu sei.
E embora não me apegue a esta ideia sufocante de solidão e busca pelo Amor, consigo sentir uma nítida falta, assim, nas entrelinhas da vida, disfarçadamente e sem desassossego algum, de alguém que nunca esteve e não está fisicamente do lado, mas está comigo só porque sei que o Amor pelo qual desejo, em algum lugar existe, só pra me fazer feliz de um jeito mais completo como ainda não fui e mesmo não procurando e nem dependendo deste Amor, o aguardo com todo o meu sentimento guardado, assim como também sei que o que ele sente por mim é exatamente a mesma coisa, assim, desse jeito tão intenso e verdadeiro, sem nem ao menos me conhecer, mas sabendo e sentindo que eu estou aqui e existo para ele.
O amor há um jeito que é só seu, é um estado natural que prevê a exclusão de qualquer forma racional.
Eu não acho que o amor seja só loucura e bagunça, mas ele é, principalmente racional. Saber para onde está indo e com quem está indo. Saber do que você é capaz, e mais importante, saber do que a outra pessoa é capaz por você, e ainda assim querer cometer loucuras na bagunça que somos. A racionalidade no amor é linda, ninguém gosta de ouvir aquela desculpa "eu não sabia o que estava fazendo". Porque eu sou assim, eu só mergulho se for pra ser do seu lado, aproveitando as ondas ou naufragando juntos.
Na recíproca verdadeira a racionalidade é o épico da razão, mas a loucura do amor fora esquecida em qualquer parte pelo coração moderno e vazio.
O fogo da paixão é o mérito do apaixonado, mas também é a frustração do coração vazio.
O amor não é racional, é passional, tudo perdoa, tudo acolhe e por tudo vive.
Feliz aquele que o encontra!
Sei que não dá para racionalizar o amor. Ele simplesmente não se ajusta às regras da razão, pelo menos da razão que conhecemos, com as regras que conhecemos (ou que queremos acreditar que conhecemos).
O amor não se trata com frieza, distância, silêncio e racionalidade. O amor é irracional, quer ficar perto a qualquer custo, falar de qualquer maneira. Desconsidera tempo e conselhos, não precisa de dúvidas, ele age e até faz papel de bobo muitas vezes, mas não fica parado. O amor se renova a cada dia mesmo tendo terminado toda noite. Amar não é ter certeza, não é equação matemática, notícia de jornal. Não é pensar, refletir, se segurar.É agir de tal forma comandado não pelo que você é, mas sim pelo que você sente. Mesmo com todas as suas imperfeições. mesmo com toda às dúvidas. É fechar os olhos, segurar as mãos e se jogar.
O AMOR não machuca, não judia, não critica, não julga! Por isso, escolha sabia e racionalmente o coração no qual você irá depositar esta DÁDIVA que transforma vidas e transcende mundos!
De nada adianta tentar racionalizar esse sentimento chamado Amor. Nós seríamos muito mais felizes se deixássemos de lado a patética obsessão de achar que podemos entender e dominar coisas que, definitivamente, jamais poderão ser entendidas ou dominadas.
Existem dádivas que a vida nos oferece para que simplesmente desfrutemos o sabor de Sentir e Viver. Usufrua toda a gama de possibilidades e a total ausência de limites que nos proporciona generosamente esse sublime desconhecido, ao qual chamamos de Amor. Amar é doar-se, como poucos sabem, como poucos fazem e como poucos legitimamente Amam.
Não podemos racionalizar o amor, porque, dessa maneira, aumentamos brutalmente a distância entre a cabeça e o coração!
Pedro Marcos
Tenho dentro de mim de um lado o amor e do outro a racionalidade, o que equilibra. Na verdade, isto em metáfora, pois o contrário da racionalidade não é o amor, entanto para não entrar em complexidade diga-se assim (a quem não entende de outra forma). (03/01/2018)
Fico triste em ver meus afagos embargados diante do injusto tribunal racional do nosso amor. Muito fácil é condenar quem ama pois a grande maioria morna só se engana, permanece viva por amizade e comodismo. Pois amar de verdade não admite medo, covardia e nem depois. Tem por emoção mais forte a liberdade e nunca a tolerante proximidade por qualquer cativo e carrasco compromisso. Sendo isto o amar é frio, tolo e corriqueiro. Tipo corrida maluca entre corpos que existe um vencedor, e é sempre aquele que goza primeiro.
