Abismo
cuidado para não entrar pela porta que te conduz ao abismo.
se entrar, abra as asas em meio a queda,
voe e volte, ela está sempre aberta..
cuidado para não fechar a porta que se abre para o universo.
ela costuma abrir uma vez só..
Quando sua vida começa a cair no abismo, sempre há um segundo para você se perguntar como tudo começou.
Ser profundo... é buscar no abismo a esperança de criar raízes de um ser não animado que sempre procura a luz aonde quer que ela esteja.
Eu preciso de limites me mostre, estou a milésimos de segundos para que o abismo se vire contra mim.
Eu pensava que o abismo era o pior que eu poderia chegar, mas hoje vejo que já atravessei o inferno por conta dos meus pecados.
"Seus olhos cor de mel me levam ao abismo, seus cabelos castanhos e seu corpo me enlouquecem. Ah! Se você soubesse o que meus pensamentos gritam sobre você"
O infinito abismo só pode ser preenchido por um objeto infinito e imutável, isto é, somente pelo próprio Deus.
Entendo só que, não compreendo quando afirmamos que estamos vivos, uma vez que...
"o abismo e a vertigem nos atrai".
Nas profundezas do meu coração existe passado e presente...
... entre eles vive o abismo da sua ausência!
"Eu vi a paisagem e não resisti, à beira do abismo eu gelei.
Refleti por um momento e por um eterno segundo, eu hesitei.
Não resisti, nas suas lembranças me lancei.
Lembrei-me de quando cada palavra sua, fazia-me dos seus sonhos, o rei.
Nem sobre as nuvens eu me senti tão perto do céu, como nas vezes em que te amei.
Vislumbrei a vastidão, me encantei com a beleza das coisas que o Deus fez.
Mas só vi perfeição na beleza do mundo, uma única vez.
Quando fitei os seus olhos e ali mesmo me apaixonei.
Ali, logo ali, eu não deveria, eu sei.
Mas nas lembranças, nos sonhos de contigo, uma vida, me lancei.
Eu era feliz, eu sei.
Mas na beleza do oceano, existe o seu eu profundo e aí existem perigos, eu sei.
O coração parvo, encantado, louco, enganado, não quis me ouvir, mas eu avisei.
Que seu amor era passageiro, como às nuvens aos meus pés, que a pouco narrei.
Ali em cima, eu vi o mundo, eu vi você, quem sabe Deus? Talvez.
Lembrei-me do seu olhar e como naquele dia, não resisti, eu gelei..." - EDSON, Wikney
Escolhas
Lá estava ele, à beira do abismo. Mente impregnada pelo terror. Vozes gritando, trevas, demônios em chamas, espinhos, lama. Confortavelmente entorpecido pelo medo, olhos esbugalhados, voltados ao horizonte. Uma das mãos no bolso, roçando em um objeto metálico circular e outra agarrada numa garrafa de vidro. Pés descalços. Brisa quente.
Foi tempo perdido?
Pássaros livres voam sem se importarem com o tempo, e mesmo assim não o perdem.
A toda hora, em todos os locais, tempo é gasto, mas não desperdiçado. Pois amorfo como água o tempo é. Toma a forma das nossas dores e passam inevitavelmente dilacerando nossos sentimentos. Mas a dor é fogo que derrete o metal bruto afim de moldar a bela jóia que torna-se o homem que assimila seu sofrimento.
A mão sai do bolso com uma moeda do valor da insegurança e covardia. Por ela será decidido o destino.
Marteladas no peito.
Lançada ao sabor do vento, com o brilho da prata a refulgir a cada giro do medo, ela cai pesarosa na mão que a lançou e esta se fecha relutante em abrir, a mão verte suor e treme.
Na outra mão a garrafa vai à boca, e o fel de fundo adocicado da coragem desce pela garganta queimando a incerteza, aquecendo o coração, fluindo mente adentro, clareando idéias.
Mais uma vez a moeda ganha os ares, e sem revelar sua escolha vai cada vez mais longe para nunca mais voltar. Ao abismo ela se vai e ele escolhe a vida.
