Abandono
Um ano depois
Sentimentos sombrios
Transpassados de um humor sórdido
Lembanças embebedadas no mais elevado teor alcoólico
E o cheiro a contrastar com estes meus lençóis frios
Aqui da janela, tudo parece uma pintura
Verniz escorrendo no acabamento mal feito
Feio como o conhecido pacto desfeito
Bem-vindo à famosa ausência de compostura
O sangue escorre por meu braço
Lágrimas orvalham meu rosto
No espelho só me vem desgosto
O importante é que rompi o laço.
Cortei as linhas que nos ligavam
Sequei todo sentimento
E por um feliz momento
Desejei poder não dar ouvidos a tudo que falavam.
Por vezes precisei me entorpecer para não sentir
Do meu cigarro favorito foram sete maços
Nas paredes do meu quarto vários traços
A lua me mostrava ser melhor deixar partir.
Thaylla Ferreira Cavalcante
VOLTA
Minha andorinha,
Voando sozinha,
Fugindo assim;
E porque fugir,
Sair do teu sossego,
Do teu aconchego,
Segui outro rumo?
Voas sem pensar,
A qualquer direção,
Expõe-se ao perigo,
Sem saber se um dia,
Poderás voltar.
Minha menina ,
Dengosa, teimosa,
Tentas apagar,
Lembranças de mim,
E da sua agenda ,
Deleta meu nome,
À se distanciar,
Através do tempo,
E seguindo ao vento,
Sem ter a certeza,
Onde irá pousar,
Nessa insegurança,
Não encontra abrigo,
Menina teimosa...
Volta minha vida,
Minha pombinha,
Vem de regresso,
Ao teu lugar certo,
Que em nosso ninho,
É o teu lugar.
Eu vivo a chorar
Essa sua ausência
Que me joga ao léu
Sou o teu menino
Que chora teu Abraço
Que sem teu calor
Não me resta vida
É só você mesma
Que me dá sossego.
Meu bem meu amor
Volta minha vida
Minha andorinha
Voa pra meus braços
Não se exponha ao vento
Seja em movimento
Seja contra o vento
Estou te esperando
Pois aqui é teu lugar.
Sou levado, sou enrolado, sou eu até onde bater mais forte. Na encosta me encosto, e fico feito barco parado à beira-mar. Um navio inexistente, apagado, feito arco de harpa velha em depósito alojado à mostra para o que já não é mais. Foi-se o dia, foi-se o som, foram-se notas. O som parou e agora virou plateia.
Ave Maria
Quando tu vai,
a saudade chega e aperta,
mais do que aperta em saber que tu tá longe.
Quando tu vai,
meu coração se fecha
Até que chamo,
Mas ele nem responde.
E pra abrandar teu sumiço,
Rezo pro meu padrinho padre Ciço,
Pra afastar essa tua falta.
E quando tu chega,
faço dos teus braços, meus,
Do teu abraço,
o meu deus,
A ele entrego minha devoção.
Nessa vida de nordestina bruta,
Nem Maria Bonita atura,
Tem dias em que sou o cão.
E ainda assim tu me aguenta,
Foguenta.
Aproveita e fermenta essa nossa paixão.
Porque no teu carinho me vejo inteira,
Da tua vida eu sou prisioneira,
A quem interessar digo,
Não me alforrei não!
E se for castigo,
Tu têm sido meu pecado e minha perdição.
Mas me prenda em teus braços
Que eu digo ao delegado,
Seu doutor,
Não quero libertação!
Thaylla Ferreira Cavalcante
Abandone-me,
Mas faça com jeitinho.
Distancie-se,
Por favor, que faça-o devagar.
Pois a dor será grande,
O baque será forte,
Infelizmente,
Sei que vou me machucar.
Abandone-me se o for.
Mas que seja rápido,
Para ser mais indolor.
Ignore-me posterior,
Pois antes,
Além da raiva,
Causa dor.
Desculpe-me meu amor.
Se te incomodo.
Te distraio.
Desculpe-me pelo que for.
Melhor sozinho do que ser abandonado por alguém que parte ou continua ao lado. Melhor ainda ter esperança, de um dia amar e ser amado.
Por que não me deixas ficar? Por que não se importa mais comigo?
É isso dói tanto porque eu sei que preciso de você, se eu fosse você não me deixaria ir.
A lucidez da loucura...
Onde se esconderam as cores?
Os olhos já não as veem e nem as têm
Evaporaram por algo errado ou certo
E algo insano não mais as permite por perto
Onde estão os amigos?
Vozes sem som, silêncio calado
Memórias de faces em finos rabiscos
Que se apagam no tempo dos segundos
Onde estão os irmãos?
Que mesmo distantes, ainda que pouco
Em prosas sadias, derramavam sorrisos
Até que o destino se cansou... e tudo parou
E a vida vem e faz novo e belo sentido
Na paixão de ter um amigo ou ser irmão
Por acaso, querência ou sem razão
Conta baixinho: amar nunca é em vão!
Quando as coisas começam a dar errado, as pessoas somem e já não temos a quem recorrer. Mas Deus é o único que sempre estará ao nosso lado, mesmo quando só nos restam lágrimas para oferecer.
— Jucelya McAllister
Ser abandonado que não vê
crê ou prevê sua jornada
Já o ser feliz e envolvido
quer soprar o amor
Deixar-se aparecer
reverter o temer
Iridescência
O que é a vida se não um enigma
Um jogo de esgrima sem vencedor
O que é a vida se a gente não finda
De uma vez por todas o que começou
O que representa esta grande impotência
Da loucura desvairada
Que teu pai te proporcionou
E em qual esquina esteve marcada
Esta promessa que tu nunca concretizou
Nesta eloquência desvairada
Encontrei meu salvador
Entreguei a ti, tudo que de mim sobrou,
Não que fosse muito, sei, sou quase nada
Mas se nada sou, eis-me aqui entregue
Torcendo pra não ser tomada,
Ainda assim, cá estou, abandonada,
Desejando-te da alma à epiderme.
Porque sim, tenho mil amigos
Uma estante repleta de livros e Cd’s
Sim, tenho mil e um escritos,
Mas só um poema é sobre você
E este tem-me sido um companheiro incansável,
Na batalha das decepções que o presente da vida veio a ser
Desde então colmei-me de difíceis escolhas e percebi
Nada mais será bom o bastante sem a dádiva de te ter.
Nada sou perto de tua iridescência admirável.
Conheço uma única pessoa
Capaz de emanar todas as cores mesmo sem permitir
Tens sido excepcional ao ponto de me refletir.
Pois sei, é preciso arriscar pra se libertar,
Prometo estar aqui enquanto decidires ficar.
P.S: Fica!
Thaylla Ferreira Cavalcante
Não me lembro mais do seu cheiro, seu sorriso, não me lembro como era caminhar de mãos dadas contigo.
Não me lembro do sentimento que alimentava por você, da razão pela qual me apaixonei, pela qual te entreguei minha vida e me privei de muitas coisas que me faziam bem. Quem é você que divide um teto comigo, mas hoje não passa de um estranho pra mim. Por quê me abandonou assim?
Eu só queria o carinho dela, poder deitar em seu colo sabendo que é só minha....
Infelizmente as pessoas gostam de encher as outras de esperança e depois ir embora, pessoas que não sabem amar, machucam as que sabem...
Na infância temos sempre uma mão pronta a nos guiar e ajudar...na medida em que crescemos vamos sentindo os abandonos para nos obrigar e responsabilizar das nossas próprias caminhadas...assim é sempre ao longo da vida...no principio há sempre uma mão que se vai afastando para que o que fazemos seja mesmo nosso...por isso sinto os abandonos como alicerces ao crescimento...quando mais abandonos sinto mais crescida me torno nas profundas reflexões onde não largo a infância do meu destino...sempre pronta a mais um caminho...uma estrada...uma bosque a desvendar...
Homem da rua
Ninguém tira as experiências que ele passou, suas lutas diárias, decepções, alegrias... superações! Ele é um sobrevivente, ele é um guerreiro, um vitorioso. Ele é um homem da rua, como tantos outros, um maior abandonado.
"Era daqueles homens tímidos que não possuem uma medida certa na relação com os outros. Se perdem a calma, perdem-na sem controle; se são gentis, o são até serem melosos como mel.(...) "
Sou devidamente abandonado e esquecido na maioria das vezes por conta da generosidade intelectual, dos conhecimentos, saberes e das ideias gratuitamente oferecidas. O mundo ainda hoje só dá o alto valor ao pensamento cativo e atrofiado dizimista permitido.
A VALA
Dos esgotos ao riacho, a água suja levando todo tipo de relaxo humano. Aqui embaixo, no vale dos escrotos, pouco se vê daquela selva de concreto onde a vida abstrata torna a todos os cinzentos viventes robôs, inorgânicos por natureza consumista destrutiva.
Minha pele ferida pelo tempo passado dentro de manilhas ásperas e contaminadas, enfraquecida pela carência do sol, marcada pelo desespero. Considerava-me parte deste submundo de fezes e lixo, entre os ratos e as baratas, partilhava de suas rotinas o mesmo espaço, porém, hoje percebo que sou apenas mais um fruto da desumanidade, um resto inútil que um dia foi descartado.
Pelos canos rastejei buscando abrigo, porém minha presença opressora prejudica a liberdade no esgoto, não sou resto suficiente de algo, talvez seja eu restos de nada, talvez nada. O córrego de merda desperta-me o desejo de navegar, de sair pra ver o céu, respirar um pouco melhor este ar.
Principio de um desejo a jornada rumando junto à corrente, das paredes abissais escorrem desesperança, mas, o trajeto da grande valeta parece me trazer o sentimento de um futuro favorável. Segui-lo hei na minha aventura, embrenhado na pequena mata baldia sigo, e a cada passo que dou me sinto um pouco mais vivo, pelo menos, a sensação de que o coração ainda bate me conforta.
Ruídos, buzinas, freadas, sirenes, latidos, roncos, pancadas, batidas. A cidade é um monstro estranho, não pretendo compreende-lo. Deveria me assustar, apavorar, mas ele já arrancou de mim todo o medo, consumiu-me até não restar bagaço à desfazer, ando por suas entranhas como um fantasma anônimo, perdido, avulso, perambulando leve nulo desumanizado.
Avanço pela fenda cada vez mais larga, distante dos tubos, enquanto acompanho o escorrer do denso regato fétido sou observado pelos habitantes das fossas, um desirmanado só, errando extraviado de todo o resto, perdido. Mas por que julgar de tal modo o olhar curioso das criaturas? Por que estabelecer tais qualidades tão desprezíveis à mim mesmo? Talvez minha imaginação tenha sido arruinada, uma cabeça desprovida de sonhos e esperanças, uma cabeça oprimida e comprimida de forma a servir um propósito alheio não mais pensa livremente para si.
Deparo-me com uma comunidade às margens do riacho, estranhamente sinto pelos que ali vivem o horror de ser humano lixo, descartados como bosta deste monstro conhecido como cidade. O crepúsculo triste de um sol que não se vê, torna aquele lugar mais estranho. Na escuridão vejo uma tímida fogueira, queimando lixo, iluminando e aquecendo rostos anônimos a queimar e fumar a dura pedra da decepção, cravando desilusões na mente já ludibriada pelo desapontamento vívido vivido desde a infância.
Peço-lhes fogo, para atear em minha própria fogueira, longe da desesperança e do lamento, aquecerei meu desejo de seguir adiante e matarei minha sede longe do olhar desconfiado dos que receiam. O cheiro das fezes lançadas pelos tubos empesteia a noite, e não há noia que catingue tanto a ponto de nos fazer esquecer que o vale dos escrotos foi enterrado com esterco e pavimentado com ignorância.
A chuva cai sobre nós lixos, evaporando do solo toda a podridão tornando o fedido cânion um caldeirão infectado, que logo é tomado por uma enxurrada de chorume decomposto lavado das ruas levando indiferente tudo o que havia ou não pela frente.
Fui junto, tornei-me mais um corpo inchado boiando na merda removido com repulsa e enterrado com repugnância, despido de qualquer pingo de empatia tido como resíduo inútil de uma existência desnecessária.
Tornei-me lembrança passageira de alguns ratos de esgoto, o homem que foi lixo do homem, um lixo de homem na vala de lixo.
Maquiagem é pras fortes..
As fracas como eu.. ficam naturais pois quando as lágrimas escorrem não vem acompanhada de resíduos que te abandonam no pior momento.. iguais as pessoas que causaram as lágrimas..
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