Versos de Silêncio

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Estou muito próxima, de um modo geral. É bom e não é bom. É que sinto falta de um silêncio. Eu era silenciosa. E agora me comunico, mesmo sem falar. Mas falta uma coisa. Eu vou tê-la. É uma espécie de liberdade, sem pedir licença a ninguém.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Bolinhas.

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Mrs. Dalloway, Mrs. Dalloway, sempre dando festas para encobrir o silêncio!

Por enquanto há diálogo contigo. Depois será monólogo. Depois o silêncio. Sei que haverá uma ordem.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Não posso mais ouvir em silêncio. Preciso falar com você pelos meios de que disponho neste momento. Você partiu minha alma. Sou metade agonia, metade esperança. Não me diga que é tarde demais, que sentimentos tão preciosos foram-se para sempre. Ofereço-me para você de novo com um coração muito mais seu do que quando você quase o despedaçou há oito anos e meio atrás. Não se atreva a dizer que o homem esquece mais rápido do que a mulher, que seu amor morre mais cedo. Eu tenho amado somente você, mais ninguém. Injusto posso ter sido, fraco e ressentido também, mas nunca inconstante.

Porque metade de mim é o que eu grito, a outra metade é silêncio.

Assim como devemos levar em conta cada palavrinha, precisamos considerar cada momento de silencio.

Temos, há muito tempo, guardado dentro de nós um silêncio bastante parecido com estupidez.

O olho do homem serve de fotografia ao invisível, como o ouvido serve de eco ao silêncio.

Machado de Assis
Esaú e Jacó (1904).

Ela refletia tudo sem nunca refletir, e que, com tanto silêncio e sombra, conseguia ficar à altura de qualquer luz.

Amigo é aquele com o qual se pode compartilhar o silêncio… como se partilha a palavra.

Desconhecido

Nota: A citação é atribuída a Clarice Lispector, mas não há fontes que confirmem essa autoria.

Nossa geração não lamenta tanto os crimes dos perversos quanto o estarrecedor silêncio dos bondosos!

Deus se manifesta no silêncio.

Ouve-me, ouve o meu silêncio.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.

A convivência entre poeta e leitor, só no silêncio da leitura a sós. A sós, os dois. Isto é, livro e leitor. Este não quer saber de terceiros, não quer que interpretem, que cantem, que dancem um poema. O verdadeiro amador de poemas ama em silêncio...

Seu espírito ansiava pela solidão e pelo silêncio que só um grupo grande era capaz de proporcionar.

As grandes almas sofrem em silêncio porque entendem que a dor é como uma dessas varetas de ferro que os escultores enfiam no barro para sustentar a estrutura e sabem que só nos livramos de um sofrimento depois de o haver suportado até o fim!

O silêncio só é necessário quando não se tem nada de válido a dizer. Ele faz com que até os idiotas pareçam sábios por um minuto.

O medo é mudo; os aterrorizados falam pouco, parece que o horror diz: silêncio!

Ele pode pensar em você. Todos os dias. E ainda sim, preferir o silêncio.

Ficar em silêncio não significa não falar, mas abrir os ouvidos para escutar tudo que está a nossa volta.