Versos de Melancolia
Escrever!!
— É ter a façanha de tirar das entranhas, palavras genuínas de emoção, que encantam o coração!
— É rascunhar o que vivência, muitas vezes até com nostalgia, e desse modo apaziguar o pavor da melancolia!
Rosely Meirelles
E se a vida se esvaísse do meu corpo hoje enquanto eu olho essas nuvens brancas percorrendo a imensidão azul do céu?
Deitada no chão, fumando um cigarro com a cabeça no passado sem imaginar um cenário de possível futuro.
Não por falta de tentativas, eu realmente tentei, tentei muito e, por algum tempo, até consegui. Até notar que o mérito não era meu, e sim, dos remédios, da terapeuta, e de uma esperança de ter você ao meu lado novamente.
E se eu não fosse responsável por fazer a vida dos meus gatos feliz, eu estaria livre para ir?
Tão jovem, tanta dor, tantos momentos ruins colecionados que se destacam dos bons que por parte, estão esquecidos devido a perda cognitiva.
E se esse mesmo céu lindo e melancólico nesse exato momento for o mesmo que você porventura esteja também a contemplar?
E se eu for? Você irá chorar ou se aliviar?
Dualidade da Vida
Vida em dualidade, bela e dor,
Máscaras sussurram verdades ocultas,
Rio de luz, sombras que me envolvem,
Melancolia revela a alma sepulta.
No cerne das máscaras, segredos guardados,
Lágrimas sussurram silêncios antigos,
A vida é pintura em tons desbotados,
Reflexões mergulhadas em vales sombrios.
Desvendar a vida, desvendar a dor,
A poesia revela segredos esquecidos,
Palavras como fios de melancolia,
Teço a trama dos sentimentos perdidos.
Em cada verso, um eco de saudade,
Em cada pausa, a melodia da solidão,
Vida bela e dolorosa, contradição,
Onde a tristeza se mescla à eternidade.
FILME
Há dias que não existo, simplesmente me abstenho da vida e inexisto, não vivo, não choro, não rio e não escrevo.
Carregado de amargor, vago sem proposito, não há o que fazer. O céu é cinza, o clima é encoberto de monotonia, chateação e desinteresse.
Por quanto tempo isso há de durar ? Até quando terei que sofrer por esse sentimento frívolo que me traz frustação e ansiedade ?
Eu só quero que isso passe, que o dia acabe, que o tempo se quebre e o sol exploda, durante esse período seco e insensível, meu combustível é o ódio.
Talvez eu só esteja sendo dramático, fazendo suspense por algo besta, tentando romantizar o tédio. Não sei
Acho que as vezes não há protagonismo em dias que somos figurantes.
POEMA DA VIDA
Poetas nascem nas decepções, poetas nascem nos amores, poetas nascem nas páginas de grandes livros, poetas nascem nas páginas de pequenos livros, poetas nascem na noite, poetas nascem nas madrugadas.
Poetas nascem no fundo do ônibus, poetas nascem em um dia nublado, poetas nascem no banco de trás do carro, poetas nascem no sofá, poetas nascem no bloco de notas, poetas nascem na sala de aula, poetas nascem em todo lugar.
Todos fadados ao mesmo destino, fadados a mesma rotina tediante, fadados ao romance da solidão. Todos viverão de eterna melancolia, mas nunca morrerão infelizes.
Escrever o que se sente,
sentir o que se escreve.
Palavras...são apenas palavras;
jogadas ao vento... sem direção.
Talvez lidas, talvez não lidas...
Que importância tem nisso?
Se me entendesse, saberia.
Sentimentos dispersos,
nas palavras que escrevo.
Chuva de pensamentos;
escorrendo pelas terras da indiferença;
acumulando-se no lago da insegurança;
atrofiadas na existência deste ser.
Uma doce ilusão sonhadora.
Este é o mundo que enxergo;
que pertenço, sem pertencer.
Minhas palavras...
nunca serão compreendidas.
Meus sentimentos...
jamais serão correspondidos.
Que beleza existe na melancolia?
Sinfonia da tristeza;
solidão exacerbada;
o descrever sentimental.
CHUVA (soneto)
Chove lá fora. O meu peito também chora
São suspiros de velhos e eternos pesares
Da alma que desapegando quer ir embora
Uma tristura que diviso, repleta de azares
Chove... Que agonia se percebe de outrora
Ah! Quem falou pro agrado voar pelos ares
Em preces de ira, com o chicote e a espora
Deixando as venturas laçadas pelos alares...
Chove lá fora. Minh’alma também aflora
E eu sinto o que o cerrado também sente
O pingo quente, e abafada a aflição afora
E esta tal melancolia que no temporal uiva
Tão impiedoso e ruidosa, que vorazmente
Tem a sensação: - choro! E chove chuva!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Essência do ser
Cada segundo que se passa
Me aproximo do inevitável
O que antes me assustava
Hoje nem me estressa mais
Quero ter a sensação
De finalizar minha vida
Me aproximar do fim
Relaxar no seio da morte
A cada segundo que se passa
Eu ganho mais coragem
Para me esfaquear
Tudo em prol do fim
Mas eu penso naqueles ao meu redor
Me fazendo questionar
Morrer ou não morrer
Sinto o carmesim do meu corpo
Querer extrapolar de dentro
E honestamente nem ligo mais
Só quero o fim desse inferno pessoal
Meus sentimentos habitam a catedral da minha alma, das quais os fantasmas cantam uma canção de dor,
a melodia dos meus gritos silenciosos.
Um por um eles levam minha alma,
eles consomem cada pedaço de mim.
Eu acho que é uma vingança apropriada,
ser consumido pela sua própria mente e coração, e no final, a minha ganância me consumirá também...
Nessa catedral não é por fé que eles rezam,
é pelo sofrimento eterno,
uma canção melódica de dor e morte.
Meu próprio inferno escondido no disfarce do meu lindo paraíso.
Não há antídoto para a alma atormentada, não há substância ou filosofia que preencha o vazio do peito – o vazio de sentir demais num mundo que valoriza o desapego, o vazio de amar e não ser amado, o vazio de sentir saudades de momentos e sensações que se perderam para sempre.
Trecho do eBook 'Pílulas de Esquecimento'
Coloque uma blusa de mangas longas
De tom azul escuro
Para esconder seus cortes
Sorria quando os outros rirem
Diga está tudo bem
Quando perguntarem como está
Chore sempre
Que estiver sozinho
E se exploda de vez em quando
Para amenizar o sofrimento
garota transparente
sem cor, sem ente
criada pela aparência
de uma vida sem crença
bela és tu
criatura livre
que poder solta
sem medo de ser envolta
Não apenas um fracasso, mas sim um completo fracassado.
Tudo que ele toca se desmorona, rasga feito lona.
Ele é mais um papel amassado que se encontra na lixeira,
Ninguém liga, Ninguém quer.
Pobre fracassado abandonado, tocou em tudo em sua voltou
E ficou apenas pó.
Pobre fracassado amaldiçoado carrega consigo a certeza que tudo para si é vão,
Lá vai ele correndo na contramão.
Desejos não são necessidades, são feitos imprecisos e eivados;
É a demonstração da ganância tentando suprir a fraqueza.
Surdina
No cerrado, lá no alto um sino canta
Da capelinha, num badalar soturno
Canta um sino e a melancolia pranta
Finda o turno!
Canta, pranta o sino no campanário
Como se assim se quisesse
Benesse, no chuvoso dia solitário
Resplandece...
Na messe! Canta e pranta silente
Na torre da igrejinha sem estresse
E o dia adormece, docemente
18 horas: - tal uma prece!
O coração abafado e vazio
Num acalanto o sino canta
Nebuloso dia... Que frio!
Triste melodia, triste mantra...
Sina!
Bate o sino... surdina!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
25/01/2020, 19’47” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
"Se soubesse que viria
E a farpa apertaria
Do meu peito expelia
Na madrugada não faria
Outra vez sua alegria
Se eu tentasse e não culpasse
Não diria essas palavras, cantaria
Mas se soubesse
Que a tal ponto
Esse encontro colidia
Na estribeira de suas dores
Com as minhas
Jamais te acordaria
Na madrugada, dormiria
Não te faria sofrer
Nem ao vento sopraria
Meu amor, minha alegria
Meu pesar e melancolia"
Desfecho vago |
Presenciaram os primórdios
Enalteceram vossos ódios
Compactuaram com a veemência
Efetuaram tamanha conivência;
Perante os esforços inalterados
Pedaços foram desordenados
E caminhos certos tornam-se indeterminados.
Desfecho vago ||
Seus dogmas tornam-se cinzas
Como toda esperança extinta;
Desmoronando sob um papel elegido branco
Negando à subordinada usar o manto
Por ser a tinta que promove sua insatisfação
Seu pranto.
Depressão não é tristeza contínua, é simplesmente não sentir nada, e esse é o problema.
O vazio me consome.
Foi você
Quem me deu inspiração
Para montar
Palavras em versos
Era você
Em todos
Os pontos de vistas
E vai continuar sendo
O motivo
Da minha melancolia.
