Versos com Rima das Estacoes do ano
DE POESIA EU PRECISO
De poesia é o que eu preciso
Da tua quimera e mais nada
Galgar a rota de sua escada
Sem vestir-se do ser narciso
A poesia é muito mais amada
Prazer d'alma, pouco ao juízo
Volteios de ilusão no paraíso
Da ficção, com lira misturada
Só preciso de poesia, teu guizo
Inspiração, silêncio, a tua pitada
Cheios de acordes e improviso
Poesia é tal qual uma estrada
Do fado vendado e impreciso
Que nasce da faúlha inspirada
(de poesia eu preciso!...)
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
SONETO VELOZ
Da varanda vi a meninada jogando bola
No vizinho a moda de viola ia distante
Tornando o meu pensamento pensante
Que a vida é levada numa veloz padiola
Ao sentir que o tempo na hora é dante
E um ilusionista estradeiro e sem sola
E que não nos espera em sua charola
Me vi diante duma saudade palpitante
Lembrei o primeiro amor, a juventude
As fotos amareladas, agora no ataúde
Dum passado, tão forasteiro de heróis
Fiquei com a recordação ali amiúde
Com os argumentos tão sem atitude
E que tanta coisa ficou para depois...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
Mineiro do cerrado
AMADOR SEM COISA AMADA
Ando no cerrado sem coisa amada
No coração um eco de um amador
Que atroa pela emoção tão atada
A solidão, que se dissolve em dor
Se me quiser, não me traga cilada
Ou então me deixe imoto por favor
De tédio a alma já se acha calada
E o olhar, no chão, cheio de travor
Quando a ventura fica embaciada
A sorte se enche de um tal pavor
E a sensação fica toda prostrada
E no amador sem a coisa amada
Sou um apaixonado aonde eu for
Aprendiz, buscando está jornada
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Setembro, 2017
Cerrado goiano
Aos pais ausentes.
Feliz Dia dos Pais, aos presentes.
A voz do meu pai.
A voz do meu pai, hoje é em tons de recordação
Aglutinadas na falta do eco de tua presença
Em suspiros de tua toada rija, suave fustão
Que acariciaram e fremiram em defensa
O quanto lidaram, e dos justos a tua razão
Velho pai, a tua voz jaze na lástima intensa
Nas lembranças agonia acridoce no coração
E, no entardecer do cerrado, a renascença
Pois havia na tua voz sim e também não
Que agora na vida nos dá a recompensa
Do teu jeito forte e para sempre lição
Tal contra o vento árido, a nostalgia prensa
A tua voz, levada como folhas da estação
E na saudade, uma eterna saudade imensa.
O SOL
Para que curvaste
no beiral da ventana
e pelo chão se arraste?
É por seres luz soberana
querendo luzir meu verso?
O meu poetar está sem gana
A alegria na alegria submerso
E estou quieto, de carraspana
Deixe-me a sós, no breu inconfesso
Fica-te por aí na ilusão mundana...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Agosto de 2017
Cerrado goiano
Quando o sol queimar o seu rosto
E o mundo inteiro o machucar,
Eu posso te oferecer um abraço,
Para fazer você se sentir melhor
Sou…
A flor da pele transpirando emoção
A mão que fuça a doce ilusão
Uma duradoura paixão...
Sou...
A noite que se faz dia
A madrugada de pura revelia
A chegada, a partida, fantasia
Sou o olhar estendido
Sou o coração partido
Sou alma de uno sentido
Sem hora nem lugar...
Sou um eterno amar!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
07’39”, 04/06/2013
cerrado goiano
SONETO AMORÁVEL
Eu disse a mim mesmo que viveria sem você
Ledo engano, o meu coração não me obedece
Não sou forte o bastante, como se quisesse
Ser. Repito a cada instante, mereço? Por quê?
Às vezes o tempo fica sem o dia, ali vazio
E a obscuridão da noite me traz a solidão
Nada digo, nada tenho, eterna imensidão
Sem você, o querer escorre pelo beiral frio
Não sei mais ser forte, no horizonte a alma
E eu aqui perdido num labirinto de trauma
Quanto mais tento sair, mais a desarmonia
Eu menti para mim mesmo, até machucar
Que eu saberia poetar sem poder te amar
Aqui eu, ainda, lhe poetando amor na poesia...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09 de novembro de 2019 – Cerrado goiano
copyright © Todos os direitos reservados
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol
em pranto...
[…] é na viscosidade do suspiro
que a lágrima escorre pela face
redemolindo a alma num só giro
a ferro e fogo, a dor num enlace
agregando o sofrer em um retiro
de silêncio, de um usurário repace
que sonoriza o aperto em um coro
no peito e, amargor em trespasse
vazando o tormento num turvo choro...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
12 de novembro de 2019 – Cerrado goiano
NATAL, amor
- Para todos os que coabitam
os fartos, os que necessitam
- Pelas mãos que dão asilo
a aquele que está intranquilo
- Pela dor que é compartilhada
na dificuldade vivenciada
- Pela velhice respeitada
é sabedoria, tem de ser assimilada
- Pela mágoa que abriu ferida
indulgência deve ser oferecida
- Pelas guerras iniciadas
as armas devem ser arriadas
- Pelo tempo, em sua moderna corrida
abrace mais, sorria mais, mais vida
- Pela inconsciência desatinada
a natureza deve ser preservada
- Pelo amor, a diversidade em harmonia
vamos comemorar união, força, hegemonia
- Pois a nossa fé não pode ser fatal
oremos ao Menino Deus, é Seu Natal!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
cerrado goiano - Natal.
NÃO DIZ NADA!
Não diz nada!
Nem a poesia vã
A ventura está selada
Suave está a manhã
Em nada se dizer
Se tem o amanhã
Há tanto prazer
No sossego
De sentir e ver
Nenhum apego
Deixa acontecer
Sinta o aconchego
Talvez em outra trova
Há tudo para puder
Sem reprova
Ou somente crer
No tudo vale a pena
Se forte é a fé no viver
Então, fique em cena
Só tenha a agradecer
O ato de ser aprendiz...
Estamos nesta estrada
Para ser... - sou feliz!
Não diz nada!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
17 de novembro de 2019 – Cerrado goiano
SONETO PARADOXAL
Como quisesse poeta ser, deixando
O estro romântico, espaço em fora
O amor, ao reconhecer sem demora
A seleta face, abriu o ser venerando
Encontros e desencontros, cortando
Caminhos e trilhas, percorri: e agora
Que nasce a poesia, o poema chora
E chora, a rima passada, recordando
Ó, estranha sensação despropositada
Tão saudosa como se fosse “In Glória”
Invade o poetar sem ter um comando
Assim por larga zanga aqui pousada
Me vejo perdido, triste nesta oratória
Quando poderia êxito estar versando
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
04 de dezembro de 2019 – Cerrado goiano
Olavobilaquiando
DE VOLTA
Aqui vai o meu olhar de volta, pro vazio
pois pra mim o céu aquietou, emudeceu
depois que o seu silêncio me escreveu
a distância e, a poesia ficou com fastio
Se tudo tem seu tempo, em mim doeu
ao deixar o seu gosto sem o seu feitio
ao sentir que já me esqueceu, arrepio
e que no seu amor, não tem mais o meu
Olha pra mim, só restou a minha metade
dum coração solitário, onde, eu sou réu
e neste cancioneiro, está triste fatuidade
Se ainda ouve de mim uma canção, eu
ouço o seu suspirar na minha saudade...
Que grita, uiva, na poesia deste plebeu.
© Luciano Spagnol- poeta do cerrado
Cerrado goiano, 5 de dezembro, 2019
SONETO MALFERIDO
Foste a quimera maior da minha vida
ou talvez a irreal... Evidente e ausente
contigo o amor foi no ter vorazmente
contigo, também, a alma foi repartida
Partiste, e a trova não mais te ouvida:
arde-me a inspiração, lota o presente
no cerrado agoniado fica o sol poete
num amargor da memória malferida
Amor extremo, minha perda e ganho
penitência e regozijo, dor sussurrante
um anacoreta de sentimento estranho
Sinto-me vazio, e na noite te escuto
delirante anseio, sentir sem tamanho
na vastidão do suspiro de um minuto...
© Luciano Spagnol- poeta do cerrado
Cerrado goiano, 08 de dezembro, 2019
ALMA INQUIETA
Quem o cerrado dirá à alma inquieta no vazio?
De tortos em tortos galhos queixas soltas no ar
De estrelas em estrelas o pensamento a voar
Num calafrio, recolhido e só, eu, aqui sombrio...
Ergo os sonhos do chão seco, do pó a jorrar
Jorro angústias murchas do peito sem feitio
Cheio de desagrado, de pecado. E mal gentio
Que saudade doída! - Recordação sem paladar.
Pra purificar a sensação, um coração piegas
Livre da ingratidão, livre da trava indiferença
Onde, em perpétua quimera, devaneio cativo
Não posso então ter na ilusão as tais regras
E tão pouco nas lembranças cética crença
Amor e esperança vivem no cárcere que vivo!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Hino à Tarde (soneto)
Do sol do cerrado, o esplendor em chamas
Na primavera florada, entardecendo o dia
Fecha-se em luz, abre-se em noite bravia
Inclinando no chão o fogo que derramas
Tal a um poema que no horizonte preludia
Compõe o enrubescer em que te recamas
Rematando o céu em douradas auriflamas
Tremulando, num despedir-se em idolatria
Ó tarde de silêncio, ó tarde no entardecer
De segreda, as estrelas primeiras a nascer
Anunciam o mistério da noite aveludada
Trazes ao olhar, a quimera do seu entono
Cedendo à vastidão e à lua o seu trono
Sob o véu de volúpia da escuridão celada
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Subversiva
A solidão
Quando vem
Respeita nada não...
Nem lembranças tem.
Quando ela fica sem noção
Há suspiros, também.
De qualquer de seus abismos
Desconhece o coração
E é cheia de egoísmos
Relincha
Nos seus fanatismos,
Então, a alma guincha.
Só depois da sofregdão
Reconsidera: no silêncio
E deixa a ventura na mão
Em um poema sombrio...
De farta imaginação.
No vazio!
E promete incendiar a razão.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Paráfrase Ferreira Gular
CAOS
No fundo do meu eu, o meu efeito
São noites, entardecer e alvoradas
Enlevos, suspiros e dores sepultadas
Devaneios engasgados no meu peito
Retas alongadas, curvas e lombadas
Mas, de repente, o esperado desfeito
Refeitos, rajadas do eu ser imperfeito
Clamor, as regras, retintim das ciladas
E nos motins, glórias e nada absoluto
Choro e hosana... Com o dito estrovo
Numa sina dum salmo agreste e bruto
E há no poetizar, de que me comovo
Gritos, festa, agonia, meu eu matuto
Incertezas, e o recomeçar de novo!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, outubro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
PERFEIÇÃO
Subjuguei, preteri e te fazia sucinto
No esplendor em que és na escala
Muito mais que um irregular recinto
És diversidade, és riqueza e de gala
Da beira mar fui cego... e faminto
Deixando de dar-te a devida pala
Onde todos os aromas aqui sinto
Em cores e o céu que te embala
Tu cerrado ao meu olhar deveras
Todo o encanto, maravilha e belo
Adarvado do horizonte e quimeras
E à noite, estrelas, que nos venera
Em conto e causo, ah! tão singelo
Como o Perfeito, assim, quisera!...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, outubro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Lembro-te:
Saudade: - o choro de outrora chora
Rola no pranto aquele olhar certeiro
O teu cheiro, impregnado no roteiro
Das minhas lembranças, que evola ...
Inquieto romance: - de muita parola
Do doce encontro, o nosso primeiro
Abraçar, cheio de sabor, por inteiro
Tudo neste duro poetar se desenrola
Acende um lembrar deste passado:
Quanto mais o tempo, e nele receio
Mais prazenteio de ter sido amado
Me vem a tua imagem sem rodeio
O teu triste olhar ali ao meu lado
Findo no curso, e não mais veio.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
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