Ventre
O ventre que o gerou era emprestado; o barco que Ele navegou; emprestado. O jumentinho que montou; emprestado. O túmulo que o sepultou; emprestado. Mas, a cruz que Ele morreu; era MINHA!
A oração feita no ventre de um grande peixe, no silêncio do deserto, no pico do monte ou no altar em meio a uma multidão, tem o mesmo poder, não há limites para a fé. O limite quem coloca, somos nós, a dificuldade quem cria, somos nós.
O Verdadeiro Pai, não carrega os filhos no ventre por nove meses.
Mas sim carrega no Coração a vida toda.
Nascer, Crescer e Morrer
No ventre da mãe, o primeiro pulsar,
um sopro divino a nos moldar.
Chegamos ao mundo em frágil chorar,
um início de vida, um mistério a trilhar.
Crescemos aos poucos, em passos lentos,
aprendemos com erros, vivemos momentos.
Dos risos na infância à pressa da idade,
somos ventos que correm na vastidão da verdade.
E o tempo implacável, senhor do destino,
marca nossas faces com traços divinos.
Na juventude, ousamos desafiar,
mas a velhice nos faz refletir e parar.
Morrer... não é o fim, mas um recomeço,
um ciclo eterno, um profundo endereço.
De pó viemos, ao pó voltaremos,
mas o amor que plantamos, jamais perderemos.
Que a vida, tão breve, nos ensine a amar,
a ver cada instante como um doce luar.
Pois somos poeira, viajantes do ser,
no ciclo divino: nascer, crescer e morrer.
A vida de cada pessoa, se inicia no momento de sua concepção, no ventre materno. E desde então, deve ser respeitada, protegida, valorizada, amada e celebrada!
na vida, muitas vezes somos esquecidos porque no ventre materno passa a hora do batimentos e a mãe esquece do batimentos do filho, assim é continua a vida
Mãe de ventre
Mãe de coração
Mãe além dos vales.
Mãe de muitos
Mãe de poucos
De coração ou de ventre.
Em seu abraço me envolvo
Em um amor indiscutível.
Mãe
Até hoje...
Até hoje eu sinto o calor do seu ventre quando me abraça.
Até hoje sinto o sabor da minha papinha na comida maravilhosa que só você faz.
Até hoje seguro nas mãos que me guiavam nos primeiros passos, sempre me desequilibro.
Até hoje ouço aquele cuidado me alertando de algo que possa me machucar.
Até hoje as suas broncas e
"tapinhas" me despertam um olhar diferente para vida.
Até hoje eu ouço as cantigas que me remetem a infância e solto aquele sorriso largo sem perceber.
Até hoje você sente a minha presença pelo cheiro.
Até hoje posso sentir o beijinho de: Boa Noite, Dorme com Deus!
Até hoje o seu colo é o único que cala o meu choro incessante.
Até hoje eu sou aquela criança, que cresceu com os seus conselhos.
Até hoje o sentimento que você me ensinou não muda de nome. Amor é amor.
O mais interessante é que até hoje eu aprendi que:
Mãe só sabe amar.
...
Sete dois; comecei a ensaiar o livre arbítrio no ventre da minha genitora, e materializei meu elo com o mundo já no primeiro choro. O aprendizado, a dor e o desconhecimento do provérbio "só se afoga quem sabe nadar". Afundei nas minhas primeiras tentativas ao optar pelo gume errado da faca, e lembrei que a piscina amniótica não serviu como treino.
Criei uma carapaça tão forte quanto a armadura de Ogum, "cascorei" e saí cavalgando até tropeçar com a fraqueza dos fortes. A ansiedade antagônica e latente me desviou do tempo do Homem, e hoje ainda me sinto responsável pela erupção de algo adormecido perante a visão daqueles que ignoram.
Enquanto meu âmago ainda espera por um comportamento diferente do mundo, torço calado por uma reação massiva à minha voz.
MÃE
A essência do amor
Por Deus abençoada
Em seu ventre
O dom da vida.
Suas mãos afagam
Tirando o medo
Seu colo de amor
É o meu descanso.
Heroína, guerreira
Uma vida para proteger
Não mede esforços
Para de seus filhos cuidar.
Nos conhece pelo olhar
Sem que palavras sejam ditas
Em seus braços nos acolhe
Curando todos os males.
Mãe, eterno amor!
JOVEM! NÃO FAÇA MAL A NINGUÉM!
Quando você era feto no ventre da tua mãe, não tinha força para fazer mal a alguém!
Eventualmente, quando você for velho com cento e vinte anos de idade, não terá força para fazer mal a alguém!
Então, não será irracional a tua preferência de lhe fazer mal?
Contudo, ele prefere não te retribuir por mal nem fazer mal a ninguém, apesar de ser também jovem com vigor físico!
E disse: "Saí nu do ventre da minha mãe, e nu partirei. O Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor ".
Ser mulher
Vai muito além do nome
É a existência da vida
Que desenvolve amor no ventre
E demonstra amor no gesto
Ser mulher é a grandeza da beleza
E sua essência meiga cativa qualquer ser
Enfim ser mulher é ser
A plenitude da suavidade e feminilidade
Que só o corpo feminino contempla ter
As Rodoviárias
No ventre de concreto e aço, a rodoviária se revela
Um portal para o labirinto do asfalto, onde o tempo se congela
Cacofonia de vozes, almas em trânsito, anseios e despedidas
Um microcosmo humano, onde a vida pulsa em batidas
Sob o teto, a luz, sombras inquietantes
Viajantes e fardos, histórias errantes.
O cheiro de café e saudade no ar
E a melodia melancólica de um violão a ecoar
Nos painéis, destinos se anunciam
Cidades distantes, sonhos que se adiam
Embarques e desembarques, abraços apertados
Lágrimas contidas, sorrisos forçados
Nos rostos, a marca da jornada
A esperança de um novo amanhã, a alma desnortada.
Corpos cansados, mentes em devaneio
Na rodoviária, a vida se revela em seu roteiro
Ônibus serpenteiam como feras famintas
Devorando quilômetros cruzando estradas infindas
No horizonte, o sol se põe, tingindo o céu de sangue
E a rodoviária se ilumina, como um farol que nunca se extingue
Em cada plataforma, um drama
Em cada rosto, uma epifania
A rodoviária, palco da existência
Onde a vida se mostra em sua essência
E eu, poeta peregrino contemplo este cenário
Eternizando em versos este itinerário
Na rodoviária, a alma humana se desnuda
E a poesia encontra sua musa
Metrô
Uma Odisséia Urbana
No ventre sombrio da terra, a multidão se acotovela
Corpos exaustos, almas inertes, a esperança que se revela
Nos rostos, a marca do cansaço, do tempo que se arrasta
E a melodia do silêncio que nos basta
Nos vagões, a solidão se agiganta
Cada um em seu canto, perdido em suas fantasias
Olhares vazios, palavras sussurradas
E a sensação de que a vida nos ignora e nos distancia
Nos túneis, a escuridão nos engole
E a voz do abandono ecoa
Somos sombras errantes, perdidas no labirinto
Buscando um fio de luz, uma razão, direções
Nas estações, o tempo se suspende
E a multidão se transforma em um mar de rostos
Em cada um, uma história, um drama
E a certeza de que a vida nos prega tantos gostos
Mas, no meio do caos, a esperança renasce
No metrô
A vida pulsa
E a poesia
Floresce
CERNE (soneto)
Do ventre do cerrado ergui meu gemido
Estrugido duma saudade que me eivava
Furtando o fôlego duma dor que escava
O coração já aturado e um tanto dividido
Da solidão a tramontana reviu-se escrava
No cerne da sofrença no peito desfalecido
Que és de tudo escárnio no fado contido
Grito! Que ao contentamento então trava
Que labareda tal me arde no esquecido
Me remanescendo qual tétrica cadava
E me prostrando na réstia do suprimido?
E, se toda sorte aqui me falhe, és clava
A esperança, dum regresso ainda vivido
Factível, sem os que a quimera forjava...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 2017
Cerrado goiano