Vácuo

Moça, senta aqui, que a gente precisa conversar.
Sabe aquele boy que vive te dando perdido, que visualiza suas mensagens e ignora, que vive marcando e desmarcando encontros, que inventa desculpas e pretextos pra estar com você, que quando sai com você só pensa em te levar pra motel, que nunca pode, nunca dá, nunca consegue, mas tem tempo pra fazer qualquer outra coisa na vida?
Então, ele não te merece!
Não merece que uma garota tão legal como você fique valorizando tanto o passe dele, fique dando chances, fique correndo atrás... Não merece!
Tá, eu sei o que você vai dizer: "Ah, mas eu amo tanto esse cara! Não sei viver sem ele!"
Aprende!
Aprende sim e rápido, pois é o melhor pra sua vida, pra sua autoestima, pra parar com esta choradeira, esta sensação de vazio, de segunda opção, de dar fim a esta solidão.
Ninguém merece da gente esse lado tão carente, porque isso só nos machuca, vai criando pequenas feridinhas no coração que doem pácas, que fazem um mal lascado.
Vai sair com as amigas, com aquele boy que vive te pedindo uma chance, ou fica em casa vendo um bom filme e comendo umas pipocas, mas para de dar linha pra quem te corta o tempo todo.
E me escuta: aprende também, a ter mania de exclusividade, de não aceitar metades, de só se doar a quem retribuir sua atenção.
O resto, moça, desocupa do coração!

O olho reflete a imagem do infinito!!!

CÉU

Azul escuro
Azul claro
Bonito, lindo
Estrelado

Por que admiramos tanto algo que é apenas vácuo?

⁠Eu não sofro, meu amor...
Espero-te apenas...

Os ventos me arrastam...
Não é fácil amar o vencido...
Amo e não sou amado...

Onde hoje me sentei a perguntar...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Tenho esta contemplação...
Mas não chego a desfazer...
Das velhas ilusões que achei no meu caminho...

No desolado coração...
O vácuo mudo adormece o meu pensamento...
Porque na noite, farto de sofrer…
Interrogando o destino...
A sua sombra escondida...
Procuro e não encontro...

E perante esse abismo...
Da única realidade no momento possível...
Escondendo os meus gritos...
Continuo a te esperar...

Sandro Paschoal Nogueira

⁠Repetição: insuportável. Não aguento; é intragável, nojento, repulsivo.
Como sociedade, evoluímos: em tecnologia, em ciência, em sabedoria. Mas não nos livramos dessa maldição eterna, dessa praga indissociável do âmago do homem. Como a serpente Ouroboros, que se devora eternamente. Estamos perpetuamente num ciclo infernal: constante, infinito, desgastante.
Em prisões, estudamos. Nos mesmos domínios, trabalhamos para nossos senhores. Nas mesmas zonas, somos escravizados por nossos vícios. Sem dúvida, o verdadeiro mal da humanidade é o vínculo: imaterial, psicológico, inapagável. Vínculos são as correntes que nos prendem, nos aprisionam, nos suprimem.

Quando quebramos essas correntes, a verdadeira liberdade é encontrada. Porém, com essa liberdade irrestrita, surge uma corrupção que destrói a alma: a solidão.

Vazio insuportável. Um vácuo que nos força a preenchê-lo.
E nesse bizarro paradoxo, corremos para ocupar esse vazio com mais vínculos, nossa maior fraqueza. Por isso, forte não é o homem que acumula laços, mas aquele que aprende a viver no vazio, sem amarras, pois preenche a própria alma com nada além de sua vontade.