Um Estranho Impar Poesia
um botão perdido
não sabe se furos
qual roupa
que linha
primeiro (se solta) desprende
segundo cai
terceiro rola
e então para em algum lugar
primeiro perdido
segundo esquecido
terceiro substituído
e então achado por alguém no algum lugar.
bom censo...
... censura.
por que chamar bom um censo feito,
sujeito,
mutável, se
corrigível, se
desvirtuoso?
(inquérito pessoal...
... inquisição coletiva).
brasil, 8 de fevereiro de 2025.
a um morto qualquer a quem se aplique,
você foi incrível, blá, blá e blá.
sua trajetória de vida foi linda, blá, blá e blá.
faz falta, blá, blá e blá.
quantos sonhos que nunca serão realizados, blá, blá e blá.
blá, blá, blá e etcetera.
mas a quem temos, a partir de agora, são os outros: flores aos vivos!
ao morto: meus sentimentos!
com afeto,
A ARTE DO ACASO
Outrora, avesso ódio sentia,
Só podes Odiar o que amastes um dia,
Expressarei amargo em um papel,
Que amassarei e remessarei ao léu,
Do que vale lágrimas incompreendidas?
Borrando a imagem do que sonhei um dia.
Outrora, avesso amor sentia,
Não podes amar o que não se conhecia,
Expressa e amarga poesia,
Que foi lida sem nenhuma alegria,
Do que vale pessoas incompreendidas?
Borrando o desenho de nossas vidas.
Eu sempre quis de ti o que era fugidia
O que era fugaz, o que era quase ou por um triz
A loucura da procura, a aventura da caça;
Eu sou um predador...
O difícil de querer me seduzia,
Mas quando eu via e pegava,
Desacelerava, morria o interesse da caçada;
O prazer se reduzia a quase nada...
Acho que amo os desencantos
Eu não queria ser assim...
Se algum dia eu sonhar com algo que não for poesia,
Se algum dia os desencantos não me encantarem,
Talvez eu esteja preso
Entre tuas pernas e os teus braços
No abraço do poema do prazer,
Como se a vida fosse alguns gemidos de paixão ou de amor
Mas a vida é uma selva e eu sou um predador
O que se perder pelo caminho
Sem o consolo de um carinho
E as lembranças dos dias de glória,
A parte mais triste do que fomos,
A quantia mais ínfima do que somamos
Subtraída de nossas memorias
Ah, o amor cobra à juros todo zelo,
Eu velo todo silencio de amar
Sou feliz nesse vazio e oco no seu sonhar
Imagina uma chuva, uma chuva torrencial... voce está com um guarda chuva, procura uma marquise pra se abrigar, mas não tem jeito, respinga em voce...
isso é a política, por bom que voce seja a corrupção respinga...
no brasil tá se transformando num dilúvio
DOLCE AMORE MIO
Um dia eu apareço no teu sonho
E te mostro o tamanho do meu coração,
Um dia eu te mostro
Como a minha paixão é densa...
Pensa numa coisa imensa sobre outra coisa
E entra e sai...
E entra e sai e coisa numa coisa intensa
Compensa qualquer sacrifício
Esse é o meu ofício,
É um vício, é ócio, são ossos do ofício...
Um dia eu apareço e te mostro
Um dia eu te mostro o mastro da minha paixão,
Navio a cortar vagas,
A vagar no cio desse teu desejo,
Um dia eu apareço...
Um dia eu apareço, dolce amore mio...
DICAS
Sinal de graça é uma chuva torrencial banhando as plantações
É um rio alarmando a cheia, rompendo barreiras...
A lua cheia dançando no riso da donzela...
Colheita perfeita de soja, milho, arroz, frutas e feijão.
Mulher bonita casada muito contente,
Marginal alegre e criança muito quieta é mau sinal...
Mas pra tudo tem jeito, pra tudo tem jeito, pra tudo tem perdão,
A mentira as vezes nem é mentira,
A verdade pode ser muito violenta
E catastrófica é a omissão...
Perdoe qualquer contentamento,
Não seja omisso e não perca sua criança de vista;
Seja generoso às vezes, seja feliz sempre que possível
E quando não for possível, seja você mesmo...
Seja feliz sempre que possível,
Mas se não for possível, seja você mesmo,
Mas seja humilde pra pedir perdão...
O que não deixa marca às vezes é o que marca mais;
Não deixe marca nem marque tanto,
Mas fale de amor, fale do amor que você tem,
Ou não tem, mas fale de amor...
A mentira as vezes nem é mentira,
A verdade pode ser violenta, mas catastrófica é a omissão
TRAVESSIA
A primeira vez que atravessei a rua
A rua era um rio, o rio solimões...
E do outro lado do rio
Eu era outra pessoa
A pessoa que atravessara o rio...
E do outro lado do rio
Tinha outros caminhos
Com todos as seus destinos e travessias
E todos os destinos e travessias
São cheios de histórias e aventuras
Assim eu aprendi a atravessar
Meus medos e inseguranças
Que desaguam como uma correnteza
Na imensidão do mar
A vida é essa imensidão
ESCOMBROS
De qualquer murmuro
eu faço um poema,
De qualquer silêncio
Eu faço um sussurro,
Nenhuma dúvida
Me deixa em cima do muro
E se tudo for quebrado
Nem tudo será escombros,
Carregarei sobre os ombros
O que restar do meu mundo;
Agora me escuta silenciar,
Me ver sumir,
Aquece o que eu tiver de sol
Porque nada é mais solitário do que ser sol
E a solidão é fria.
De qualquer mentira eu faço um poema
E a mentira sempre me deseja felicidade
Antes de me dar seu beijo de boa noite...
Sad, sad, sad, sad, sad, sad, quase um anjo,
Chapa, chapada diamantina
Diamante rima com eternamente,
Meu olhar ausente, uma caverna
A guardar o sol e a dor eterna
Das luzes que na tarde
Arde a cair nos canyons;
Quase anjo, sad, sad, sad. sad, sad
Quem há de mudar o imutável
A não ser o tempo
O tempo de recolher as pedras,
De reconhecer as perdas
O tempo de colher as pedras preciosas
O tempo de descer a mina
De guardar o horizonte
Na silhueta feminina
A caçar mamutes como borboletas
Com a leveza e o romantismo de libélulas
A se espelhar no lago
Triste triste triste quase existe
A impossibilidade de poder
Buscar no tempo o olhar de ternura
No momento que por um instante de loucura
Aquele olhar me fez acreditar em anjos.
TALVEZ
eu nem te amo tanto assim
eu nem te amo tanto
eu nem te amo
talvez só um pouquinho ao amanhecer
quando um restia de sonho me induz
e depois só um pouquinho
porque ninguém é de ferro,
também preciso de carinho
preciso precisar o que preciso
talvez nem seja amor
mas se não for o que será ao entardecer
ao te querer por perto
o que será esse deserto
a te esconder de mim
o que será esse fim do mundo
ao não ter fim este querer
talvez eu ame mais a mim que a você
talvez eu queira mais
não ser amor este te amar enfim
eu nem te amo
eu nem te amo tanto
eu nem te amo tanto assim
Ele desenhou um hamburguer como se fosse o sol
Pipocas como se fosse ondas de espumas
E refrigerantes como se fosse o mar,
Antes de tudo que sabia ,
Antes de tudo que pensava que sabia,
A lua seria uma imensa tapioca
E as mentiras de dietas era poeira de farinha...
Estava obeso feito o peso de sua solidão
Comia por carência, por compulsão...
O peso dos problemas pesava sobre o seu peso,
Ele desenhou um cuscuz como objeto de desejo,
Nada relativo a bundinha empinada da vizinha,
Não era mais uma fantasia ,
Era uma desilusão;
Trocara aquele desejo
Pelo prazer de pão de queijo,
Pelo frango assado, sem nenhuma metáfora,
Nada a ver com nenhuma posição...
Há tempos nenhuma ereção
Ele desenhou um beiju como se fosse a lua cheia,
O pão de açúcar, literalmente um pão doce,
Algo que adoçasse a sua vida, a sua desilusão;
Algo que não doesse ou não ameaçasse
Como aquela dor no coração...
Amanha bem cedo com um novo olhar,
Sem esquecer as cerejeiras, que eu imagino
Matizando a relva que acolhe as pétalas
E ondulam com a brisa primaveril ...
Amanhã bem cedo quando a roseira enrubescer
Com a cambaxirra e o beija-flor
Num triângulo amoroso lógico e inexequível
E o rio lavar as margens, de rastros de paixões
De amantes clandestinos, de amores impossíveis
Amanhã bem cedo quando o hálito da matina
Ainda orvalhar o frescor da neblina matinal
E a vida vicejar no verde das folhas e das águas
Acariciando a sensibilidade dos poetas,
Ensejando às paixões e as ilusões frágeis e levianas
Ainda terei essa certeza infactível
Bocejando a tua ausência
E adiando a vida e suas perspectivas
Para amanhã bem cedo...
REVOADAS
Há um segundo atras
O rio era outro, outras águas
Eu teria uma vida mais longa...
Há cinco segundos atras
Eu era mais jovem quinze segundos
Somando-se dez segundos
Que eu levei pra escrever esta frase
Há dez minutos eu tento falar
Que o tempo passa
E implacavelmente deixa suas marcas...
Há quanto tempo tento falar desse enigma
Outros olhares, outras palavras, outros rios
E o rio passa em mim há quantos séculos
Outras palavras não explicaram
Ou não foram compreendidas
E o tempo tingiu nossas cãs
Um dia nos erguemos sobre nossos membros inferiores
E pensávamos que sabíamos de tudo
Mas o tempo muda as paisagens
Verga nossas espinhas e embaça os horizontes
Mas nós poetas escrevemos
E libertamos pássaros em revoadas
E nesse bater de asas divino
De editar sentimentos, alguma coisa muda
E navegamos incólumes às vicissitudes naturais
O individuo perece mas o poeta é imortal
A LUA E AS ESTRELAS
E se eu não tivesse um sonho
O que eu componho
Mentiria
Mas a ilusão
Que me ergue como um pêndulo
Acalanta a fantasia
Já sei ser triste
Nesse vai e vem,
Nesse balanço
É triste ser feliz, eu já fui triste um dia...
Amanso o meu espírito com tua presença,
Com a tua voz eu danço...
Tua voz é melodia
Eu sou tão triste...
Noite passada,
Passada a noite,
Passadas e mais passadas
De mim mesmo
Eu te vejo num luau
Sob tudo que tem sobre tua cabeça
A razão que te devora
De fora pra dentro
De dentro pra fora
Você é tão feliz... e isso é triste
você tem tudo
Mas você não sabe o que é ter a lua e as estrelas...
DIAS AUSTEROS
Um dia falarei coisas bonitas,
Terei a tua idade e serei feliz
Assim com esses dentes brancos
Que revelam a pureza da tua alma...
Um dia me apaixonarei também
E na luz das manhãs as borboletas luzirão
Como o ouro mais puro das alterosas,
Um um dia serei tão romantico
Que nem Manoel de Barros
Ocultará a essencia da poesia,
A sublimidade do inefável
Vou perceber o amor por mais que ele se esconda
Nas complexidades de dias austeros
E depois de nove meses poéticos e sonhadores
Meu filho receberá o nome de um herói
ou de um grande astro assim como Michel Platini
Pelos contos que eu não conto
Dá um desconto ao meu silencio
Não conto dos versos tristes
Não conto da estrela cadente,
Dos girassóis reluzentes
Que reluzem nos meus contos,
Não conto do meu silencio
Pois assim não o seria,
Não conto da minha alegria,
Que não valem nem um conto,
Pelos contos que eu não conto,
Conto pelos e apelos
Só não conto meus segredos
Pelos contos que eu não conto
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