Um Estranho Impar Poesia
Minha casa era feita de palha,
Simples, na aldeia cresci
Na lembrança que trago agora,
De um lugar que eu nunca esqueci.
Meu canto era bem diferente,
Cantava na língua Tupi,
Hoje, meu canto guerreiro,
Se une aos Kambeba, aos Tembé, aos Guarani.
Hoje, no mundo em que vivo,
Minha selva, em pedra se tornou,
Não tenho a calma de outrora,
Minha rotina também já mudou.
Em convívio com a sociedade,
Minha cara de “índia” não se transformou,
Posso ser quem tu és,
Sem perder a essência que sou,
Mantenho meu ser indígena,
Na minha Identidade,
Falando da importância do meu povo,
Mesmo vivendo na cidade.
praça da saudade
na pálida luz de uma lembrança amena
no silêncio de um poema de Anisio Melo
me lembro da praça da saudade e nela
tua imagem sob o caramanchão
não há uma saudade ali inscrita
mas uma espécie de sonho, de passado
de águas de uma chuva fina
de sombras de uma festa
Fugindo da Imensidão
Nestas luzes do céu,
Nebulosas estão,
Cobrindo com um véu,
Fugi apenas da solidão.
Quando te conheci vi um brilho,
Vejo que você sendo um rapaz,
Nunca pensei em atravessar esse trilho,
Mas senti que poderia ter paz.
Me assumir sem risco,
Descobri que sonhar era tão ruim,
Então me belisco,
E veja me acordei fugindo de mim.
É pedir um conselho de pai,
É esperar um cházinho quando se está doente,
É estar sozinho.
É se xingar pelo que escolheu,
É se amar pelo que conquistou.
É celebrar com os amigos,
É chorar escondido.
É aprender a ser mau,
É aprender a ser bom.
É fazer amigos,
É dizer adeus.
É cair,
É levantar.
É correr,
É desistir.
É lutar.
É tentar outra vez.
É ver uma vida se passar em um ano, dois
É se olhar no espelho e ver...que se tornou um novo ser humano.
É crescer. É viver.
Titã de Papel
O amor da menina é puro
Assim como um muro
De sentimentos opostos
Aonde ultrapassá-lo é ilógico
Mas para que você possa
Conquista-la, aqui vai a resposta
Com um buquê de rosas
Passar será só questão de tempo
E a menina de cabelos ao vento
Estará te esperando do outro lado
Do outro lado do paraíso, com um lindo sorriso
E com um papel na mão, você faz um rabisco
E nele está escrito, quer casar comigo?
Seus dias florescerão como flor
em primavera sempre no coração
tenha sempre um olhar de amor
vendo no outro um irmão.
Tentação
Quando te vejo
Eu sinto um arrepio
Coração acelera
Dá até calafrios
Teu corpo é como brasa
E com ele quero queimar
Nem o suor do nosso corpo
Será capaz de nos parar
Seu gemido é como cachoeira
Não me pede pra parar
Em cada curva do seu corpo
Que eu quero passear
Suas pernas ficam trêmulas
Seu fôlego mais ofegante
Minhas costas com suas marcas
De uma noite elegante
Cair na tentação
De te querer por um instante
Se depender caio de novo
Pra não ficar muito distante.
Sou verdadeiro e represento nosso mundo inteiro! Um descendente mandingueiro, vezes encrenqueiro!
Voando baixo, maloqueiro, sei que ela gosta! Bem-vindo ao jogo, desafio! Faça sua aposta!
DÉCIMO QUARTO HEXÁSTICO
o discurso e a modernitude
túnicas de líquidas almas
escarros de um mesmo beijo
adubam todas mentes dóceis
sombras eternas do humano
presas na tumba do decano
FICA MAIS UM POUCO
Fica mais um pouco ao meu lado,
A chuva torrencial cai lá fora,
Ainda está escuro e nublado,
Aguarde mais um tempo até que desponte a aurora!
Tome mais um café comigo,
O frio é invasivo e não dá trégua na madrugada,
Sair agora é um perigo,
Deixe surgir a alvorada!
Não tenha pressa em se despedir,
Ouça! O vento tá forte e arrasta,
Os raios parecem nos atingir,
Preciso do teu afago. Me abraça!
Como queres assim partir?
Deixando um coração partido,
Espera ainda o sol se abrir,
E fica um pouco mais comigo.
Não troque os meus beijos molhados,
Pelo orvalho gerado na noite fria,
Aqueça-me no calor dos teus braços,
Aguarde até o raiar do dia!
Rodivaldo Brito em 15.03.2019
CULPADO
Um homem estava sendo julgado,
Acusado de assassinato.
Haviam evidencias de ser ele o culpado,
Mas o corpo não foi encontrado.
O advogado de defesa muito preocupado,
Que o seu cliente fosse condenado,
Recorreu a um truque e disse ao juri: "eu tenho algo guardado.
Trata-se de uma prova irrefutável."
Disse ainda ao final da sua sustentação oral:
"A vitima que possivelmente foi assassinada,
Vai adentrar no recinto deste tribunal,
Provando que a acusação é infundada!"
Todos ficaram surpresos com a revelação,
E imediatamente olharam para a porta,
Com os olhos tomados de grande emoção,
Esperando ver àquela que havia sido morta.
Os minutos se passaram e nada aconteceu,
0 advogado apressadamente esclareceu:
"Eu falei e todos olharam com expectativa,
Ficou claro que todos tem dúvida quanto a narrativa!"
E acrescentou de forma veemente:
"Por conta da dúvida existente,
Peço encarecidamente que meu cliente,
Seja considerado inocente."
O juri surpreso não se inquietou,
Se retirou para definir o resultado,
Algum tempo depois, o juiz voltou,
E pronunciou o veredito: culpado!
"Mas como? E a dúvida?" - indagou o advogado
"Eu vi todos olharem para a porta, sem exceção."
O Juiz revelou- "Sim, todos nós olhamos para a porta, mas o seu cliente não..."
Adp. Rodivaldo Brito em 23 de Março de 2019
O PREGADOR
Um certo dia, numa cidade do interior,
Um homem com semblante sofrido,
Entra no consultório e confessa ao doutor:
"Não consigo dormir. Estou deprimido!"
Ele diz que cansou de clamar os céus,
Se sentia sozinho caminhando num deserto
Declara que o mundo tem sido duro e cruel,
Que o dilema que vive é vago e incerto.
O médico diz: o tratamento é inovador,
" tem um pregador na cidade abençoado
Sua oratória induz à vitória e alivia a dor,
Tenho certeza que ele irá reanimá-lo."
O homem se desfaz em lágrimas,
O doutor sem entender exclamou:
"O que houve? Porque esta lástima?"
O paciente falou: "sou eu o pregador!"
Rodivaldo Brito em 30.03.2019
DÉCIMO SÉTIMO HEXÁSTICO
baila com a modernidade
sem consciência quaisquer
como um anjo desgarrado
sem qualquer virtude ou ética
de toda sorte miserável
todo sujeito pós-moderno
Não era um amor comum.
Era daqueles amores de encher os olhos e a vida.
Amor de tatuar beijos na pele, amor de impregnar cheiros na alma.
Mas se tornou amor de guardar, amor de lembranças.
- Flavia Grando
SE UM DIA EU PARTIR
Se um dia eu partir antes de você,
Vou entender por você ter chorado,
E comprender o teu sofrer,
Mas não indagues a Deus por ter me levado.
Se alguém quiser depois falar mal de mim,
Não consintas que digam que eu errei,
Nem permitas que me vejam assim,
Sem poder expressar o quanto te amei!
Quando você lembrar da nossa alegria,
E ouvir a minha voz lhe dizendo: minha linda!
E tiver vontade de chorar. Não devia...
Tudo fará você sofrer mais ainda.
Se a minha morte te fizer chorar,
Então chore o bastante,
Porque cada lágrima que você derramar,
Vai dizer o quanto fui importante!
Rodivaldo Brito em 21.04.2019
Nós somos ilimitados por dentro.
Somos um “vazio” cheios de espaços,
E cheio de coisas ao mesmo tempo.
DUETO
No teu corpo
rodopiar
um passo novo.
No teu ventre
semear
um claro intento.
No teu ritmo
aprender
um destino incerto.
No teu caminho
cultivar
um fruto do acaso.
Na tua vida
lançar
a minha:
um novo invento
incerto do acaso.
Vendaval
Uma tempestade se aproxima
Com ela um arrepio que lhe alucina
Águas tempestuosas que muito facina
É obra da natureza ou a alma feminina?
Dependente de conceitos sem muito ser
Futil na realidade que não pode entender
Dar-se valor a vida com medo de morrer?
Vive cada segundo esperando padecer..
Não faça com que vás sem te ver partir
A tempestade é forte não tente coibir
Faça dela a defesa mais bonita e deixe ir
Que a tripulação da alma venha emergir
Que suba até a mansidão de seus olhos
Levante a bandeira branca e sossegue
Descansem, e que o amor lhes entregue
Aquilo que os liberta e abre os ferrolhos
Entendam meus caros o que lhes digo
Palavras são amor, e para muitos abrigo
Não compareças se não for meu amigo
Ó tempestade, para onde for, irei contigo.
O Rio
nasce na minha porta
- preenchendo toda aorta -
um rio
de água negra
e fervente
que corre alheio
corta ao meio
e quebra
a paz e jaz
o silêncio
enquanto segue selvagem
o veio pulsante
e febril
transborda a margem
a forte corrente
transpassa a mata
e mata
de repente
deságua em guerra
em um mar calmo
esse rio
- lágrimas da alma -
inundando cada palmo
invadindo a terra
a sala
o peito, a mala
me afogo dia a dia
no rio de minh’alma
Sobre a Distância e Outras Coisas
todos os dias morrem em mim infinitas estações
veladas em um templo transparente e quebradiço
de ausência entre os segundos e todas as horas
há um certo terror pelos cálices que não te calam
e pelos beijos que não te banham os lábios
não acredita em distância o pássaro que voa alto
e nós também voamos alto, só que pra dentro
e igualmente fizemos da leveza libertação
mas deixe o pássaro, o passado e esqueça tudo
ainda longe posso acender a vela do teu coração
e reconhecer teu olhar descalço
a intensidade da voz e o calor da alma
e dizer bem suavemente em teu ouvido
que eu atravessei essa ponte em oração
sim, veio a destempo e passo a passo
hoje, tudo de ontem ficou sem graça
incendiou a casa, me empurrou do penhasco
rasgou as palavras pra falar em silêncio
sem artifício ou prenúncio
agora, percorrem minhas veias espaços sem retas
- me moldei em suas curvas -
sem dilemas e restos
apenas lembranças florescidas em pequenos detalhes
um afago adequado, um assanho ousado
o próprio despudor, tomado de assalto
e o amor, vestido de salto
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