Tristeza e Morte
Tô entre a vida e a morte, preso dentro de pensamentos indecifráveis. Em processo de reconstrução, afundando em melancolia e alegria entoxicado pelo niilismo, produzindo, caminhando... Nada é novo pra mim, e tudo passa com muita rapidez, o prazer não encontra morada a felicidade acontece em milésimos de segundo tempo suficiente para não ser percebida.
Tudo é vaidade né. Então só estou aguardando como todos, de ilusão em ilusão o dia do fim...
A morte é estranha. Você acorda um dia, encontra com a pessoa, diz oi, pergunta se está tudo bem e continua seu caminho. Mas chega um dia que você acorda e ela não está mais lá. Você se culpa de não ter aproveitado mais momentos com ela, você se culpa por não ter feito nada, enquanto a única coisa que realmente resta dela, são apenas as lembranças.
A morte invadiu a minha casa,
invadiu a minha vida e levou o meu coração.
Meu amor, minha vida, minha história,
o que fazer agora? O ar que respiro ficou pesado, meus olhos são poços d'água...
Meus dias são vazios e minhas noites solidão.
Por mais que eu procure, não encontro explicação. Olho para o mundo e vejo que ele acabou só pra mim.
A morte é uma música de fundo, lenta, tocada no piano e com notas minuciosamente escolhidas. Ninguém quer saber tocar. Ninguém está preparado para ouvir. Mas todo o mundo sabe, que em algum lugar, esse piano está parado, esperando um descuido, um momento inoportuno, ou alguém com perpétua coragem para dedilhar-lhe, deixando fluir sua música calma, e em câmera lenta, o momento se concretiza.
Eu só conseguia ficar triste
Parei para pensar o que realmente importava na vida depois da morte de um ente querido, o que mais sinto falta é a sua amizade, seu afago, suas broncas e até nossas ofensas recíprocas.
Por dias fiquei aboletada no sofá pensando no nada, eu não me saía bem no quesito sofrer, mas a dor não saía do meu peito. Todo mundo passou a ter compaixão de mim, nada me dava alegria.
Passei a ser insegura, fiquei com medo de perder os outros que amo, tinha uma mania de pedir para Deus que tudo de ruim que pudesse acontecer com os meus que fossem transferidos para mim.
Eu não queria estar, nem existir, deixei de ter um lugar favorito no mundo, passei pela experiência da negação, coloquei na minha cabeça que ele iria voltar. Eu me fechei e fiquei em recesso.
Fiquei escandalizada com a dor que tive que suportar, perder quem se ama é como perder seu tesouro mais valioso. Às vezes me pego pensando nele sorrindo ou dizendo "eu te avisei", ou explicando para eu não abandonar o barco.
Por um período fiquei inconsciente, como se nada fosse me libertar daquele pedaço de mim que tinha se perdido, precisei fomentar minhas bases religiosas para não pirar, acabei me ocupando e deixei a preguiça de lado, era preciso energia e uma vida mais feliz.
A cada dia tenho a certeza que temos mais do que precisamos, economizamos nos afetos, nos gestos de carinho, não contemplamos o por do sol, a gente se desgasta com excesso, tem necessidade de virar a noite.
Por vezes meus amigos me colocaram no colo, por dias e anos revivi a dor, eu me senti fora do mundo, estava cheia de traumas, distanciada da felicidade, traída por sentimentos contraditórios.
Tudo era tedioso, a mesmice do dia-a-dia, a falta de coragem para acordar, as conexões desconectadas de não ter cabeça nem para escolher as próprias roupas. A minha vida estava com olhar no passado.
Fui conduzida a certeza da infelicidade eterna, fiquei em estado de hibernação, nem por um minuto achei que conseguiria ser feliz novamente, tive que agilizar minha rotina para não enlouquecer, tive que me impor para continuar sobrevivendo e assim as pequenas felicidades começaram a aparecer.
Eu preciso falar sobre o luto
O luto não advém só da morte de alguém. O luto acontece a cada fim do dia que você perdeu uma oportunidade. Acontece em cada encerramento de ciclos que ficaram para trás. O luto acontece com o término de uma amizade, um namoro ou um casamento. Acontece quando você sente que não vai dar para começar de novo.
A vida é preenchida diariamente com todas essas situações, incluindo a primeira.
Todo dia alguém perde.
E perde sozinho.
Por maior que seja o número de pessoas que estejam se solidarizando com a sua dor, não existe no mundo quem vai senti-la por você e como você.
O que eu quero dizer com isso, é que a todo instante estamos passando por algo que um dia vai chegar ao fim, e a gente só costuma notar o valor disso tudo depois que acaba.
O ser humano já se convenceu de que nada é eterno mas recusa a se lembrar que talvez possa ser breve demais.
A vida é instante. É passageira e assim como o tempo que ocupa, é presente.
Isso é tudo o que temos.
"Hoje o sol inverna seu brilho.
Hoje por aqui não verão sorriso.
Hoje a morte triunfa sem piedade.
Hoje uma pessoa deixa saudade.
Amanhã o Sol da Justiça brilhará em fulgor.
Amanhã não haverá nem pranto nem dor.
Amanhã a Vida Eterna chegará
Amanhã você, queridos, novamente poderá abraçar"
"Desalento é fel. O gosto da morte é chorume. E ninguém jamais soube de alguém que tenha enchido colher com o petróleo do lixo e bebido, por gosto"
(trecho de "Parece Dezembro: romance inspirado nos versos de Chico Buarque")
O ser humano nasce com uma única certeza de que é a morte. No entanto, lida como se nunca fosse morrer, vivendo sonhos e lidando com trivialidades, esquecendo-se de até viver. Até que no decorrer da vida, quando recebe uma notícia de alguma doença terminal, o único objetivo se torna viver, e não existe nada de mais importante.
A Morte
Tenho a sensação que a morte esta próxima, talvez não próxima de mim, mas próxima de nós.
Nestes últimos dias tenho visto muitos amigos se despedindo de alguém, algum amigo, conhecido, familiar em fim sinto a morte próximo.
Sempre ouvi de amigos que conforme ficamos mais velhos vamos tendo mais contato com a morte, começamos a perder familiares pela idade, os conhecidos, os professores, os vizinhos, os familiares mais velhos, as pessoas começam a partir.
O nosso ciclo de convivência muda, vamos ficando ainda mais vazios, pois cada pessoas que se vai leva um pedaço nosso, leva uma parte da nossa história, leva um pedaço nosso consigo.
Epicuro um filósofo de mais ou menos 300 antes de cristo é conhecido por ter contribuído para libertar as pessoas do medo sobretudo, da morte. Ao considerar o ser humano como uma entidade coesa, formada por um conjunto de átomos em movimento, Epicuro concebe o fim da vida como um processo tão inevitável quanto natural, descrito como a simples dissolução dessas partículas elementares - que, mais tarde, se reunirão novamente, dando origem a outros seres. Razão pela qual o filósofo sustenta: "A morte nada significa para nós". Ao contrário do que acreditavam Sócrates e Platão, ele justifica sua convicção: "A morte é uma quimera: porque enquanto eu existo, ela não existe; e quando ela existe, eu já não existo".
Outros filósofos possuíam uma visão a cerca da morte, mas cada um em sua linha de pensamento denotavam de forma peculiar a importância da morte em nossa vida.
Caminharmos de encontro a morte desde o momento em que nascemos, o que nos diverge dos filósofos está exatamente na importância que damos a morte ou não.
Visto que viver é uma preparação inevitável e temporária para a morte talvez aquele que se refugia no medo morra antes.
Se levarmos ainda em conta a visão dogmática que as religiões dão para a morte poderíamos supor Que estar vivo na verdade é estar morto, e morrer é verdadeiramente nascer para a vida, o que deveria na verdade nos impulsionar ou nos tranquilizar acerca da morte material, isso sem levarmos em consideração a questão espiritual do tema "morte" ou da possibilidade de continuidade da matéria extra corporal.
Neste contexto sinto que a morte é uma exigência universal a favor da continuidade da vida plena, já que para nortear a vida que levamos e até mesmo nossas ações devemos temer ou esperar a morte.
O que nos aproxima de ente querido em desavença é a possibilidade da morte levando consigo a impossibilidade de reconciliação, o que motiva grande parte da sociedade é o trabalho árduo por anos a finco para no momento de morte prover a quem fica a estabilidade de viver uma vida mais tranquila até morrer, neste árduo ciclo vicioso morremos sem nunca termos vivido ou sem entendermos ao certo o que é viver.
Nascemos para a morte e morremos para a vida.
Talvez se levarmos em conta este último estrofe, na verdade tudo o que deveríamos aprender em vida seria como nos preparar para morte, chego a pensar que nossa vida teria muito mais sentido e sentimento do que valor visto que passaremos uma eternidade mortos e algumas décadas vivo, isso mais uma vez dependendo do dogma religioso que acredite.
Talvez o único consenso dogmático religioso existente em todas as religiões está no fato de que para se ter uma eternidade pós morte tranquila, devemos ter uma preparação em vida de forma a dar mais valor ao sentimento de ser do que o sentimento de ter ou de necessitar, já que tudo o que se refere a ter obrigatoriamente ficará por aqui é não morrerá conosco.
Logo nossa principal lição durante a preparação para a morte ou seja vida, deve ser que independente do que você acredite você morrerá e quanto mais feliz você se sentir melhor será sua experiência pré morte ou pós morte.
Claro que tudo isso na verdade se acreditarmos que somos seres imortais, seja em espírito ou em consciência.
Pois sem está crença a morte e a vida se tornariam a mesma coisa.
Na vida existe somente duas coisas piores que viver amando alguém é não ser correspondido, a morte ou continuar vivendo.
Sobrevivendo ao luto e perdas
Quando perdemos um ente querido, seja por morte ou por algum outro motivo, vivemos a dor do luto. O luto é um processo natural, necessário e salutar para superarmos o vazio que a pessoa querida nos deixou. É um momento doloroso, pois deixamos para trás planos, sonhos e temos que aprender a viver sem a presença daquele que partiu. Tudo é novo, inclusive lidar com a saudade. Se de um lado ficamos perdidos, arrasados e tristes, por outro, nos libertamos do medo da perda, pois esta já aconteceu. Sem o medo, o amor fica esvaziado e aos poucos, a pessoa naturalmente vai conseguindo se reerguer e aceitar a partida. Quando acontece a fase da aceitação, o processo do luto é elaborado e gradativamente a pessoa retoma sua vida e seus planos. A gente nunca está preparado para perder alguém e o luto é o preço que pagamos pelo amor. Entrar em contato com esta dor nos faz refletir sobre a finitude e transitoriedade da vida.
A experiência de viver o luto é muito singular, porém se a pessoa não se entregar a este sentimento de tristeza no momento da perda, ele poderá vir mais tarde, em forma de sintomas, pois é um sentimento muito importante para ser relegado e não vivenciado.
Por isso, sobreviver a perda do outro só é possível através do luto.
Por: Angela Cristina Brand
Psicóloga CRP 08/04889
A morte de Ivan Ilitch, de Tolstói
A melhor coisa que comprei pra mim neste ano foi um Kindle e assinei o Kindle ilimitado.
Já li vários livros.
Ontem comecei a ler 'A Morte de Ivan Ilitch', novela de Tolstói. Quem me indicou foi minha neta. Quem indicou pra ela foi um professor... que, segundo ela, lê muuuuiiiito.
Ele disse pra ela que chorou quando terminou a leitura. Claro que foi o que me motivou a ler o livro... fiquei curiosa pra saber o que o fez chorar.
Já sei como termina, porque o autor faz o favor de contar quase no início... o fim.
Já li 75% do livro - tecnologia Kindle que diz quanto falta pra terminar um capítulo... quanto você já leu do livro todo... quando você liga está exatamente na página em que você parou de ler... enfim 😉
Aos 60% eu já havia entendido porque o professor da minha neta chorou. Não foi pelo que acontece com o personagem no fim, não... o que acontece com Ivan acontece com todo no mundo no fim... e o autor, como eu disse, já falou quase no começo o que acontece com Ivan... o título já diz 🙄 foram outras razões que trouxeram lágrimas aos olhos do professor... e eu não sou boba nem nada pra dar spoiler...
Claro que ainda há 15% do livro que podem me surpreender e ir por água abaixo o que tenho pensado que tenha feito o professor da Gi chorar... claro que posso chegar a um fim mais terrivelmente triste do que li até agora.. E não, não se engane.. a tristeza não está escrachada em fatos... a tristeza está entremeada em sentimentos e pensamentos de nosso personagem principal.
Talvez tenha algo mais no fim... mas eu só saberei mesmo no fim... por enquanto é isso.
