Tiro no Escuro
Senti o lado amargo do amor.
Veio tão cheio de graça...
me encheu de desgraça.
tão colorido chegou
levou embora todas as cores...
meu mundo em cinza transformou.
E eu o toquei com a alma.
Desnudei minh'alma.
Toquei-o com palavras
as mais belas escolhidas
do meu jardim de versos colhidas.
Eu não conhecia esse lado escuro.
De meias palavras... de ditos não ditos
de máscaras e traição...
coisas que fazem tão mal ao coração...
... de qualquer um... também de quem não é vagalume.
Quando começou, a gente até tinha futuro
O tempo passou e hoje me peguei no escuro
O sonho de amar e ficar velhos juntos
Vai ter que ficar só nos planos
Hoje só gosto, já não amo
Diminua as luzes e me beije no escuro
Porque quando você me toca, amor, eu vejo faíscas
Você faz o meu coração bater
Eu não tenho medo do escuro e, consequentemente, não tenho medo da morte. Eu aceito o que me é desconhecido.
Lembre-se sempre: não importa o tamanho do escuro que te cerque, a tua luz será sempre maior que ele.
QUEM NUNCA?
Quem nunca abriu mão?
Quem nunca soube dizer não?
Quem nunca tentou achar a luz do amor, uma fresta se quer, no quarto escuro do olhar de alguem que não te quer?
Eu entendo como algo que as outras pessoas dizem todos os dias pode se tornar uma palavra sussurrada no escuro para amenizar a dor de uma ferida que nunca vai se curar.
"A janela esta fechada nesse quarto escuro. Estou trancado aqui temendo o vazio desse Mundo cheio de pessoas vazias. Onde esta você? O seu lugar é aqui ao meu lado, sem a sua luz as trevas que residem a minha mente assumem o controle. Preciso ouvir a sua voz para me guiar e preciso do seu toque para me sentir mais forte e sem nada disso, só tenho o medo aqui nessa escuridão."
Um continente inteiro.
No quarto escuro
Palmeava cada centímetro
Do espaço negro vazio
Entre as tuas pernas
No quarto escuro
Tateava cada parte
De você
Satisfazendo cada parte de mim
No quarto escuro revelava meus mais
Íntimos e impuros desejos
Entre nós dois profundo
Devorava-te
No quarto escuro
Nada era... era de ninguém
Você de mim eu de você
Nada era proibido...
Paulo Lima
O medo do escuro pode ser visto como o medo de perder a individualidade e a consciência de si perante a escuridão que tudo reabsorve.
"O mais obscuro que eu posso ir, é aqui, é agora...
...O que eu tenho por baixo disso tudo é agua, oxigênio.
O que represento para muitos é uma casca em processo
de carbonização, enquanto caminho por ai como andarilho
de todo esse verde... de todo esse azul..."
"...E o lobo se encantou pelas curvas da bela donzela.
Enquanto dançava, os shadows a aplaudia,
enquanto o inverno se aproximava, seu corpo
escrevia belas canções por entre as linhas do vácuo."
"Seria tão insignificante ser um morto vivo, mas por um outro lado estaríamos livre de todo esse apego aos sentimentos, as centelhas da vida. Ser, estar morto vivo, poderia ser a morte em vida de todo sentimento que eu pudesse ter por você. Será eu tão devoto de um sentimento que só encontro em todos lugares sombrios por onde percorro? Sou ingrato ao dizer que em cada grão de arroz que procuro pelo amor, só encontro dor e angústia? Dentre esse história toda, o quarto que mais me conforta é o quarto do desespero. É lá que me encontro."
Talvez pela paixão dos olhos dele por extremos, nunca tenha fechado as portas que abriu. Não que existam portas erradas, mas que assim como o branco é a junção de todas as cores e o atraí, ele também é apaixonado pela ausência de todas as cores que formam o preto. Seja a total claridade ou o breu absoluto o caminho a seguir, as portas serão abertas ainda que não sejam vistas. Ah se por um descuido as forças que movem esse mundo fizessem, mesmo que por alguns minutos, a lua descer e clarear de perto os olhos marejados do homem solitário, ele, enfim, veria uma saída fechada nas portas dos olhos dela... O escuro se esclarecia e o claro se ocultaria e ainda assim, dos extremos ele não se libertaria.
