Textos sobre infância que encantam todas as idades

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A ESCADA DO MEU ABISMO

Ao meu redor não vejo nada, a escuridão esconde o horizonte, a minha frete apenas uma escada que não leva a nada, vejo anjos, vejo demônios, sinto o sangue que corre em minhas veias sei que estou vivo apenas não sei porque!
Pensamentos de ódio e rancor invadem a minha mente, aquela escada me atordoa,
pq ela esta ali?
Pra que ela esta ali?
sabe.. aquela escada parece comigo, também não sei o porque ou pra que eu estou nesse mundo.
Nada faz sentido aqui nesse meu abismo, e aquela escada continua a me atordoar...
Estou subindo ela, cada degrau me faz lembrar de um momento de dor, de ódio de solidão...
Aqui no topo eu pude compreender o porque ela esta aqui.
Ela esta aqui pra eu matar esse Jhonatan que se alimentando de lembranças do passado as vezes fica mais forte que eu e me domina, chegou a hora do adeus, chegou a hora de mergulhar pra salvação, estou caindo, não sei se vou poder completar essa historia, essa lágrima que escorre, o fim que se aproxima, o chão esta mais perto, minha alma voltou a brilhar e as trevas já não estão em mim.
A. Takay Stronger

Inserida por TakayStronger

Você se lembra?

Lembra como a gente era feliz?
Vivia cantarolando uma canção dançante,
marca eterna de um coração pulsante!
Lembra da menina debruçada na janela?
Carinha sonhadora,
esperando, sonhando...
A serenata ao luar,
o pai se fazendo de bravo a espionar...
Lembra do lampião a gás?
Crianças felizes, na rua a brincar?
E dos bondes nos trilhos a deslizar?
Lembra dos tempos de escola,
daquelas colas riscadas nos braços?
E os laços?
Tantas fitas nos cabelos a enfeitar...
E os bailes de formaturas?
Lembra das orquestras?
Waldomiro Lemke, Radamés Gnattali Silvio Mazzuca, Zezinho,
ninguém ficava num canto sozinho!
Lembra das festas em famíla?
Os homens num canto contando piadas infames, as mulheres, lindas madames, fofocando... Os modelitos copiados das revistas mostrando...
Lembra de alguém ter depressão?
Síndrome do pânico,
mal de ação?
Eu confesso que não...

BONS TEMPOS!

"Quem não viveu, não sabe o que é paz e amor!"

E pensar que ainda somos os mesmos,
mas não mais vivemos como os nossos pais...

Inserida por pensador

Descriançar-se

No fundo, no fundo, somos todos aquela criança que se negou a crescer. Apenas aprendemos a disfarçar. O mundo nos forçou a isso. Nós nos descriançamos. Convenceram-nos de que o recreio acabou. Como num pique-esconde, escondemo-nos atrás de nossa profissão, do diploma universitário, da religiosidade, e dos diversos papéis sociais que nos são atribuídos.

Mas sob todo este verniz, ela ainda está lá, à espera de quem a encontre, perdida no labirinto dos nossos sentimentos.

Como toda criança, ela quer experimentar. Quer sentir novos sabores, texturas, cheiros, sensações. Por mais crescida que seja, ela ainda sonha ser um super-herói. Chega mesmo a acreditar que um dia vai surpreender todo mundo e sair voando por aí.

Por onde anda, busca outra criança com quem possa brincar. Mas todos parecem tão normais. Estão todos tão ocupados fingindo ser gente grande... e fingem tão bem que convencem até a si mesmos. Mas lá no fundo... são mesmo crianças... indefesas... curiosas... manhosas... às vezes pirracentas.

Até que um dia encontramos alguém com a coragem de revelar seu rosto infantil. Mas infelizmente, assim como nós, também tem que manter a pose. Ninguém pode perceber que aquela criança está viva. Para todos os efeitos, ela foi sacrificada no altar da vaidade. O culto à performance exige isso. Todavia, ela está ali, vivíssima, procurando por outra criança para brincar. Esperando um momento de distração dos adultos para extravasar sua meninice. Nem que por um instante... mas um instante que traga a semente da eternidade. Pelo jeito, estamos todos condenados a ser crianças para sempre. Se assim for, o céu é um playground onde brincaremos por toda a eternidade.

O inferno é para os adultos. Para os que se levam a sério demais. Para os que abusaram do próprio ser. Os que se negaram a ser crianças para entrar no reino dos céus.

E aí... bora brincar?

Inserida por HermesFernandes

A caminho do trabalho, fumando um cigarro
vi um senhor tamborilando em uma grade
Lembrei de mim mesmo quando pequeno
O hábito de dedilhar os portões sempre me acompanhava,
algo que me fazia imensamente alegre.
Hoje batuco um cigarro em quanto caminho,
e a vida me leva para frente e para trás no inspirar e expirar de fumaça e lembranças
Deixei de dedilhar portões mas não deixei de ser feliz afinal

Inserida por rmaximos

Às vezes fico deitado em minha cama nessa escuridão total, aí paro e penso, "como será a minha morte? ".
Sei, isso é a maior besteira de se pensar, mas imagino que no dia em que eu morrer irá passar um filme em minha mente e lá eu ficarei, a melhor fase da minha vida, aquela onde vivia sorrindo, então voltarei a ser criança, voltarei a brincar no lago sorrindo, voltarei a brincar com os meus amigos e sorrindo,voltarei a andar de cavalo e sorrindo. Nossa Deus como eu era feliz!
Se eu pudesse pedir a Deus uma única coisa seria pra viajar no tempo, pois iria atrás da minha felicidade de novo, sei que minha vida não é das piores que no mundo existe pessoas em más situações, mas Deus como queria isso, pra sorrir de novo.

Inserida por arkankus

Sobre girassóis clandestinos e borboletas sem asas

No quintal dos nossos sonhos, plantamos o que quisermos. Nos meus, moram girassóis clandestinos. São nascidos de sementes especiais que lhes dão o poder de olhar para onde haja luz. Mas, ao contrário do esperado, eles miram para as mais diversas direções. Brilham ao ficar frente a frente com um parceiro, reluzem ao perceber seus próprios movimentos suaves, sorriem para o sol, mas também vibram para a lua.

No quintal dos meus sonhos, moram borboletas sem asas. Elas não têm asas porque sabem que sensibilidade pede casulo e, após breves momentos de realidade, voltam-se para seus espaços, e crescem, amadurecem, num infinito ciclo evolutivo. Suas asas? Ah, essas estão dentro de si.

Dizem que só as veem quem tem olhar encantado e sabe ver beleza de avesso.

No quintal dos meus sonhos, moram crianças sem idade. Elas sabem que a pureza essencial pede a permanência do próprio sonho. Elas rodopiam em rodas de esperança e jogam amarelinha com o vento.

Não querem crescer, pois crescer mata sonhos. Permanecem brincando, alheias ao mundo que está além do quintal.

E é lá, no quintal dos meus sonhos, onde girassol é clandestino, borboleta não tem asas e criança não quer crescer, que

Inserida por josieconti

Saudades das brincadeiras de pega-pega com a turma da rua de cima, de esconde-esconde na hora do recreio da quarta série
Saudade daquela amiga inocente que sentava no fundo da sala de aula, hoje ela é o "furacão sexy" da rede social
Saudade daquele amigo engraçado e bacana que hoje sofre de depressão
Saudades das cartinhas no portão,
Saudade de uma época que não precisava ou importava estar na moda para sair de casa
Saudade de receber uma ligação de um amigo querido ou um parente no telefone fixo porque celular era raridade
Saudade de quando se matava a saudade fazendo ou recebendo uma visita de alguém querido
Saudade
Saudades
De um tempo em que tudo era assim, daquele jeito meio sem jeito

Inserida por RegiCarvalho

Bom como sei que não gosta de ficar ansiosa e esperando vou adiantar e em poucas palavras resumir.
Creio que pode ter cometido um erro ter entrado em contato comigo e me dado atenção, não é ? Como disse, senti muito quando fui embora de volta redonda a sua falta, eu intendo que não rolaria nada entre agente você é despojada e eu apenas um cara, que gosta de curti a vida, de forma tradicional “tranquila”. Relaxa...
Percebi que não me deu atenção durante ontem, quando tentei ser brincalhão contigo sobre Got. Foi apenas para realmente ter certeza.
Quero dizer não irei ficar feliz com o que estou fazendo nesse momento, mais dizer que não foi bom conversar contigo estaria sendo um hipócrita! Uma semana intensa, até me espirou, fui para praia a noite conversar com Deus e pedir orientação a Ele (como disse que era de costume fazer). Sai comigo mesmo até gravei um vídeo para você falando do que eu gostava e sobre um futuro que talvez nunca acontecerá entre nós dois. Ficou interessante. Mais o que importa nessa altura.?!
Não deixarei de gostar de Got, e de outras series e filmes que sei que você irá curtir no futuro, mais sei que irão fazer você novamente estar em meus pensamentos. (você só poderia ter ficado em meus pensamentos como aquela menina da franjinha linda que eu adorava e não ter me contado tudo do que gostava).
Não deixarei de ir após chegar de Curitiba em VR, até mesmo que junto com seu presente comprei para minha mãe hoje no almoço aqui pertinho do Laboratório. Rsrsrs o seu me ajudou a comprar o dela.
Por fim se quiser me encontrar apenas como amigo de infância sem pretensão nenhuma, estarei no Próximo Sábado as 18:50 em frente ao Cine 9 de Abril, apenas para saber que aquele foi o lugar onde tudo começou entre nós dois.
Não me dê a resposta, se irá ou não assim fica melhor. Prefiro saber lá. Fará com que eu me lembre quando tiver meus 50 anos desse sábado. ;)
Mais uma vês eu repito, você despertou o que há de melhor em mim! E sou adulto para entender seus motivos.

Inserida por gladydutra

Quisera eu poder me transfigurar
E no meu silêncio ser percebido
Sem gesticular ser compreendido
E impedir que feridas sejam abertas!

Mesmo na opulência da natureza
Me devoras sem piedade e frieza
Não escuta meu clamor de socorro
Mata a ti mesmo e por ti eu morro.

Quando lhe vier o último suspiro
Lembranças terás desde a infância,
O ar que te propus falta lhe fará,
Agora me transfiguro em ti, em clamor
Aos outros, por essa triste lembrança!

Inserida por rockfellerfo

Menino

Ainda vejo um menino ao olhar pra você! É, eu sei... você fica “P da vida” por ser chamado de menino, mais eu ainda te enxergo assim, como se o tempo não tivesse passado.Ou, quem sabe, você não seja mais um menino e eu que custo a enxergar que mudou, pode ser isso. Prefiro te ver como um menino porque tenho guardado na memória da nossa infância os nossos melhores momentos, a inocência e o tempo em que não discutíamos tanto e eu ganhava o dia só ao ver que você estava feliz. Sabe, prefiro te ver assim, pois essa é a forma de conservar minhas apures lembranças perto de você.
É difícil saber que hoje a história é bem diferente e eu já nem saiba se ainda faço parte da sua vida ou você da minha. Ver a pessoa que significou tanto para mim retroceder pra categoria “conhecido”, a ponto de nos vermos, falarmos e até rolar um abraço, mas de um modo que até parece que estás apenas seguindo algum protocolo, por educação.
Se quer saber, ainda não engulo aquele último abraço que você me deu... é que foi algo tão frio, até então não sabia que um abraço poderia doer, mas doeu muito porque nele senti que já tinha virado uma “conhecida” para você e é difícil ser só isso para quem eu queria como... bem, é melhor deixar para lá... Não te falo nada, apenas danço conforme essa música que você botou para tocar. Por mais que te ame, meu amor próprio faz-se meu companheiro de dança e eu apenas sorrio com uma cara sinalizando um “ tá tudo ok”, mesmo que não esteja. É difícil engolir o fato de que já não somos os mesmos de antes, aceitar que o único menino que ganhou meu coração inúmeras vezes, já não existe.
Mas não posso voltar 10 anos, te abraçar e pedir, chegar a implorar para que você não mude, e que não se mude, esteja sempre comigo, seja sempre o meu menino, seja sempre aquele que me conquistou...Tampouco posso voltar esses anos todos e ficar na tua cola, dia a dia, para garantir que continuarias o mesmo, e mesmo se eu pudesse fazer isso, seria vão. Os anos nos mudam, você mudaria mesmo assim! Então a única coisa que resta é embarcar no túnel do tempo, mergulhar nas minhas lembranças e através delas não deixar que a melhor visão que tenho de você se vá... lembranças são o que me restam do tempo em que eu era importante na sua vida, você fazia parte do meu dia a dia e mesmo se a gente brigasse um minuto depois voltaríamos a brincar.
Hoje tudo mudou, não somos os mesmos, é certo, mais sinto falta do menino que prefiro acreditar que você ainda carrega aí dentro.

Inserida por Assenav-semog

Tempos de criança
Há quem faça pouco caso dos desejos das crianças, eu não, sempre analiso e procuro entender o porquê de alguns anseios infantis. Dizem os psicólogos e psiquiatras que os acontecimentos repercutem por toda a nossa vida e acaba formando nossa personalidade, um dos motivos de tentar entender o que se passa na cabeça dos pequenos é o fato de eu já ter sido criança (claro), e na minha infância tive inúmeros desejos que jamais foram atendidos. Lembro dos tempos de escola, início das aulas pra ser mais exato, ficávamos eufóricos, loucos pra saber qual seria a novidade no nosso material escolar, o que os adultos não sabiam é que a partir desse aparato escolar, faríamos sucesso ou não na nossa turma, um material legal era imprescindível para ser um aluno descolado, um material ruim acabaria com nossa vida social e consequentemente nossa auto-estima. Lá estava eu aguardando o material chegar, chegou, me dei por satisfeito com o material que me foi dado, mas o que pouco sabem é que o demônio mora na comparação. O primeiro dia de aula é especial, tão especial que eu acho que até tomava banho antes de ir para escola. Ao chegar, todos vindo de férias, tanto tempo sem fazer nada que nos fazia até sentir vontades estranhas, como vontade de estudar, por exemplo, vontade a qual não durava mais de uma semana. A tragédia aconteceu, um colega tira um estojo, estojo que me parece mágico na lembrança, cada botão apertado revelava um aparato; borracha, apontador, régua, tesoura, olhei para o meu, feito de tecido, simples, o fecho era apenas um zíper, senti uma tristeza, já era a vontade de estudar. Chegando em casa pedi para comparem um estojo daquele pra mim, que eu precisava dele, sem ele não poderia estudar, ele era peça essencial para o meu aprendizado. Assim que acharmos o estojo compraremos pra você, eles disseram. Em agosto faço 37 anos, até hoje espero o dia de ganhar meu estojinho...

Inserida por professormariocelio

FOLHAS DE PAPEL

Os meus olhos de menina
Enxergavam arco-íris através de cacos de vidro
Viam gafanhotos vestidos à rigor
Eles estavam sempre prontos pra festa

Em meus sonhos de menina os personagens dos livros ganhavam vida
Era possível sentar para um chá
Dividir uma toalha de piquenique

Em minhas mãos de menina as folhas de papel se transformavam
Em gaivotas que ganhavam os céus
Viravam barquinhos que navegavam em poças d’água deixadas pela chuva

Em minhas mãos de mulher
Basta pena e papel
Pra guardar a vida em poemas.

Inserida por elis_barroso

Terra do Nunca
Não preciso explicar aqui que lugar é esse e nem em qual estória ele se encontra, mas vale lembrar que a terra do nunca é uma terra de magia onde quase tudo é possível. Eu acredito que cada pessoa tenha a sua terra do nunca, e quem não tem que arrume uma para si o mais rápido possível, seja ela um lugar, um cômodo de sua casa e até mesmo uma pessoa. Mas qual o objetivo de ter tal lugar em nossas vidas? Começo contando qual era o meu lugar encantado durante a minha tenra idade. Quando eu era criança passava minhas férias na vila de Aturiaí, município de Augusto Corrêa, no mesmo dia que as aulas acabavam eu pegava o ônibus e encarava 30km de estrada esburacada, ônibus ruim e gente fumando dentro do ônibus (nesse tempo ainda se podia fumar nos transportes públicos). Após a aventura que era chegar até lá eu estava no paraíso, seria feliz por um mês inteiro, diversão de graça e por um bom tempo.
Além de reencontrar alguns parentes, você já deve ter ouvido falar que uma viagem não é feita só de lugares, mas sim de pessoas, eu tomaria banho de rio, jogaria bola o dia inteiro, a noite estórias de visagem seriam contadas, muito papo iria rolar. O que mais me impressiona quando as lembranças me veem à cabeça é o quanto demorava para um único dia terminar, acordava, tomava café, e pronto, só precisaria voltar na hora do almoço para casa, nada era programado mas tudo dava certo, nenhum plano era traçado, se tivesse com vontade de pescar, pescava, se tivesse com vontade de jogar bola, o faria, lá na roça a vida passa devagar, e ainda há quem diga que o povo do interior é bobo, com pouca sabedoria, sei não.
Quando voltava pra casa, voltava renovado, parece que aquele mês tinha demorado um ano para passar, mamãe olhava pra mim e dizia; menino, é só você ir pra Aturiaí que vem só pira, eu nem ligava, o pensamento estava longe, na minha terra do nunca.

Inserida por professormariocelio

E todos os dias acordo com mamãe me doando todo seu carinho com seu jeitinho todo especial.
Chega com o cafezinho e um delicioso pãozinho...
Sim, eu tenho a melhor mãe do mundo, uma mulher incrível e apaixonante, dona do meu coração e motivo de orgulho.
Ah, saudade do tempo que não volta, as lembranças me alimentam a alma.

Inserida por jo_hotz

XEQUE-MATE, BABACA!

A partida já durava pouco mais de 45 minutos, uma pequena eternidade para uma criança de 5 anos e meio.

– Mamãe, eu sei que o certo é jogar em silêncio, tentando “adivinhar” as próximas jogadas, mas preciso falar uma coisa – disse em tom solene, esfregando os olhinhos já cansados.

– Pode dizer, filha.

– Acho esse Rei muito “babaca” – disse apontando uma das duas peças coroadas por uma cruz.

– “Babaca”? Como ele pode ser um “babaca” se ele é a peça mais importante do seu reino? Se ele for capturado, você perde e acaba a partida – retruquei.

– Ah, mãe, o xeque-mate deveria ser com a eliminação da Rainha. Já reparou que ela é muito poderosa e que ele é um tremendo “Zé Mané”?

– Respeite o seu Rei, não fale assim dele – reclamei com um sorriso no canto da boca. – Onde você está aprendendo essas palavras?

– Mãe, a Rainha é toda “triunfante”. Consegue “dançar” pelo tabuleiro inteiro, como se fosse uma pista de dança… Olhe – e movimentou a sua Rainha na horizontal, vertical e diagonal, por várias casas já vazias. – Ela é tão esperta que “observou” e “aprendeu” os movimentos da Torre e do Bispo.

– Isso é mesmo. Ela é uma peça muito importante, filha. A perda da Rainha é uma grande derrota para o reino. Considero o “começo do fim” da partida – expliquei.

– E esse “Zé Mané” aqui é todo duro, travado e “perna de pau”. Já viu como ele “dança”? – Disse pinçando o seu Rei com seus miúdos dedinhos e o movimentando pelas casas que o circulavam. – Ele fica assim fazendo movimentos curtinhos, todo indefeso e fraco. Raiva desse “babaca”. Não quis aprender nada na vida. Até o Cavalo sabe saltar… E ele? Só sabe “se esconder na sombra da Rainha” – palavras literais da minha pequena.

– Amor, não fale assim. Se você estiver com raiva ou aborrecida, vai interferir no jogo e você não vai conseguir pensar na melhor jogada. Como eu sempre te digo, Xadrez exige concentração, “sangue frio”, estratégia e equilíbrio. E outra, não desrespeite o seu Rei. Seu dever é protegê-lo a todo custo, para continuar na partida. Acha melhor parar para descansar e continuamos depois?

– Mãe, a senhora está “toda” enganada – disse fazendo carinha de desdém.

– Oi? – Questionei, sem entender.

– Eu ainda “sou princesa”, mas serei como a Rainha, vou viver observando e aprendendo, toda poderosa, dançando com um longo vestido brilhante pela pista inteira. Mas não quero fazer sombra em nenhum “Zé Mané”… Na verdade essa conversa toda foi para te distrair, foi um papo “estlatégico” – pronunciou “fazendo bico” e levantando levemente os pequenos ombros. – Xeque no seu Rei, esse “babaca” aí.

Estatelei os olhos e tive que me render, orgulhosa, abrindo a retaguarda do meu Rei para que ela pudesse capturá-lo com o seu último e aparentemente inocente Peão, que “conseguiu atravessar” o tabuleiro quase sem ser visto por mim, no decorrer do nosso diálogo.

Parecia inofensivo, mas… Por vezes, o Discípulo supera o Mestre.

Xeque-mate, “babaca”.

Inserida por nivea_almeida

A MAIOR MISSÃO NA TERRA

Enquanto trabalho em minhas planilhas, lembro das suas pequenas unhas do pé que precisam ser cortadas.

Enquanto almoço rapidamente, penso se as professoras da escola integral insistem algumas vezes para você comer o brócolis, assim como eu faço lá em casa.

Na academia (que tento fazer no horário do meu almoço, entre uma reunião e outra), tento levantar um pouco mais de peso nos equipamentos. Meu corpo precisa estar inteiro e saudável para organizar a sua festa de 15 anos.

Olho o extrato bancário e vejo que já debitaram a parcela mensal do meu seguro de vida que fiz antes mesmo de você nascer. Mesmo em minha ausência, caso ocorra, quero lhe deixar algum conforto.

Sorrindo, engulo mais um sapo a seco e aguento agruras no trabalho pois preciso do salário ao final do mês para o seu nobre sustento.

Viajo para as minhas aulas do doutorado muitas vezes em lágrimas e com o coração apertado por uma noite a menos com você, mas com a certeza que será melhor para o seu futuro. E com a esperança de tê-la orgulhosa citando a mãe doutora.

Faço questão de percorrer algumas horas de trânsito por dia para levá-la e buscá-la do colégio, pois são horas em que me dedico só a você, mesmo desviando dos ciclistas e cachorros que cruzam o nosso caminho.

Aliás, no percurso até a sua escola, fico inventando uma nova brincadeira para interagirmos até chegarmos em nossa casa, na esperança que não pegue no sono e durma sem jantar.

Colei os seus desenhos ao lado da minha mesa do trabalho para eu lembrar que um dia duro faz todo sentido quando se tem um “pedacinho de gente” dizendo que te ama ao final da tarde.

Declaro com um sorriso escapando do rosto que aprendi a matar baratas, fazer omeletes, cantar no chuveiro, assistir desenhos animados e cuidar bem melhor da minha saúde depois que você nasceu.

Morri um pouquinho quando me pediu, pela primeira vez, para deixá-la no portão da escola e vê-la caminhar sozinha, e não deixá-la pessoalmente dentro da sua sala, aos cuidados da sua professora, como eu sempre fiz.

E falando de novo em morrer, quase morri de culpa quando vi uma cárie microscópica em seu dente do fundo. Eu me senti a pior mãe do mundo por isso. Fui derrotada, mesmo tentando cuidar dos seus dentinhos da melhor forma possível.

Revolto-me discordando das pesquisas que relacionam mães que trabalham muito com filhos com problemas psiquiátricos. Escolha cruel e injusta demais entre ser pobre ou ter sucesso, ter filhos saudáveis ou doentes.

E falando de doenças mentais, saí chutando a lixeira do consultório do meu psiquiatra quando ele me disse que a minha doença se chamava “sono” e que bastaria eu dormir oito horas por noite para eu sarar. Alguma mãe aí pode me dizer como faço isso?

Falando de perder sono, foram incontáveis as vezes que saí da minha cama e fui até a sua só para certificar se estava tudo bem, se você respirava, se a janela entreaberta te incomodava, se algum pernilongo te rondava, se sua “bexiguinha” suportaria até o amanhecer, se a manta que te cobria te protegia do frio ou te dava calor…

Chorei com a maior das paixões quando jogamos a primeira partida de xadrez juntas. E você só tinha 4 anos.

Chorei de novo quando soletrou “batata” e “boneca”. Quando pegou os meus dedos e contou-os até dez… Em inglês.

E falando em chorar, só “aprendi” a chorar mesmo, quando você contorceu de cólicas pela primeira vez, aos 20 dias de vida, e nós duas sozinhas em casa na madrugada. Antes eram só lágrimas de crocodilo ou derramadas sem um motivo tão nobre.

Depois que você nasceu, reconheci que fazê-la dormir segurando as suas mãozinhas pequenas é muito mais prazeroso (e saudável!) do que comprar uma garrafa de absinto e beber sozinha, andar em alta velocidade com um carro novo ou fumar um maço inteiro de um importado da Indonésia, sabor canela, pela madrugada…

O suor infantil exalado dos seus pezinhos após um dia todo de estripulias é muito mais perfumado do que uma “explosão de rosas”: o cheiro daquele meu perfume que você desde bem pequenina sempre pediu um “tiquim no pecôço”.

E quando fecho os olhos, naqueles dias que parecem não ter fim, eu lembro do nosso diálogo no dia da mais terrível tempestade que passamos juntas, sozinhas, você com apenas 4 anos de vida, salvando a minha:

– Filhinha, se tudo o que temos for perdido, tudo o que a mamãe precisa para recomeçarmos está aqui dentro, ó (e apontei para a minha cabeça).

– Mamãe, não se preocupe. Só não fique olhando para a chuva, nem para o vento, nem para as árvores (que se contorciam nessa hora). Me abrace, me dê as suas mãos (pegou as minhas mãos nas delas, tão miúdas), olhe aqui pra mim, para os meus olhinhos e repita comigo várias vezes: “eu não tenho medo, essa chuva vai passar, eu não tenho medo…”.

Obrigada meu amor por me fazer piloto dessa nave, na maior missão na Terra.

Inserida por nivea_almeida

Suco de maracujá
A década era de 1980, o ano não lembro ao certo, eu era acordado por minha mãe todas as manhãs com o intuito de ir à escola, época de prova acordava mais cedo pra estudar. Meio que no automático eu levantava e ia para a mesa tomar meu café, me servia de café com leite e pão caseiro com margarina, na época chamava de manteiga, não tinha noção que a verdadeira manteiga era mais cara. Dificilmente aguentava tomar um banho que preste, quando somos crianças sentimos tanto frio, meio que só molhava o cabelo e vestia a farda azul da escola Instituto José de Anchieta de Bragança, pegava a merendeira e nunca sabia ao certo qual seria o lanche daquela manhã.
Junto com meus irmãos, já prontos, também seguíamos em caminhada com destino à escola, eu nunca fui só para a escola, já que fui o segundo filho a nascer, sempre tive a companhia do meu irmão mais velho nessa caminhada. Os demais irmãos se juntavam assim que alcançavam a idade de estudar.
O caminho pra escola era seguido de algumas brigas e brincadeiras. Cada parte do caminho tinha para a gente uma conotação especial. Chegado à escola nos dirigíamos as nossas respectivas salas. Ainda lembro das primeiras letras que consegui fazer e sempre ficava muito feliz com cada coisa nova que aprendia. Na hora do intervalo, todos as crianças tiravam de sua lancheira os lanches e faziam sua refeição, ali mesmo sentados na mesma mesa a qual estavam estudando. Naquele dia minha mãe colocara alguns biscoitos e suco de maracujá, após o termino do intervalo recomeçava a aula, o pensamento as vezes voava longe, dando asas à imaginação e dando continuidade àquilo que a professora acabara de falar. O término das aulas era anunciado, me juntava aos meus irmãos e fazíamos o caminho de volta, com as mesma estórias, as mesmas brigas, com o pensamento longe e a imaginação fértil, imaginação que apenas as crianças podem ter...

Inserida por professormariocelio

Súplicas de Uma Criança do Século 21

Quando eu nasci...
Eu vim ao mundo como anjinho...
Sem rótulo, sem definição e sem prazeres...
Independente da minha indentidade sempre fui cercado de carinho...
E assim fui me fazendo com direitos e deveres.
Me deram cores como que se isso influenciasse no meu futuro...
Fizeram meu mundo rosa...
Em algumas vezes verde...
Me deixando confuso...
Me vi rotulado de uma forma espantosa.
Agora como criança querem decidir minha profissão...
Querem a todo custo decidir com o que posso brincar...
Se brinco com carrinho ou boneca...
Com isso querem subjulgar meu eu por orientação...
Sem se preocupar o que vou achar...
A verdade é que minha opinião nessa fase não conta.
Não entendem o que eu quero ser é criança...
O Que a própria essência me classifica.
Dizem que vim ao mundo provido da Pureza e da Inocência...
Mais há aqueles que querem me obrigar a crescer rápido...
Na mais cruel indecência...
Querem me expor ao vergonhoso e ao estúpido.
Muitos me rotulam dizendo que já vim ao mundo sabendo o que eu quero...
Falam que tenho aptidões, sentimentos, prazeres, paixões e mediante a isso querem distinguir meu gênero.
Eu vim ao mundo como anjo...
Sem Romance, sem paixão e sem prazer...
Coberto de essências e afeto flaternais de modo recíproco com meus país e família me esbanjo...
Sem colocar a julgamentos meu jeito de ser.
Enfim eu sou um anjinho...
Eu sou o milagre da vida...
Eu sou um ser pequenininho cheio de carinho...
Eu quero ser criança e quero ter minha infância vivida.
Quero um mundo de Paz...
Poder imaginar...
Uma vida infantil sagaz...
Que me permita sonhar...
Por favor não destrua a minha infãncia.

Autor: Jhon Alex Modesto
Dedicatória: A todas as crianças do mundo e adultos que nunca deixaram sua velha infância morrer, que possamos preservar as verdadeiras riquezas do ontem para garantir o futuro, devemos fazer o bem principalmente as nossas crianças pois o mundo vai mal.

Inserida por JhonAlexModesto

Aquela velha rua me trás saudades de velhos momentos que ali aconteciam.
Aquela velha rua, com a velha simpática, falastrona e cheia de boas histórias e estórias sentada à calçada.
Aquela velha rua, cheia de velhas casas com toda a simplicidade de um lar cuidado com carinho, onde o amor reinava.
Aquela velha rua, com os velhos de hoje, sendo crianças brincando com as velhas brincadeiras.
Aquela velha rua me faz querer trocar o novo pelo velho.
Trocar o atual pelo antigo.
Quem dera poder voltar ao velho tempo, naquela velha rua, com os velhos de lá, com as velhas brincadeiras e as velhas casas, mas com todos aqueles momentos que não ficam velhos em minha memória.

Inserida por Jerclay

Sentados na calça, ainda meio terreiro, limpo e preparado para passar a noite ali. Uma roda ia se formando, velhos, crianças e cachorros.
De tudo se falava. Falava-se da filha da Maria que saiu de casa roubada pelo filho do Francisco. Comentava-se acerca do vestido da Joana, que não tinha necessidade de usar roupa nova antes da missa da quaresma. Os meninos ficavam a roubar pela rua, a roubar bandeira, brincadeira essa que fazia todos ficarem molhados de suor. Depois, sentavam-se todos aos pés das velhas senhores que contavam histórias assustadoras de seres encantados, assombrados e enfeitiçados. Até que se ficava tarde, já era hora de cada qual ir ao seu lugar. Nesse tempo, todos moravam perto. Não era preciso telefone para se comunicar. Se fosse necessário chamar alguém, bastava da porta gritar: “Fulano, é hora dormir”. A rua inteira ouvia, e prontamente o fulano corria para cama. Esse tempo era bom, era intenso e cheio de boa intenção. Tudo hoje mudou, queria eu poder voltar ao tempo que a rua era o lugar de reunião.

Inserida por Jerclay