Textos de Mar
Quando foi a última vez?
Quando foi a última vez que escutou o silêncio,
Ou o barulho de tudo, em seu violento desalinho?
As gotas da chuva, em cadência, no chão em relento,
E você, na pressa, perdeu-se do caminho.
Quando foi a última vez que encarou o mar,
Sem pensar, apenas vendo a imensidão engolir o céu?
Onda após onda, o mundo a sussurrar,
E você, vazio, preso ao próprio réu.
Quando foi a última vez que olhou as estrelas no manto,
Sentiu o frio cortante da verdade infinita?
A Lua, em seu brilho, despiu seu encanto,
E você, esquecido, sob a noite maldita.
E a última vez que de uma árvore colheu,
Saboreando o fruto, sentindo sua seiva correr?
Ou passou sem notar, sem saber o que perdeu,
Correndo da vida, deixando-a escorrer?
Quando foi a última vez que realmente viveu,
Sentiu o pulsar, o ardor em cada veia?
Ou será que, sem perceber, já morreu,
Na correria insana, sem lutar por uma ideia?
Feche os olhos, deixe o desconforto invadir,
Permita que o silêncio, com fúria, te abrace.
Quando foi a última vez que parou de fugir?
Ou será que nunca... Vai deixar que a vida o ultrapasse?
Vale a pena,
Respirar suavemente,
Sem ofegantes pensamentos,
Sem antecipar os ventos,
Ao velejar no tempo.
Vale a pena,
Se traduzir pela brisa,
Ser parte da vida,
Sem espelho, sem desespero,
Apenas sorrisos, se deixar brilhar.
Ah, vale a pena!
De Deus ser amigo,
Ser chamado filho,
E pela fé surgindo
Pegadas no mar.
Sim, vale a pena!
Mais levado, mais menino,
Mar leve, vela sacudindo,
Se desprender e sonhar.
Soneto De Infância
Infância é uma flor que ainda não desabrochou
Criança é um amor que ainda não amou
Sua ingenuidade é aprender sem saber
Feliz é quem cresce sem nunca crescer.
Brincar, sem nunca cansar.
Começar, para nunca cessar.
Descobrir, mas nunca omitir.
Viver a vida leve e a sorrir.
Então o mar da vida se apresenta, furioso
Esperando encontrar um marinheiro corajoso
Disposto a enfrentar as tempestades da vida.
Corajoso, porque vive a infância eternamente,
Sem medo de errar e ser julgado pela gente
Porque vive uma vida colorida, infantil e divertida.
No silêncio oculto, me devoro,
Ardente paixão, segredo que morro.
Torno-me frágil, disperso-me no torpor,
Em ti, mistério, meu destino eu exploro.
Teus lábios, não de Iracema, mas do mel,
Sabor que embriaga minha mente ao léu.
Tua indiferença, cruel como fel,
Dilacera o coração, tempestade, réu.
Aguardando ansiosa, fervilhando em fogo,
A chama da paixão que não se desdobra.
Como a maresia, corroídos pelo jogo,
No desejo de um encontro que se acobra.
Oh, praia distante, refúgio desejado,
Onde os tormentos se percam no passado.
Cada segundo, sentimento desgastado,
Sem tua voz, tua presença, sou naufragado.
Tu, que não sabes, és meu oceano vasto,
Naufrágio lento, em águas profundas me arrasto.
Em cada instante, no sentimento contrasto,
És meu mar, és meu eterno enigma, meu lastro.
SENTIMENTOS I
A saudade é um sentimento forte que não consigo explicar, pois quando estou contigo meus olhos voltam a brilhar.
Teus abraços e teus sorrisos me fazem delirar nesse mesmo sentimento quando entro mar.
Hoje estou aqui, mesmo distante mas vou voltar pois só você me fez redescobrir o significado de amar.
MEU LUGAR
Letra e Música: Markos Costa
Quero te levar pra um lugar
Onde a vida é a inspiração
Acordar com o canto do mar
Os pés na areia aquecer
Até onde a vista levar
Um novo recanto à espera
Nosso dia é infinito lá
Convite pra renascer
No desfilar do dia...
A luz revela caminhos de amor
E o vento tudo toca, espalha o som
É vida que nasce a dois
E quando o sol dormir,
O frio levar
Meu abraço para te aquecer
Teu sussurro irá me dizer:
“Como é bom estar com você”
Combina o verde com o azul do mar
Combina o sol com estrelas, luar
Combina a paz com um violão
Olhares com o toque das mãos
E quando aquela canção tocar
Que encanta e canta
esse nosso perfeito lugar
Eu vou colar em você
Bem juntos, bem
No desfilar do dia...
A luz revela caminhos de amor
Todo amor, meu amor
Tudo pra você
E quando o sol dormir, o frio levar
Meu abraço para te aquecer
Meu amor, todo amor
Vai acontecer
Quero te levar pra um lugar
Onde a vida é a inspiração
Acordar com o canto do mar
Os pés na areia aquecer.
Composição de Markos Costa (pastor, cantor, compositor, psicanalista, teólogo, poeta).
Como são delicadas
as chuvas de outono
e embora se faça
um grande mormaço
o sol já não está
mais tão ofuscante...
no vai e vem das ondas
o aroma de jasmim azuis
fazem meu pensamento viajar
para outras paragens
outras, planícies...
o mar sereno e calmo
molhando a solidão
desta minha tarde de domingo.
Um
distante
silêncio
me
persegue...
estou cansada de fugir.
Vou te achar…
E, com alegria, fechar os olhos, e me esquecer de tudo.
Vou embrulhar o tempo.
Fazer um laço perfeito.
Viver o amor que pra nós foi feito.
Talvez na beira do mar
Vendo as ondas que vêm e vão sem parar.
Num dia quente de verão.
Talvez numa praça num canto secreto.
Vou te achar...
Vivo desenhando cenários.
Sentindo pensamento inquietos espiando-nos nas sombras...
Vou te achar.
A bem da verdade, pouco importa o lugar.
Importa mesmo é que vou te achar.
Essência
Fatigada da existência
Vejo ao fundo trevas crescentes...
Glórias passageiras...
Um barco à deriva.
Névoas a cobrir meu cenário.
Medo de estar a fazer tudo ao contrário.
É a noite afogando-se em chuva intermitente…
Procurando a saída
desta grande encruzilhada que é a vida…
Sinto-me acuada
Quero sarar as feridas
Olhando o passado…
Sinto que fui iludida.
Abro brechas em minha mente.
Vejo laços que me prenderam.
Tento abrir passagem...
Esvaziar-me dos sentidos.
Tento no curso que sigo
encontrar da minha vida o real sentido.
O que tem o tempo pra me dar?
O alívio da brisa?
Calmaria no mar?
Ou um fundo tão fundo que vai me afogar?
PEIXE NO AQUÁRIO
.
.
Um peixe no aquário
é um peixe-encerrado,
é um peixe-impedido,
é um peixe-cercado
por todos os lados.
.
Um peixe levado
para um aquário maior,
ainda assim é um peixe
neste aquário maior.
E se lhe dermos uma represa
com proporções oceânicas,
teremos agora um peixe
no aquário da Terra.
.
Ah... cruel infelicidade aquática!
Um peixe, onde for que esteja,
depara-se com seus limites,
defronta-se com a sua parede,
debate-se... contra o seu vidro.
.
.
[BARROS, José D'Assunção. Publicado na revista Poetizar, vol.1, nª5, 2024]
Timoneiro
Se me fosse imposto optar
Entre a pedra do chão que sangra
E o céu que engole o dia,
Eu ficaria com o mar,
Onde o tempo se desfaz em ondas
E a eternidade é apenas um sopro.
Nos braços do meu barco
— solidão que navega —
Paro em portos de ausência
E parto levando memórias
Que ainda não gestaram.
Longe do ruído do mundo,
Sou um vulto que vaga e sonha.
O balanço do mar é um relógio,
E remo, rezo e remo até que a noite
Cante em meu braço cansado.
Quando não puder mais suportar,
Soltarei os remos,
Redirecionarei a rota dos silêncios.
E se não souber o que fazer,
O vento, antigo mestre, saberá,
Pois ele é voz do que em mim nunca cessa.
As mulheres são navios:
elas sempre estão pensando
em ir embora
mesmo que tenham de enfrentar
Netuno, o rei dos mares.
As mulheres tem ancoras
que as prendem na areia:
filhos, casa, família
mas seus olhos estão sempre
sonhando com um mundo sem horizontes.
Quando as mulheres cortam as ancoras
não pensem que voltam atrás:
vão para longe
bem longe
navegando no alto mar!
Deságua
Sou rio, mas não mando em mim.
Nasço tímido entre pedras,
um fio d’água sem dono.
Aprendo cedo a correr,
a buscar o mar sem perguntar.
As pedras me ensinam desvios.
As margens me lembram limites.
Aceito ser água que passa,
que abraça, que perde e que segue.
Se um dia seco, o barro me guarda.
Se transbordo, o mundo me teme.
Mas a vida não me espera—
ela deságua mesmo quando eu já não estou.
As coisas devem ser bem grandes
Pra formiga pequenininha
A rosa, um lindo palácio
E o espinho, uma espada fina.
A gota d'água, um manso lago
O pingo de chuva, um mar
Onde um pauzinho boiando
É navio a navegar.
O bico de pão, o Corcovado
O grilo, um rinoceronte
Uns grãos de sal derramados,
Ovelhinhas pelo monte.
“Entre as complexidades do mundo, está a insaciável vontade de descobrir a resposta de como ser feliz, uma corrida vertiginosa na qual apenas os lúcidos, após um tempo, percebem sua futilidade. Essa busca incessante nos mantém distantes de nossa essência, ocupados e exaustos, enquanto o vazio persiste. No entanto, a verdadeira questão pode ser mais simples do que imaginamos. Tudo o que realmente precisamos fazer é parar, respirar e apreciar cada momento presente em toda a sua plenitude por existir e, aí então, nos perguntar, por quê?”
Marcello de Souza
"Na jornada rumo à autenticidade, lembre-se: a verdadeira liberdade não reside na simples aceitação plena de sua própria essência, mas no reconhecimento de que ela pertence a você, e somente a você. Só assim você pode ser o arquiteto de sua própria narrativa, escrever sua história e conseguir lidar com tudo aquilo que não pertence a você."
Marcello de Souza
(@marcellodesouza_oficial)
"Eu dormia pensando naquilo, que poderíamos nos tornar.
Hoje, não durmo, refletindo sobre o que nos tornamos.
Longe de ti, cada piscar.
Parece-me, passou-se anos.
A ampulheta da vida, como areia, meu amor parece acabar.
O amor acaba, mas não terminam os encantos.
A saudade é profunda e me afogo nesse mar.
Talvez, hoje, eu já não esteja mais nos seus planos.
Sinto, que estou em um pesadelo, já não consigo acordar.
Ter você tornou-se somente sonhos.
Hoje, eu durmo pensando, naquilo que poderíamos nos tornar..." - EDSON, Wikney
"Caminhei até o fim da noite, mas não encontrei o por do Sol.
Velejei pelas águas da solidão, atraquei em alguns portos, mas não encontrei farol.
Nessas mesmas águas, fui presa fácil, com os seus olhos castanhos, fisgou-me, em seu anzol.
Preso em sua beleza, calhou-me encalhar, em seu atol.
Existem mares vastos e profundos, mas nenhum se equipara a solidão, ao vazio do lençol.
Amor meu, sei que não sou nenhum escol.
Naveguei por esses mares, mas não vislumbrei, meu por do Sol..." - EDSON, Wikney
"Até o oceano me rejeita."
Pego-me vagando em meus pensamentos,
Aquele momento em que o tempo para.
Os ventos cessam sua brisa fria,
E o silêncio arranca de mim
Os suspiros que já não existiam.
As nuvens fogem, levando consigo
A chuva que poderia apartar
As chamas vívidas da luz guardiã,
Aquela que persiste mesmo à noite
E me protege dos males da escuridão.
Mas quem disse que não gostaria
De cegar-me com o breu?
De andar sem preocupações,
Ferindo-me aos cacos de garrafas quebradas,
Dos inocentes bêbados eufóricos,
E entregando-me aos lobos famintos,
Finalmente tendo um propósito?
Embora venham com mentiras ardilosas,
Dizendo que meu destino é iluminar o mundo,
Eu sei: meu reflexo está distorcido.
Os demônios solares, sedentos por lúmen,
Corroem minha carne e alcançam minha alma.
Busco então refúgio no azul profundo,
Sob o manto do mar,
Esperando apagar a chama que consome
Minha essência.
Mas até o oceano, que abraça todos os naufrágios,
Me rejeita.
Ele conhece meu peso, minha dor...
Mas devolve-me à superfície,
Como um pedido que o universo se recusa a ouvir.
Resignado, aceito: não há lugar para mim.
Passo a vagar, uma existência pífia,
Ociosa para mim, mas viciosa
Para aqueles que sugam o que resta da minha alma.
Eu Preciso de Sol
Eu preciso de sol. Preciso da luz que abraça a pele, da energia que aquece o coração e da alegria que se transforma em sorriso sem esforço. Há algo no verão que renova a alma, que espalha positividade como o calor que sobe do chão em um dia quente.
Sou praiana. Sempre fui. Gosto do pé na areia, daquele contato direto com a terra que parece nos conectar com algo maior. Gosto do sal do mar que pinica a pele, como se o oceano deixasse um lembrete: “Você esteve aqui, você é parte disso.” Gosto da leveza dos dias ensolarados, do barulho das ondas que parecem sussurrar segredos antigos.
Meu signo é Câncer, o caranguejo. Talvez por isso eu tenha essa ligação tão forte com o mar, essa necessidade de estar perto dele, de senti-lo e de escutá-lo. O mar é refúgio, consolo e celebração ao mesmo tempo. Ele me entende, mesmo quando eu não consigo me entender.
Desde a infância, o mar foi palco das minhas memórias mais felizes. Nas férias de verão, minha família sempre ia para Florianópolis. Lá, minha conexão com o oceano foi forjada. Brincadeiras na beira da praia, castelos de areia que nunca resistiam à maré, e tardes infinitas sob um céu azul — o tipo de lembrança que não apenas fica, mas se transforma em parte de quem somos.
O verão é minha estação de renascimento. É quando me sinto mais viva, mais alinhada com aquilo que realmente importa. A luz do sol não ilumina só o dia, ela ilumina a alma. E o mar… ah, o mar me lembra que a vida tem ondas, altos e baixos, mas que, no fim, tudo encontra um ritmo.
Preciso de sol porque ele me lembra que a vida é para ser vivida, celebrada e sentida, como uma onda quebrando suavemente na areia.
✍🏼Sibéle Cristina Garcia
