Texto sobre Sol
Por questão
de coexistência
não posso deixar
de lembrar que
_o sol da Venezuela
nasce no Esequibo,
_as Malvinas
são Argentinas,
_o Mar é da Bolívia,
_e o Pré-Sal que
tiraram do Brasil
será recuperado;
Centenas de covas
_foram abertas
na Vila Formosa
_o maior cemitério
da América Latina
para os esperados
velórios de uma hora:
O povo está por todos
os lados há quase duas
semanas sem comida
e a Medicina espera
por quase tudo
_que salve a vida;
Há cento e cinquenta
bolivianos na fronteira
do Chile com a Bolívia
que deveriam ser
_por direito repatriados ou
acolhidos com decência,
Não há como não
cutucar a ferida
com o dedo porque
a despesa já está
muito bem 'paga'
até antes de nascer
_com as águas do Silala
e as terras de Antofagasta;
Do alfa ao ômega
ainda insisto pedir
a liberdade de
cada preso político
como o General
que se encontra preso
injustificadamente
há mais de dois anos,
não parar de pedir
por ele e por quem
precise da minha voz
_não está nos meus planos.
O Sol da Venezuela
nasce no Esequibo,
Você sabe que isso
sempre será repetido,
O nascer do Sol
não há como capturar;
A Pátria não é minha,
é toda esta poesia
aqui posso decretar
o Estado de Manuel Piar:
O nascer do Sol
não há como reter,
Ainda é insistente
pouco a pouco
o roubo do Esequibo,
na Justiça hão
de responder escrevo
para ninguém se esquecer
que o sol não há como
ninguém prender:
O nascer do Sol
que nasce no Esequibo
é o mesmo em cada canto
deste continente esquecido,
e o quê há de raiar
para o General e cada preso político.
Porque o raiar da liberdade
ninguém há mais de segurar,
a vida tem que voltar para o seu lugar.
Livro:
NÃO HÁ ARCO-IRIS NO MEU PORÃO.
Capítulo X
RÉQUIEM AO SOL, PROMESSA À NOITE.
Vultos dançam nas bordas das sombras, evocando os espectros de reminiscências sepultadas sob o lodo da ausência.
São murmúrios de passos nunca dados —
rastros de uma presença que, mesmo morta, ainda transborda ruína no porão da consciência.
Eis que o sol, alquebrado em seu estertor, entoa um réquiem à lua —
Não com voz, mas com luz exangue,
como se os próprios astros sepultassem o dia em silêncio.
Talvez seja nos delírios oníricos que a existência se insinua,
ou, quem sabe, nos pesadelos que anunciam dilúvios e ruínas.
O vazio que habita estas paredes não é silêncio,
é gestação de mundos que jamais nascerão.
E mesmo assim, o oco permanece grávido.
As sementes são escassas,
mas algumas ainda dormitam sob o limo do esquecimento.
Foi então que a aparição retornou —
Camille Monfort.
Não atravessou o espaço como os vivos o fazem.
Não caminhava.
Movia-se com a gravidade de uma lembrança que nunca soube morrer.
Deslizava como as brumas que sangram das frestas de um túmulo mal selado.
A atmosfera, diante dela, contraía-se em silêncio espectral.
Era presença e lamento.
Era epitáfio em forma de mulher.
Ela se postou diante do espelho esquecido — aquele onde os reflexos recusam habitar.
Ali, não havia imagem, apenas a insinuação de uma ausência.
O espelho a temia.
E a noite, também.
— Chamaste-me do subterrâneo da memória?
A interrogação ecoou como um sussurro no interior de uma cripta.
Não foi voz — foi sintoma.
Tentou-se responder, mas as palavras, apodrecidas no palato, desmancharam-se antes de nascer.
Falar diante dela era transgredir o sagrado do silêncio.
Camille aproximou-se da madeira corrompida que geme sob os pés dos esquecidos.
— O receio ainda te habita?, murmurou ela,
como quem não pergunta, mas sentencia.
Negar foi instintivo.
Mas naquele instante, não se sabia o que era instinto ou delírio.
— Talvez a noite seja apenas o útero de realidades não encarnadas, continuou.
— E o pranto, uma liturgia mal compreendida pelos vivos.
Mas há aqueles que compreendem… os que redigem livros com a pena embebida em saudade e treva.
Ela então se inclinou sobre a alma que não ousava respirar e, com voz de sopro ancestral, murmurou:
"Os vivos sonham. Mas as sombras se lembram."
Um toque — e a razão sucumbiu.
Desconhece-se o que sucedeu.
Se foi sono ou êxtase.
Morte breve ou vida suspensa.
Apenas silêncio… e a certeza de que algo se foi,
ou veio para ficar.
Sobre o assoalho enegrecido, repousava uma rosa — não vermelha, não branca — mas negra como a ausência de retorno.
Ao lado, uma página molhada pela umidade de um mundo interior que nunca secou.
Em tinta densa, o nome que jamais deveria ser esquecido:
Camille Monfort.
O calor do Sol do teu amor
me provoca sensações
que ardem, não doem
e nos inundam de bem.
O amor romântico sentido
é algo que nos leva adiante
porque viver um romance
é um sonho que traz uma
força que nada se compara.
Racionalizar sentimentos
não nos cabe,
Nascemos o romantismo
que hoje dizem ser fantástico.
Amazonas poética Amazonas,
do belo Pau-d'arco-amarelo
florescido como Sol no meio
do Universo da floresta,
Inspiras muito mais
do que imagina com toda
festa em esbanjamento
que dão cores aos meus
Versos Intimistas tornando
ainda mais belos os amores
e me libertando das dores
que o mundo dá sem pedir
licença nas nossas vidas;
E pela beleza de seguir
em frente tudo de ti sagra por
onde devo orgulhosamente ir
para continuar sempre a resistir.
Uma Bearded Fig Tree mística
carregada de flores sob o Sol
enfeita a visão de quem passa
e promete aos animais boa colheita.
Sim, esta figueira de folha curta
das três Américas que é símbolo
de uma terra recém independente
que merece o melhor dessa vida.
E eu quero manter tudo aquilo
que não se deve findar
a coragem de seguir e de amar.
Por isso paro seja para pensar,
para escrever ou para cantar,
para fortalecer a alegria de continuar.
Espírito antigo guardião
d'água que nos cura
e de Sol a Sol protege
é o Ahuehuete do destino
Não amar mais considero
mais do que amar demais
porque enquanto amamos
sempre estaremos vivos
Por isso ainda no amor
insisto e em tudo aquilo
que o mantém sempre vivo
Para quando chegar
a hora nos teus olhos
ver os meus reconhecidos.
O Sol sobre nós e o Hoatzin
brinda com luz e suavidade,
A mata canta uma mensagem
e assim celebramos de verdade.
Tudo da vívida e gentil liberdade
sem a gente olhar para trás
e sem se ocupar daquilo que não
faz de nós fortes em amabilidade.
Como filhos do vento orientados
pela bússola do nosso amor
pactuamos ser por onde formos.
De um jeito ou de outro no fundo sabíamos que já estava escrito
este tesouro e obra sutil do destino.
Ver o Sol nascer e de pôr
em companhia do amor,
No alto das montanhas
onde o Tocororo faz ninho.
Mesmo sem saber quem
és e quando vens,
Percebo a sua existência
como deuses me cantassem.
Quando o Tocororo cruzar
o nosso caminho daí terei
a certeza da mensagem.
No final que não haverá,
saberemos que um ao outro amorosamente pertencerá.
Faça Chuva ou faça Sol
nem mesmo o Céu tem
me convencido mais,
Os dias nublados
têm sido todos iguais.
Fincaram algo pesado
no meu humor,
algo comparável as cinzas
que nos reduziram
desde o primeiro dia
que senti que abriram
o perfume e senti
num único frasco
o aroma misturado
da Morte e da Guerra.
Flores azuis do tempo
não desabrocharam
nunca mais e as aves
andam cantando
debaixo da Chuva como
se fosse Primavera.
Embora ainda não
tenhamos notícias
completas do que aconteceu,
Não ando conseguindo
me enganar porque o Céu
para mim é um livro
que não pude mais
ler como antes sorrindo.
Espero saber da verdade,
ver a vida sendo refeita
até chegar no ponto
de esquecermos desta
tempestade de fogo
que dentro reduziu tudo
a uma incalculável destruição.
Cada Araguaney florescido
é filho do Sol que nasce
sempre no Esequibo,
e não há como ser esquecido.
Nesta Pátria Grande a poesia
vive a relembrar o destino
que já foi escrito e uns
teimam querer inventar.
Onde as harpa canta os llanos,
é da Venezuela que vivo o tempo
todo falando para o seu despertar.
Não há outro jeito onde eu veja
as estrelas mais visíveis,
É nos teus olhos que vou encontrar.
Florada discreta e sombra
generosa que protege
do Sol ardente que torna
a Costa Rica calorosa
Faz lembrar tempos antigos
de roupas lavadas com
os frutos da Guanacaste
e distraí com amorosidade
Guanacaste faz artes e constrói
com nome de inspiração
náhuatl que fala da ancestralidade
Debaixo de uma Guanacaste
juraremos inequívoca fidelidade
sem precisar dizer uma só palavra.
O Natal é a festa do Sol
do mundo nascido
para iluminar os corações
obscurecidos pela guerra.
O único pedido que tenho
é que leve a paz que desejo
para todos os cantos
do amado planeta Terra.
A paz é um dos bens que
o dinheiro não pode comprar,
mas nós podemos semear.
Porque com paz tudo
se conquista na vida
e sem ela tudo se distancia.
No Golfo do México
sou Ahuehuete
sob o Sol do Universo
em letras de ouro
Desde o meu nascimento
sei o lugar e destino
que foi por Deus escolhido
em pleno México
Não quero o quê não é meu,
e não quero que ninguém
queira o quê nasceu meu
Este Golfo com mar e chão
pertencem a minh'alma
e ao corpo de todo o coração.
Na bela Ilha Margarita ver
o Sol se pôr e a Lua se erguer,
Enquanto uns dizem querer
amar e deixam o amor escapar.
O Mar do Caribe canta
diferente em Pampatar,
Não quero outra coisa na vida
a não ser o seu amor encontrar.
Sei o quê quero, o quanto quero
e como quero para vir a encantar
quando a gente se emaranhar.
O meu querer é sério embora
o meu amor seja risonho,
és confirmado o meu maior sonho.
Com igual placidez
do Mar do Caribe,
Devolvo a imagem de dia
de Sol ou tempestade.
Tudo depende do olhar,
assim ondeando
sempre sei onde chegar,
por ser paz a espalhar.
Em Ilha Agustín sei por
onde ir sem me enganar,
leio os sinais para me guiar.
O Hemisfério Celestial Sul
não me nega nenhum mistério,
é a bússola que sempre carrego.
Nasce igual o Sol e a Lua
aqui em Santa Catarina
o rio do nosso destino
na Serra da Boa Vista:
o amoroso Rio Tijucas.
Com o nome de água
de mangue que mantém
vivo o pulmão do mar:
é preciso fazer de tudo
um pouco para ele durar.
O medo do absurdo
e o medo do futuro
não irão sequer esbarrar
enquanto ele e cada rio
forem com o mar se encontrar.
Cosmos das três Américas
sob o Sol da verdade,
Lembro de uma terra que
há muito tempo o seu
choro ninguém escuta
ou se interessa por sua
luta e o quanto sofre,
Tudo isso faz por um
com que pare, ore
e peça que ao Haiti
alguém traga a liberdade
e a paz que alcance com equidade.
O Rio Pelotas une duas fronteiras
nascido na Serra Geral junto
com o Sol, a Lua e as estrelas,
é parte do espírito campeiro.
Um rio que cumpre o destino
para a nossa gente ficar de pé,
se deve guardar com toda fé,
é por isso que lembro e louvo.
O meu sangue gaúcho permite
ignorar sempre quando alguém
chamar cada poema meu de louco.
Minh'alma de pouso, galpão e tropa,
nasceram para falar do que importa:
por isso homenageio o Rio Pelotas.
O quê nasce em mim nasce
com o Sol, a Lua, as estrelas
e o Rio Canoinhas na Serra Geral
de maneira lírica e sentimental.
Vivos estão em cada porção
os sinais desta Pátria Austral,
trazidos na minh'alma e coração
nas canções totais das cheias.
Ninguém segura o curso do rio,
todos podem proteger ele,
o destino é eterno herdeiro dele.
Sempre que chegar o verão,
nós podemos nos encontrar
e com alegria plena nos banhar.
