Texto de Solidão
Ardor
.
Tenho nela
E a distância
O alimento deste ardor,
Sou dela nesse fogo
Em que flameja o nosso amor.
Quantos dias eu tiver
Sejam eles para ti,
Que de mim não se apartou
Nem me negaste teu amor.
Se com toda essa saudade
Me achego a ti no meu ardor,
Me transbordas o teu afago
Para viver o nosso amor.
.
Edney Valentim Araújo
1994...
Tempo da Minha Dupla
Sabe o que eu parei para pensar, depois de alguns meses do nosso último contato? Que ninguém nunca queria fazer dupla comigo na escola, eu era sempre a última opção, porque sobrava. E sempre foi assim, só que eu não me importava, pois nunca soube o que era ter alguém, ou uma companhia. Até você chegar... E fazer o meu terceiro ano do ensino médio único. Para mim só existia eu e você na escola, era a melhor sensação do mundo saber que você estava ali para qualquer coisa, seja nos trabalhos escolares, seja na vida. Hoje isso me dói, porque depois que você foi embora, eu imagino que se eu tivesse que fazer uma dupla na vida, eu estaria na mesma situação que antes de te conhecer, na verdade um pouco pior, uma vez que já tive alguém na minha vida.
"Olho ao redor e sinto espanto e perplexidade, diante da assustadora impotência humana.
Quantas vezes, as rédeas da Vida foram arrancadas das minhas mãos, deixei de ser protagonista, para me transformar em mero espectador, da minha própria história?
Onde está a mão de Deus?
Até onde ela me permite traçar meus próprios caminhos?
Haverá algum momento, em que a vontade humana sobrepujou os desígnios de Deus?
Somos meros fantoches, representando um drama que está pronto, desde o início dos tempos?
Para quê?"
"E assim eu aprendi que não é só o Alzheimer que devasta a imagem bondosa que fazemos de nós mesmos. É a vida.
Não somos tão bons quanto gostaríamos; não somos tão corretos e justos como queremos que o mundo acredite; não somos tão fortes quando imaginamos.
Somos humanos -A vastidão dessa condição me causa vertigem.
É nessa humanidade que reside a incoerência, o medo de não sermos aceitos ou amados; a vontade inexplicável de agradar a todos, mesmo que não nos incluamos nesse público ambicionado.
Descobri que compaixão não é pena, mas responsabilidade profunda e respeito pelo outro, ainda que ele não saiba quem eu sou, ou não tenha nenhum gesto de gratidão ou amor por mim."
"Voltar para casa e deixar alguém amado na gaveta gelada de um cemitério é a experiência mais assustadora e solitária, que a Vida nos obriga a realizar. A bebida amarga que não podemos recusar.
O luto é solitário e silencioso. Nesse universo estranho não cabem pessoas queridas, que tentam amenizar a dor; não cabem palavras que justifiquem, ou acalmem o espanto diante da Morte.
A dor é minha e em mim doeu.
Luto é sair da historia vivida e retornar à solidão do útero, para gerar a nova pessoa que há de continuar existindo sem aquela presença amada, que preenchia cada pedaço da minha história.
Preciso de tempo, de solidão e silêncio, para sentir que a Mão Sagrada que levou o meu amor, está segurando a minha, nessa tarefa quase insana de recomeçar a escrever minha história."
Vazio
O copo cheio retrata a busca
de algo saciável
Notas de frutos, aveludado,
Impecável
Um papel miserável
Frio escritor e cruel
Inimaginável sensação
Representação considerável
Imposição?! não
Aceitável apreciação
Arte nula
Sem cabeça...
...Mula
Volto ao palco
Cortina fechada
Fachada
Abertura pro nada
Então me rio
Rio de mim
Sozinho?! não
Há plateia
Palmas na mão
Adeus solidão
Esse frio não
Rio de mim, não sozinho
O copo na mão
Enfim, cheio!?
já não
Saciável sensação
Me rio
Cheio!? Não
Vazio.
Oliverpinguim
"Ilha"
Ilha, de onde tiraste tamanha força? Estás aqui do outro lado dessa ponte, não te assusta essa solidão?
Ilha, de onde vem tamanha paixão? Estás aqui e teus únicos alentos são o mar e tua razão.
Ilha, não mintas para mim, sei de tudo isso e só aumenta por ti minha admiração!
Ilha, me deixe ver teus segredos, daqui só enxergo tua contradição.
O que guardastes?
Por simples curiosidade
O que guardastes de mim?
O tom enérgico?
A amizade? A ternura?
A solidão? A desilusão?
Que pena!
Por que não guardastes o meu amor?
Se foi por ter-me ferido a alma;
se foi por ter-me ouvido sem me escutar;
se foi por ter-me usado, me esnobado,
esqueça, para sempre, esqueça.
Para mim, o que realmente importa,
e encontrar-me muito além
deste mundo vil,
é saber que já não me podes alcançar.
E mesmo que desejasses,
os meus mortais silêncios
não conseguirias ouvir.
São surdos os ouvidos
e mudas as línguas
das paixões vencidas.
Umbelina Marçal Gadelha
Tenho sido desonesto comigo mesmo,
Tenho deixado o que importa para mim em último lugar,
Na tentativa vaga de talvez a encontrar-la.
Esta corrida interminável,
Talvez acabe.
Não tenho sido eu mesmo algum tempo,
Por medo e a idade tenha me pegado.
O tempo não tem sido generoso,
Só tem sido apressado.
Vagarosamente recolho-me as montanhas,
Na eterna fogueira tenho-me sentado.
Ouvindo um velho sabio repedidamente...
Todo dia
.
Se eu me desse a esse vento
Que te cercas a todo tempo
Teria eu o meu contento
Em florear teus pensamentos…
.
A vida sabe ser tão bela
Quando estou ao lado dela,
Onde fulgura a minh‘alma
Nos teus olhos de donzela…
.
Do teu amor eu me cobriria
Um dia e outro e todo dia,
Seria eu amado teu
Como te amo todo dia.
.
Edney Valentim Araújo
Tão velho em tão pouco tempo, muita informação, a cabeça cheia, e atos que se desfazem a cada passo, nunca me vi tão só, a liberdade é um belo ponto de vista, pois mesmo que não somos escravos dos outros, estamos preços ao nossos sentimentos que nos assombra nos tirando direito de dormi e a felicidade de sonhar..
PauloRockCesar
Te amarei
.
A minh’alma embebecida
Só dela se sacia.
Bebo nesta fonte
Deste amor que entorpece…
.
Um conto e já te conto
Onde busco meu destino,
Sigo agora estar contigo
Que é o meu único caminho.
.
Amada minha que amarei,
Ontem e hoje eu te amo
Como amanhã te amarei…
.
Edney Valentim Araújo
"Eu sofro de uma doença
Que afeta a mente, o corpo e a consciência
Derramo prantos, em meio a sofrências
Aos quatro cantos, em tantas querenças
Tem sido um banho diário, solitário
Ver-me chorando, andando calado
Verme na lama, o meu lema, estado
Sempre amando, amando…
Sem ser amado."
(03/02/2015)
Um ser solitário
Controle seus pensamentos para não se perder
Aja como se estivesse bem para ninguém se preocupar
Coloque um sorriso no rosto para ninguém te questionar
Mas no silêncio solitário
Do quarto escuro e frígido
A morte passa pelos seus olhos
E lágrimas escorrem pelo seu olhar sombrio
De um ser sozinho e depressivo
Que se questiona da vida e seus sentidos
Amores passageiros
Amores que sonhamos, desejamos e pedimos a lua.
O encanto do tornar-se real inunda o coração, mas, ao mesmo tempo, confunde,
De modo que, a janela dos sonhos se fecha dando espaço a um grande nó na garganta que se une as lágrimas...
Sobressai o embriagar do querer sentir o toque, o cheiro, o afago, em meio ao vento frio e vazio da escolha de quem decidiu pegar o próximo ônibus e ir em direção oposta a sua.
Não era pra ser, a sua mente ressoa. Agora é a hora de levantar a cabeça e seguir, pois há novos sonhos, e ainda há de existir amores reais.
Quando lhe perdi!?
Quando os meus beijos perderam o sabor pra você?
Quando lhe perdi?
Quando os meus toques perderam o encanto?
Quando lhe perdi!?
Quando os seus olhos pararam de brilhar ao olhar nos meus?
Quando lhe perdi?
Quando passou a está tão longe, mesmo tão perto?
Quando lhe perdi!?
Quando a minha chegada passou a não mais valer a pena à sua espera?
Quando lhe perdi?
Carta aberta ⚠
Cara dor que sinto em meu peito, já não pensa que está a tempo demais comigo?
Naquele dia em que a vi a primeira vez tão amarga e solitária se fez presente em meio a fraqueza me fazendo acreditar que havia transformando-me em um mostro ferido.
Sensatamente, lidar com você não tem sido fácil! Nossa amizade nunca deu muito certo mesmo. Toda às vezes em que esteve perto me fez sucumbir em lágrimas, fazendo acreditar que não havia saída. Tem me feito negar quem sou, mostrando meu lado mais triste. Sinceramente, não sei o que tanto esperava! Talvez que fosse passageira como os outros [...]
Porém, tem me surpreendido e muito, se revelou fiel até naqueles que parecem ser os melhores .
Tenho que me despedir, peço singelamente no qual se possível atirar-se para longe de mim!
A janela
"Je laisse la vie, comme les fleurs laissent la mort!
Les fleurs laissent la mort jolie,
La décoration des fleurs est unique,
Qui fait la mort jolie? sinon les fleurs?
Les fleurs embellissent, ensorcellent!
Elles sont la beauté de l'enterrement.”
Ao som das estações, fabricam-se ossos e costumes,
Estátuas e revestimentos culturais.
Há dias tenho tido lembranças de outras lembranças,
Tenho conjurado sonhos irreais em pesadelos,
E tenho tido pesadelos conjurando sonhos.
Possuo dois cérebros: Passíveis,
Conjurados um contrário ao outro.
Pela plenitude fictícia de nunca estar certo,
Tendo por prazer real, nunca se saber quando é que se está louco.
Com alguns retratos, eu escondo partes de uma parede despojada,
Expondo pequenos espaços a serem preenchidos pela imaginação.
Ah, esse pequeno mundo que arquiteto debruçado na janela.
Eu vivo em paredes que só existem dentro de mim.
Observo distante, esses quadros anacarados a vela,
Passo as horas tal qual um relógio velho; atirado-me ao chão.
Sob a escuridão de mim, oculto-me neste escárnio quarto,
Fico imutável na depravação imaginária dos pensamentos.
Escrevo sobre tudo, sem ter nunca conhecido nada.
Aqui redijo! – Como quem compõe e nada espera,
Como quem acende um charuto e não o traga,
Apenas saboreia-o por mera desocupação.
Escrevo, porque ao escrever: – Eu não me explico!
Como quem escreve, não para si, não para os outros,
Escreve; porque tem que escrever.
Transcrevo em definições um antinomismo de mim mesmo,
Depois, faço algaravias conscientes da imperícia consciência.
Nada é mais fétido do que a minha ignorância erudita.
Há três horas; – Sinto diferentes sensações,
Vivo a par disto e daquilo; – E sempre a par de nada,
Estou repleto de preocupações que não me preocupam.
Calmamente, inclino-me para o mundo de fronte à janela,
Observo que por pouco observar, eu tenho a visão da praça,
Diante dela, tenho também a visão de um pedinte violinista.
Inclino-me para dentro de mim e tenho a visão de um homem,
Que hora é homem e hora são as minhas sensações,
De que tenho sido um homem.
O meu mundo é o que posso criar da janela do meu quarto,
Esse coveiro desempregado da minha senil consciência,
Um túmulo escavado por falsas descobertas arqueológicas,
A terra anciã é o amparo às minhas espáduas sonhadoras,
Preceitos juvenis? – Todos mortos! E hoje são somente terra,
Mas estou cansado; acendo outro charuto e me afasto da janela.
O silêncio dos meus passos conforta o meu coração,
A fumaça traz lembranças que me fazem sentir,
Ainda que eu não saiba exatamente o quê.
Sou indiferente aos lugares que frequento,
Tenho sido visto por muitos, mas tenho visto tão poucos.
Ah, ninguém me define melhor do que eu mesmo.
Caminho de fronte ao espelho: A tentar definir-me,
Certeiro de que ao derradeiro fim, não terei definição alguma.
Exceto, a falsa definição de que me fizeram os tolos.
De volta à janela,
Vejo a esperança exposta em uma caneca e um violino.
As mãos que sustentam a caneca, cansam antes das cordas.
Os homens passam e rejeitam ajudar com um mísero centavo.
Ah, cordas que valem menos do que o som que proporcionam,
Ouço-o e por ouvi-lo, eu observo os espíritos desprezíveis,
O meu cansaço distorce as melodias que essa alma compôs.
Diferencio-me e jogo-lhe alguns centavos:
Ah, uma esperança surge nos ombros cansados.
O violinista volta a executar melodias nas cordas senis,
A pobre rabeca se torna um estradivário valioso.
Eu sou um escritor, mas, não sou ninguém.
Agora esse violinista; talvez seja alguém.
Talvez escreva melodias que muitos ouvirão,
Ou que ninguém, talvez!
Dentro de um raciocínio lógico eu o defino ao definir-me.
Ele é a esfera do infortúnio. – Eu sou a pirâmide do êxtase.
Intercalamos entre o que está por vir e o que está presente.
Reacendo o charuto, fecho os olhos e ouço a melodia,
Desta janela vivo sendo outro, para evitar ser eu mesmo.
Eu poderia sentar a praça e observar, de perto, o violinista;
Tudo que vejo da janela me deixa com os olhos em lágrimas.
Aqui de cima o mundo é admirável, mas não consigo explicar-me.
Que faço eu? – Que faço eu ainda aqui, debruçado na janela?
Digressão
Estou envelhecido de viver. – Para mim, a vida basta!
A minha alma é um relógio sem cordas
Cuja única função é a de marcar lamentações
Semelhante a um cachorro, repouso ao pé da cama
Deitado, eu ouço a chuva como quem ouve a um trovão
Todo homem deveria ter a sensibilidade auditiva de um cachorro.
Certa vez, conheci um homem que me ensinou sobre a velhice Por horas, tentou convencer-me de que era bom envelhecer Eu dizia-lhe: Desejo viver até os meus setenta anos e me basta! Viver até os setenta é doloroso, quando se tem sessenta e três. Desejar isto aos vinte e seis é simples! – Tudo é filosófico.
Se eu tivesse uma filosofia de vida: Seria a de não ser filósofo.
Faria tudo pela aptidão de não se ter instinto algum.
Impulsionei-me para a inspiração de nunca se ter sido nada.
Por isto nunca tive nada e para todos sempre tive o que não tinha.
Mas quando precisei do que não tinha: Abandonaram-me.
Tenho sido eu um declínio temporal de idéias!
Tenho andado na mesma direção que circula a moral
E tenho circulado na mesma direção aonde se perde a razão.
Sou um barco resignado, olvidado ao mar.
Perculso pelo vento: Sempre a seguir!
Entregando-se por completo ao nada
Esquerda – Direita! – Avante!
Navego como o tempo em minha vida.
A que preço estaria eu liberto?
Deixo-me quedar-se na beleza de quem não sou.
Enquanto as minhas flores embelezam a morte.
Eu me embelezo na vida distraída de tudo quanto amei.
Sempre sozinho: Familiares? – Nunca soube o que é isto.
O meu espírito esta perculso e a minha alma conspurcada.
A certa altura, depois de muito sacudir.
Desço da cadeira e decido partir para o universo.
Levo comigo alguns versos, que não são versos.
E antigas idéias de se construir novos versos.
Os Homens
Jamais enxerguei a vida como os outros.
Não ter pai e mãe, é como ser um cego.
Desenvolvi sentidos que os outros não desenvolveram.
Mas estamos todos no mesmo barco.
Os homens precisam entender o que é que estão a fazer aqui.
A heautognose é uma faculdade reservada inteiramente a Deus!
O igualitarismo é um escárnio à inteligência.
O homem é a fagedênica mortífera da humanidade.
A hierarquia não risível é a de que o homem nasceu para amar!
Mas não é forte para mergulhar na própria realidade.
Os mares da vida trazem insondáveis turbilhões.
Aos fracos, resta acreditar que tudo anda sempre belo.
O destino é aquilo que acontece.
Não é aquilo que está predestinado a acontecer.
O destino dos homens será sempre a solidão.
Ao fim, estaremos todos sozinhos e abandonados.
A vida é um teatro com atores magistrais.
O exímio será sempre o que melhor fingir!
