Tag umbanda
Para quem está de fora é fácil julgar!
Eu quero ver, vestir o Branco e fazer a caridade para ao próximo. Parem de nos julgar dizendo que, só porque cultuamos o nosso Sagrado, nossos Orixás e Guias, vamos para o inferno.
Parem de brincar de ser Deus, pois somente Ele sabe das nossas lutas, fraquezas e necessidades, e também cabe somente a Ele o nosso destino. Intolerancia Religiosa é crime! Que Pai Oxalá os abençoe sempre! Axé.
O sincretismo religioso da umbanda e do candomblé no Brasil, aproximam se de forma mais fácil, por sonhos e liberdades das artes e de todas as cadeias criativas do setor. Saravá, Mojubá e Axé.
Se o teu Erê te sujou por fora, saiba que ele te limpou por dentro, pence que é melhor estar sujo de açúcar do que estar sujo com a energia negativa deste mundo
Fé de Encontro com o Axé
O dia em que fui à Umbanda foi um dia de encontro. Encontrei um sistema de crenças profundamente enraizado na cultura brasileira, erguido sobre pilares de caridade, humildade e amor. Ali, naquela roda que girava ao ritmo do sagrado, vi o sincretismo se manifestar de maneira harmoniosa, como flores de diferentes cores e fragrâncias em um mesmo campo. Todos os meus sentidos foram despertados. A adoração ali não era apenas uma experiência espiritual; tinha cheiro, gosto, ritmo e movimento. Uma fé com o toque de axé.
Deus ali transcende os nomes e, junto d’Ele, orixás e guias, tão próximos e benevolentes, desenham uma unidade misteriosa. Divindades se entrelaçam, criando uma tapeçaria vibrante de fé. Sob o olhar atento de santos e orixás, há um terreno comum, cada um representando facetas do divino. A Umbanda é inclusiva, uma fé que abraça a universalidade da busca espiritual.
Quando a gira começou, Iansã trouxe seus ventos, e senti a poeira subir como partículas de uma história que reverbera em nossos passos. Eu, testemunha respeitosa, tentava decifrar o significado daquele movimento que parecia maior do que os corpos que dançavam. Eles giravam — alguns em profunda conexão, outros em uma quietude contemplativa, mas todos entregues a algo que, como eles, eu ainda buscava compreender.
O ritmo se intensificou, como se a própria terra pulsasse sob os pés de quem dançava. Gritos e batuques se entrelaçaram em um ápice de energia, revelando algo que não se traduz, mas se sente. Não era um clímax de liberação, mas um convite ao entendimento profundo do que somos: seres que giram e se movem, talvez para não enfrentar o silêncio ou o vazio. Na Umbanda, compreendi que o movimento é mais do que deslocamento; é a vida que persiste, é axé, a energia sagrada que demanda renovação.
Junto deles, entendi que, na dança da vida, parar é perder a conexão. Cada movimento se torna a prova de que somos mais do que corpos; somos esperança que não descansa. E, quando o ritmo acalma, somos um com a roda, com o vento, com o mistério. Quem entende o axé sabe: é preciso continuar a girar. Só assim haverá renovação, pois é o movimento que traz a mudança, a melhora.
Enquanto existem igrejas alienando, existem terreiras acolhendo.
Ame, ajude, cuide e proteja o próximo.
Orixá é natureza, é equilíbrio e é amor.
Mamãe oxum
Mulher preta com sangue de guerreira e um abraço de veludo, aconchegante e ao mesmo tempo forte e firme. 🐝 Mãe como mãe, 🐝 sabe dar conforto nos momentos que precisamos... baixamos a cabeça em prantos e ela nos levanta como uma mãe preta levanta seus filhos, ergue nossa cabeça, limpa as lágrimas e diz🌻 "VOCÊ É FILHA DE OXUM, VOCÊ DEVE BRILHAR E NÃO SE CURVAR". Mamãe oxum, obrigada por me escolher!🌻
🌻
.
🐝
O povo vive reclamando sobre a dificuldade da vida, mas já parou para pensar na vida de um verdadeiro Macumbeiro? Trabalhamos duro para honrar nossas entidades, muitas vezes abrindo mão de festas e tempo com a família em nome da caridade. Enfrentamos discriminação, humilhação e até perseguição por seguir nossa fé. Somos chamados de Malditos por alguns, mas temos orgulho de quem somos. A região de Matriz Africana, condenada por muitos, me salvou quando eu estava prestes a desistir. Se você tem raiva da minha religião, é porque não a conhece de verdade.
Que nosso Pai Olorum te abençoe!
"Chama na Encruzilhada"
Não é só força que habita o fogo da encruzilhada,
Nem só segredo guardado na gargalhada.
É o Pai Criador que me molda na argila bruta, ofício de Oxalá
Manifestador da estrada que em sombras se dilata.
Seu amor por mim é o primeiro sopro na vereda escura,
É o dendê que acende a lâmpada mais pura.
Meu amor por Ti, Esú, não é só oferenda na pedreira, na encruzilhada
É raiz fincada na terra, é chama verdadeira.
É o olhar que reconhece, no caos, a mão que guia,
É a voz que Te chama, antes do amanhecer do dia.
É confiança de filho que sabe: o caminho aberto,
Por mais que doa, é por Ti, Pai, descoberto e certo.
Tua justiça não é espada fria, não é vingança cega,
É a balança do mercado que o egoísmo nega.
É o falo que corta o laço da mentira enleada,
É o "firme ponto" na estrada sacudida, na jornada.
É o lembrete severo: toda ação tem seu retorno,
Na medida exata do ferro, no forno mais interno.
Minha justiça por mim
é espelho que Tua lei me entrega:
Honrar a vida que criaste, com a força que me nega
A fraqueza que desvia, o medo que paralisa.
É lutar, com Tua garra, contra a própria covardia.
É erguer, com Teu exemplo, minha própria fronte erguida,
Fazendo de cada passo um ato de justa vida.
Ah, Pai de todas Encruzilhadas! Nosso amor é movimento:
Tu me crias a cada instante, no teu fogo, no teu vento.
Eu Te amo na travessia, no respeito ao teu poder,
Na aceitação do teu veredito, sem temer.
Tua justiça é meu alicerce, minha bússola na noite,
Minha justiça é a resposta, no meu peito, a Tua voz!
Juntos, na dança do destino, somos fogo e somos chão, choro sangue, gargalhada criação.
Tu és a Criação em marcha, eu sou o eterno aprendiz,
Numa só força, um só caminho, uma energia, um só amor, uma só raiz.
Laroyê
26 De Julho - Dia da Orixá Nanã
💜 Sou de Nanã 💜
Sou filha de Nanã
da lama sagrada nasci
com o tempo nos olhos
e o silêncio das águas profundas
a me embalar o destino...
Carrego no ventre
a memória dos ancestrais
o segredo dos pântanos
o eco dos trovões distantes
e a ternura que cura...
Sou lenta como o rio que pensa
e densa como a neblina que cobre a dor...
Meu passo é velho
é sabedoria
é colo de avó que acolhe
e espírito que não se apressa...
Sou filha de Nanã
deusa da criação e do fim
teço com fios invisíveis
o ciclo eterno da vida
onde tudo começa
e tudo retorna...
Sou filha de Nanã,
e em mim dança o barro da origem
a substância da existência
antes mesmo do verbo ser soprado...
Minh’alma tem cheiro de chuva antiga
meus olhos vêem para além da carne
meu silêncio pesa como bênção
e minhas palavras brotam
devagar como cura...
Sou o portal entre mundos
o lodo que nutre a raiz
o tempo que gira em espiral
a avó que embala o futuro
no colo do passado...
Trago a paciência dos búzios
a firmeza do cajado de osso
e a compaixão que renasce
do que apodrece
pois tudo
até a dor
tem sua flor na lama...
Sou filha de Nanã
e caminho
com passos de eternidade
sabendo que cada morte
é apenas um outro nome
para recomeço...
Sou filha de Nanã
e minha pele carrega o pó das estrelas
misturado ao húmus da terra
Sou feita de ontem
sou feita de sempre
sou feita do que não morre...
Na palma da minha mão
repousam mistérios antigos
o sopro do mundo
quando ainda era ventre
o primeiro choro
do que viria a ser gente...
Falo com os ventos
que cruzam os manguezais
ouço a saudade do tempo
no coaxar das rãs
e entendo os silêncios
como quem lê oráculos...
Sou filha de Nanã
e ando entre os vivos
com os pés de quem sabe
o caminho dos mortos...
Mas não temo
carrego em mim a luz lilás
que me guia mesmo na escuridão...
Tenho em meu peito
o tambor do mundo
e no meu olhar
o reflexo do espelho
onde o tempo se penteia...
Sou filha de Nanã
e meu corpo é altar de calma
cada ruga que um dia terei
já vive em mim como promessa
cada perda já me prepara
para a colheita mais profunda...
Sou quem recolhe o que caiu
quem vela o que se parte
quem canta para embalar
o fim que anuncia o recomeço...
Meus braços foram feitos
para envolver tormentas
meus olhos para enxergar
o que não cabe na luz do dia...
Sou a noite que consola
o luto que ensina
a transformação que silencia...
Na beira do pântano
planto segredos com fé
e mesmo sem pressa
sei que tudo germina
sob o olhar de Nanã...
Sou filha da lama
da vida espessa e viscosa
que molda o espírito em paciência
e quando danço,
a terra respira mais devagar...
Sou filha de Nanã
e em cada passo que dou
carrego a força mansa
de quem sabe que a eternidade
não se alcança correndo
se cultiva...
Sou filha de Nanã,
e meu destino
não se escreve com pressa
ele se desenha
no fundo das águas paradas
onde moram os reflexos
do que já foi
e do que será...
Carrego no peito
a memória do mundo submerso
onde palavras não alcançam
onde apenas a alma entende.
Sou barro moldado com reza
sou sopro de tempo
soprado com fé...
Minha fala é murmúrio
de quem conhece o silêncio
minha força é de raiz
que se agarra ao invisível...
Sou filha de Nanã
e por isso não temo a morte
ela é só outra veste
outra dança
outra travessia...
trago no meu ventre
a semente do renascimento
e nos meus cabelos
o orvalho do tempo antigo...
não me iludo com brilhos fáceis
prefiro o brilho fosco
das verdades profundas...
Sou filha de Nanã,
e toda vez que o mundo se cala
eu escuto
toda vez que o mundo corre
eu paro
toda vez que tudo parece acabar
eu recomeço...
Saluba Nanã!!! 💜
✍©️ @MiriamDaCosta
Oferecimento à Encruzilhada
Ao Senhor das Encruzilhadas,
Exú, Mensageiro, Guardião das Estradas,
Que abre os caminhos com seu falo e tridente
Receba nosso humilde coração.
Sua chama vermelha, viva a brilhar,
Traz o movimento, faz desatar
Os nós da vida, o que está parado,
Por seu axé somos libertados.
À sua esquerda, todo o Povo da Rua,
Sábios Guardiões da noite e da lua:
Pombagiras de força e beleza,
com sua certeza,
Exus-Malês de firme proteção,
Que trabalham na luz da intenção.
Aos que zelam nas calçadas e esquinas,
Nas sombras, nas festas, nas cantinas,
Obrigado pela mão estendida,
Pela justiça na virada da vida,
Pelo conselho no ouvido atento,
Pelo trabalho santo e constante.
Aos que são ponte entre os dois mundos,
Justos, leais, jamais rotundos,
Que desfazem demanda e feitiço,
Com firmeza, humor e carinho.
Povo de rua, de chão e pedreira,
De garrafa, charuto e cerveja,
Sua presença é farol e abrigo,
Sua força, um brado antigo.
Por toda ajuda, por todo amparo,
Por todo trabalho claro e raro,
Nossa gratidão, forte e sincera,
Que ecoe na noite inteira!
Laroyê, Exú! Salve o Povo da Rua!
Que sua luz nunca se apague ou fuja.
Ase, oh Guardiões da verdadeira lei,
Que seu axé brilhe sempre! Laroyê!
---
Fé e pessoas.
A fé é luz e caminho aberto,
Mas nas mãos erradas, pode transformar-se num deserto.
Não é a fé que fere e condena;
Aqueles que usam isso como algemas.
É bom dizer isso, mas pode machucar alguém.
Se for usado para opressão.
A fé ensina você a amar e crescer,
Mas o homem usou-o para fazer uma prisão.
Na encruzilhada entre o visível e o invisível, a Umbanda dança ao ritmo dos tambores ancestrais, onde mistérios não são enigmas a serem decifrados, mas segredos a serem sentidos. No sopro dos ventos, no canto das águas e na chama da vela que não se apaga, reside a essência de um saber que não se impõe, mas se revela apenas aos que ouvem com o coração. Pois na fé, não há acaso—apenas o eco das escolhas que nossa alma já fez antes mesmo de nascermos.
Com Ogum abrindo os caminhos com sua espada de coragem e Oxóssi com sua flecha certeira apontando a direção ... nenhum obstáculo é grande demais e nenhum sonho está fora do alcance
