Tag mortas
As pessoas são só cinzas de estrelas mortas. Somos um conjunto de átomos que ficam juntos por um breve período, e depois... nos desfazemos. Quando tudo isso terminar, e nos dispersarmos pelo nada novamente, teremos um novo começo. É como ter nossos pecados apagados.
Ouvi em uma música que buquês são flores mortas. De fato, buquês são flores mortas, flores que de ti foram colhidas, que das mais belas a vida foi de ti arrancada e aos poucos esvaída. Buquês são o embelezamento de vidas arrancadas, cortadas pela metade. Usados de maneira que trazem felicidade. Mas há felicidade em algo que foi arrancado e interrompido em seu momento mais lindo?
Ouvi também em outra música que as flores de plástico não morrem. Não seria mais fácil que os buquês fossem de plástico? Seria sim, a artificialidade faria durar o sentimento que de início se teve, se é pra trazer felicidade, que ela ao menos dure. Não é mesmo?
Mas porquê há mais beleza no que é morto e ainda continua intacto? Mesmo sabendo que uma hora ou outra vai ser jogado no lixo sem nenhum valor. Não poderia vê o belo em algo que imita o real e deixar que a vida em ti ainda esteja?
De fato a beleza do natural chama mais atenção, mas o natural apodrece quando morre, quando é arrancado. O natural quando arrancado é interrompido, a vida e a beleza acaba não sendo a mesma, porém ninguém pensa dessa maneira.
E porquê a beleza acaba quando as flores murcham? Não deveria ser assim. Se o natural é bonito, porque não deve haver beleza no morto apodrecido? Se é belo o viver das flores e mesmo assim não às mantem, porque não encontrar a beleza peculiar das flores que foram mortas, porém desta vez secas, representando assim de fato, sua vida arrancada de ti. Será que porquê dói lembrar que um dia foram belas? Ou simplesmente porque só é bonito o que os convém?
A vida é fugaz, poucos valorizam. A beleza é fugaz, muitos ainda se importam muito com ela.
Porque não há beleza no diferente? Porque não admirar a beleza de uma coisa que é morta mas de fato relembrar que não há viver alí, admirar a flor enquanto ainda há frescor é fácil, é típico, é muito comum, clichê. Quero ver existir felicidade ao receber uma flor morta que representa a beleza de maneira diferente do comum.
Se uma flor viva pode um dia acabar murchando e um buquê se acabando da mesma forma, porque não dar logo uma flor morta e assim poupar vê-la apodrecer e perder a beleza que é relativa aos olhos de quem vê?
Essa flor pra mim é linda, você vê beleza nela?
Um buque de flores.
Com flores mortas.
Num lindo arranje.
Em uma terra infértil.
Com um perfume maravilhoso.
Que infelizmente, não irei mais sentir.
Ela não carrega flores mortas
Ela só carrega a vida, o amor e a paz
O que não vingar, sera enterrado.
Certas coisas devem permanecer mortas no seu passado,
se tão somente o seu presente, for para viver o seu futuro.
A poesia corta o poema
Partindo em fatias
Palavras e ações
O poema existe
Entre palavras desnecessárias
Formando frases mortas
Que saem da boca do homem
A boca e as palavras
Formam a unidade do poema !
Ontem como um mago pedi ao tempo
Levante desse leito de folhas mortas,
Ande sem pressa, vença as distâncias.
E não se surpreenda com as intimidades
Sabia que as estrelas que vemos com maior nitidez já estão mortas? (...) Elas já se foram sabe-se lá há quanto tempo, mas ainda podemos vê-las. Elas continuam vivendo.
#QUEM ?
Quem me deu asas para sonhar?
Quem olhou em meus olhos e me apontou a direção do céu?
Aos astros me ensinou a olhar?
Quem me deu o mundo e as suas ilusões mortas?
Me pegou pela mão e junto a mim caminhou...
Corremos em verdes prados e na esquina me ensinou a decepção?
Quem roubou meus beijos?
Encheu-me de desejos?
Brincou com meus sentimentos?
Jogou-me ao esquecimento?
Dizendo me amar?
Quem me envolveu e não sabendo o que sentia agora também não sabe o que sou?
Quem muito me mentiu e causo-me tamanha dor?
Quem foi que me fez entregar-me de corpo, alma, coração aberto?
Me ensinou os caminhos do amor...
E agora...que tudo acabou...
O pouco que me resta...
O pouco sou...
Tenho fome, tenho sede do infinito...
E escondendo o meu grito...
Descobrindo a esperança, Descortinando a mentira...
Não sei por onde ando e nem para onde vou...
Sandro Paschoal Nogueira
facebook.com/conservatoria.poemas
Eu ando por aí, eu observo o mundo e as pessoas,
eu as ouço, eu as vejo, eu as sinto e noto os seus semblantes tristes.
E então eu chego conclusão:
Há mais pessoas mortas andando pelas ruas
do que enterradas nos cemitérios.
Horas Mortas
Breve momento após comprido dia
De incômodos, de penas, de cansaço
Inda o corpo a sentir quebrado e lasso,
Posso a ti me entregar, doce Poesia.
Desta janela aberta, à luz tardia
Do luar em cheio a clarear no espaço,
Vejo-te vir, ouço-te o leve passo
Na transparência azul da noite fria.
Chegas. O ósculo teu me vivifica
Mas é tão tarde! Rápido flutuas
Tornando logo à etérea imensidade;
E na mesa em que escrevo apenas fica
Sobre o papel – rastro das asas tuas,
Um verso, um pensamento, uma saudade.