Tag interrogação
Não há pai mais influente que o pai que não existe. Ele deixa tamanho vazio, provoca tantas interrogações, que seu filho pode gastar a vida tentando entender-se.
Entrelinhas
Analisei cada palavra
Cada frase
Analisei o conjunto
Tentei entrar no teu sonho
Nos teus pensamentos
Tentei decifrar-te...
Arrancar de dentro de mim a interrogação
Decifrar o que está dentro dos parênteses
Nada encontrei
Tudo ficou nas entrelinhas...
UM PONTO
Tudo, aliás, é um ponto.
Um ponto incerto.
Um ponto sem nó.
Um ponto de interrogação.
Um nó atravessado.
Uma incerteza dentro da outra.
Uma exclamação.
A vida
A morte
Meu norte
Meu nada
Meu tudo
Verticalizado
Nas ruas desertas.
Assim, aliás, é o meu mundo,
Enigmatizado,
Energizado,
Sem uma pretensão,
Apenas uma razão
E uma loucura.
Por vezes perde-se espaço no silencio imposto pelo óbvio, é nessas horas que o ser coabita com a futilidade dos factos e a memória é somente; um baralho de cartas que as evidencias derrubam!
Por vezes estou tão cansada, não é o corpo, porque, do cansaço do corpo dou conta com uma boa noite de sono. Tenho a alma cansada!
Nessas alturas apetecia-me correr campo fora, de encontro ao vento, pegar num punhado de terra e lambuzar a alma, mas... tinha que ser num dia de outono: num daqueles dias em que a chuva miudinha fustiga o coração com a suavidade de uma lágrima fugidia.
E dou por mim a pensar: a minha doidice tem calos nas mãos e o coração suspira pela planície, por isso mesmo:
Não me encaixo num tempo de encaixes passageiros!
há sempre em mim uma terrível interrogação, se o tempo voltasse atrás, como seria a vida que sonhei e não vivi?
Há quem goste de exclamações,
Levemente me interesso por elas,
Não sou adepta a pontos finais,
Prefiro vírgulas,
Entretanto,
O mais intrigante não seria porventura a interrogação?
Ou alguém sabe me dizer o que será amanhã?
Ou daqui à uma hora?
Ou até mesmo dez segundos...
A certeza é uma só,
Não temos humanamente certeza de nada,
Além de que um dia morreremos,
E aí?
Com quem ou Quem estaremos?
Isso só depende da nossa escolha,
O que será?
Interrogação?
A interrogação é como um aspiral,
Não se sabe de onde vem,
Nem pra onde vai,
A não ser quando realmente,
Encontrarmos escondida atrás da interrogação, uma resposta.
E se?
E se tudo que passamos até agora for apenas um sonho?
E se o sentido que damos a tudo não tivesse sentido?
E se tudo que achamos ser o certo, não for tão certo quanto imaginamos?
E se eu acabasse dizendo que me interesso?
E se tudo isso fosse embromação para não falar a verdade?
E se o meu medo for maior que minha coragem?
Tudo que não consigo falar, voce não consegue perceber e isso me mata aos poucos, sua
ausência, sua frieza, seu saber e não saber de minha existência....
Quem disse que não sou escritor? Sou poeta e quem disse que o poeta também não é um escritor? Temos de refletir isso!
Este ponto final não é o último ponto que aparece no meu texto. Tem reticências e logo depois uma interrogação. Ah, o mais esperado? A exclamação!
A vida é a hesitação entre uma exclamação e uma interrogação. Na dúvida, há um ponto final. Bernardo Soares
(extraído do livro em PDF: Aforismo e Afins)
A minha posição é de constante interrogação.
Nem todo silêncio é igual ... às vezes é resposta, outras vezes interrogação! Às vezes é amor, em outras é descaso ... pode ser aceitação, mas pode ser uma negativa ...
E tão poucas vezes silêncio é apenas silêncio...
Durante um tempo, achei que a relação complicada com a figura paterna fosse uma experiência apenas minha. Aos poucos, percebi que não. Boa parte dos homens carregam pela vida emoções semelhantes, embora sejam filhos de pais diferentes do meu. O filósofo francês Jean-Paul Sartre, cujo pai morreu quando ele era bebê, dizia ter sido privilegiado pela ausência de uma figura paterna capaz de moldá-lo ou influenciá-lo. Ele julgava ser mais livre que o resto dos homens. Li essa afirmação muito jovem. Achei que fazia sentido. Hoje acho bobagem. Não há pai mais influente que o pai que não existe. Ele deixa tamanho vazio, provoca tantas interrogações, que seu filho pode gastar a vida tentando entender-se. A figura paterna é uma referência monumental. Tão grande que, se não existir, terá de ser criada.
(Ivan Martins, "Amor de Pai", p/Rev.Época)
Acordei...
Hoje acordei reticências, pensando em exclamações e com interrogações na cabeça.
Bocejei vírgulas, espreguicei acento agudo e levantei inclinado como uma crase.
Lavei o rosto com um punhado de aspas e sequei com parênteses tão macios...
Tomei café e comi dois pontos, pensando almoçar sopa de letrinhas.
"Algumas vezes tudo ainda parece como um monte de pontos de interrogação mas… Mais e mais nesses dias sinto que estamos todos conectados… E é bonito, divertido e bom".
A diferença entre a dúvida de um adulto e a de uma criança está na pontuação. O adulto só pergunta com interrogação (?) e a criança pergunta com interrogação e exclamação (?!).
Buscando solo fértil,
lançarei minhas palavras,
sementes de carinho e humildade.
Cuidarei de versos e frases
para que façam eco
em cada coração.
Nas reticências,
minha alma falará
do melhor de mim.
Mas, não permitirei
que mãos incapazes
e falsos jardineiros
invadam meu jardim,
usando o imperativo e
e com pontos de interrogação (?)
A luta foi dura,
nada foi fácil, não...
a harmonia das palavras
só surge à custa
de esforço e muita dedicação.
Às vezes eu olho com olhar de interrogação.
Vejo coisas...
que só minha alma,
consegue entender
e resistir!
Mas meu coração entra numa busca de respostas...
E deixo meus olhos assim.
Reflexivos!
Tentando entender o que fazer.
Nesse vazio de imagens.
E de sonhos...
Distribuídos mesmo assim,
como um quebra-cabeças.
Olho!
Aprendo a lição, mesmo nesse vazio de mim!!
