Tag fuga
Tudo que nós temos são meros segundos. Pegue o que é seu. Pegue o que é meu. E, o que é nosso. Leve tudo, e se possível me tome como brinde. Percorra milhas e milhas com seu mustang velho e chegue ao início do oceano. Eu não tenho nada. Mas, será que juntos não temos a chave? Graciosidade nos momentos que deixaremos para trás. Seremos como Bonnie e Clyde. Quebre as malditas regras! Que você será o meu "tudo". Consegue ver aonde estamos? Meu cabelo ainda está pressionado contra meu rosto. Eu adormeci. E, sonhei. "Clarity" no rádio ajuda um pouco. A situação não é uma das melhores, mas não tem como piorar. Palavras bonitas já não me iludem, e suas atitudes bombeiam vitalidade. Tudo que nós temos são dez pratas, duas barras de cereais, um chapéu de praia e as chaves. Dá pra seguir viagem? Precisamos viajar por mais de cinco horas até chegar lá. Aonde? Gasolina no zero, chuva caindo e capota quebrada. Eu não me importava mais com a água, já tinha me molhado fazia tempo, e não era da chuva que eu estava falando. Vire à direita e estacione. Eu não quero parar, mas preciso fazer uma coisa antes de continuarmos. Irei me resfriar e consequentemente você também, mas esse é um dos itens da nossa lista. Da enorme lista que fizemos algumas horas atrás antes de sairmos com mais pressa do que dois foragidos. Fuga momentânea, confere. Um conversível, confere. Pouca grana no bolso, outro confere. Chuva, confere confere. A terceira coisa da lista, debaixo para cima, um beijo quente e molhado sob a tempestade durante uma estúpida loucura, confere!
A lista de Katherine.
Confere!
Se você soubesse
que eu fujo do amor
como quem foge da cruz,
você não ficaria fazendo doce
e, ao me ver amarrado em você,
se amarrava em mim também.
FUGA – CHURRASCO NA LAJE
Churrasco na laje, na casa da gata negra...
Quem me da mais atenção são os anciões,
Quem me da mais atenção são as novas gerações
Churrasco na laje, na casa da gata negra...
Sputnik coquetel de vodka, groselha e soda.
Essa bebida que na minha adolescia era moda.
Churrasco na laje, na casa da gata negra...
Levo um beijo de língua da pequena menina
Para ela isso é uma lambida, será que ser pai seria minha sina?
Churrasco na laje, na casa da gata negra...
Danço, brinco e me divirto dentro do possível.
Mas ter ela por perto me dando atenção é impossível
Churrasco na laje, na casa da gata negra...
Por fim a falta de atenção me faz me sentir derrotado
Como também me sinto um tolo mal amado
Churrasco na laje, na casa da gata negra...
Vou embora andar pelas ruas sem destino,
Será que um dia ela me mimara como um menino?
Churrasco na laje, na casa da gata negra...
Às vezes queria ser um anjo, talvez um querubim.
E fugir da Terra para o Universo sem fim
Churrasco na laje, na casa da gata negra...
André Zanarella 01-12-2012
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/4591382
O sol está aí
Nalgum lugar
Talvez procure alguém
Sob as núvens
O temer
O tremor
O fugitivo não pode ser visto em fuga
Como ele retornaria se fosse?
O sol não sai, mal sabe
O só não sabe, mas sai antes do alvorecer
Amor
tecido
Uma busca simples
Entre os arrebóis
Uma necessidade
Antes do crepúsculo
Crescem os
medos
E a estrada
Sempre teve
Dois lados
O silêncio da palavra não dita é uma escolha, mas nada é mais assustador do que o silêncio que vem de dentro, porque este não é uma opção , é a fuga que talvez nunca mais te traga de volta.
Muitos fogem de conversas francas, abertas e sinceras para não ser descoberto o seu relacionamento com a raiva, o medo e a hipocrisia.
Sinto-me sem direção, meus pensamentos estão em ebulição.
São tantas as perguntas, são inúmeras as respostas.
Meu coração só queria entender, o que meus olhos não desistem de ver.
Minha mente justifica, o coração mente a dor da gente.
Que atrás de um sorriso, engana quem o vê.
A fuga é a melhor saída.
A dor a resposta.
Vou embora da minha vida para não mais voltar.
E se quiseres saber de mim, me procure em suas memórias.
Nas mágoas esquecidas.
Na vida sofrida, cuja a qual não quero mais voltar.
O que é isso?
O que é isso que
estou sentindo?
Não tem nome nem cor
Não tem braço nem abraço
Não tem paixão nem amor...
É um vazio na pele
É um comprido no olhar
É um vagar um perdido
É não ter onde ficar
O que é isso que desce
Pelo garganta sufocando?
Um gosto amargo na boca
E eu acabo chorando
E vou deixando pra trás
Os versos pobre de mim
Vou sufocando meu grito
Por este mundo sem fim...
É uma saudade infinita
É um vagar um vazio
É uma dor que me grita
Parece um ronco bugiu
É uma parte distante
É um rosnar uma bandida
É uma fuga de mim
Como se eu fugisse da vida...
O que é isso?
Por deus, o que vocês estão fazendo?
Lá por dentro, resolvi mudar!
Assim como muda de tempos em tempos o curso dos rios
sequei por fora e agora
não corro mais tão vigoroso para o mar.
Sigo a espera das águas de março
dos moinhos de vento
dos temporais fora de época
do milagre, que já não consigo mais ser.
Agora, apenas escorro pouco a pouco sem pressa
por entre as frestas das diversas pedras no caminho.
Em inconformidade com o mundo
escorro dos olhos da menina - ainda adolescente -
procurando um sentido só seu
e sem a interferência do caos externo ao redor.
Aqui por dentro sigo inundado, tantos tsunamis (maremotos)...
Vagueio pelos subsolos da vida sem me assustar.
Aqui por dentro não falta nada, tudo está em excesso
e até a felicidade quando resolve aparecer, transborda.
Só que agora, as lágrimas que caem dos olhos
não são mais de felicidade, de tristeza ou algo assim...
A vida endurece uma pessoa!
Os olhos antes tão doces e inocentes trincaram.
A dor rachou o peito e fugiu de lá de dentro.
As palavras desencantaram dos lábios
murcharam feito palavrões e caíram da boca feito dinamite.
O frio não incomoda mais o corpo, já tão surrado
e a pele está endurecida feito couro de búfalo.
A vida humana agora não tem qualquer valor.
As guerras varrem territórios inteiros
transformam sujeitos em refugiados, extinguem os seus direitos
afogam as crianças no mar.
Os valores humanos perderam seu sentido
os poemas passaram a ser escritos com fuzis
granadas de mão e metralhadoras ponto cinquenta.
As armas usadas agora são a crueldade
o fundamentalismo (religioso) e a covardia desenfreada.
Por deus, as crianças são anjos! Anjos.
O que vocês estão pensando?
Por quê fingir ?
Se o que mais vale é a verdade.
Por quê fugir ?
Se o que mais vale é o encontro.
Por quê ir ?
Se o desejo é ficar.
Fugaz
Preciso fugir,
Me perder
E encontrar um pouco de paz,
Eu preciso fingir,
Disfarçando a mesmice,
A rotina,
Solidão;
Ah
Eu preciso,
Preciso ir,
Esgueirando-me na culpa,
Abdicando do tempo,
Cantarolando rouco,
Justificando minhas fugas
Para moucos-embriagados,
Sujeitos-injustiçados;
E no caminho quem sabe
Redescobrir o marasmo,
A monotonia,
O prédio construído de tédio;
Ah
Deve
Nesses andares
Haver melhor lugar
Para estacionar minha inocência,
Coerente incoerência,
Uma mixaria que ainda me resta,
Paradoxo particular.
Preciso dar no pé,
Ensebar as canelas,
Subir,
Sumir,
Escapar
Deste lado do hemisfério ferino,
Insatisfeito com metades,
Maldizendo os retalhos,
Recolhendo as ambições e vivendo,
Precário,
Limitado;
E mais uma vez mudar,
Reinventar o eu,
O fazer,
A juventude perdida,
O devaneio de amar.
Eu estou saindo depressa,
Saindo daqui
Com a esperança de um dia
Reaver o novo,
Num incidente-previsto
Me encontrar de novo,
E nesse novo-antigo lugar
Que também tem validade,
Novamente tentar
Reconstruir,
Escapando de mim,
Do outro,
Das vaidades,
Simplificando,
Sabendo que um dia
Tudo se repete,
O caminho já trilhado,
O percurso já sabido;
O amor mal amado,
Os valores mal vividos,
Voltando o adulto a ser criança,
E acreditando
Que aos tanto e poucos anos
Se pode recomeçar
Sim
Pode recomeçar
Não consegue ser inato aquilo que emerge mais pela necessidade de fuga do que pelo desejo de prazer.
Quanto tempo ainda haverá para se entender
Que não há blindagem contra o tempo
Não há fuga que fuja do que você é
Como escapar da própria criação?
Preciso me erguer, emergir da erupção,
talvez a tempestade agora
seja só uma memória,
uma possibilidade que nunca foi possível,
uma inocente estória
e o vulcão foi um bom lugar
mas tenho de aceitar
já faz tempo que ele me pôs para fora.
Não é de um novo ciclo que preciso agora,
nem que esse termine,
preciso me entender, de fora pra dentro,
de dentro pra fora,
ou talvez,
talvez eu não precise,
talvez eu só precise que o poema termine agora.
Só continuo me perguntando angustiado...
até quando a fuga será a minha Senhora?
Estou tentando fugir do que sinto que não será pra mim. Fugir do que me faz mal, tentar ser eu mesma e quem sabe assim, consigo pertencer a mim mesma e por inteira, sem sonhos e sem decepções!
Sobrevivemos ao caos do dia a dia para nos exilarmos na madrugada escura, perdidos entre canções que nos transportam, nos transcendem. Fugimos da calamidade do dia pelo silêncio da noite. É ela que nos carrega nos braços e nos liberta do óbvio.
