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DESPEDAÇADO
Vejo os cacos de mim, cá derramado no cerrado
Enrabichado, me perdi, nem mais sei quem sou
Na poesia, o pesar é vivo, e se vivo ainda estou
Me restou o sentimento no pedaço despedaçado
É o desejo quebrado, e uma solidão tão gigante
O meu sussurrar de paixão não pode ser ouvido
São tantos suspiros que no coração foi perdido
Que a inspiração emudece numa aflição falante
Oh, sedutor amor, custoso, se acaso você existe
Dá-me a paciência e a tranquilidade dum aporte
Pois, cá na emoção me esgotei de estar tão triste
E do viver, a melancolia é o meu pesado motivo
Frágil, manso, suxo e duma ilusão não tão forte
Sou só um poeta sonhador que do amor é cativo
© Luciano Spagnol poeta do cerrado
02 outubro, 2021, 05’27” – Araguari, MG
DESENCONTRO
Meu amor
É flor que desabrocha
É folha jogada ao vento
É a alta montanha rochosa
É teu nome no meu pensamento
Teu amor
É rosa que murcha
É fruta madura caída no chão
É caldeirão sem bruxa
É fogo sem paixão
Nosso amor
É um desencontro
É uma novela com dois finais
É uma reta passando em vários pontos
É um querendo pouco
E o outro querendo mais...
CHATICE
mas que repetitiva chatice! Cá comigo
compor um amor sem eira nem beira
o qual tenho cantado, cheio de asneira
e sempre lamentando como um castigo
se penso que do coração digo, só digo
algumas baboseiras de dor hospedeira
nos versos de uma sofreguidão inteira
ah, como posso ser este meu inimigo
e mais que duas frases duma fantasia
de um sussurro na poesia sentimental
é a inspiração tão pálida e tão vazia...
e nem mesmo a sensação é especial
vem carregada de culpa e de utopia
sem alegoria, e sem o tal conto real!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
12 outubro/ 2021, 04’55” – Araguari, MG
O trem passou e você ficou sofrendo diante da porta só tinha alguns segundos para decidir ou entra ou fica de fora a porta fecho e você ficou sofrendo por algo que já foi...
o desencontro acontece...perdeu o trem?
Segue sua vida, não adianta ficar chorando infeliz, revoltada,
O bom de poder se encontrar com alguém é a possibilidade que existe de depois também poder se desencontrar.
Mesmo que as vezes nossos mundos ficam em silêncio e se perdem o amor que nos une suspira e encontra-se em nós...
O impacto provocado por uma interpretação contrária ao que expressamos nas redes é universal. Acontece toda hora. A vacina é usar de consciência para se expressar, e resiliência para a reação gerada nos outros, que jamais estará sob nosso controle. Daí que o mais importante de tudo é que a intenção se mostre legítima, por mais que não se faça compreendida.
PERSISTÊNCIA
Onde andas encontro?
És mago ou és monstro?
Será preciso perder-se para saber?
Num momento: certo, seguro, coberto...
Vestindo furor em mil coincidências
Robusto explendor reflete e cegueia
Despido no tempo, brilho ofuscado
Raquítico e belo, coração mal tratado
O passo foi firme e já hoje rengueia
Segue tua senda, coxo, maltrapilho
Ergue a cortina, na busca da Luz
A casca que cai desnuda a aparência
Ampulheta cruel retarda tua sina
Reflete e ensina o valor da essência
Mago e monstro: eterna insistência!!!
ENCONTRO
Sejá lá aquilo que aprontas
Respeito às ideias do contra
É uma versão que desmonta
E que ninguém fique de ponta
Impondo sentença à outra
Cada um em seu faz-de-conta
Desprendido que não se espanta
Diverge do que não lhe encanta
Dialoga mas não afronta
Visão onde o outro se encontra!
ASPEREZA
E a língua é uma grosa
Só vê o que não presta
Lixa arranhando o outro
Não serve pruma prosa
Sem luz nem numa fresta
Jamais será encontro!
Após alguns válidos encontros,
nossos caminhos se desencontraram,
nossas vontades foram de encontro,
Mas ninguém agiu errado,
somos o que somos e não fomos falsos,
O que vivenciamos não foi em vão
e nem para o nosso mal,
foi pra que, um dia,
cada um possa indentifcar
o seu Encontro Ideal.
Entre a nossa capacidade de imaginação e o que realmente cada um é, pode ser que existam coincidências...
Quem vive em busca daquilo que não está determinado pelas Leis Universais, está indo em desencontro com o seu próprio objetivo.
O encontro se tornou desencontro, mas a atração continuou mental. Nada mais foi dito. Apenas aquele silêncio abissal, profundo e distante.
