Tag avó
Ilda Baio
rua é para os encontros,
quem disse que era para os carros?
Vou pela rua de cima,
pois desejo ver a vozinha.
Vou na esperança e atento.
Na rua vejo muitos dos conhecidos.
Risos e apertos de mãos,
Virando a esquina, vejo-a no portão.
Vejo minha avó por adoção,
Sei que sou adotado,
mas sempre recebo seu abraço.
Cheiro de vó ela tem,
cabelo e pele também.
E não é só isso!
As histórias sempre vem.
Vem e leva-me, e eu vou.
Viajo sem dar um passo.
Sinto tudo daquele tempo,
Sonho quando estou ao seu lado.
Agradeço ao Bom Deus
por ser um neto abençoado.
Sou grato por ter Ilda Baio,
em meu coração estampado.
Feliz com a vida,
Que sempre planta flores
como a Dona Ilda perfumada e sagrada.
Quero um dia ser rua de encontro.
Ser o motivo de esperança e alegria.
Fazer das minhas memórias,
contos e reencontros,
de novos e anciões,
compartilhar sempre
para permanecer vivo.
Meu coração de avó é um laboratório onde minha netinha pode experimentar, descobrir as coisas da vida, sem se preocupar com erros e acertos.
Férias.
A casa da avó vira escola, floresta, praia, shopping, escritório, salão de beleza, castelo para as princesinhas.
A avó fica encantada com a criatividade da netinha.
UMA AVÓ DE AÇO
Tenho uma avó de aço. Sim, minha avó é de aço. Desde muito cedo a vida lhe sorriu em desventuras. Se tornou órfã de mãe aos 6 anos e sem condições, o pai entregou os vários filhos a muitos. Ela fora criada um período por primos e depois por desconhecidos que a queriam adotar. O destino trouxe-lhe meu avó, 19 anos mais velho que ela, e ela, aos 19 anos, casou-se com ele . Fruto dessa união, nove filhos foram nascidos, sendo que pelas peças e ensaios da vida, se foram dois: uma menina com 2 meses e meio, e o único filho homem - mesmo nome do pai, invadido pela leucemia aos 8 anos de idade.
Quando surgi, filha da sua 2ª filha - neta primeira, portanto mais velha, cresci vendo-a de aço. Impávida, alcácer da casa, mulher vigorosa...enquanto meu avô, na mansidão das palavras a acompanhava em admiração. Dona Iraci esbravejava com sua tempestuosa personalidade. Fazia todo mundo tremer. Trabalhava arduamente para cuidar de tudo. ASB dedicada, cuidava da limpeza com maestria tanto no serviço, quanto em casa. Recordo dela chegando com baldes de "lavagem" para alimentar os porcos do chiqueiro que tinha aos fundos da casa.
A casa de vó sempre foi o melhor lugar do mundo. Era lá que encontravam os netos, tantos outros que foram nascendo das outras seis irmãs da minha mãe. Mas antes de qualquer coisa, naquela casa o lema era trabalho. Não recordo um dia sequer da minha vó descansando (é estranho hoje vê-la deitar!). Quando chegávamos, ora era na cozinha, ora na limpeza da casa (que até os dias de hoje permanece impecável), ou ainda nas quitandas e doces (meu preferido era de goiaba)...os tachos de cobre gigantescos e quentes. A lembrança da minha vó era de uma máquina de trabalho, como se nela existisse um motor incansável e eterno. E creio que de tanto assim viver, seu cérebro registrou que era! A dinâmica desse cotidiano, nos fazia enxergá-la puro aço.
Fui uma neta muito presente na infância e por muitos anos da juventude...mas de repente, com tantas mudanças....as visitas vão se tornando escassas, os encontros diminuídos...enfim... Por que precisamos crescer? Aliás, por que precisamos crescer e esquecer?
Hoje foi dia de poesia dentro de casa. Hoje a poesia exalou nos cantos da cozinha da casa de minha vó. Na despedida rotineira das minhas curtas e raras visitas de final de semana - tão comuns e singelas como todas as que faço quando saio de casa e retorno para onde moro, abracei-a apertado, dizendo: "eu te amo vó!" Ela me olhou com olhar triste e lacrimejado. Então falei:
- Vó, uma amiga viu minha postagem (abri o instagram e mostrei a ela nossa foto do dia anterior) e disse: viva e linda! Ela, com os mesmos olhos:
- Linda o quê, minha filha!? Vagueou triste e continuou: Minha filha, a gente não enxerga, sabia? A gente não vê a velhice chegando. Não percebe! Ela vem de mansinho. Quando me olhei no espelho, assustei! Estou tão velha! Não me reconheço. Pergunto: quem é essa? Não é fácil aceitar, minha filha. É muito difícil encarar. Agora ta menos ruim dentro de mim, mas não é fácil.
Segurei sua mão. Seu olhar era de dó. Dó pelo o que a velhice lhe vem provocando, lhe vem martirizando. Fixei meus olhos nos dela:
- Eu te amo, vó! Você é linda! É difícil, mas é e será assim pra todos. Olha as minhas mãos! Elas não são mais as mesmas de pouco tempo atrás!
Depois de uns instantes a mais de afago, despedi e peguei a estrada - grande parte da viagem sozinha. Vó tá tão diferente daquela vó da minha infância, tão distante daquela que ainda consigo recordar nas profundezas da minha memória. Fiquei pensando naqueles seus olhos de hoje, naquela mão, no rosto dela que não é mais o mesmo. Muito modificado. Mas não eram as rugas que me impressionavam. Não eram as marcas do tempo, chegadas nessa tão assustadora velhice, já nos seus 83 anos.
Mas a leveza daquele rosto marcado. Mas ela ainda não se deu conta disso. Ela não é mais de aço; é cansável e humana. Limitada como tudo que existe na terra. Eu vi hoje uma vó de voz baixinha feito sinfonia que acalanta, de olhar carinhoso e querido, feito brisa que acalma. Mas que necessita do meu olhar. Os olhos lacrimejando não me saiam do pensamento - ah, esse olhar! Estavam tantas coisas escritas! Era um discurso revelando que ela fez tudo o que tinha de fazer e o que importa agora, não está na força - isso é coisa ausente; não esta na braveza - isso é coisa sem sentido.
A vida, através do tempo, lhe acalmou a alma. O tempo da colheita chegou. Uma colheita daquilo que não se apalpa. Daquilo que aquele olhar provocou na minha alma inquieta...inundada de amor e gratidão, e admiração, e respeito e orgulho que serão eternos.
Vi na minha vó hoje, a mulher feita de flores que se valeu por tantos anos atrás, das forças de aço para sobreviver.
Vó, a senhora agora é flor! Sensível, frágil, delicada! Deixe-nos te amar apenas. Não tenha pressa, nem tenha raiva do tempo. Ele quem nos dá você a cada dia de presente!
Obrigada por estar linda e viva! Porque o cheiro dos seus olhos lindos permanece o mesmo. Eu te amo. Quero falar eu te amo assim como todos os dias falo bom dia a toda gente que conheço e que desconheço por aí! Eu te amo, vó!
Venho aqui pra te contar
Uma bonita história
Sobre dona Carmelita
E a sua trajetória.
Hoje, aniversariante,
E, por isso, nesse instante,
Faço essa dedicatória.
Nascida em Sirinhaém,
Vinte e sete era o ano.
Dizem que foi vinte e seis.
Registraram por engano?
Pedro e Brígida, seus pais,
Lhe deram lições morais,
No Estado pernambucano.
No tempo de pequenina,
Criança, pintava o sete.
Fugia para o açude,
Onde o sol brilha e reflete.
Com cinco seu pai morreu,
E, com a mãe, só conviveu,
Até fazer dezessete.
Muito jovem se mudou:
Garanhuns, o novo lar.
Despediu-se da sua mãe,
Foi preciso trabalhar.
Vivia com bom humor,
Até conhecer o amor,
E então foi se casar.
Cinco filhos ela teve,
Eu fui seu primeiro neto,
Me tratou com muito apreço,
Com zelo, amor e afeto.
Grande família manteve,
Sete netos ela teve
E ainda seis bisnetos.
Essa vovó é guerreira,
Nunca cansou de lutar,
E até risco de infarto
Coração foi enfrentar.
Hoje tá beirando os cem,
E nem todo mundo tem
Tanta história pra contar.
(Poesia dedicada aos 93 anos de Carmelita Bourbon de Albuquerque, completados em 7 de setembro de 2020).
.
à minha mãe, Georgina
ao meu pai, Manuel
por serem: dia
à minha irmã,
Mariana
à minha avó, Rosa
ao meu avô, Manuel
ambos viram este início, não o fim
à minha avó, Ilda
ao meu avô, Álvaro
que nada mas tudo viram, e foram início
à Raquel,
apex amoris
ao futuro
Constância,
O puro do coração de uma criança,
Todas as alegrias da infância,
Misturada à sabedoria da idade,
Ah!
Mas, que saudade...
Quando a morte bate na porta,
Já não se sente mais a aorta,
Em minhas mãos se foi,
Como a última partida da nossa escopa de quinze,
As brincadeiras de madrugada de caixa,
Nossa lanchonete,
Pesqueiro no teu tanque...
Tanta coisa,
Coisa de Vó,
No teu último suspiro,
Em mim foi quase um tiro,
A saudade aperta,
A lágrima é certa,
Nunca irá existir outra como a Senhora,
Apavora...
Nossas idas à praia,
As caminhadas pegando as conchinhas enquanto o sol ainda preguiçoso raiava,
E você lá comigo,
Meu abrigo,
Só pra me fazer sorrir,
Me ensinou o que é o sentir,
E sinto você na minha estrada,
Seus pezinhos marcados na areia,
Unhas sempre feitas,
Vermelhas,
Me dizia que eu era seu ouro,
Um tesouro,
Porque ela tem coração de criança,
Ela é minha Avó,
Ela é Constância,
Essa foi a minha infância.
Tamarineira do meu avô
Diz o velho ditado quem planta tâmaras não come o fruto.
Isso era antigamente que lavaria 100 anos pra ver o resultado da semente. Até nisso o homem se meteu mudando as coisas feitas por Deus.
Hoje se colhe com 10 anos e mesmo assim pra gente da cidade é tempo demais da desânimo.
Imagine seu avô enterrar uma semente nativa sem a ciência do homem só com a fé de Jesus.
Pensando que em algum dia depois de 100 anos o seu descendente vai provar de um fruto plantado de forma rudimentar. Assim segue a vida que nós plantamos todos dias.
Algumas sementes semeadas por nós agora a doçura do fruto não poderemos provar, mas alguém tua descendência seu sangue estará lá pensando que bom que meu avô deixou essa preciosidade que foi plantada na mocidade especialmente mim.
A vida foi feitas pra deixar frutos doces e não erva daninha capim.
Se tem plantado com pressa de comer o fruto sozinho.
Está começando errado
Pra frente que se olha o arado
Está começando pelo fim
"Santa Ana, santíssima mãe da virgem Maria, amorosa avó de Jesus Cristo, rogai por nós”
Mãe Zuza, 1914-1990.
Achava lindo minha avó falando italiano. Uma vez ela me disse: você pode aprender vários idiomas, mas só uma voz é importante compreender – a do seu coração.
Betina a primeira filha.
O primeiro brilho dos olhos de seus pais, aquela que serviria de exemplo para os outros.
Cumpriu as primeiras etapas dos estudos.
Era desejo dos pais que a formação de Betina fosse em medicina, mas não era da vontade de Betina estudar para ser médica, pois não queria desagradar seus pais.
Dos livros empilhados na velha estante além dos de estudos, eram romance, suspense e psicanálise.
O divertimento sempre ficava para depois, era hora de dividir as tarefas domésticas com sua mãe e depois tomar a lição dos irmãos mais novos. Betina então foi aprovada em medicina, mas não deu seguimento, Betina queria, era entender a mente humana e, prestou vestibular novamente, sendo aprovada para psicologia. Formou-se, casou-se e filhos teve, assim também, os direcionando para cumprir as etapas da vida.
Betina filha, esposa e mãe.
Batalhas lhe vieram, nem todas ganhas...(seu companheiro se fôra rápido).
Entre lamentos, dores físicas e da alma, brotaram vidas.
De lá, da espaçosa sala do seu apartamento que, ora está vazia e ora preenchida, saem alegrias que são compartilhadas com as crianças, almofadas pelo chão, o sofá se transforma num pula-pula, do sorriir a cada pulo, da repetição do "já" e, é claro, das mais lindas declarações de amor: Betina avó!
A avó e o Menino
A avó não tinha presente e tão pouco lhe vinha o futuro.
Vivia de si, num tempo em que os dias, só lhe prometiam o passado.
Pela manhã cantarolava cantigas de roda.
A tarde pedia chá e se ria sobre coisas desacontecidas.
Quando a noite lhe vinha, adormecia falando com invisíveis olhares.
Não tinha a estética da memória.
Seus ouvidos acordavam lembranças do sentir.
Suas mãos continham a fermentação das horas.
Seus braços acolhiam porções de vida refluídas.
E de si apenas se ouvia o balbuciar das palavras.
Assim, vivia sob o cuidado das crianças,
Que em certas ocasiões lhe contavam estórias.
Como aquela de uma sábia anciã,
Que para não morar com o tempo findo,
Decidiu torna-se novamente alguém para ser inventada.
Foi assim que numa fração, antes de partir, disse ao menino:
- Descobri que és tão grande, que não pude de ti, ausentar-me.
Minha avó sempre dizia: você morre e o dinheiro fica todo aí. Que dinheiro vó, eu não tenho um centavo furado. Quando eu morrer a única coisa que vai ficar aí é a dívida do meu caixão.
Alegria de vó
Tatá encurta
a distância
espanta
a solidão
colocando
vovó
e netinha
no mesmo
coração...
" Um homem bom se vê por suas atitudes. Têm bons frutos. A Bondade pode até ser aprendida, dissimulada, encenada, forjada,fingida e repetida mas jamais será comparável a quem nasceu com boa índole! "
" Um dia me perguntaram porque eu não fiquei rica com o tamanho do meu traseiro. Imediatamente respondi por quê eu resolvi sentá-lo numa cadeira para estudar. Daí ter 3 faculdades e 4 pós graduações e o mais importante: DE CABEÇA ERGUIDA, pois a MINHA INTELIGÊNCIA é bem maior que o meu traseiro! ESCOLHI HONRAR AO MEU DEUS, MINHA FAMÍLIA E OS MEUS PAIS. "
