Susto
Menina “Xavante”
Num susto a vejo...
Adiante
Suave lampejo
Olhar cintilante
Ilumina o semblante
Olhar penetrante
Por vezes distante
Forte desejo
Difícil explicar
Momento marcante
O Meu despertar
Índia Moderna
De porte elegante
Livre e guerreira
Menina Xavante
(Felipe de Lima, 08/07/2010, dedicado a Monique Barcellos)
Sem medo da verdade, sem susto com a idade.
Sem maquiar as rugas nem as rusgas.
É hora de ser frágil como o passar do tempo.
Sem nenhum lamento de ser ou de estar,
Ou de não ser, nem de estar.
Por isso mesmo, tem que ser forte,
desafiando a morte, até a morte chegar.
Tudo passa. Até as traças.
Tudo passa, até as desgraças...
Tudo passa.
Menos as graças.
Viver dói
Viver dói.
Existir, nem tanto.
Já a morte é só um susto.
Bancar o herói?
Fingir não ter espanto?
Que suporte então o custo.
Querer corrói.
Cede ao toque do encanto
Mesmo quando se é justo.
Desejar me mói.
Me destrói o tanto quanto
Até que encontro o que busco.
O que é a vida?
A vida é um grito, um susto, um choro e um abraço...
A vida é um mito, um sonho, um cansaço...
A vida é um espanto, um canto, uma uva...
A vida é um odor, um perfume, um fedor e um medo...
A vida é um vento, o amor, o ódio e uma fome...
A vida é um gosto, um cheiro, um toque e um desprezo...
A vida é um riso tímido, um sorriso largo e um gosto amargo,
A vida é onde a música tocada, comanda os ritmos dançantes...
de luto.
luto.
soluço.
luto contra o luto.
reluto.
um susto.
um apuro.
o escuro.
obscuro.
impuro.
o impulso.
avulso.
debruço.
noturno.
soturno.
o absurdo.
o aborto, o fim.
vago útero.
borboleta, esqueleto.
crisálida, esquálida.
casulo!
morada de mim.
saudade de ti.
SUSTO DE AMAR
Por ser tão acostumada a controlar meus sentimentos, e/ou até mesmo nunca conseguir senti-los por completo antes... Assusta-me cada vez que meu vício por ele aumenta. Sendo tão especial, único e sem eu fazer esforço pra isso. Pela primeira vez eu não fiz um acordo interior, de "Vamos nessa, vamos tentar, pode valer a pena, se esforce". Meu coração nunca se contentou com isso, mas sempre pareceu mais seguro, então obedecia. E nunca, ninguém tinha conseguido mudar isso. As palavras bonitas aleatórias não atravessavam minha armadura, entravam pelos meus ouvidos como uma chave na fechadura, que ao contrário de como muitos podem interpretar (de uma forma que completa) eu sempre sentia como uma rotina para um ato constante de abrir e fechar, com benefícios alheios.
Nada parecido de como absorvo cada letra que sai da boca dele, de como sinto até aquelas que nem sequer foram ditas. Da profundez que me atinge, da intensidade que me transborda. Isso me faz enxergar uma certeza enorme de tudo o que me faz estar vivendo o agora. De como toda a proteção se envolveu, e ao invés de evitá-lo entrar... O tornou protegido. Passei dias mergulhando na dúvida, pensando na razão, no porquê, e no fim todas as perguntas eram caladas pelo brilho do seu olhar.
Agora eu já nem sei como definir. As palavras confusas que sempre martelaram na minha mente se tornaram tão leves, que se perderam ao flutuar no céu da minha boca. Hoje sinto o peso apenas das certezas. Não como um peso chato que tenho que carregar, mas que me mantém firme ao chão vivendo esse sonho real.
E é tão engraçado ao recordar das corridas cansativas que me ocupavam antigamente, enquanto hoje caminho calmamente ao lado dele. Sem nenhuma pressa de alcançar a linha de chegada, pois a única coisa que importa é chegarmos juntos. Além de que cada passo no compasso é uma vitória. Como cada degrau que nos ergue, nessa escada sem fim é tão paralisante quanto cada beijo roubado em momento inapropriado.
O que é diferente do que estamos acostumados pode parecer estranho e/ou assustador, mas quando for o melhor a ser seguido você vai sentir. No meu caso, o susto de amar, me fez ter medos até eu perceber o quanto ele foi feito pra mim; ao me causar as melhores sensações, os mais prazerosos sorrisos e ao invés de tentar quebrar minhas defesas, as fortalece.
E eu me sinto tão bem assustada, digo, tão bem feliz. Inovando os conceitos do meu coração.
Segunda-feira
é dia de espantar a poeira
dar um susto na pasmaceira
e iniciar a semana da melhor maneira...
Era cedo, mas o coração caducava em caminhos tortos. Uma expressão incompreensível. Um susto. A vida em silêncio, lenta. Agora causava uma inquietude, o riso quase saltava naquela agonia de nada fazer. Esperando um pouco do que não tem e dividindo um pouco do que teme. Ainda se tivesse na alma o que não tem no rosto. O rosto marcado com pontas de faca de um tempo que ela não lembra, pois dormia. Poderia ter pincelado o coração com cores, mas nem mesmo isso pôde fazer. Um coração feito um oco e um rosto de um doente.
Lene Dantas
http://www.lene-dantas.blogspot.com.br/2013/06/passos.html
- Acabou.
- Como assim acabou? Não me diga que...
- Sim, o nosso amor acabou.
- Que susto, pensei que fosse a Vodka.
É disso que eu preciso: de um amor-susto – aquele que te pega de surpresa, que dá um frio tremendo na barriga. Aquele que não te faz perder o sono, ou que te deixa em estado de alerta. Ele aparece de repente, com um riso alto nos lábios e olhos que quase devoram.
Ai..., que susto, pensei que ia perder os meus verdadeiros amigos, mais lembre-me que não é estar só que hei-de perder os meus amigos.
Não me deslumbro com o susto do conhecimento adquirido no instante. Me acho ate ignorante por essa falta de sensibilidade, mas o que posso fazer, tenho o meus melindres, as minhas exigências, e preferencias. Não sou pura criação e não posso aceitar que, o jamais lido, estudado, escutado e/ou avaliado. Assim o seja em poucas linhas de um trançado poético com admiração exaltado. Levo tão a serio troço, que não acredito na relevância do valor teórico, muito menos do sentimental daquilo que é de praxe o cansaço da abstração por exaustão. A fundo.
O amor é uma coisa fantástica, mas eu só consigo compará-lo à algo muito forte, como um susto, um tombo ou um murro no estomago..
Resta-me dizer que, de Charles Richet a Feyerabend, de uma época a outra, o inabitual tece um susto acadêmico; e o que dizer atualmente, se o susto ainda existe?
(Do texto "O inabitual como susto: De Feyerabend a Charles Richet")