Soneto da Mulher Perfeita
VOEJAR (soneto)
Como deve ser bom voar, no céu planar
Asas ao vento no cerrado, solto ao léu
Tal periquitos, e sobre corcel no tropel
Fechar os olhos e sentir o paladar do ar
Ir acima dos buritis, ipês, num carrocel
Resvalar nas estrelas, na nuvem pairar
Revoar como as aves, e assim delirar
Em quimeras, qual estórias de cordel
Deve ser uma rara sensação ímpar
Pros sem asas uma falta bem cruel
Que só na ilusão, possível esvoaçar
Só queria voar! Ter asas de papel
Poder ao sonho de Ícaro ocupar
E com ele então: voejar... voejar!...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
FRIO (soneto)
Arrefece o cerrado dentro do frio
E cada bafejo é o frio no caixilho
Da ventana, escorrendo no ladrilho
Mais frio, n'alma causando arrepio
Me encolho neste frio chorrilho
Que ascende o inverno em feitio
Ouvindo em anexo um assobio
Do vento, eriçando até o fundilho
E lá fora é frio que atulha o vazio
Cá dentro o gelado em trocadilho
Em coro com o friasco tão bravio
Sinto chiar na vidraça num gatilho
De frio, sombrio este tal tão vadio
Aquentado com o chá e sequilho
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
EXALTAÇÃO AO CERRADO (soneto)
Retorcido, bem se sabe. Mas encantador
nos seus planaltos, berço extraordinário
desabrocham ipês, pequis no seu cenário
de um chão cascalhado e forrado de flor
E neste imenso entrançado, e tão vário
a vida luta com garra, resistência e ardor
tal como gladiador, ou um guará solitário
o cerrado é aos olhos ato transformador
Nada o impede que seja do belo apogeu
se o belo no encanto o encanto acendeu
e fascina, do dessemelhante embaixador
Deus o pôs, de um nobre a um plebeu
riscando o horizonte com a luz e breu
em uma quimera de paixão e de amor!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
EXORTAÇÃO (soneto)
Devaneia, poeta! Sonhar sossega a mente
entorpece o sentimento perverso do ser
a poesia mais que ideal do sublime viver
trazendo o profundo da alma vorazmente
Sonha, poeta! Assim terás mais que ter
no infinito, sendo tudo indefinidamente
exortando a vida, num amor semente
onde o prazer é mais que querer valer
Olvida tudo, fugaz é o tempo da gente
tão rápido quanto outrora foi o nascer
que agora o passado se faz presente
Se o fado pouco ou nada pode trazer
leva tu, e não seja na ilusão indigente
pois existir no sonho sonhado é vencer
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
SILÊNCIO DAS MADRUGADAS (soneto)
Ainda muita expressão não me avieste
As achatei nas lástimas e tão guardadas
Ações que pelo vento foram dispersadas
E na imensidão do cerrado se fez agreste
Tenho em mim sílabas em vão esperadas
Se devaneio é porque o sonho me veste
E frases trêmulas vão pelo espaço celeste
Enredando o destino com outras paradas
Foi quando o fado me fez centro oeste
Na busca das tão molestadas bofetadas
Das chagas, que a dor ornou com cipreste
Assim, eu, ainda tenho palavras caladas
Nas angústias do coração... tão cafajeste!
Que insistem no silêncio das madrugadas
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
- À Mesa -
soneto
Na Solidão da mesa dos meus sonhos
há um hoje tão diferente que pensei viver,
ausência de ternura, d'olhares risonhos,
só há amargura e desejo de morrer!
Há mesa do que sou não há nada do que fui
e a quietude do nada que acontece é fria,
da dor à melancolia, tudo me possui,
tantas vezes que o disseste e eu não via!
Agora é tarde! Não me tenho nem a ti!
E o que tenho afinal não vale nada
porque afinal do teu amor me perdi.
Estou sentado à mesa com a solidão
e na penumbra dos meus olhos consagrada
vou bebendo do meu próprio coração ...
O MEU POETAR (soneto)
Eu poeto porque sou prosa
Brindado no redigir o brado
Trilhando os trilhos do fado
De poesia e alma amorosa
Poeto como quem é atado
Aos versos. Sede preciosa
Se suspiros, arte dolorosa
Que imergem do eu calado
Poeto com a voz corajosa
Do amor à vida, indomado
Sem amarras, força curiosa
Canto os devaneios, alado
Tal o perfume de uma rosa
O poeta mineiro do cerrado!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
BIOGRAFIA DOS MEUS VERSOS (soneto)
Estes meus versos simplistas versados
Que aprenderam a poetar pelo cerrado
Choram, riem, entre o trovar suspirado
Suspiram e pelas rimas são moldados
Os meus versos que um dia tão calado
Voam sujeitos feitos apalavrares alados
Desenhando talhos, pouco rebuscados
Mas que do coração quer ser consolado
São versos adolescentes, e apavorados
Que tentam o encanto pra ser encantado
Tão contentes e, leves pra serem levados
Estes meus versos, no vário devaneado
Tantas outras vezes no peito silenciados
Agora vão, encenados no palco do fado!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
SONETO DO BEIJA-FLOR E DA ROSA
O beija-flor e a rosa
Juntos foram passear
O beija-flor prometeu
A Rosa beijar
A Rosa não aceitou
Mas, com o tempo desabrochou
O beija-flor rondou, rondou...
E a rosa com o beijo concordou
O beija-flor marcou o voo
E neste não compareceu
A rosa esperou, esperou...
A rosa inconformada, convidou o beija-flor
Para um voo inesquecível
E neste, vários beijos lhe ofertou.
SONETO XVII
QUEM SABE LÁ NA FRENTE... QUANDO VOCÊ VIRAR UMA PESSOA PENDENTE DE SEUS PRÓPIOS SONHOS VOCÊ PODE SE ENGANAR OU ATÉ MESMO SE PERGUNTAR COMO SE INICIA OU SE FINALIZA A ORIGEM DO AMOR.
O AMOR É UMA CHAMA INIGUALÁVEL QUE VOCÊ O SENTE EM APENAS UM CONTATO, É COMO UM ARDOR DE UMA PIMENTA VOCÊ SÓ O SENTE QUANDO O ESPERIMENTA...
HOJE EM DIA SÓ DEVE SE OBSERVAR Á DUAS COISAS PROCURAR E ACHAR A PESSOA CERTA E IGNORAR TODAS AS COISAS QUE VÃO A LHE INCOMODAR EM TODA A SUA JORNADA...
SOFRER HOJE NÃO VIROU ALGO DO DIA-DIA E SIM UMA CHANCE PARA VOCÊ TENTAR SE DESCULPAR COM TODAS AS SUAS CULPAS E PERDAS, ALGO MUITO DIFÍCIL ENTRE SÍ MESMO, VIROU ALGO PESSOAL (SENTIMENTAL), (ESPECIAL), POIS HOJE NÃO SÃO TODOS QUE ASSUMEM SEUS ERROS.
“HOJE EM DIA EXISTE MAIS GENTE PARA JULGAR DO QUE PARA RECONHECER SEUS PRÓPIOS ERROS”!
Soneto de oração
Me derramo em Tua presença
Fecho meus olhos e ajoelho
Tão profunda e tão intensa
Quão perfeito seu conselho
A ti entrego a minha dor
E com meus lábios te adoro
A minha alma expressa amor
Quando com paixão eu oro
Eu só quero a Tua presença
A cada oração mais intensa
Inundando esse meu coração
Encontrar Tua existência
Mergulhar em Tua essência
É o que eu desejo em oração!
SONETO DE COPAS
Para ter uma relação de qualidade
É preciso encontrar um certo amor
Com o qual valha a pena jogar bem
O jogo da vida em dupla
Deixa de ser um necessário amor
E passa ser uma escolha de amor
Passa ser uma possibilidade de amar
Porque só depende encontrar o amor
Claro tem que haver Afinidade
Respeito a individualidade
Em busca da felicidade
A relação de qualidade soma prazer e amizade
Numa bela aproximação de duas unidades
Nao a fusão de duas metades de amor
__________________Norma Baker
( Primeiro Soneto da Escritora- 07/2007)
SONETO FUTURO DO SUBJUNTIVO
Quando eu chegar
Vou acomodar e descansar
Mas não vou sossegar
Eu vou te amar
Quando eu chegar
Vou te esquentar e te beijar
Mas não vou acalmar
Eu vou te amar
Quando eu chegar
Vou te abraçar e mordiscar
Eu vou te amar
Quando eu chegar
Vem me pegar e beijar
Porque eu só sei te amar
____________Norma Baker
SONETO SOCRÁTICO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Se morri toda morte que se morre,
já vivi cada vida que se tem,
ou de cada bebida o justo porre;
todo mal, se por mal ou se por bem...
Fui além do infinito, após além,
por amor fui mocinho em Love Story,
odiei, fiz a guerra, paz também,
mas ninguém me condene ou condecore...
Sou quem sou desde o dia em que cheguei,
sei de tudo, no entanto nada sei,
quanto mais me procuro e me aprofundo...
Ser poeta me abona pra voar
ou pra ir pelos ares lá no ar,
onde o céu justifica estar no mundo...
SONETO DO AMOR IDEAL
Que tipo de amor seria ideal entre nós
um amor que fosse como prece ao vento
aquele amor que tudo aceita, que tudo cala
calmo, lânguido, silencioso, passivo e lento?
Não tenho a pretensão de ser perfeito
não entendo amor assim, como novela
desejo amor náufrago, de barco à vela
sem certeza, sem destino, exposto ao sol
Quem ama vive em campo de batalha
lutando contra o egoismo e a vaidade
assim espera encontrar a ilha da felicidade.
Quem almeja a vida em paz foge da guerra
no amor os amantes travam luta com navalha
no fim todos perdem, ninguém ganha do amor.
ROGAÇÃO
Quando, como uma explosão, fulgura
no soneto o esplendor de uma paixão
arqueja no verso o desejo e a emoção
numa poética suspirosa e com ternura
quando, sair desta sedosa sensação
na inspiração não terás mais ventura
a poesia se entregará a total loucura
duma saudade, do aperto, da solidão
e a ardência do doce beijo, emudece
o coração em prece, suspira e chora
naquela entoação chorosa, tão doída
delira um silêncio, e a dor se oferece
sentimental o amor na prosa implora
o versar amante, outra vez na medida!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
25 junho 2024, 17’11” – Araguari, MG
Soneto do primogênito
Sua pele clara
suave e macia
seus olhos castanhos marcantes
feito a luz do dia.
Você trouxe a doçura
dos meus antepassados,
a virtude dos bons meninos
e a beleza dos ferozes felinos.
Teu sorriso é a reluzente e fria aurora,
que em minha vida,
é o amor de outrora,
de antes, de sempre e de agora.
QUANTO POSSO
Quem o lê, ó soneto, extasiado e manifesto
sentimento de zelo nos vossos versos belos
envoltos em encantos mágicos só por lê-los
embriagando o olhar com o poético contexto
E neste ato sentimental, um romântico gesto
cheio de toque, de cheiro, e o teor em tê-los
agradando o sentido no agrado em contê-los
e, então, sentirá a sedução, deixando o resto
É o amor, com o amar, ao amador, mesclado
com emoção, inspirando o que é tudo vosso
um coração apaixonado, que a ti, reverência
Porque é tamanha a paixão, e tão afortunado
destino, em dar-vos a devoção, quanto posso
fazendo pouco o simples versar desta poesia.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
06 julho 2024, 15’16” – Araguari, MG
Soneto de Uma Tarde
Esse sol já não é mais claro
Nasce o Sol
E não dura mais que um dia
Por que é que o sol nasce de dia?
Quando não devias ser
Pois se de dia é tudo tão claro
O que sol vem aqui fazer?
Já que de noite anda tão escuro
Toda viela
É um mar sem fim
Depois da Luz vem
A noite escura
É que me deito e me penso à noite
É que ele deveria nascer
27/02/2019
SONETO À INOCÊNCIA
(Para o pequeno anjo de amor que acaba de nascer)
Sonhe grande, pequeno fruto do céu.
Que nada turbe sua santa inocência.
Vieste como anjo sem véu,
conduzido pelas mãos na santa providência.
És poesia em forma de luz,
fazendo valer o sacrifício de cruz.
A perfeição em ti faz pouso e morada,
lembrada em cada dia de cada alvorada
Sorria, anjo de luz!
Seu sorriso é doce e à todos seduz.
És flor que brota no jardim do amor,
Revelando a vida e todo seu valor
A ti fora conferida toda graça da vida.
Pelas mãos do Criador sempre ungida
ACarlos
